Ontem foi aprovado o Orçamento do Estado para 2019.
Este Orçamento do Estado, à semelhança dos restantes aprovados nesta legislatura, contou com o voto favorável do PCP.
A intervenção e o voto do PCP na Assembleia da República contribuiu para consolidar um caminho de recuperação de direitos e rendimentos,mas foi insuficiente para que o PS se propusesse governar à esquerda, romper com os seus compromissos com o capital e as instituições internacionais que continuam a impor constrangimentos ao progresso e à soberania do país.
Nas negociações que conduziram ao resultado final, a marca do PCP é visível, por exemplo, nas seguintes medidas aprovadas:
– Aumento das pensões de reforma;
– Alargamento das condições de acesso à reforma de trabalhadores com longas carreiras contributivas;
– Extinção da colecta mínima no PEC;
– Manuais escolares gratuitos nos 12 anos de escolaridade
obrigatória;
– Alargamento do abono de família;
– Redução de custos para os utentes dos transportes públicos;
– Redução do custo da electricidade e do gás natural;
– Apoio à agricultura e à pesca artesanal;
– Aquisição de material circulante ferroviário e de navios para
travessias fluviais;
– Redução nos custos das propinas;
– Redução do IVA em espectáculos culturais;
– Compromisso com a adopção de mecanismos de apoio a
cuidadores informais;
– Propósito do reforço de meios para o combate à criminalidade económica e financeira;
– Reforço da protecção social e acesso à reforma dos
trabalhadores das pedreiras;
-Acesso à reforma antecipada (sem cortes) para trabalhadores
das pedreiras e minas;
– Fim do PEC, sem necessidade de declaração das MPME;
– Reforço da protecção social dos pensionistas;
– Garantir a manutenção do valor das bolsas de Acção Social no ensino Superior Público;
– Alargar à CGA a eliminação da penalização das reformas antecipadas;
– Aumento dos impostos sobre os grandes proprietários;
– Alargamento do apoio social na gravidez;
– Concretização da contagem integral do tempo de serviço de militares, professores, profissionais das forças e serviços de segurança, da justiça, da saúde, entre outros (aprovado parcialmente);
– Aumento do apoio à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina;
– Alargar Plano Nacional de Vacinação (meningite B, Rotavírus e HPV para rapazes);
– Apoio à pequena pesca artesanal e costeira;
– Redução do número de alunos por turma;
– Reactivação do Programa de apoio a Museus da Rede
Portuguesa de Museus;
– Alargamento do número de equipas Comunitárias de Suporte em Cuidados Paliativos;
– Fim da isenção de IMT para os fundos de investimento
imobiliário;
– Assegura apoio financeiro à construção do futuro Hospital Central da Madeira como Projecto de Interesse Comum;
– Aumento do valor do complemento de alojamento para os estudantes do ensino superior;
– Manutenção do congelamento das custas judiciais;
– Criação de um Plano de Revitalização da Cinemateca e do ANIM – Arquivo Nacional de Imagens em Movimento;
– Reforço do financiamento e alargamento do programa de
apoio à criação literária;
– Mais condições para um Poder Local mais próximo das populações;
– Aumento da quota de medicamentos genéricos para os 30%;
– Substituição da subcontratação por contratos permanentes
no SNS;
– Apoio aos desempregados de longa duração;
– Aprofundar a protecção social das pessoas com deficiência;
– Repõe autonomia do Poder Local na gestão de trabalhadores
nas situações de mobilidade;
– Agilização do processo de pagamento de dívidas nas autarquias locais;
– Reforço dos meios humanos para o funcionamento dos tribunais;
– Não actualização das subvenções parlamentares.
Para além destas matérias, o PCP propôs ainda um conjunto de medidas que não obtiveram acordo do PS, de onde se destacam:
– Redução de encargos, não renovação e reversão de PPP;
– Alívio fiscal em sede de IRS, para os contribuintes com
rendimentos mais baixos, que poderá ir até aos 450 euros;
– Transformação da taxa adicional de solidariedade no 8.º escalão com o objectivo da criação futura de 10 escalões, garantindo uma maior progressividade deste imposto;
– Criação de um Plano de actualização, modernização e reforço de meios dos Laboratórios do Estado;
– Aumento do apoio ao Arrendamento por Jovens no Programa Porta 65;
– Fim do PEC – Sem necessidade de declaração das MPME;
– Isenção de IRS em indemnizações de despejos;
– Apoio social aos Trabalhadores da COFACO;
– Reforço de meios para a Transtejo e para a Soflusa;
– Reforço da protecção social de pensionistas;
– Reforço da comparticipação para o material escolar;
– Actualização dos escalões do IRS de acordo com a inflação;
– Aumento dos impostos sobre mega-lucros;
– Reforço de verbas para a DG Artes;
– Garantir a manutenção do valor das bolsas de Acção Social no Ensino Superior Público;
– Eliminação das penalizações de quem já tenha acedido à reforma antecipada;
– Englobamento obrigatório em sede de IRS para contribuintes com rendimentos acima dos 100 mil euros;
– Eliminação das portagens nas Ex-SCUT;
– Actualização do valor das bolsas de investigação
científica;
– Integração progressiva dos bolseiros de investigação
científica na carreira de investigação científica;
– Reposição dos subsídios a bolseiros para participação em
missões e idas a congressos;
– Liberdade de opção pela Tarifa Regulada de Gás Natural;
– Revisão do rácio de assistentes operacionais nas escolas;
– Isenção de ISP aos veículos de bombeiros;
– Alargar a gratuitidade de entrada a todos os Museus da Administração Central;
– 1% para a cultura;
– Alargamento de experiências piloto na saúde oral e visual
nos cuidados de saúde primários;
– Reposição de indemnizações compensatórias às empresas públicas de transportes;
– Garantia à frota da Transtejo e da Soflusa de medidas de renovação e manutenção;
– Criação de uma classe 5 nas portagens para motociclos com custos reduzidos;
– Reforço de receitas do INEM;
– Restituição total ou parcial do IVA ao INEM;
– Redução da taxa de IVA das pilhas para implantes cocleares;
– Eliminação da Garantia de Potência;
– Redução dos custos do serviço de interruptibilidade;
– Redução do preço do gás de garrafa e gás propano canalizado;
– Fim das limitações à manutenção da frota da CP;
– Criação de Equipas Comunitárias de Saúde Mental;
– Prolongamento das tarifas transitórias de electricidade;
– Eliminação do factor de sustentabilidade às pensões por desemprego de longa duração;
– Reforço de 15 milhões de euros para a construção de residências de estudantes;
– Isenção de custas para os sinistrados no trabalho e suas famílias nas causas emergentes de acidente ou doença profissional;
– Gratuitidade do medicamento genérico mais barato a doentes com mais de 65 anos;
– Isenção de taxas moderadoras para doentes crónicos;
– Gratuitidade do atestado multiuso de incapacidade;
– Dispensa gratuita de medicamentos antipsicóticos;
– Fixar a taxa máxima do IMI em 0,4%;
– Alteração ao regime de IVA de Caixa das PME;
– Alteração do regime de isenção do IVA das PME;
– Apoio às bibliotecas e salvaguarda dos arquivos das associações e colectividades;
– Ampliação da isenção de IRC das colectividades;
– Distribuição gratuita dos manuais escolares no Ensino
Português no Estrangeiro;
– Acesso gratuito à “Escola Virtual” para o Ensino Português no Estrangeiro;
– Reforço dos meios humanos da rede consular;
– Reforço de verbas ao Conselho das Comunidades Portuguesas;
– Excluir o SNS da aplicação da Lei dos Compromissos;
– Reforço de verbas para a capacitação técnica das associações e confederações agrícolas;
– Investimento na saúde pública;
– Reforço das verbas para conservação da biodiversidade e para a conservação do património vegetal e animal autóctone;
– Criação de um regime excepcional que possibilite aos médicos internos o acesso à formação;
– Aquisição de Viaturas para os Cuidados de Saúde Primários;
– Alargamento da rede de Unidades de Cuidados na Comunidade;
– Congelamento do valor das taxas e emolumentos no Ensino Superior Público;
– Plano para a Inclusão no Ensino Superior de jovens com Necessidades Educativas Especiais;
– Garantia de financiamento às instituições de Ensino Superior para despesas de pessoal;
– Electricidade Verde para a agricultura;
– Criação de um Manual de Procedimentos para as situações de pós-incêndio;
– Isenção do IMI para os baldios;
– Abertura de concurso para o preenchimento de vagas para agentes de cooperação;
– Abono de família para todas as crianças;
– Acumulação das prestações periódicas por incapacidade permanente;
– Programa Integrado de Apoio à Pesca Local e Costeira;
– Criação de uma conta corrente entre as MPME e o Estado;
– Considerar os 285 milhões de euros pagos à EDP (CMEC) em rendas na fixação das tarifas .;
– Renegociação dos contratos de concessão gratuitos à REN e
EDP Distribuição, usando os ganhos na redução dos custos da energia eléctrica;
– Criação de uma Comissão para avaliar os ganhos do sistema eléctrico com a evolução tecnológica, garantindo que estes se reflectem na factura dos consumidores, e não apenas nos lucros das energéticas;
– Assegurar os meios à Direcção Geral de Geologia e Energia para a intervenção em edifícios públicos e no apoio às PME;
– Fixação de um Regime de Preços Máximos dos combustíveis;
– Criação de uma Rede Nacional de Abastecimento de Combustíveis Gasosos – Gás Natural e GPL;
– Programa de apoio para actualização dos fundos documentais e para a renovação das colecções das bibliotecas públicas;
– Produção de medicamentos para o SNS pelo Laboratório Militar;
– Redução das contribuições dos beneficiários titulares para
a ADSE;
– Avaliação de condições de acesso à reforma para pessoas com deficiência;
– Reforço e alargamento do Programa Integrado de Defesa da Floresta contra Incêndios e de Promoção do Desenvolvimento Regional;
– Programa de Valorização da Agricultura Familiar e do Mundo Rural;
– Criação do Fundo Autónomo de apoio à agricultura familiar;
– Redução das contribuições para os subsistemas de saúde SAD e ADM;
– Investimento em infraestruturas e equipamentos das Forças e Serviços de Segurança;
– Programação Plurianual de Investimento para os Estabelecimentos do SNS;
– Plano de requalificação das escolas;
– Apoio financeiro para o funcionamento pedagógico no 1.º
ciclo;
– Responsabilização ao Estado no financiamento do Cinema;
– Redução do IVA para acções de melhoria de eficiência energética;
– Regulamentação da profissão e integração de Optometristas no SNS;
– Apoio aos estudantes que frequentam estágios curriculares;
– Aumento do Subsídio por morte e despesas de funeral;
– Assegurar o acesso de meias, mangas elásticas, calçado e palmilhas a doentes sem custo;
– Garantir que o pagamento faseado das valorizações remuneratórias não prejudica as reformas dos trabalhadores;
– Contabilização do tempo de trabalho dos docentes em horário incompleto;
– Redução dos custos da energia através da recuperação dos valores indevidamente acumulados por centros electroprodutores;
– Redução dos custos da energia através da revisão do
mecanismo do chamado clawback;
– Revisão do sistema remuneratório dos funcionários dos registos e notariado;
– Financiamento para realojamento e reabilitação do parque habitacional propriedade do Estado;
– Promoção da segurança e saúde no trabalho dos
profissionais das forças e serviços de segurança;
– Fiscalização e gestão pública das cantinas escolares;
– Formação de profissionais das forças e serviços de segurança;
– Promoção excepcional ao posto de Sargento-Ajudante;
– Reposição do Programa de Itinerâncias Culturais;
– Programa de Dinamização do Sistema Científico e Tecnológico Nacional;
– Reforço da Rede de Centros de recolha oficial de animais;
– Plano de financiamento para a Inclusão dos alunos com Necessidades Educativas Especiais;
– Afectação das verbas dos prémios de Seguro ao sistema de protecção civil;
– Valorização dos técnicos de saúde ambiental do SNS na prevenção e controlo da doença dos legionários;
– Redução do Imposto Especial de Consumo para o «Rum da Madeira»;
– Plano de Remodelação e Construção de Novas Esquadras da
PSP na Madeira;
– Afectação do património edificado do Estado ao regime de arrendamento;
– Liberdade de opção pela modalidade de pagamento das autarquias ao SNS;
– Manutenção da primeira prestação do IMI em Abril assegurando meios às autarquias para pagar subsídio de férias;
– Garantir o recurso a meios financeiros para investimento em empresas públicas;
– Salvaguardar o acesso dos sistemas municipais ou intermunicipais a empréstimos no âmbito do PERSU 20202 e pelo PENSAAR;
– Fim do parecer do Governo na aquisição de bens objecto de
contrato de locação pelas Autarquias;
– Autonomia no recrutamento pelas empresas do sector
empresarial local de abastecimento público de água, saneamento e resíduos;
– Isenção da contribuição audiovisual às Autarquias;
– Proibição de recair sobre os consumidores o pagamento das Taxas de Direito de Passagem e de Ocupação de subsolo;
– Regime financeiro das autarquias locais e das entidades intermunicipais;
– Responsabilização do Estado pelo mecanismo de recuperação financeira dos municípios.
Mas o que é que tudo isto interessa, se o que realmente importa é que na medida aprovada para a redução do IVA para 6% nos espectáculos, está incluído um espectáculo chamado tourada que, como todos sabemos, é o assunto mais importante do País e, consequentemente, deste Orçamento do Estado.
Quando conseguem impor uma agenda política que omite a discussão de relevantes assuntos para o futuro do País, para os trabalhadores e o povo, e transformam a discussão sobre o Orçamento do Estado numa discussão sobre a taxa de IVA nas touradas, só resta fazer uma pergunta:
No quadro de imbecilização do debate político, onde tentam fazer do acessório o fundamental, vais deixar que te continuem a tourear?
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