Geral, Guerra, Jugoslávia, PCP

Ainda sou do tempo…

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(Odd Andersen/AFP)

Ainda sou do tempo em que, em Portugal, o PCP era uma voz praticamente isolada a contestar as teses, a propaganda e a manipulação informativa sobre a chamada guerra da Bósnia.  Do tempo em que jornalistas, comentadores e especialistas diversos em Relações Internacionais, conflitos armados, política internacional e afins, dedicavam algum do seu saber nas televisões, rádios e jornais, para manifestar total incompreensão pelo posicionamento do PCP, só justificável, diziam eles, à luz de um anacrónico alinhamento com posições russas ou, mais cruel e desumano, com a apologia de todo e qualquer mal que fizesse frente aos EUA e à UE.

Aliás, se se quiser aprofundar mais o tema, podem ser lidos diversos textos sobre o tema, publicados no Avante, no Militante, nas Resolução Política dos Congressos, em intervenções na Assembleia da República (como aqui e aqui, a título de exemplo) ou quem quiser um olhar mais aprofundado sobre o posicionamento dos vários partidos políticos portugueses perante a guerra da Bósnia-Herzegovina (1992-1995), pode ler este artigo, de Ana Rocha Almeida, publicado na Revista Portuguesa de História, da Universidade de Coimbra.

20 anos depois, com o que a história já nos contou, com o Tribunal Penal Internacional da a ex-Jugoslávia, em Haia, a reconhcer que Slobodan Milosevic não teve responsabilidades em crimes de guerra, começa a ser possível ouvir e ler testemunhos e análises que confirmam a ingerência externa das grande potências na desestabilização e desmembramento da Jugoslávia, a manipulação da informação feita através dos principais órgãos de comunicação que cobriram o conflito, o papel da NATO e a parcialidade com que actuou (e para a qual foi criado) o Tribunal Internacional Penal.

Esta notícia do Expresso sobre o lançamento do livro do major-general Carlos Branco, “A Guerra nos Balcãs. Jihadismo, Geopolítica e Desinformação”, é disso exemplo.

Mas agora que já não é só o PCP a denunciar estas situações, onde estão os fabricantes de notícias, os especialistas e os comentadores que fizeram o serviço sujo de manipulação das opiniões com vista a justificar a guerra? Onde andam eles e como convivem com as suas responsabilidades?

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Guerra, Paz, Política

Setúbal, terra de Paz!

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Esta manhã, em Setúbal, o ar está pesado, irrespirável.

Saí para comprar pão e o barulho das sirenes anunciava operações policiais de grande envergadura, detenções de criminosos, combate ao crime organizado e coisas semelhantes.

Mas não, nada disso, esta manhã os criminosos passeiam pela cidade protegidos com escolta policial, o som das sirenes serve apenas para abrir caminho por entre ruas e avenidas, para deixar passar gente com as mãos manchadas de sangue.

Esta manhã, em Setúbal, cheira a morte.

Bem sei que os nossos governantes e o, ainda, Presidente da República lidam mal com a lei fundamental do Estado Português, a Constituição da República Portuguesa, sei que governam contra a Constituição e que a trocaram por uma coisa chamada «compromissos internacionais», mas é lá, nesse texto fundador da nossa democracia, fruto da Revolução de Abril, que se estabelece, no artigo 7º, n.º 2, que: «Portugal preconiza a abolição do imperialismo, do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração nas relações entre os povos, bem como o desarmamento geral, simultâneo e controlado, a dissolução dos blocos político-militares e o estabelecimento de um sistema de segurança colectiva, com vista à criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos».

Compreendo que muitos ainda tenham uma dívida de gratidão para com a NATO, não tivesse sido ela uma grande ajudinha, no pós-II Guerra Mundial para salvar o fascismo português (e o espanhol) do isolamento internacional e para combater o perigo vermelho. Mas, em pleno século XXI, para que serve e a quem serve esta máquina de morte e destruição?

Assim, convicto de que quem quer a Paz não faz a guerra, de que Setúbal é uma terra de Paz, de que a Constituição da República Portuguesa é para cumprir, digo que esta gente não é bem-vinda às margens do rio Sado, a sua presença em Setúbal envergonha-nos e a subserviência do Chefe de Estado e dos Governantes portugueses perante estes jogos de guerra humilha-nos.

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Políticas Criminosas

Palmira

Com algumas da últimas notícias vindas da Síria, estava a organizar um texto sobre o tema. Além de algumas notas que acrescento o que iria escrever está  melhor escrito e documentado pelo José Goulão no seu blogue Mundo Cão, e neste outro post. É necessário repor a verdade contra a imensa fraude que tem sido a luta pelos direitos humanos e a democracia na Síria. Assad é um ditador? É, claro que é pelos padrões da democracia ocidental. Mas é um democrata comparado com os ditadores da Arábia Saudita, Qatar e outros, grandes aliados e amigos das democracias ocidentais! Com a ofensiva que a Rússia está a realizar contra os terroristas na Síria, Estado Islâmico, as variantes da Al-Qaeda e, colateralmente, essa ficção que é o Exército Livre da Síria, uma tropa de alguns sírios e muitos mercenários que repetidamente se tem passado de armas e bagagens para um dos grupos terroristas como aconteceu recentemente nos finais de Setembro, os terroristas têm sofrido grossas perdas em homens, equipamentos, logistica estando a recuar as suas linhas da frente, empurradas no terreno pelo exército sírio e mílicias apoiantes. Nalgumas semanas a Rússia causa perdas muitíssimo maiores aos grupos terroristas que a famosa coligação ocidental anti terrorista liderada pelos EUA durante um ano. Quem se alarma com o êxito do combate aos terroristas? Os EUA, a NATO, os seus aliados regionais, Turquia, Arábia Saudita,Qatar e Israel !!! A máquina de propaganda ocidental foi a primeira a abrir fogo e, como é habitual, continua manobras de desinformação sistemáticas. Noticiou que os os bombardeamentos russos tinham causado grandes perdas civis quando ainda nem um avião russo tinha levantado voo! Uma das fontes mais citadas é o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), uma instituição pouco credível financiada pela Irmandade Muçulmana, agora também reactivada e que já notíciou ataques aéreos que nunca se realizaram, como um bombardeamento a Palmira. Os Estados do Golfo,anunciam que, por causa da ofensiva russa, vão entregar misseis anti-tanque e mesmo terra-ar ao Exército Livre da Síria. Todo o mundo sabe que o destino final é o Estado Islâmico e a Frente Al-Nusra, que sempre foram apoiados financeira e militarmente pela Arábia Saudita e o Qatar. Que fazem os EUA, os fornecedores dessas armas aos seus aliados do Médio-Oriente? Através da NATO dão ordens aos aviadores da coligação para no espaço aéreo iraquiano atacarem, sempre que se sentirem ameaçados, os aviões russos! É este o calibre, a estatura política.a ética dos líderes ocidentais! Fazem orelhas moucas mesmo aos apelos dos patriarcas católicos e ortodoxos na Síria que apelam, através do Vaticano, para que o Ocidente acabe com as políticas desastrosas de armar os terroristas e armam-nos contra quem os combate. É o desvairo, sobretudo de Obama e Cameron,  por começarem a sentir aquela região que dominavam a seu bel-prazer com o seu aliado Israel a fugir da sua esfera de influência.
O seu interesse no combate ao terrorismo é uma ficção. O Iraque olha para o que se está agora a passar na Síria no combate ao terrorismo e interroga-se, com razão, sobre o porquê da ineficácia, da inoperância  da tão propalada coligação de forças lideradas pelos EUA, Os bombardeamenos efectuados pelos norte-americanos e tem tido paradoxalmente acções mais eficazes contra quem trabalha no terreno contra os efeitos ds guerras como o recente bombardeamente pelos EUA a um Hospital dos Médicos Sem Fronteiras no Afeganistão, destruindo-o completamente e causando centenas de vítimas. Aliás eles já estão habituados a ser bombardeados pelas forças democráticas  como acontece sistematicamente na Palestina.

Há que parar esta gente, que é gente muito perigosa para a paz e para o futuro do mundo.

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Abrir os Armários

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Eles aí estão a sair do armário!!!

Toda essa gentalha que estava fechada no armário da democracia, salta para o pântano da mais farfalha reaccionarice, para combater o fantasma de um governo de esquerda.

Invadem o terreno dos meios de comunicação social que há muito anos ocupam com maior ou menor parcimónia, com maior ou menor descaramento, com a maior ou menor inabilidade, onde mentem com contumácia sobre a realidade para construírem uma realidade que nos vendem como verdadeira.

Agora depois dos resultados eleitorais em que, mentindo com todos os dentes que têm,, recuperando mesmo os cariados que foram arrancados e substituídos por próteses, a coligação PSD/CDS com alianças declaradas ou sornas nos media, é minoritária e há a possibilidade de um governo de esquerda, ainda que seja para já tão provável como a aparição de D. Sebastião numa manhã de nevoeiro, salta do armário esse exército que reúne dos mais ultramontanos direitinhas aos mais esclerosados democratas.

Curiosamente o argumentário é, no seu essencial, o mesmo quando se vislumbra uma sombra que pode ameaçar o Portugal deles, o Portugal destruído por quarenta anos de políticas de direita, submetido aos ditames do capital e dos seus braços armados. Uma hipotética coligação de esquerda fá-los perder a cabeça e saltar dos armários. Uma dessas avantesmas ficou tão aterrorizada que até entreviu Estaline a ressuscitar em pleno Terreiro do Paço pronto para tomar o poder. Diz essa alarvidade sem que ninguém o contradiga ou diga que está louco. Os outros, que se querem fazer passar por mais credíveis, não perdem tempo em agitar os fantasmas do Prec, da democracia, a deles evidentemente, à beira do abismo em 1975, mais a parafernália de argumentos que foram buscar à arca da contra-revolução que começou na primeira hora do triunfo do 25 de Abril. Estão ajoelhados na grande Meca do capital, aos ditames da União Europeia, às virtudes do Tratado Orçamental e das políticas de austeridade, à NATO e ao seu combate cínico aos talibãs, Al-Qaeda e Estado Islâmico que ela e seus aliados no terreno armam e financiam, às hordas nazi-fascistas que proliferam na Europa e estão no poder na Ucrânia.

No meio dessa farândola, vendendo rifas dessa quermesse de mentiras maiores ou menores, sorridentes serpentes saem do ovo para mostrar a sua perplexidade. Um deles interroga-se porque é que na Constituição Portuguesa os partidos nazi-fascistas são proibidos e os leninistas (sic) não o são. Isto é dito pelo inefável Lobo Xavier na Quadratura do Círculo. Fê-lo com o sinistro cuidado de ser o último a falar, de o dizer a fechar o programa. Esperemos que na próxima edição Pacheco Pereira ou mesmo Jorge Coelho não deixem passar em claro essa abominação já que do moderador nada há a esperar. É mais um daquela turbamulta etiquetada de jornalistas que mais não são que caixas de ressonância do pensamento único.

Se Lobo Xavier, com evidentes saudades salazarentas, foi mais longe insinuando a possibilidade de proibir o PCP, os outros não ficam pelo caminho. Basta lê-los ou ouvi-los, mesmo na diagonal. Para nos limitarmos a um jornal que usa todos os arautos para se proclamar de referência, também não se sabe qual o padrão a que se refere, é ler da anémona Henrique Monteiro, que cola um sorriso estanhado no alçado principal para se fazer passar por inteligente, ao cruzado da pequena e média-burguesia, também ele empunhando um sorriso gambrinus, Martim Avilez. De cabeça perdida, de norte desbussolado fazem strip-tease dos adornos democráticos, não se escusam a escrever blasfémias à inteligência!

Já se sabia que essa armada de traficantes junta em tropel as hostes sempre que os interesses do grande capital se sintam ameaçados. O que talvez não fosse previsível é que com sinais ainda tão fracos fossem tão rápidos a terçar armas. Sinal que o mundo deles está muito corroído apesar da gigantesca burla que é vendida urbi et orbi como verdade única. O ambiente de alarme pós-eleitoral é sintomático, despe-os na praça pública de toda a conversa fiada com que vão entretendo o tempo, enquanto afiam as facas para defenderem os seus amos. Julgam-se uma armada invencível. De facto têm um poderosíssimo armamento à sua disposição para não deixarem dissipar o negrume da gigantesca fraude que dá corpo a um fascismo pós-moderno que marcha pelo mundo disparando a esmo as bombas de fragmentação com as mentiras com que o manipulam.

O que se está a viver em Portugal, desde que conhecido o resultado das eleições e independentemente do que resultar delas. escancara as janelas para uma realidade insidiosa que se vive dia a dia. Que nos é servida em doses perigosas: das pequenas às grandes mentiras que tendem a formatar a opinião das pessoas, para que o verdadeiro poder dominante nos continue a governar.

Contra eles recorde-se George Orwell: “num tempo de fraude universal contar a verdade é um acto revolucionário”

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Refugiados, Europa, EUA, NATO, Teoria do Caos

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OS REFUGIADOS E A UNIÃO EUROPEIA

A crise desencadeada na Europa pelas sucessivas vagas de refugiados, provocada pelo caos político e económico que foi instalado no norte de África, na África subsahariana e no Médio Oriente é gravíssima. É um drama humanitário brutal, com uma dimensão inusitada, de enormes consequências ainda não totalmente mensuráveis.

Todos os dias notícias e imagens registam episódios alarmantes desse exodo que parece não ter fim. A Europa, a União Europeia começou por não se aperceber da real dimensão da crise dos refugiados. Com o aumento do afluxo diário de homens , mulheres e crianças, com a evidência dos perigos e das mortes provocadas pelas precárias condições que enfrentam os que fogem às guerras e à desordem instalada pela guerra nos seus países de origem, a coesão e solidariedade europeias estalaram o verniz que escondia o que, de facto, não existia na Europa Connosco já bem vísivel nas políticas de austeridade impostas pela Alemanha por interposta Comissão Europeia e suas extensões. Julgavam mal e, vamos dar-lhes o benefício da dúvida, ingenuamente os europeístas mais convictos que os países da UE partilhariam auas responsabilidades a que a pertença ao espaço comunitário automaticamente obrigaria. Toda a história, sobretudo a mais recente, demonstra que essa partilha de responsabilidades no espaço comunitário é uma quase ficção, digna de romances policiais. As disputas económico-financeiras entre os países comunitários, nos mais diversos níveis, são o palco onde essa solidariedade é traída e assassinada com requintes de tragédias shakespereanas.

Em relação à vaga de refugiados acabou por se estabelecer um regime de quotas que só abrange 66 mil desses refugiados, adiando-se para um futuro próximo o destino de outros tantos que, teoricamente serão sujeitos às mesmas regras de proporcionalidade. A aprovação dessa medida vinculativa para os 28 ignorou a oposição às quotas propostas por Bruxelas dos que votaram contra: Eslováquia, Roménia, República Checa e Hungria, a Finlândia absteve-se. No passo seguinte Robert Fisco, primeiro-ministro eslovaco, disse logo que não aceita qualquer imposição da UE relativamente ao acolhimento de refugiados e que irá violar as regras europeias. Disse o que outros pensam e irão certamente fazer, apesar das ameaças, muito pouco diplomáticas do ministro do Interior alemão de cortar fundos comunitários aos países que não acolhessem refugiados. Sanção aos que recusassem aceitar os fugitivos, ao arrepio da súbita generosidade de Ângela Merkel, que abre o coração aos refugiados com a mesma facilidade com que o fechou a cadeado aos gregos. Mistérios pouco misteriosos para quem estiver atento às declarações da confederação patronal germânica. O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Órban nunca escondeu ou disfarçou a sua convicção que os refugiados são uma ameaça para a Europa e sempre agiu em conformidade. O partido de Órban integra o Partido Popular Europeu, a que pertencem a CDU de Angela Merkel, o PSD e o CDS, eles que se entendam como se têm entendido em relação às políticas de austeridade. Os já referidos europeístas gostariam que dentro do PPE se demarcassem os campos em relação a essa questão. Um modo de salvar a face democrática na defesa dos chamados valores da civilização ocidental. Um processo também de distrair o mundo sobre as reais razões que provocaram esta crise dos refugiados, de não assumir as responsabilidades sobre o desencadear desta crise, de ocultar as políticas que conduziram a esta crise, em que a Europa comunitária é sujeito activo e passivo.

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A TEORIA DO CAOS

Não é de estranhar que no meio da lava noticiosa que se derrama sobre o mundo, pouco ou mesmo nada se refira sobre o que provocou esta hetacombe. Mesmo as notícias da actualidade sobre a Síria, um dos maiores contribuintes para a onda de fugitivos, mascaram a realidade. Se desde o principio o objectivo de derrubar Assad, em nome dos direitos humanos e da democracia, era de uma hipocrisia extrema e escondia o verdadeiro objectivo de os EUA redesenharem o mapa do Médio Oriente para o submeterem totalmente aos seus interesses geo-estratégicos e conómicos. Assad é um ditador, a Síria não é uma democracia como o Ocidente a entende, mas Assad é, se comparado com aliados árabes dos EUA, quase um democrata. Por esse caminho, estamos conversados. A guerra civil instalada na Síria pela mão dos EUA, NATO e seus aliados árabes e turcos foi montada com exércitos mercenários que rapidamente se passaram com armas e bagagens para a Al-Qaeda e para o Estado Islâmico. Nos últimos dias os soldados treinados, financiados e municiados pelos EUA, para engrossarem as fileiras de um suposto exército de libertação da Síria afecto à oposição “moderada” ao regime de Assad, mal passaram a fronteira turca-síria foram, versão oficial estadodinense “capturados” pela frente Al-Nostra, a Al-Qaeda síria, o que é contrariado por uma mensagem no twitter de um homem forte dessa Frente, Abou Fahd al-Tunis: “o novo grupo da Divisão 30 que entrou na Síria ontem (dia 21) emtregou todas as suas armas à Frente Al-Nostra. Entregaram uma grande quantidade de munições, armas e pick-ups artilhadas.” Todos os antecedentes tornam a versão oficial rísivel e dão razão a Putin e às suas propostas de combate ao Estado Islâmico, a que os EUA fazem orelhas moucas.

Esse é mais um episódio de uma estratégia que vem de longe e que teve os seus últimos desenvolvimentos no Afeganistão, Balcãs, Iraque, Líbia, Síria, Iemen, Ucrania, para referir os teatros de guerra mais sangrentos. Estratégia que se desenhou há dezenas de anos. As estratégias são desenhadas a longo prazo os desnvolvimentos táticos é que são diversos. É a Teoria do Caos imposta pelos neo-conservadores, os neo-cons, que se instalaram no poder nos anos Reagan e Georges W. Bush. Tem sido, com geometrias variáveis, posta em prática pelos sucessivos inquilinos da Casa Branca, uma demonstração das virtualidades da bipolarização, da transmissão de poderes entre os partidos ditos do arco governativo como se pode apreciar em todo o mundo.

A Teoria do Caos que tem por mentor intelectual Leo Strauss. Foi iniciada nos anos 90 a seguir ao desmembramento da União Soviética., a sua teorização é muito anterior e surge em paralelo com a entrada em cena dos neoscons. O acento tónico é colocado na política externa dos EUA para manter a supremacia mundial como superpotência. Vem de mais longe, já em 1979 Irving Kristol, um intelectual e jornalista ex-trotskista, foi o primeiro a afirmar-se como neoconservador e explicou ao que vinha numa artigo com o sugestivo título “Confessions of a True, Self-Confessed ‘Neoconservative”, nas entrelinhas podia-se advinhar o que aí viria.

O grande teórico dessa política pós-moderna neoconservadora é Leo Straass que tem uma enorme influência nesse poderoso grupo da inteligentsia norte-americana. Encapota-se e é apresentado como um demoliberal, um defensor da democracia liberal. Uma leitura, mesmo rápida, do seu livro mais famoso e mais difundido, Direito Natural e História (Edições 70/2009), revela que ele considera que as massas não são capazes de aceitar a verdade, nem de ser livres e que entregar esses valores ao vulgo é quase como atirar pérolas a porcos. Que a condição natural humana não é a liberdade mas a subordinação, o serem conduzidos por políticos sábios. O direito natural é o direito das mentes superiores e esclarecidas governarem os inferiores, dos empreendedores sobre os empregados, mesmo dos maridos sobre as esposas. Leo Strauss, democrata? Com uma enviesada concepção de democracia. Mas não ficam por aqui os teoremas de Strauss. Como admirador de Maquiavel, vai além de Maquiavel. Os meios justificam os fins mas é imperioso o mais completo segredo para proteger as élites de possíveis dúvidas e/ou represálias. As mentiras são necessárias sempre que os resultados as justifiquem. Claro que Leo Strauss não nega as mentiras que explicaram a invasão do Iraque. Achou correcto que a administração Bush as utilizasse para mudar o regime iraquiano. Christopher Hitchens, um seguidor de Strauss, na primeira linha dos defensores da invasão do Iraque, escreveu um artigo com um título que não deixa lugar a dúvidas  Machiavelli in Mesopotamia. Leo Strauss um demoliberal? Uma maquiavélica mentira.

É nesse caldo de cultura, nessa escola intelectual de Leo Strauss, que se formam os neoconservadores e parte substancial da administração norte americana, democrata ou republicana. É aí que se encontram as raízes das teorias de Fukuyama, O Fim da História e o Último Homem (Gradiva/1999) Um dos seus mais destacdos representantes é Paul Wolfowitz, embaixador dos EUA na Indonésia na altura da invasão de Timor que aprovou os massacres em Dili, poderoso Secretário da Defesa do governo de Georfes W. Bush, mais tarde governador do Banco Mundial. Um defensor acérrimo da supremacia militar norte-americana, opõe-se decidamente a todas as potências rivais, nomeadamente a aliada União Europeia.

Aqui entra Teoria do Caos. Em que é que a União Europeia pode comstituir um perigo para a supremacia dos EUA? Firme aliado e seguidor das políticas atlantistas, a UE inventa uma moeda, o euro, que vai concorrer com o dolar. Faça-se uma rápida e sintética revisão histórica. No fim da Segunda Guerra Mundial , na  Conferência de Bretton-Woods, julho de 1944, foi imposto o padrão dolar-ouro. Nessa conferência foram criados o  Banco Mundial, o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o GATT( Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras). Os objectivos eram estimular o desenvolvimento capitalista, bem como a reconstrução e estabilidade económica global. Nos anos 60 a economia dos EUA tem sinais de crise. A Guerra Fria, o desenvolvimento económico de outros países, nomeadamente do Japão e da Alemanha, o crescente endividamento começam a preocupar a administração dos EUA. Sinais que se foram agravando ao longo da década. Nos finais dos anos 60, a libra esterlina, ainda usada, embora residualmente, como moeda nas trocas internacionais sofre um forte ataque especulativo, deprecia-se e desaparece de cena. Estão criadas todas as condições para Richard Nixon, presidente dos Estados Unidos em 15 de agosto de 1971, acabar com a paridade dólar-ouro, decisão ratificada, oytra coisa não seria de esperar, pelo FMI em 1973. Dali por diante, a moeda norte-americana seria apenas uma “fiat currency” ou seja, o ouro não seria mais o garante do valor do dólar, seria , foi substituído pela palavra do governo americano, respaldada no seu tesouro nacional. Essa manobra possibilitou uma outra de ordem contabilistica que, de uma assentada, reduziu em 35% a dívida dos EUA. O dolar, depois os petrodolares, estavam com o campo livre e aberto para todas as manobras financeiras, a maior das quais a de obrigarem indirectamente os países do mundo inteiro a financiarem o seu endividamento crescente, que atinge hoje números astronómicos: 60 biliões de dolares, um quarto da dívida mundial.

O euro surge como uma ameaça para o império do dolar. Ameaça agora agravada pelo progressivo abandono do dolar como moeda de troca no comércio internacional. Dos dois maiores pilares em que assenta a política de supremacia mundial dos EUA, o poder militar e a moeda, um está em risco, em rico muito sério de um dia vermos a nota verde com o valor das notas do jogo do monopólio.

Para continuar a manter essa supremacia mundial, Strauss e os seus seguidores neocons, estabelecem que a forma mais eficaz dos EUA defenderem os seus interesses, garantindo o acesso regular às matérias primas, à definição do seu preço de mercado e ao domínio dos mercados mundiais é pelo cerco a esses países ou blocos de países, instalando o caos nas suas fronteiras.

Wolfowitz, apurou essa teoria, defende que a defesa supremacia global norte-americana exige o controlo militar, político e económico sobre a União Europeia, para que esta não se torne uma potência capaz de rivalizar com os Estados Unidos. Um aliado para trazer pela trela. É pela mão de Wolfowitz que se tramam as invasões do Afeganistão e Iraque, sempre com a NATO implicada, com ou sem apoio legitimado pela ONU. Vale tudo mesmo as cenas patéticas de Colin Powell a ver se endrominava o Conselho de Segurança com mapas falsificados. Nada, nem nenhum vício lógico, trava essa gente. Depois dele todos os outros, de Condoleza Rice a John Kerry passando por Hilary Clinton, têm semeado o caos nos Balcãs, na Somália, na Líbia, no Mali, na Nigéria, na Síria, no Iémen, na Ucrânia.

Quem ainda possa pensar que a Teoria do Caos de Strauss e a sua sucessora delineada por Wolfowitz, são delírios conspirativos na base de um quadro mental que só consegue olhar com desconfiança para os beneméritos democratas norteamericanos, devia por um minuto desligar a cabeça para a reactivar emergindo da ganga propagandistica amestrada e difundida pelas inúmeras agências dos EUA, o seu braço armado NATO, os seus aliados que prestam um inestimável serviço aos desígnios estratégicos do império.

A hetacombe que desaba na Europa, com toda a tragédia humana que provoca, o caos que se vive na Europa que está e atravessa as suas fronteiras associado a um perigosíssimo recrusdecismento da xenofobia e do terrorismo nazi-fascista é real. Vê-se á vista desarmada e só quem é ignorante ou ingénuo ou se quer fazer passar por ignorante ou ingénuo é que não vê que os resultados beneficiam o complexo militar, político, económico e financeiro que domina o mundo sob as bandeiras dos Estados Unidos e da NATO.

A Teoria do Caos não é um mito. Existe, está escrita e teoricamente desenvolvida para quem a quiser ler. Alguns dos seus escaninhos mais tenebrosos até já foram parcialmente revelados em artigos publicados no New York Times e no Washington Post, na base de alguns documentos desclassificados. Uma conspiração secreta ameaça o mundo. Os sinais são cada vez mais evidentes.

Uma terceira guerra mundial está em marcha por interpostos países. Até o Papa Francisco já denunciou, na Semana Santa, que se está a viver uma Terceira Guerra Mundial em pedaços.

Não denunciar este estado de coisas, pensar que são delírios conspirativos, é caminhar num barranco de cegos. Ser cúmplice mesmo que com alma sangrando ao ver fotos de crianças mortas nesta fuga desesperada.

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Geral

O CALIFADO ISLÂMICO e os ESTADOS UNIDOS da AMÉRICA

Michel Cossudovsky, Professor Emérito da Universidade de Otava, Canadá, destacado economista, escritor e investigador, professor convidado em universidades de todo o mundo, conselheiro de governos de países em desenvolvimento é, desde 1999, um activo participante na Fundação Transnacional para a Luta pela Paz. Em 2001 fundou o Centro de Investigação da Globalização (CIG). Em Portugal tem um livro editado A Globalização da Pobreza, a Nova Ordem Mundial.

Agora, no âmbito da sua actividade no CIG, publicou na página da internet desse instituto um estudo sobre a relação entre o Estado Islâmico (EI) e os Estados Unidos da América (EUA), que sintetizou em 26 itens-conceitos, em que expõe com clareza os factos que fundamentam a sua opinião

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O ESTADO ISLÂMICO (EI)

  1. A Al Qaeda e as organizações a que deu origem, foram apoiadas pelos EUA durante quase quarenta anos, quando se iniciou a guerra afegã-soviética (1979-1989)

  2. num período de dez anos, entre 1982-1992, crca de 35 000 jihadistas, oriundos de 43 países, foram recrutados para a jihad afegã e trinados nos campos de treino da CIA no Paquistão. Milhares de anúncios, pagos pelos EUA, foram colocados em meios de comunicação social de todo o mundo, motivando os jovens para a jihad.

  3. A universidade de Nebraska (EUA) publicou livros de promoção do jihadismo, que foram distribuidos nas escolas do Afeganistão, daquela época

  4. Osama bin Laden, o terrorista “número 1” para os EUA, foi recrutado pela CIA em 1979, quando se iniciou a guerra jihadista patrocinada pelos EUA contra a União Soviŕtica no Afeganistão.Teria 22 anos quando terminou o seu treino no campo de guerrilhas da CIA

  5. Ronald Reagan, quadragésimo presidente dos EUA, chamou aos terroristas da Al Qaeda de “combatentes da liberdade”. O governo dos EUA forneceu armas às brigadas islâmicas para a sua luta contra a União Soviética. A mudança de regime no Kremlin, levou ao fim do regime secular no Afeganistão.

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Ronald Reagan reunido com os “combatentes pela liberdade”antes de serem “terroristas” parsa voltarem a ser “combatentes pela liberdade” e novamente “terroristas” e novemente…

  1. O Estado Islâmico (EI)começou por ser uma entidade filiada na Al Qaeda, criada pelos serviços secretos norte-americanos, com ao apoio do MI6 britânico , a Mossad israelita e os serviços secretos do Paquistão e da Arábia Saudita.

  2. As brigadas do EI pariciparam com o apoio dos EUA e da NATO na guerra civil na Síria contra o governo de Bashar al Assad.

  3. A NATO e altos funcionários turcos foram os responsáveis pelo recrutamento dos militantes do Estado Islâmico e da al-Nusra(grupo radical islâmico) desde o inicio do conflito na Síria em 2011.

  4. Nas fileiras do EI há uma representação do exército e dos serviços secretos ocidentais. Por isso o MI6 britânico participou no treino dos rebeldes em território sírio.

  5. Num noticiário da CNN de 9 de dezembro de 2012, um alto funcionário dos EUA e vários diplomatas de topo, admitiram que os EUA e alguns aliados europeus enviaram militares especializados em armas químicas, para treinarem os rebeldes sírios a usarem as armas quimicas dos arsenais da Síria.

  6. A prática do EI de decapitações faz parte do treino e dos programas de treino dos jihadistas por especialistas da Arábia Saudita e Qatar

  7. Ã Arábia Saudita, aliado de primeira linha dos EUA, libertou das suas prisões milhares de condenados com a condição de se juntarem às fileiras da EI, pra lutarem contra Assad na Síria.

  8. Israel apoiou as brigadas do EI e da al-Nusra nos Montes Golã, um território disputado pela Síria e por Israel (que o ocupou de pois da guerra dos seis dias). Em fevereiro de 2014, o primeiro ministro israelita, Benjamin Netanyahu, visitou um hospital na fronteira e apertou as mãos de rebeldes sírios feridos.

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O primeiro-ministro israelista Benjamin Netanyahu desejando as melhoras a um “terrorista”quando  voltou a ser um “combatente pela liberdade”

SÍRIA e IRAQUE

  1. O EI funciona como guarda avançada militar dos interesses dos EUA e seus aliados, provocando o caos político e a destruição económica da Síria e do Iraque

  2. O actual senador dos EUA John Mccain teve uma reunião com os líderes terroristas jihadistas militantes do EI, na Síria.

  3. O Estado Islâmico, que supostamente resiste aos bombardeamentos da coligação liderada pelos EUA, continua a receber ajuda militar secreta dos EUA

  4. Os bombardeamentos dos EUA e seus aliados têm sido mais dirigidos às infraestruturas económicas, particularmente fábricas e refinarias petrolíferas.

  5. O projecto do Califado integra-se perfeitamente na agenda da política externa dos EUA, que desde há muitos anos tem o objectivo de retalhar o Iraque e a Síria, em três territórios separados, uma República Curda, um Califado Islâmico Sunita e uma República Xiita.

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O senador John McCain, em 2012, reuniu-se na Síria com os “combatentes pela liberdade”,dando-lhes total apoio. Entre eles Abu Bakr al-Baghdadi, antes de ser proclamado califa.O apoio do senador deve ter sido decisivo para esse”combatente pela liberdade” assumir esse cargo de um estado, por enquanto, “terrorista”

A GUERRA CONTRA O TERRORISMO

  1. A guerra contra o terrorismo, uma campanha iniciada em 2011 pelos EUA e outros membros da NATO apresenta-se como um “choque de civilizações”, quando na realidade persegue objectivos económicos e estratégicos.

  2. Os EUA apoiou secretamente entidades filiadas na Al-Qaeda no mMédio Oriente, África Sudsahariana e Ásia para criar conflitos internos e destabilizar paises independentes

  3. Entre esses grupos estão o Boko Haram na Nigéria, o Grupo de Combate Islâmico na Líbia, o Jemaah Islamiya na Indonésia

  4. As organizações filiadas na Al Qaeda na região autónoma de Xinjiang Uigur na China, também recebem apoio norte-americano. O objectivo declarado das organizações jihadistas é estabelecer um califado islâmico no oeste da China.

  5. O paradoxo consiste em que enquanto o EI cresceu graças ao apoio norte-americano, o objectivo estratégico dos EUA, é a luta contra o islamismo radical do grupo jihadista.

  6. A ameaça terrorista é uma criação puramente dos EUA, promovida por outros governos ocidentais e pela comunicação social. O suposto objectivo da protecção da vida dos cidadãos, promove uma violação maciça das libardades civis e da privacidade pessoal.

  7. A campanha antiterrorista contra a Al Qaeda e o Estado Islâmico tem contribuído para a demonização dos muçulumanos que são associados às inomináveis crueldades dos jihadistas

  8. Quem questionar a “guerra contra o terrorismo” é declarado terrorista ao abrigo das numerosas leis aprovadas na úlktima década nos EUA.

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Internacional

O Grande Embuste

A NATO reconheceu que, por erro técnico, bombardeou um bairro residencial de Tripoli onde, presumivelmente, morreram 7 (SETE!!!) cidadãos civis!

Horas antes de a NATO ter realizado um magno inquérito que chegou a essa conclusão, jornalistas ocidentais independentes (!) tinham sido conduzidos pelas autoridades líbias, leais a Kadhaffi, ao local dos acontecimentos tendo verificado os estragos sem enxergaram nenhum sinal de bomba ou míssil!!!

Conclusão: desde o inicio dos bombardeamentos da NATO, por deliberação da ONU de 18 de Março, já lá vão três meses de bombardeamentos diários, a NATO só matou 7 (sete!!!) cidadãos civis , as outras dezenas de milhares são soldados, uma grande parte deles vestidos á civil.

Esta gente está tão confiante que a mentira resulta que faz estas cenas convictamente pensando que o resto do mundo é uma cambada de tontos e parvos que engolem todos os seus embustes!

O cinismo e a hipocrisia ultrapassam todas as fronteiras pensáveis. Esta gente fede e nós aturamos o seu fedor!!!

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Geral

SOS crianças!

Mark Sedwill, alto responsável civil da NATO, garante que as crianças estão mais seguras em Cabul que em Londres.

Nós acreditamos piamente em tão preclaro técnico e propormos que todos os bons pais, amantes dos seus filhos, encarem racionalmente a realidade e enviem os seus filhos para o Afeganistão, ultrapassando a dolorosa emotividade dessa decisão. Tudo o que fazemos pelas nossas crianças nunca é demais, por mais difíceis que sejam as opções.

Portugal, depois de evidenciar os seus dotes de organizador de eventos sociais, como demonstrou na organização da cimeira da NATO, uma instituição atolada na massa cinzenta de técnicos tão brilhantes quanto o citado, tem agora a oportunidade de dar continuidade a essa sua vocação: organizar uma ponte aérea para as principais cidades do Afeganistão transportando crianças de todo o mundo que ficarão ao abrigo dos perigos que as perseguem. As crianças portuguesas terão evidentemente prioridade.

Pela amostra, com técnicos deste nível, o futuro da NATO é resplandecente e

Portugal, com esta iniciativa, estará sempre na primeira linha dos conceitos estratégicos.

Bem aventuradas cabeças, é delas o reino dos céus.

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Geral, Política

Cimeira NATO, que resultados?

Presença militar NATO no Afeganistão

A cimeira da NATO mostrou Portugal no seu melhor. Os governantes, satisfeitos. O povo, acabrunhado com tanto estadão em plena crise: Obama (*) e as suas limusinas blindadas; ruas e estradas interrompidas; os aviões dos grandes líderes do mundo a chegarem à Portela. Os temidos contestatários black block acabaram por faltar à chamada. Televisões em diligente cobertura permanente. As manifestações de protesto foram mais que pacíficas e os símbolos americanos mantiveram-se intactos.

A postura securitária das autoridades portuguesas foi maximalista. Desde o fecho de fronteiras à aquisição de umas viaturas blindadas que, para ridículo, sendo um investimento de milhões de euros, não chegaram a tempo. Durante um par de dias os media esqueceram a crise da dívida soberana e os nossos governantes puderam refrescar a sua muito desgastada imagem junto dos poderosos do mundo, Obama, Medvedev, Sarkozy e muitos outros. E até talvez muitos de nós se tenham imaginado a fazer parte dos “grandes”. Vã ilusão…

Como é habitual nestes eventos, o guião já estava definido e os actores vieram dar-lhe corpo em directo e ao vivo, proporcionando um grande evento mediático.

Primeiro – Justificar a aliança. Havia que justificar a continuidade da NATO. Há muito que deixou de ser clara a missão da aliança, mormente desde o fim da guerra fria e da implosão do antigo bloco de leste (Pacto Varsóvia). Sucederam-se os “conceitos estratégicos” procurando justificar as diversas intervenções da aliança, normalmente em função dos interesses dos EUA. Aí está mais um, vago e indefinido como convém, chamando à liça o “ciber-terrorismo” e a “pirataria”

Segundo – O vespeiro do Afeganistão. Os EUA (e a aliança) precisam de projectar a retirada das tropas daquele cenário de guerra e morte sem fim à vista, sem a aparência de uma derrota. Parece que querem inflectir o combate para a negociação política. Terão finalmente ido aos livros de história e constatado que, já antes deles, os ingleses, no tempo do seu império e os soviéticos, mais recentemente, de lá saíram derrotados e humilhados? Para já tocam a reunir e a pedir reforços (Portugal lá estará, por troca com o Kosovo) na expectativa de as forças da NATO se retirarem a partir de 2014. A ideia é passar para os aliados afegãos o controlo militar da situação. Dir-se-ia que a estratégia da liderança americana da NATO é ganhar tempo e manter os seus aliados no perímetro mais uns anos e convence-los que H.Karzai e o seu regime são a solução para um país com a dimensão e características étnicas do Afeganistão. Recordemos que a extinta União Soviética deixou lá um governo, quando em 1988/89 se retirou do país. Poucos anos depois o respectivo presidente acabou enforcado numa rua de Cabul.

Terceiro – Rússia, aliado? Há anos que parte da NATO anda a querer convencer a outra parte de que a Rússia deixou de ser o seu alvo, o inimigo juramentado. Claro que essa tese é mais difícil de aceitar para Estados que fizeram parte da URSS (caso dos novos países bálticos) ou que se situam nas respectivas fronteiras, caso da Polónia. Os termos do negócio agora esboçado entre a Rússia e a NATO parecem, à partida, satisfazer a ambas as partes – a Rússia passará a integrar uma estrutura coordenada do sistema anti-míssil a criar (de que estava excluída nos tempos de G.W. Bush, uma opção revertida por B. Obama); a aliança é autorizada a ampliar a utilização das vias de comunicação ferroviárias russas para fazer chegar o material bélico ao Afeganistão. País onde os russos continuam a manter interesses estratégicos, dados os potenciais perigos de “contágio” fundamentalista às zonas muçulmanas da federação russa.

Vamos aos pauzinhos que podem emperrar a engrenagem: o que acontecerá aos pedidos de adesão à NATO de países com fronteiras com a Rússia, casos da Geórgia – actualmente em “guerra fria” com Rússia, devido aos territórios independentistas da Abkazia e da Ossétia do Sul – e da Ucrânia, pedido este agora adormecido devido à viragem pró-russa na política ucraniana. Podemos ainda acrescentar o conflito entre russos e moldavos, a propósito dos desejos independentistas da Transnístria, região de maioria russa da agora independente ex-república soviética da Moldávia.

Quarto – A NATO e a União Europeia. Encalhados. As relações económicas entre a UE e os Estados Unidos não tem estado pelo melhor e a reunião não parece ter trazido qualquer resultado positivo para além de declarações de intenções. Mas importa atender à questão turca. A Turquia era, há não muitos anos, a grande lança (o mais poderoso exército da NATO a seguir aos EUA) do poderio ocidental apontada ao médio-oriente. Deixados a “secar” à porta da União Europeia durante anos, devido aos receios franceses e alemães de uma pacífica invasão otomana, a Turquia inflectiu a sua estratégia e apresenta-se agora próxima de alguns dos seus vizinhos regionais menos queridos do poder americano, caso do Irão e de diversos países árabes.

(*) Fica para a história dos fait-divers a parolice do ministro dos negócios estrangeiros L.Amado apresentar uma senhora desconhecida ao Presidente Obama junto da escada do avião, com direito a fotografia. Viria depois a a saber-se ser a filha do ministro. Olha se os outros fizessem o mesmo!

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Geral

A Nato Modernaça

Terminou a Cimeira da NATO.

Um novo conceito estratégico foi aprovado. Tirando o entusiasmo lusitanamente parolo, os meios de comunicação social que pareciam estar todos focados em Lisboa, acabaram por dar pouca importância ao assunto.

Quanto é que isso nos custou a todos nós? Ainda estamos para saber! Esmifrados até ao tutano pelos sucessivos PEC’s e OE cozinhados pelo PS e o PSD, com o CDS a fingir indignação, a votar contra mas logo a andar aos saltos na primeira fila com a hipótese de um suposto governo de salvação nacional — o Paulinho ainda há-de revelar o que lhe agita a alma e chamá-lo governo de união nacional – deveriam dizer-nos quanto é que este teatro custou ao erário público?

Afinal como vai passar à prática o tão propalado novo Conceito Estratégico da NATO?

Ponto 1- Afeganistão: calendário de retirada 2016. Treinar a tropa e a polícia afegã para as tornar eficientes e autónomas.

O secretário-geral da ONU veio logo a correr dizer o que todos pensam: o calendário é uma coisa, a realidade outra. O problema central é que ninguém, ou praticamente ninguém, quer enterrar dinheiro naquele vespeiro.

Treinam o quê? Uma tropa sem armas pesadas, nem carros de assalto, com uma evidente falta de confiança nos recrutas.

Apontam também como objectivo o desenvolvimento económico do Afeganistão. Esperam o quê? Que o Afeganistão monopolize o comércio mundial de heroína?

De facto, com as tropas da NATO no terreno, aumentou a superfície cultivada com a papoila do ópio. Ainda por cima combate o desemprego, dá trabalho a muita gente. Só no amanho da terra emprega 350 pessoas/hectare, quase o triplo de um hectare de trigo que emprega uma média de 125 pessoas. Segundo números estimados pelas instituições das Nações Unidas e norte-americanas que investigam o tráfico mundial da droga, o Afeganistão em 2004 tinha uma cota de mercado de cerca de 40%, em 2009 assegurava o comércio mundial do negócio da heroína em cerca de 80% e a área cultivada tinha aumentado 35%. O negócio ascendia a 89 biliões de dólares. Um assinalável êxito económico a que a empreendedora família Karzai não será estranha. Daí as deferências com que a família NATO, acolheu o mano mais velho, chefe do governo, eleito de modo sui-generis.

Ponto 2 — escudo anti-míssil.

Proclamação feita a todos os azimutes, a Rússia já não é o nosso inimigo, o que tem o objectivo de calar a oposição da Rússia ao escudo anti-míssil tal como foi concebido por Bush.

Medvedev declarou-se muito satisfeito com essa alteração, mas foi avisando que escudo anti-míssil só com a Rússia em pé de igualdade. Sem isso nada feito e a isso ainda nada foi dito. Será também essencial o Congresso dos EUA aprovar o START 3 (Tratado para a Redução das Armas Estratégicas). Sem essa ratificação volta tudo à estaca zero. Não parece que os republicanos, agora maioritários, estejam pelos ajustes, .

O principal dos novos conceitos estratégicos logo se verá, os outros continuam em vigor, um ataque a um membro NATO é um ataque a todos, que coloca no tabuleiro um gambito de alto risco, como será quando a Geórgia for admitida como membro efectivo? A Ossétia e a Abhazia que a Rússia considera territórios independentes e a Geórgia, territórios seus, serão atacados pela NATO, para os devolver à Geórgia?

Há ainda um problema, esse mesmo de fundo e por onde todos passaram como gatos pelas brasas, quem irá e como se irão pagar os novos projectos militares da NATO? Os EUA não parecem dispostos, ou até capazes, de continuar a arcar com o grosso dos custos e os europeus não parecem muito interessados a abrir mais os cordões às bolsas.

Enquanto tudo isso não se resolve a malta ficou encantada com a hospitalidade portuguesa, com a organização portuguesa, com o não sei quê português e com a mais que provável desqualificação do comando NATO em Oeiras. Sócrates mal consegue disfarçar o inevitável.

Quer dizer gastámos à tripa forra, alimentámos os pacóvios cá do burgo, não foram poucos os que desfilaram pela comunicação social, sem evitar que o comando sediado em Oeiras baixe de divisão. Uns mal agradecidos.

Até parece que não há crise!

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Geral

Esta Lisboa NÃO!

Esta Lisboa NÂO!

A Cinemateca Nacional deveria celebrar o dia de hoje passando em sessões contínuas o filme de João César Monteiro, “QUE FAREI  EU COM ESTA ESPADA
Lisboa, nas ruas a Revolução, no Tejo, ameaçador, o porta-aviões norte-americano Saratoga.

Ameaçador como o navio que transporta Orlock a Wisburg, no Nosferatu de Murnau. Os ratos a correram aterradores, saltando do convés para a cidade, pré-aviso da peste que irá invadir a cidade com o desembarque do vampiro.

Em 1975, Saratoga, o porta-aviões da NATO, ancora no Tejo. João César Monteiro e Maria Velho da Costa, empunham as suas armas, a camera de filmar a máquina de escrever. Realizam um filme militante contra essa presença intimidante.

Com Lisboa hoje sitiada, nada melhor do que rever esse filme. Se a televisão fosse de facto um serviço público era o que deveria fazer, para acender a memória.

Amanhã, Manif!

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Política

Pandemónio e Regabofe!

SHERIF'S DANCE / gravura de Bartolomeu Cid dos Santos

Lisboa cercada por ar, mar e terra! Restrições aéreas! Restrições marítimas! Restrições terrestres! O ar irrespirável da cimeira da NATO! Por aqui não passa! Ameaças terroristas para a direita! Tolerância de ponto! Por ali também não passa! Ameaças terroristas para a esquerda, para o centro, pelo ar, por debaixo de terra! Todos para dentro de casa! Ruas patrulhadas por blindados que não são militares, são policiais que não chegam a tempo de ver passar a lustrosa comitiva de chefes de estado com destaque para Obama que sofre de evidente estrabismo divergente, um olho na cimeira e outro na economia portuguesa. Os blindados nunca mais chegam!

O ministro da Administração Interna a meter os pés pelas mãos em declarações esdrúxulas que os blindados não são blindados tem somente “protecção balística” afinal são blindados, iguais aos que as tropas norte-americanas usam no Afeganistão e no Iraque, são seis mas a tempo de se estrearem nas ruas interditas do Parque das Nações e rigorosamente vigiadas de Lisboa, só vão chegar dois. Custaram seis milhões de euros, compradas por concurso público? Nem pensar, ajuste directo porque era muito urgente adquiri-los para serem usados durante a cimeira da NATO. Afinal nem os dois, dos seis que o fornecedor tinha garantido que desembarcavam tempo, vão chegar mas vão ser muito úteis no futuro, diz Rui Pereira mascarado de ministro, para a polícia invadir a Cova da Moura, fazer incursões no bairro da Bela Vista, cercar o bairro do Aleixo, controlar o bairro de Vila D’Este. É assim que se esbanja o dinheiro do estado que é de todos nós!
Estão confusos? Os seus documentos! Por aqui não passa! Continuar a ler

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Geral

Terrorismo, terrorismos

3º Geração/Fassbinder

Com a proximidade da cimeira da NATO, em Lisboa, o terrorismo, a ameaça terrorista está na ordem do dia. Chegam notícias de cartas armadilhadas, detectadas e neutralizadas pelas forças de segurança. Os governantes visados desfazem-se em elogios às forças policiais. Ninguém se interroga se um terrorista minimamente competente acredita que uma carta bomba endereçada, através dos serviços de correio, a um primeiro-ministro, rodeado de seguranças por todos os lados, conseguirá chegar ao seu destino e, sobretudo, se cumprirá o seu objectivo.

Remetentes e destinatários acabam por confirmar a sua confiança nas forças de segurança. Sabem que esse cenário tem repercussões na comunicação social, propaga uma imagem de perigo, de um perigo que não ultrapassa a folha de papel impressa, as ondas da rádio, o ecrã televisivo. São ameaças feitas à medida que acabam por ser a melhor demonstração das teses de Paul Virillo, quando equaciona que nas sociedades modernas, os governos geram medos para aparecerem junto dos cidadãos eleitores como os seus salvadores, esquivando-se desse modo a promoverem qualquer perspectiva de futuro e dignidade, trabalhando para a sua sobrevivência por terem perdido qualquer horizonte ideológico e aceitarem reduzir-se a sustentáculos do status quo, ao serviço dos interesses económicos de corporações cada vez mais concentradas e poderosas. Continuar a ler

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Geral

O Mundo Doente, uma Cimeira Insignificante

A cimeira do G-20 deve terminar sem nenhum resultado conclusivo. O mundo mudou muito nos últimos cinquenta anos. A maior evidência dessa alteração é a impossibilidade actual de os EUA obrigarem os outros países a financiarem e subsidiarem a sua economia, prática que consolidou, durante décadas, a sua posição como maior economia do mundo e que, visivelmente, é agora insustentável.

A reunião preparatória dessa cimeira G-20, realizada nos dias 22 e 23 de Outubro em Gyeongjiu, Coreia do Sul, pelos ministros das finanças dos países que o integram, tinha terminado com uma cheia de nada, como se percebia no longo comunicado que emitiram.

As novidades eram semânticas, o que parece ser o campo mais adubado da moderna ciência económica, debitando receitas, sempre as mesmas, travestidas com novas fraseologias. Dizia que se deviam “prosseguir as reformas estruturais para melhorar e manter a procura global, promover a criação de emprego e aumentar o potencial de crescimento”. Grossa novidade, como se sabe. Acrescentando que, nos países avançados, “se deviam desenvolver e implementar planos de consolidação fiscal claros, credíveis, ambiciosos e favoráveis a médio prazo, em conformidade com os compromissos da Cimeira de Toronto, diferenciados de acordo com as circunstâncias nacionais”. Se dúvidas houvesse, em que as anteriores exortações à regulação para dar transparência às manobras financeiras ficavam por retóricas menos exaltadas, o referido comunicado tirava dúvidas: “manter os compromissos para implementar todos os aspectos da agenda de regulação financeira do G-20, de modo internacionalmente congruente e não discriminatório, incluindo os compromissos sobre os derivados extra-bolsistas, as práticas remuneratórias, as normas e os princípios do FSB (Finantial Stability Board) para reduzir a confiança nas agências de notação creditícia (…) prosseguir o nosso trabalho para abordar decididamente as jurisdições não-cooperantes”. O resto do comunicado não sai fora desse tom, em que as grandes novidades são as mudanças de significados, “consolidação fiscal” que na realidade quer dizer cortes fiscais e sociais, “práticas remuneratórias” em vez de bónus dos operadores bancários, “jurisdições não-cooperantes” nova forma e nomear os famosos paraísos fiscais. Para lá dessas cortinas de fumo, o sistema continua, é, irreformável. Continuar a ler

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Geral, Política

NATO 2010. Quem são os inimigos?

Bombardeamento da NATO a Belgrado (Sérvia/Jugoslávia)

Quando Winston Churchill proferiu, em Fulton (EUA), a 5 de Março de 1946, a célebre frase “de Stettin, no Báltico, a Trieste, no Adriático, uma cortina de ferro se abateu sobre o continente” estava dado o sinal de partida para o período que viria a ser conhecido por Guerra Fria. Se é verdade que a corrida em que se transformou a Guerra Fria já acabou, alguns dos seus corredores (a NATO)continuam em prova… com estágio marcado para os próximos dias 19 e 20 em Lisboa.

A NATO, fundada em 1949, radica na época do ameaçador mundo bipolar que sucedeu à derrota nazi na II Guerra Mundial. Numa Europa e num mundo à beira da guerra nuclear, que acompanhou quase toda a segunda metade do século XX. A Organização do Tratado do Atlântico Norte nasceu nessa altura, como uma aliança político-militar para enfrentar a força ideológica, política e militar imanente do poderoso bloco liderado pela União Soviética – um dos mais sacrificados vencedores do conflito com cerca de 27 milhões de mortos. O Portugal do pós-guerra, qual bom aluno da escola do anticomunismo e do antisovietismo fez parte do grupo fundador, com isso fazendo esquecer o seu carácter ditatorial e as suas primitivas simpatias pelas potências do Eixo.

Alguns anos depois, em 1955, era formalizado o Pacto de Varsóvia, a aliança político-militar que reunia, sob a égide soviética, os países do leste da Europa irmanados sob o projecto do socialismo e do comunismo.

Durante as décadas do “equilíbrio do terror” (o poder mutuamente aniquilador de ambos os lados impedia a guerra “quente”), a panóplia de arsenais nucleares e outros proliferou e atingiu níveis incompreensíveis e irracionais. O mundo, mas sobretudo a Europa, foi dividido em grandes zonas de influência e todos os numerosos conflitos inter-nacionais e civis então registados se inscreveram (ou acabaram inscritos) na matriz de uma luta de morte entre os dois sistemas/dois blocos. Concentrações esmagadoras de tropas e arsenais concentraram-se nas fronteiras das duas alianças, a um passo do holocausto nuclear, como o mostrou a crise dos  mísseis de Cuba (1962).

Mas todo esse mundo terminou e faz hoje parte da história. Com a implosão da União Soviética e o desmoronamento do bloco por esta liderado, o Pacto de Varsóvia extinguiu-se em 1991. O leste da Europa deixou de ser uma ameaça militar aos países da NATO; as forças armadas soviéticas retiraram dos territórios dos seus antigos aliados; a URSS deu lugar à Rússia e a um numeroso conjunto de países mais ou menos independentes e a uma mão cheia de conflitos étnicos e territoriais que se prolongam (e prolongarão) pela actualidade, nomeadamente no Cáucaso. Diversos países vizinhos da Rússia (e membros do antigo Pacto da Varsóvia) aderiram mesmo à NATO. A mudança geoestratégia foi de tal ordem que, há duas décadas, poucos a poderiam prever.

Porque continuou então a NATO a existir se desapareceram as ameaças que levaram à sua criação? E serão as ameaças actuais de ordem militar? O terrorismo islâmico e de outros matizes é resolúvel por via militar? Está a aliança a ganhar a guerra às hordas de guerrilheiros afgãos? E a vaga de problemas étnicos? Os ataques cibernéticos? Uma aliança militar é o instrumento adequado para os resolver? Este é o problema de fundo.

Apesar da inexistência de ameaças globais a nível militar – quem se pode opor ao esmagador poderio americano num confronto directo? – a grande organização mantém-se no terreno, procurando inimigos que justifiquem a sua existência e o continuando a drenagem de recursos necessários para a melhoria da condição humana. E continuando a funcionar como uma eficaz máquina de guerra ao serviço de interesses que não são os do público (Ex-Jugoslávia, 1992, 1995 e 1999 e ; Afeganistão, 2001; Iraque, 2003).

Liderada pelos EUA, que terá despendido cerca de 661 mil milhões de dólares em 2009, (ver aqui lista dos 15 países com maiores despesas militares, segundo o Stockholm International Peace Research Institute),  quase metade das despesas militares de todo o mundo, a NATO acantona-se em cerca de 700 bases e instalações estrangeiras em 60 países por todo o mundo. Agrega, para além dos EUA, duas outras potências nucleares – Reino Unido e França.

Para manter a dispendiosíssima estrutura que criaram, andam agora à procura de novas ameaças? Um novo “conceito estratégico”, segundo dizem….que encontre inimigos.

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