Com o Banif em chamas, as questões relativas à banca em Portugal, ao Banco de Portugal e às moscambilhas, nesse sector em particular, do Governo Passos Coelho/ Paulo Portas voltam à ordem do dia.
Comece-se por uma curiosidade. Brada a rapaziada, sem idade nem sexo, da direita nacional contra o objectivo do PCP de nacionalização da banca. Num dos debates eleitorais Paulo Portas, arvorando aquele ar de xico-esperto vendedor de vigésimos premiados, calculava que as nacionalizações propostas pelo PCP custariam ao país cerca de vinte mil milhões de euros. Uma brutalidade para o erário público. Dizia isto com ar sério parecendo preocupado com o erário público. Dizia isto escondendo que o governo de que era vice-primeiro ministro entregou à banca 19,5 mil milhões de euros, o que equivale a que cada português tenha emprestado à banca, nos últimos anos, 1 950 euros, quase quatro salários mínimos!!! O equivalente a 11,3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
Mesmo o mais que insuspeito Banco Central Europeu, liderado por Mário Draghi, critica particularmente a actuação das autoridades portuguesas por terem falhado na recuperação das ajudas, muitas delas injecções de dinheiro, disfarçadas de empréstimos por conta de activos bancários ilíquidos ou sem quase valor. O que a actual crise do Banif veio, mais uma vez, demonstrar em toda a sua brutalidade. Primeira coisa a reter é a vigarice do raciocínio e dos números de Paulo Portas e sequazes, o que de tão vulgar quase deixa de ser notícia, mas não deve ser deixado passar em claro porque esconde outra realidade.
Quando o PCP reclama a nacionalização da banca está a ser redundante. De facto, desde 2011 a banca já está de facto nacionalizada! A Caixa Geral de Depósitos, o único banco de facto nas mãos do Estado, recebeu um empréstimo de 900 milhões de euros e aumentou o seu capital, totalmente subscrito pelo Estado em 750 milhões de euros. Do empréstimo não devolveu um euro. O Banif recebeu 1 100 milhões de euros dos quais 700 milhões foram directos para o capital ficando o Estado com um pouco mais de 60% do capital, portanto ficou maioritário, mas deixou a administração na mão dos privados, e emprestou 400 milhões que anda por lá por paga e ninguém acredita que paguem.. No Novo Banco é o que se sabe 3 900 milhões do Estado de um Fundo de Resolução de 4 900, em que todos dizem sem o menor pingo de vergonha ir ser pagos pelos outros bancos que só entraram com 1 000 milhões. E dizer entrar é outra rábula já que o dinheiro dos bancos no Fundo de Resolução sai dos impostos que têm que pagar ao Estado. Vão ser precisos, a curto prazo, um mínimo de 1 500 milhões de euros. Já se sabe de onde virá esse dinheiro do Estado, de nós todos contribuintes o que vai fazer que os 1 950 euros que cada português emprestou até hoje à banca vá ultrapassar os 2 000 euros, e ainda não se sabe quanto vai custar a aventura do Banif. A todos esses milhões há que acrescentar 3 000 milhões emprestados ao BCP que já pagou metade, mas está em grossas dificuldades para pagar o que falta! O único que pediu emprestadoe já pagou, foram 1 500 milhões, foi o BPI.
Em resumo, como os bancos não pagam os chamados empréstimos, transformam-se esses empréstimos em capital. Com estas manobras a maioria da Banca portuguesa, dos maiores bancos nacionais, ainda está por se conhecer a verdadeira situação do Montepio, estão de facto nacionalizados! Finge-se é que não estão e deixa-se que o dinheiro dos contribuintes continue a alimentar as derivas privadas. Urgente é estancar essa sangria dos bens públicos para os privados! Assumir a realidade que é a do Estado ser hoje proprietário, dono, de mais de 40% do sistema bancário! Amanhã ou depois de amanhã essa quota vai aumentar, e não pouco, por via do Banif, do Novo Banco e de um aumento inevitável de capital na Caixa Geral de Depósitos.
É uma piada grossa dos vigaristas encartados do PSD, CDS e mais os inúmeros comentadores que agitam o espantalho da nacionalização da banca que o PCP diz querer e Bruxelas repudia. Andam a gozar com a malta! Chega de mentiras! As contas dessa gentalha está furada! Nacionalizar a banca tem custo zero! Só não é feita por principio ideológico.
Nota final. Seria bom saber quanto ganham os senhores administradores do Banif, os Tomés e Amados! Se calhar ainda ganharam prémios pelo trabalho (mal) feito! Pelo andar da carruagem desse outro vendedor da banha da cobra Sérgio Monteiro, 30 mil euros/mês, livre de impostos e custas da segurança social, deve ser uma conta calada sempre à nossa conta. Sem esquecer as vigarices do BPN, BPP, BES curiosamente tudo malta de direita, PSD, CDS e ainda a acoitada no PS. Será por acaso? Ah! Ah! Ah! Quem acredita nisso? As tecnoformas foram feitas para os treinar, moldar e encher os bolsos. Afinar o vício lógico argumentativo, torna-los em experimentados vigaristas com os truques de todos os vigaristas que se não são simpáticos e convictos não conseguem vigarizar e vender votos.
O que se deve exigir já é que devolvam a banca ao Estado! Ela já é de facto do Estado!