Geral, Setúbal

Unidade de Saúde Móvel ou o problema dos médicos de família e dos enfermeiros que não existem?

Centro de Saúde de São Sebastião

A partir de hoje a Praça do Bocage passa a ter contributos de convidados sobre temas da atualidade setubalense. Tais contributos serão publicados sob o nome de Bocage, que escolhemos para podermos albergar na nossa página as opiniões de vários autores que não fazem parte do painel regular de comentadores do blogue. Não é, neste caso, um pseudónimo, mas sim um nome que permite que vários protagonistas da nossa vida local aqui deixem o seu testemunho sobre os mais variados temas*.

O contributo inaugural é de Ricardo Oliveira, vereador da Câmara Municipal de Setúbal que tem o pelouro da saúde e que, neste texto, demonstra a reduzida seriedade política da mais recente proposta do PSD setubalense.


Ricardo Oliveira
Vereador do pelouro da Saúde da Câmara Municipal de Setúbal

Recentemente surgiu um título de primeira página no Setubalense/Diário da Região atribuindo aos eleitos do PSD e do PS na Assembleia de Freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra a consideração de que a Freguesia sofre problemas de saúde pública, pois não tem um Centro de Saúde no território. Curiosa afirmação!

Os dois partidos que têm sido Governo ao longo dos anos e que são responsáveis pela ausência de respostas à população, tanto desta freguesia como do concelho de Setúbal, e de desinvestimento no SNS, em especial no seu parente pobre – os cuidados de saúde primários, como que assobiando para o ar, na proximidade de eleições para o Parlamento Europeu e Legislativas e numa altura em que o Governo PS com o apoio do PSD tentam impor às autarquias locais uma transferência de competências desadequada e sem meios, lembraram-se que, apesar do forte crescimento da Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra e das reivindicações da população da Junta de Freguesia, este território continua sem qualquer Centro de Saúde.

Navegando na crista da onda, um dos partidos da oposição na Freguesia e nos órgãos municipais – Câmara Municipal e Assembleia Municipal de Setúbal – apresentou uma proposta em sessão de câmara para a aquisição de uma unidade de saúde móvel para esta freguesia, através de protocolo a ser assinado entre a CMS e a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT). Curiosa proposta!

Tudo isto foi proposto e é defendido pelos partidos que há décadas asseguram o negócio dos seguros privados de saúde e a proliferação de clínicas e hospitais privados alimentados pelo dinheiro dos funcionários públicos e pelo desinvestimento no SNS.

Ignorando o grave problema de Setúbal, incluindo da Freguesia da Gâmbia Pontes e Alto da Guerra, de insuficiência de médicos de família (cerca de 62% das pessoas inscritas no Centro de Saúde de S. Sebastião/Vale do Cobro e 64% das inscritas no Centro de Saúde da Praça de República/Beira Mar não têm médico de família), este partido inventou a fórmula mágica para assegurar cuidados médicos à população da Freguesia mais oriental do Concelho: a Câmara de Setúbal apresentaria uma candidatura a fundos comunitários (no máximo cofinanciariam 50% e não os 80% referidos na proposta); a Câmara disponibilizava um local na freguesia para apoio à população para acederem à dita unidade móvel (uma carrinha); a Câmara disponibilizava um assistente técnico para organizar o atendimento da população na dita carrinha; a Câmara forneceria o combustível e o motorista para a carrinha; e ainda, a Câmara asseguraria tudo o que fosse necessário para o funcionamento do projeto de  unidade móvel de saúde.

Dito isto, algumas perguntas ficam no ar… Quem asseguraria os médicos que não existem e os enfermeiros que não existem nos centros de saúde, nem na Unidade de Cuidados à Comunidade do concelho de Setúbal e dos concelhos de Sesimbra e Palmela que compõem o território do Agrupamento de Centros de Saúde Arrábida (ACES Arrábida)? Quem asseguraria as consultas nos centros de saúde de Setúbal para os utentes que, após consulta de enfermagem na dita unidade de saúde móvel, fossem referenciados para serem vistos por médico de família?

Tudo isto foi proposto e é defendido pelos partidos que sempre estiveram no governo e sempre tiveram a responsabilidade da saúde e do SNS. Tudo isto foi proposto e é defendido pelos partidos que há décadas asseguram o negócio dos seguros privados de saúde e a proliferação de clínicas e hospitais privados alimentados pelo dinheiro dos funcionários públicos e pelo desinvestimento no SNS.

* Sempre que a administração do blogue entender poderá utilizar o nome Bocage como pseudónimo

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Geral

Se «o PSD diz» é mentira!

Em Setúbal, na campanha eleitoral para as eleições autárquicas de 2017, tornou-se evidente que o PSD abdicou de fazer uma campanha séria de proposta e alternativa, seguindo uma lógica de mentira procurando garantir títulos de jornal.

Ao longo da campanha, os Setubalenses foram brindados, entre outras pérolas, com petições aprovadas que nunca foram, com o PSD a ver o seu candidato num debate televisivo e a achar unanimemente que este ganhou o debate e agora temos «a CDU prepara-se para avançar com 5 mil lugares de estacionamento pago em Setúbal».

Na última sessão da Assembleia Municipal, a última do mandato, realizada no dia 22 de Setembro, o PSD apresentou uma recomendação para que a Câmara Municipal revogue a deliberação n.º 106/2016, que aprova o concurso público para a concessão da gestão, exploração, manutenção e fiscalização de lugares de estacionamento pago na via pública, na cidade de Setúbal – proposta n.º 27/2016/DAFRH/DIGEF/SECPP.

Esta proposta de aprovação do concurso público constou da ordem de trabalhos da Assembleia Municipal realizada em 29 de Abril de 2016, tendo sido retirada e não sujeita a votação. Ou seja, apesar de ter sido aprovada na Câmara não chegou a ser votada em Assembleia.

Sobre a recomendação proposta pelo PSD, importa:

  • Estranhar que o Vereador do PSD na Câmara Municipal nunca tivesse feito uma proposta para revogação da referida deliberação no órgão que a aprovou, a Câmara;
  • Esclarecer que as recomendações não têm carácter vinculativo;
  • Esclarecer que qualquer alteração ao quadro existente só se verificará no próximo mandato, com órgãos autárquicos com uma composição distinta da actual;
  • Esclarecer que uma nova submissão à Assembleia Municipal da referida proposta está dependente de nova deliberação da Câmara Municipal;
  • Esclarecer que não é a proposta de abertura de um concurso público que regula o estacionamento e estabelece o número de lugares tarifados;
  • Esclarecer que, após ser submetido a consulta pública, a Assembleia Municipal aprovou, na sua sessão de 24 de Junho de 2016, a Deliberação n.º 191/16 – Proposta n.º 37/2016 – DURB/DIPU/GAMOT – Regulamento Municipal de Estacionamento Público Tarifado e de Duração Limitada no Concelho de Setúbal e que é este documento já a provado e plenamente em vigor que regula o estacionamento tarifado no concelho; 
  • Estranhar que não estando esta matéria em discussão e estando suspenso o processo de lançamento do concurso público, o PSD se tenha lembrado de tal coisa.

Como se comprova pela notícia do jornal «O Setubalense», o PSD só tinha um objectivo com a sua proposta de recomendação, criar mais um facto artificial para alimentar a sua campanha, lançado a confusão e a mentira, visando ganhar um pouco mais de protagonismo.

A proposta do PSD não teria qualquer consequência prática, a proposta do PSD não altera em nada o Regulamento Municipal aprovado e em vigor que estabelece as regras e condições do estacionamento tarifado no concelho, a proposta do PSD não tem qualquer sentido e os seus autores sabem disso, porque apenas buscavam argumentos para fazer a afirmação falsa que dá origem ao título da notícia.

«O PSD diz que a CDU se prepara para avançar com 5 mil lugares de estacionamento pago em Setúbal» e eu digo, com base naquilo que expus, que o PSD mente aos Setubalenses e tem feito uma campanha sem vergonha e sem credibilidade.

Em Setúbal, olhando a tudo o que se tem passado, podemos concluir que se «o PSD diz» é mentira!

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Política, Setúbal

Por que é que as taxas de IMI estão no máximo em Setúbal?

Perguntas e respostas contra a demagogia do PSD

O PSD setubalense fez da taxa máxima de IMI a única bandeira política e eleitoral no concelho de Setúbal, utilizando de máxima demagogia e mantendo no mínimo os esclarecimentos devidos para que se conheça a verdade.

Contra a demagogia, em especial a promovida pelo PSD setubalense, aqui fica um guia de perguntas e respostas para melhor entender a questão do IMI em Setúbal.

 O QUE É O IMI?

O IMI – Imposto Municipal sobre Imóveis (antiga Contribuição Autárquica) é o imposto que o Estado cobra aos proprietários de imóveis e transfere por inteiro para as autarquias para financiar despesas municipais com as infraestruturas, ruas e estradas, escolas, equipamentos desportivos, parques e jardins, iluminação pública, limpeza pública e todas as despesas e investimentos que se relacionam com a administração dos concelhos.

SETÚBAL É A CÂMARA MUNICIPAL QUE COBRA O IMI MAIS ELEVADO DO PAÍS? Continuar a ler

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Geral

Mentira ou verdade?

psdO PSD, através de Fernando Monteiro, eleito na Assembleia Municipal de Setúbal, pergunta nas páginas do jornal «O Setubalense» porque razão continua o PCP a mentir aos Setubalenses.

Uma pergunta estranha, sobretudo vinda do PSD que, como se sabe, em matéria de mentira tem um currículo invejável.

O que está em causa é um artigo originalmente publicado no espaço do PCP no referido jornal e aqui reproduzido. 

Nesse artigo, aponto um conjunto de contradições ao discurso da oposição em Setúbal, contradições que estão bem patentes neste confuso texto assinado por Fernando Monteiro, que parece querer, ainda que sem sucesso, utilizar a técnica do «baralhar para dar de novo», repetindo à exaustão um argumentário falso, mas esforçado.

Em relação ao texto que escrevi, se o PSD ou alguém conseguir apontar alguma mentira naquilo que é dito, serei obrigado a reconhecer e a pedir desculpas por tamanha falta, vamos a factos:

  • É mentira que o IMI vai descer em Setúbal, como se diz logo no título do texto?
  •  É mentira que foi sob proposta do PCP que na Assembleia da República a taxa máxima de IMI desceu e 0,50% para 0,45%?
  • É mentira que na Câmara e na Assembleia Municipal a fixação da taxa de IMI em 0,45% foi aprovada com os votos da CDU?
  • É mentira que os mesmos partidos que o ano passado, na Assembleia Municipal, apresentaram e votaram favoravelmente uma proposta de redução da taxa para 0,45% este ano votaram contra essa mesma proposta?
  • É mentira que, na Assembleia da República, o PS recusou a ideia inicial do PCP para fixar a taxa máxima de IMI em 0,40% e que o PSD até a proposta de reduzir para 0,45% votou contra?
  • É mentira que o PSD diz ter a certeza absoluta de que o município pode baixar a taxa de IMI, mas, na Assembleia da República, o seu Grupo Parlamentar coloca a questão ao Governo, exigindo esclarecimentos?

Mas, se não conseguirem demonstrar a existência de alguma mentira, então quem está a mentir? Quem é que em matéria de IMI utiliza a mais barata demagogia para iludir as populações do concelho? Quem é que, há falta de melhores argumentos, utiliza o IMI como uma bóia de salvação para fazer oposição à CDU? Quem é que há um ano entendia que 0,45% era uma boa redução da taxa de IMI e este ano, por motivos unicamente eleitorais, decidiu estar contra a proposta? Quem é que na Assembleia da República defende uma coisa e em Setúbal outra?

Proponho o seguinte desafio: vamos ver quem descobre as semelhanças:

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Afinal, quem mente e quem diz a verdade?

Afinal, para além das debilidades do PSD em Setúbal fazer uma oposição construtiva, que outras razões levam o PSD a mentir?

Afinal, porque é que apontam o dedo aos outros quando são eles que fazem da mentira uma forma de estar na política?

Os munícipes do concelho de Setúbal merecem mais, merecem uma oposição melhor, mais séria e mais preparada, com proposta e com um olhar construtivo sobre os desafios que se colocam ao concelho, tínhamos todos a ganhar com isso, incluindo a maioria CDU nos órgãos municipais.

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Geral

Não vale tudo, não pode valer tudo!

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É absolutamente inacreditável o nível de dissimulação do PSD Setúbal.

Em Setúbal, o PSD finge que não tem nada que ver com o PSD, aliás, nem se conhecem.

Num estilo oportunista e populista, os seus dirigentes, em diversas ocasiões e na discussão das mais diversas questões da vida local, afirmam que se deve deixar de fora os partidos e a política, tentando aligeirar responsabilidades e enganar os mais distraídos.

Mas não vale tudo, não pode valer tudo!

O PSD Setúbal fala do IMI como se não fossem eles os principais responsáveis pelo IMI pago pelos munícipes de Setúbal.

À semelhança do que aconteceu no resto do País, também em Setúbal, os proprietários de imóveis só deram pela existência do IMI quando o governo PSD-CDS decidiu proceder à reavaliação dos imóveis, definindo critérios para este imposto que conduziram a aumentos brutais da carga fiscal e a graves injustiças na sua aplicação.

Em Setúbal, por via do entendimento de que o Contrato de Reequilíbrio Financeiro assim obriga, sempre foi praticada a taxa máxima, e os proprietários de imóveis no concelho só sentiram o peso desse imposto quando o governo PSD-CDS decidiu fazer uma reavaliação dos imóveis e acabar com a cláusula de salvaguarda que impedia o aumento brusco do IMI.

Agora, numa página patrocinada no facebook, vem Nuno Carvalho, presidente da concelhia do PSD, dizer que a expectativa de concretização de um investimento turístico na zona ribeirinha é uma boa razão para o município baixar o IMI.

Podemos encontrar muitas e boas razões para baixar o IMI, mas esta é no mínimo estranha, não se compreendendo se a confusão entre impostos é involuntária ou propositada para aumentar a confusão, pois o argumento relativo à valorização especulativa dos imóveis na área em causa só terá impacto em sede de IMT (Imposto Municipal sobre Transações de Imóveis) e não de IMI.

É claro que o PSD Setúbal sabe disto, mas pouco importa, o que interessa é fingir que estão realmente preocupados com as pessoas e com a carga fiscal, como se os Setubalenses não soubessem que o PSD foi responsável pela subida do IVA da restauração, do gás e da electricidade para 23%, ou pelo agravamento do IRS através da sobretaxa e por aí adiante.

O PSD Setúbal também sabe que a taxa máxima de IMI vai baixar para 0,45% por iniciativa do PCP na Assembleia da República, mas isso pouco importa, até porque o PSD votou contra.

O PSD Setúbal também sabe que os Fundos Imobiliários deixaram de estar isentos de IMI, mas isso pouco importa, até porque o PSD votou contra.

O PSD Setúbal também sabe que os proprietários com baixos rendimentos estão isentos de IMI, mas isso pouco importa, até porque o PSD se absteve.

O PSD Setúbal também sabe que foi reposta a cláusula salvaguarda do IMI, mas isso pouco imposta, até porque o PSD votou contra.

Compreendo que o PSD em Setúbal tenha de começar a aparecer e a construir uma narrativa com vista às próximas eleições autárquicas, mas não vale tudo, não pode valer tudo!

À falta de melhores argumentos contra a gestão CDU do Município de Setúbal, o PSD volta a agarrar-se ao IMI, mas aquilo que o PSD podia e devia dizer aos Setubalenses é que por via de uma proposta do PCP o IMI vai baixar em Setúbal, uma proposta que contou com o voto contra do PSD.

Isso sim, era falar verdade às populações do concelho, mas não dá jeito, pois não?

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Setúbal

Aldrabices

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Na troca de argumentos partidários utiliza-se muitas vezes a acusação de falta de seriedade política, embora nem sempre se entenda o que se quer dizer com tal denúncia. Há, porém, casos em que a falta de seriedade, e não apenas a política, é tão evidente que quase não é necessária qualquer explicação adicional.

Um desses casos ocorreu este fim de semana, em pleno facebook, com o PSD setubalense, abusando da distração de muitos e da nossa boa fé, a garantir que teria sido uma petição na internet por ele lançada que tinha assegurado a retirada da ordem de trabalhos da última reunião da assembleia municipal setubalense de uma proposta de lançamento de um concurso público para o estacionamento tarifado na cidade.

Rufaram tambores e ecoaram trombetas porque que o PSD teria conseguido, com uma petição online sem qualquer credibilidade quanto à validade das suas assinaturas, que o concurso fosse anulado e que nem sequer se pensasse mais na proposta de concurso público.

É lamentável que se lance para a praça pública tão grande “aldrabice”.

Claro que não foi a petição a responsável pela retirada da proposta do concurso público do estacionamento tarifado; claro que não foi o PSD que o conseguiu. Quem apresentou a sugestão, por todos aprovada, de retirada do concurso público da ordem de trabalhos da última assembleia municipal realizada no dia 29 de abril foi o PCP e o PS quase em simultâneo. Por essa razão, e apenas por essa, não se deliberou nesta reunião lançar o referido concurso público enquanto estivesse a decorrer o período de discussão pública do regulamento municipal de estacionamento de Setúbal, período em que todos os cidadãos podem propor alterações ao documento.
Quem disser o contrário está a aldrabar, embora a isso, à meia verdade que se converte rapidamente em mentira inteira, tenhamos sido de há muito habituados por gente para quem a seriedade política não passa apenas de uma inconveniência que é preciso contornar.

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O Raio Verde

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Uma onda de emoção percorre o Portugal dos pequeninos! Este ano, Paulo Portas, mestre das falácias televisivas, não tem lugar nos debates entre os líderes dos partidos e coligações concorrentes às eleições. Vão ficar os portugueses privados de assistirem, em formato compacto, aos malabarismos e aos números de ilusionismo do Paulo Portas. Ao tom confessional com que anuncia milagres! Ao tom teatralmente convincente com que vende tudo, da lavoura a frigoríficos a esquimós, da segurança social a ferraris a sem-abrigo, de novas oportunidades de negócio a apartamentos na lua, de promessas de pleno emprego a curto prazo a ilhas submersas! Está Portugal em risco de não assistir àquele número sempre repetido de Paulo Portas pontuar cada frase com olhar esdrúxulo de estão a ver como sou mesmo, mesmo esperto. Nem às suas grotescas indignações!

O CDS está em polvorosa! O seu grande líder, o seu líder condenado à pequena imortalidade do Portugal nosso remorso, que se treinou desde a creche para ter papel de primeiro plano na política nacional, de ser uma estrela de primeira grandeza no mundo dos espectáculos La Feria da política, vai ficar na sombra daquele canastrão com voz de barítono hesitante e sangue de barata. O CDS está atacado de delirium tremens com a hipótese do seu querido líder ter um eclipse parcial durante o período eleitoral. Ficar limitado a calcorrear feiras, a concorrer com a ciganada, a escovar escamas de peixe dos casacos de fino recorte, a comer entremeadas e beber vinho carrascão, a usar megafones, a distribuir panfletos para desfazer maus-olhados socialistas e fazer amarrações democrata-cristãs. Será notícia, será sempre notícia, os media sempre adoraram os seus tiques, o perfume das públicas virtudes vícios privados vaporizado pelos seus maneirismos, os seus bonés. Para completar a fotografia fica a faltar a sua aparição nos debates, o número do homem de estado que ele ensaiou até quase cair para o lado. Nem seria necessário tanto esforço em que tem as suas qualidades histriónicas. Paulo Portas leva muito a sério o seu destino de comediante das artes políticas. Está inquieto com as traças que ameaçam esburacar a lã com que tecia os tapetes que o levariam ao topo. A sentar-se triunfante no galo de barcelos, cantando estridentemente para o galinheiro o apreciar.

E agora Paulo? Com medo de perder deputados CDS, entalou-se! Aquelas sondagens que o Marco António anunciou com aquela pronúncia grosseira de político camiliano, fizeram mossa nas hostes democrata-cristãs. Fingiram que não existiam, embora sentissem a mordidela. Não evitaram o ataque de brotoeja que fez o Jaguar ganhar pó na garagem em vez de bem luzidio transportar o pequeno líder em grande estilo para os estúdios televisivos.

O desalento, a raiva pelo erro de cálculo. Número dois de bico calado! Não pode ser! Não pode ser! Não pode ser! A solução apareceu de onde menos se poderia esperar. O Raio Verde!!! A grande solução, o grande salto em frente, pela mão de um leitor tardio de Júlio Verne que andava perdido nos corredores do Largo do Caldas! Uma revelação maior que a do arcanjo Gabriel à Virgem. A Heloísa Apolónia de “Os Verdes” coligada com o PCP na CDU, também deve ter voz. É uma injustiça nunca ter participado nos debates eleitorais! O desespero tem estes lances democráticos. Para acalmar a euforia aparece Corregedor da Fonseca e a Intervenção Democrática. Não tem grupo parlamentar mas faz parte da coligação CDU! Faltava esta para empalidecer o raio verde!

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Grécia, a morte anunciada

OXI

O que, de certo modo pelo andar dos acontecimentos, seria expectável aconteceu. O Syriza abandonou a sua fachada de esquerda que a conservadora e reaccionária Europa adjectiva de radical, para assumir a sua matriz social-democrata.

Depois de fazer um referendo em que os gregos disseram claramente NÃO, Tsipras e o Syriza, a maioria do Syriza, aceitaram tudo, quase integralmente tudo o que a troika exigia. Aumento do IVA, grandes cortes nas reformas, privatização dos transportes, dos portos e dos aeroportos, etc. Uma capitulação em toda a linha, submetendo-se a todas as medidas que dizia rejeitar, depois de ter sido eleito com um programa em que afirmava que nunca iria aceitar. No Parlamento grego faz um discurso vergonhoso, trocando os pés pelas mãos, numa releitura miserável do resultado do referendo. Votaram NÃO às propostas da troika, mas NÃO votaram a favor da saída do euro. Para não sairmos do euro, temos que aceitar as medidas contra as quais se votou no referendo. Para a miséria moral, a vigarice intelectual ser completa, faz uma pirueta e inventa uma nova treta “este acordo levará a um programa europeu. O FMI terá apenas papel de consultor técnico. A troika, como a conhecemos, chegou ao fim.”. Para o quadro das tretas, mentiras e mentirolas ficar completo orgulha-se de evitar o grexit e de se ir discutir pela primeira vez a sustentabilidade da dívida, quando todo o mundo sabe que a dívida grega é impagável

Com o que vai desabar novamente sobre a Grécia, sem que o problema estrutural da dívida seja resolvido, o país vai entrar nos cuidados paliativos, com a morte anunciada. Ficará para sempre a lição de dignidade do povo grego que, contra todas as miseráveis  e violentas chantagens, votou NÃO, uma lição de democracia, de luta contra os poderes dominantes! O povo não cedeu. Cedeu o governo e o partido em que o povo tinha confiado.

Para uma certa esquerda que embandeirou em arco com o Syriza, as esperanças que se iria mudar a face política da Europa esfumaram-se com o desabar do castelo de cartas do programa Syriza. Esperanças infundadas se tivessem olhado atentamente as práticas do governo de Tsipras que nada fez para adquirir força nas negociações, Se atentassem ao seu demissionismo que os fez não se dotar com as ferramentas mínimas que seriam uma base, mesmo frágil, para reverter a situação catastrófica em que a Grécia estava mergulhada. Ferramentas e meios que tinham quando assumiram o governo e que desprezaram por vício ideológico, como referimos aqui no blogue.

Para a direita e direitinhas, o grande gozo de terem quebrado o Syriza. Verem-no de braço dado com a direita e centro-direita grego, a Nova Democracia, o Pasok, o To Potami, além do Anel, com quem já estavam coligados. É a alegria do triunfo da Europa, afirmando-se como um espaço não democrático. Da exibição pública de uma Europa subordinada ao grande capital e aos seus interesses financeiros, especulativos.

O Syriza colocou a Grécia em estado de coma profundo, ligada à máquina. Um dia, não será muito longínquo, a máquina será desligada para mal do povo grego. Farfalharem esperanças numa nova política que nunca existiu por não terem dado um passo, um só passo firme nessa direcção. Uma política de muitas parras sem um bago de uva, para entretém das hostes de esquerda por esse mundo fora. Uma política que enganou sem absolvição o povo grego, comprometendo o seu futuro. A História não lhes perdoará a traição.

Para a esquerda no seu todo, da mais firme à mais vacilante, é uma derrota. Para uns, o Syriza anunciava uma grande vitória sobre a Europa de burocratas sem alma nem sentido político, guiados por falsos pragmatismos que os transformam em eunucos de guarda ao harém do grande capital. O que não aconteceu, nem aconteceria. Para outros o abrir de uma pequena brecha na cidadela política e ideológica da CEE, do BCE, do FMI, fazendo entrever uma vereda no beco sem saída em que está estacionado em estado agónico o mundo actual. O que poderia ter acontecido.

Estes seis meses de tropeções, ambiguidades, vacilações Syriza, as ilusões que borboletearam, demonstram a actualidade do Radicalismo Pequeno Burguês de Fachada Socialista, de Álvaro Cunhal. Impõem-se reler a sua Introdução de uma meridiana clareza na análise ideológica e política que faz da emergência desses grupos, nos seus aspectos positivos e negativos.

Para a esquerda, para as esquerdas, analisar, estudar e perceber as lições syrizas é trabalho urgente. A História também não lhes perdoará se não o fizerem.

PS. Por cá, os porcos refocilam no chiqueiro. Numa das linhas da frente um idiota contabilista que agora julga que o decorrer dos sucessos lhe dão razão. Publica um tweet de um amigo o aconselhava a mudar de opinião em relação à Grécia. O amigo é um tonto como ele. Ele não mudou, nunca mudaria, nem mudará. A noz de massa cinzenta que lhe ocupa o crânio não lhe dá hipótese. Para ele um tweet: Zé, li o teu tesxto a agradecer o pacote de austeridade ao Syriza. Continuas estúpido como sempre! Nem vale a pena recordar-te que a dívida grega é impagável A dívida grega como a portuguesa, são impagáveis! É a verdade, estúpido! Impagáveis e com as políticas do PSD/CDS/PS/SYRIZA/PASOK/NOVA DEMOCRACIA ou outros quejandos, a agravar a vida de portugueses e gregos! A economia nunca sairá da cepa torta! As tuas contas são uma merda! Tentas enganar o pagode! Nem para isso tens jeito! Se tivesses alguma vergonha e um minimo sentido de auto-crítica já tinhas deixado de debitar parvoidades! O Brassens é que te topa , a ti e aos teus parceiros de ginjeira! 

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O Carrossel da Politiquice

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Assim que se anunciou a possibilidade de Sampaio Nóvoa ser candidato ás próximas eleições presidenciais, soaram as campainhas de alarme. Do lado dos trauliteiros direitinhas, que tinham sido simpáticos para Henrique Neto, logo começaram nas redes sociais as piadolas de mau gosto, como é de bom tom para aqueles lados. Os mais civilizados, com destaque para os comentadores que fazem disso um modo de vida, franzem o sobrolho, iniciaram a busca de sinais mais avermelhados em Sampaio Nóvoa para os expor e assustar o bom povo português. Fariam isso com Sampaio da Nóvoa ou com qualquer outro que fosse candidato a candidato a Presidente da República, com perfil idêntico.

Mais preocupantes e reveladoras do clima daquelas bandas foram as reações de socialistas mais ou menos conhecidos da opinião pública. Saltaram a terreiro em vários estilos e tons. Vera Jardim olha com distanciamento para o cargo de Presidente da República, reclamando a falta de perfil, por o ex-reitor da UL se mostrar muito interventivo e um Presidente da República deve, na sua opinião, ser um “poder moderador”(::.)”árbitro supremo do sistema, da constituição e dos equilíbrios do sistema”

Podia ter dado como exemplos o pai de todos os socialistas, Mário Soares, sempre sentado em Belém, a mitigar pachorrentamente os conflitos institucionais que não foram poucos durante os seus mandatos. Ou o seu amigo e ex-colega de escritório, Jorge Sampaio, que tudo fez para que o governo de Santana Lopes cumprisse o mandato. A falta de memória dessa gente é notável. Cautelarmente, Vera Jardim, vai dizendo que se o seu partido apoiar Sampaio da Nóvoa, ele será naturalmente o seu candidato. Uma nota a registar, embora não seja de excluir que estivesse a fazer figas enquanto fazia tal proclamação.

Outros “notáveis” socialistas são mais assertivos. Francisco Assis, estilo sorna, estofo de político mediano, reclama um candidato “genuinamente de centro-esquerda”. Para um militante de um partido que enche a boca a afirmar-se de esquerda, para um homem que se diz de esquerda, que foi candidato a secretário-geral, não está nada mal. Não nomeia, mas percebe-se que o seu Dom Sebastião é o beato Guterres ou o direitinha Gama.

Sérgio Sousa Pinto foi mais, longe, se calhar com receio que um qualquer preclaro Lello se antecipasse. Desata a zurzir em Sampaio da Nóvoa, “Não lhe basta a sublime virgindade de, em 60 anos, nunca se ter metido com partidos” e como estávamos na época pascal acrescenta “também parece agradecer a Deus a graça de ser pobre” . Conclui com mais umas tantas javardices do mesmo jaez sobre as esquerdas latino-americanas e europeias, para rematar “esta não é a minha esquerda”. Não é a esquerda dele pela razão mais simples e óbvia: ele não é nem nunca será de esquerda, por mais que queira travestir a realidade.

Todo o texto é bem revelador dos sérgios sousas pintos que andam como piolhos pelas costuras da política. É atravessado pela raiva, contra quem sendo de esquerda e tendo um currículo intelectual e profissional considerável, por opção, não se filiou num partido. É a raiva roxa de quem em toda a sua vida, só soube e sabe lustrar os fundilhos pelas cadeiras de diversas assembleias, fazendo pela vidinha, com os olhos postos nos vitorinos e passos coelhos que, à pala da política, se tornaram em facilitadores de negócios. De quem cheira o perfume fétido dos corredores da política que também o pode, na graça de Deus, fazer ficar riquinho. Não está sozinho. Pelo contrário, está bem mal acompanhado por aquela maralha que se mete muito jovem na política por cálculo, a acotovelar-se para fazerem carreira nos partidos que lhes abrem as portas do chamado arco da governança.

Sérgio Sousa Pinto não aguenta. Solta o sócrates que tem dentro de si. Estoira com grande alarido rugidos de leão de aviário. Sabia, bem sabia, que iria ter os seus quinze minutos de glória socialite-politiqueira. Para ele é insuportável que um homem, Sampaio Nóvoa ou outro, com um percurso intelectual reconhecido, que sempre tenha tido uma intervenção cidadã de esquerda, que sempre tenha mostrado ter consciência social, se intrometa nas escolhas do aparelho partidário, daquele aparelho partidário  que concede aos sérgios deta terreola. uma teta em que mama desde que se conhece, com afinco, ainda que sem grande talento. Advinha-se que o seu candidato é António Vitorino, se concorreres e ganhares dás-me um lugarzito em Belém? Em segunda escolha, os que Assis leva em andor.

Essa gente, e outra que deve andar a arrastar os pés com ardor nas alcatifas do Largo do Rato rosnando em surdina, saltam a terreiro para demonstrar, como se isso fosse necessário, que renegam a esquerda até ao fim do mundo.

Há ainda quem acredite na possibilidade de um governo de esquerda com este Partido Socialista. Essa é outra questão, magna questão, em que se deve insistir, mesmo contra todas as evidências.

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Pastel de Nata a Cavalo

Pastel de nata

cavaloEm Portugal, as armas e os barões assinalados de uma maioria, um governo, um presidente, o alfa do pensamento politicamente esquálido de Sá Carneiro, deixam registos a assinalar nestes últimos anos.

Um Presidente especialista em raspadinhas premiadas do BPN. Um Primeiro-Ministro que, segundo o seu último empregador, era um entendido em gazuas ”que abria todas as portas” Um Vice-Primeiro Ministro perito em submarinos e feiras e aparecer dedo no ar por tudo e por nada. Uma Ministra das Finanças que hoje diz uma coisa e amanhã outra e é mestre em falhar todos os objectivos ,pelo que os seus melhores orçamentos são os rectificativos. Um moedeiro falso que corta a eito na investigação e vai para a Europa dizer o que nunca disse nem fez para garantir o tacho. Um Ministro da Educação que lança o caos no ensino básico e secundário , sorri satisfeito por lhe cortarem 700 milhões no orçamento do ensino superior e na ciência. Uma Ministra da Justiça que implementa o caos com a reforma judicial. Um Ministro do Ambiente que impõe uma taxa sobre os sacos de plástico e os sujeita ao IVA e inventa um imposto sobre o carbono que vai provocar um aumento generalizado sobre os bens essenciais. Um todo poderoso ex-ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares, profissional em licenciaturas turbo. Um Governo finge não saber que a austeridade é o maior inimigo da natalidade e para a incentivar aumenta a discriminação social com um cociente de 0.3/filho no IRS, que beneficia tanto de um presidente de um conselho de administração que ganha 4,2 milhões de euros/ano, como a um casal com o ordenado mínimo, porque os filhos dos ricos não são iguais aos filhos dos pobres. Da chamada sociedade civil exemplos também abundam. Há um banqueiro que cinco dias antes de o seu banco declarar falência apresentou com pompa e circunstância o livro de sua autoria Testemunho de Um Banqueiro. A história de quem venceu nos mercados”. Um outro recebeu a distinção de doutor honoris causa para nos depois se descobrir o enorme buraco do seu banco que era, diziam, um dos pilares da economia e da finança nacional. Esses dois sucessos tiveram lugar no ISEG pela mão de João Duque que o dirigia e é membro destacado do think-tank nacional que continua a ser reverentemente escutado nos media..

Etc, etc, etc. A lista poderia continuar, ser quase interminável, se não tivesse acontecido nos últimos dias uma iluminação quase divina que nos deixa alumbrados.

O anterior Ministro da Economia tinha descoberto e empunhado a alavanca mestra para aumentar as exportações: o pastel de nata.. Anos passados a por canela nos pasteis de nata sem se verem resultados palpáveis eis que o Presidente da República se chega à frente, dá um valioso e definitivo contributo:“o hipismo é uma área chave para o desenvolvimento da economia nacional”É a grande revelação que banaliza mesmo as da Senhora de Fátima aos pastorinhos. O grande desígnio nacional está encontrado: O Pastel de Nata a Cavalo

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Geral

Moedeiros Falsos

moedeiros falsos

De um governo de moedeiros falsos já nada nos deve espantar. De facto já nada causa surpresa. Aldrabar, mentir, manipular, no vale tudo para fazer o trabalho sujo de destruir a economia do país a favor dos grandes grupos financeiros, é o dia a dia dessa gente desde o primeiro momento em que tomaram posse.

Já nada nos pode espantar mas continua a causar indignação.

O último número deste ignóbil circo foi protagonizado por Carlos Moedas, igual a si próprio, na audição do Parlamento Europeu para supostamente avaliar da sua competência como comissário para a da Investigação, Ciência e Inovação.

Competência não tem nenhuma, nem precisa de ter à semelhança de outros burocratas europeus. É uma área que lhe é completamente estranha. Dela só saberá o deve e o haver. Área em que ele, responsável máximo do governo PSD-CDS das relações com a Troika, fazia todos os trabalhos, mesmo os mais crapulosos, para ser reconhecido pelos manda-chuva do FMI, BCE, CEE.  Cortou a torto e a direito em todas as áreas, também, e muito, na ciência e investigação. Numa área em que Portugal devia investir prioritariamente para sustentar o crescimento, o que Moedas negociou com a Troika foi um desinvestimento brutal que além de destruir o que estava feito, destrói sem contemplações o futuro.

Os números não enganam. Há um corte de 40% no número de bolsas atribuídas pelo FCT. O corte em bolsas de doutoramento é superior a 50% e de pós-doutoramento de mais de 56%, comparado com o ano de 2011.

A opção pela redução do investimento em ciência, a níveis muito superiores aos da redução geral da despesa é uma opção ideológica. Parte da ideia de que o Estado não tem nenhum papel a desempenhar no desenvolvimento económico, assente numa visão de que o crescimento é apenas feito pelas empresas. O que é bem visível e transparente na sua fúria privatizadora. 

Não há ciência sem cientistas. No imediato e a médio prazo há um forte desinvestimento na ciência. A isto somam-se os cortes nos orçamentos das universidades também acima da média de redução da despesa corrente. A aposta não é na ciência, na investigação e na inovação é nos baixos salários e nos sectores tradicionais.

O governo não se pode esconder atrás da Troika. Os cortes na investigação são praticamente o dobro dos cortes na despesa corrente primária. É uma escolha política. A escolha de andar para trás na ciência e inovação, que o actual Governo fez, é clara. É o desperdício de um investimento anteriormente feito, uma perda de recursos valiosos, que vai limitar o crescimento económico futuro. Os maus resultados são imediatos mas serão ainda mais visíveis a médio prazo. Uma escolha política que devia envergonhar todo o governo, em particular Nuno Crato e Pires de Lima, com Moedas na linha da frente frente desses cortes, dessas opções..

Mas esse é o mesmo Moedas capaz de tudo para garantir o tacho. Agora, em Bruxelas, nega tudo, mesmo as próprias e evidências.

É preciso ter um infame descaramento para afirmar, sem uma ruga de vergonha, que discordou muitas vezes da política da Troika. Afirmar que a resposta política para o crescimento económico consiste no investimento na ciência e inovação. Ele que foi o responsável mais directo por todos os cortes feitos em Portugal nessas áreas.

Esses salafrários não conhecem as fronteiras da decência mais mitigada. Vivem numa tal orgia de mentiras que no dia em disserem uma verdade morrem fulminados pela má consciência de se terem traído.

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Geral

Vale tudo para fantasiar o crescimento económico

gráficos

Aparentemente hoje seria dia para escrever sobre aquela coisa, aquele simulacro de democracia que foram as primárias do PS.

Não! Que fique isso para a vozearia que vai inundar os meios de comunicação social na “grande bouffe” ilusionista que atinge cumes em momentos como este. Claro que interessa fazer o cotejo do acontecimento no mais vasto contexto da degradação da democracia, quando as cinzas pousarem.

O que assistiu é mais um momento do aviltamento e da alienação das sociedades actuais Um momento digno de uma das últimas notícias económico-financeiraas bem exemplificativas do estado a que se chegou, em que a moral e ética e quaisquer princípios são ferozmente guilhotinadas na praça pública.

O desespero é de tal ordem que tudo serve para, estatisticamente, aumentar o PIB.

Agora a CEE autoriza que, para o cálculo do PIB sejam incluídas as actividades económicas à margem do que é lícito. A prostituição e o tráfico de droga passam a poder ser englobados no PIB, mesmo na base de valores estimados, nos países onde essas actividades são proibidas.

Em Inglaterra são mais dez mil milhões de libras. Em Espanha o PIB aumenta =,85%. Em Portugal pode a ir até mais 2%. Uma orgia que vai contribuir para o crescimento estatístico da economia.

Sugere-se que o governo PSD-CDS, que se diz tão empenhado no crescimento económico com os resultados desastrosos conhecidos, que é tão dado ao marketing, lance vigorosas campanhas para que, finalmente, haja o crescimento económico.

Que iniciem imediatamente campanhas publicitárias com esse objectivo.

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CDS, Geral, Passos Coelho, paulo Portas, PSD

A Porta de Duchamp e Passos Coelho

Porta de Duchamp
Quando vivia em Paris, no pequeno apartamento da rua Larrey, Duchamp fez instalar dentro de casa uma porta que não podia estar aberta nem fechada porque estava sempre aberta e fechada ao mesmo tempo.

A resposta que Passos Coelho deu ontem na Assembleia da República, após recuperar a memória compulsando documentos, abre a porta de Duchamp.

Diz ter recebido pagamentos de despesas de representação que fez a trabalhar para a Tecnoforma ou para a ONG que essa empresa inventou e usava para captar a dois bolsos dinheiros da CEE, com formações sem utilidade visível a não ser sacar dinheiros comunitários como muito boa gente, com o mesmo ou equivalentes expedientes, o fez. Lembremos que, paralelamente, a Bolsa de Lisboa viveu, não por acaso, um dos seus períodos mais eufóricos.

Se Passos Coelho não recebeu honorários mas despesas de representação, que a lei não obriga, não obrigava, a declarar se forem consideradas no exercício de actividade profissional, o primeiro-ministro está a fechar a porta de Duchamp que inevitavelmente abre para a aldrabice que fez quando, ao deixar de ser deputado, pediu subsídio de reintegração por ter exercido o cargo em regime de exclusividade. Sublinhe-se que nunca pediu a exclusividade por uma xico espertice rasteira, para receber o suplemento que lhe era atribuído por ser vice-presidente da bancada do PSD.

Numa entrevista o presidente da Tecnoforma, foi muito claro. Passos Coelho era um facilitador. Calcula-se de que facilitação se tratava. Andar pelos corredores do governo a bater às portas. Principalmente à porta do seu amigo, então Secretário de Estado, Miguel Relvas. Passos Coelho era uma gazua das portas dos gabinetes do governo. O que nada abona ao seu currículo.

Claro que é relevante saber se almoçou por 100 euros ou por cinco mil euros. Se de facto, ao longo de três anos, recebeu 150 mil euros, qualquer coisa como um ordenado mínimo actualizado a cada três dias, de despesas com almoços e viagens o que não são gastos de uma pessoa remediada,

As reacções das bancadas que apoiam o governo ao strip-tease incompleto e mal executado por Passos Coelho na AR foram lindas de se ver. Com a lágrima ao canto do olho a aplaudir o quase mendicante primeiro ministro, querido líder que andou uma semana a correr e a uivar atrás do rabo, em grande sofrimento até conseguir reavivar a sua selectiva memória que continua a não se lembrar de quanto embolsou em viagens e comezainas.

Também foi comovente ouvir Paulo Portas a reiterar a confiança na palavra de Passos Coelho. Um Paulo Portas convertido irrevogavelmente à sobrevivência, abjurando a pés juntos o P. Portas do Independente, aos saltos sobre o seu túmulo, renegando-o três vezes por trinta dinheiros.

Tanguismos e trafulhices à portuguesa, que condenam sisificamente Passos Coelho a ficar encerrado numa sala equipada com a Porta de Duchamp. Nunca sairá de lá.

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Geral

O Triunfo dos Porcos

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A vigarice intelectual continua a provocar-me uma indignação quase adolescente,  quando a intransigência era maior.
Apesar de já prever e conhecer a reacção,  por vezes não  resisto a ir ver programas de televisão que, certamente, me irão indignar. Um deles é  o Frente a Frente da SIC Noticias,  agora muitíssimo melhor moderada,  pelos personagens que por lá desfilam. Um dos seus figuras paradigmáticos é Matos Correia.  O ar porcino acentua a prosápia com que debita mentirolas,  mistifica a realidade,  faz passar gato por lebre,  vende vigésimos premiados. É um dos muitos outros que proliferam e são a maioria dos opinantes na comunicação social. Todos  das mesmas famílias políticas de direita,  alguns mascarados de independentes e/ou tecnocratas. Nessa gente as excepções são raríssimas,  emergindo por razões muitas  vezes conjunturais. A dominante são os matos correias,  os nunos melos.
Nos últimos dias tem sido um carrocel de rasteirices argumentativas para passar a ideia falsa como Judas, de que os contribuintes estão a salvo de serem chamados, mais uma vez, para pagar os desmandos do BES. A farândola agita a excelsa panaceia encontrada com o resgate dos dinheiros públicos aplicados para salvar o BES da falência,  um objectivo correcto, com o recurso ao Fundo de Resolução. Não dizem é que esse Fundo é gerido pelo Banco de Portugal e pelo Ministério das Finanças e que é constituído por uma contribuição extraordinária do sistema bancário, mais ou menos 40 milhões por ano, mais parte dos impostos do mesmo sistema bancário que são assim subtraídos ao dinheiro público,  portanto dinheiro que é de todos nós contribuintes,  que é retirado do Orçamento do Estado. Não  falam da imensa batota que é afirmar que o FR será obrigado a pagar o que não se conseguir pagar com a venda a retalho do BancoBom.  Mesmo que fosse só um terço do que foi emprestado pelo que estava em caixa do dinheiro da troika, mais os 3,5 mil milhões que o BCE emprestou ao BancoBom para devolver o que o Banco de Portugal tinha lá metido a mais,  o FR com os seus próprios meios levaria uns quinze para pagar o que eles dizem irá ser pago, no máximo, em dois anos. De certeza que os bancos não estão pelos ajustes de pagar uma conta de que o actual responsável ė o Estado. A vigarice intelectual é um cavalo à solta sem freio.
O que é inquietante,  o caso BES é um pequeno exemplo, é que isto é  expressão da clarividência do ódio imbecil,  a demonstração da estúpida tenacidade das opiniões falsas,  apócrifas  que,  por vezes,  acabam por fazer vencimento de forma espantosa. Aqui e  no mundo é o triunfo dos porcos para que contribui activamente esse baixo clero contemporâneo que chafurda na pocilga de um pensamento dominante débil,   poderosamente sustentado por uma comunicação social estipendiada e domesticada.
As armas são incomparavelmente desiguais mas não podemos desistir com a consistência da água mole.

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Setúbal

Os estrategos

visitSetubal

Os dirigentes locais de Setúbal do PSD nunca param de surpreender. Depois de, em 2011, o então líder concelhio ter apelidado de “fontanários” um importante conjunto de obras e iniciativas que a autarquia tinha em curso, aparece o agora líder concelhio deste partido, Nuno Carvalho, em artigo publicado no jornal “O Setubalense”, a atacar a autarquia por apenas investir em “betão” e, deduz-se, esquecer a estratégia de promoção turística da cidade.

É assim… Quando não se tem mais nada para dizer, insinua-se que não há estratégia, desvia-se a atenção do essencial, desvaloriza-se o que está feito…

O líder concelhio de então, Paulo Calado, já o tinha feito em 2012, quando, para qualificar o trabalho autárquico da CDU, chamou “fontanários” às obras municipais em curso e previstas, entre as quais se encontravam a Casa da Cultura, o Fórum Municipal Luísa Todi ou o Passeio Ribeirinho da Praia da Saúde. Chamar-lhes fontanários foi, porém, quase um ato de contrição, pois um ano antes, o dirigente social-democrata garantia, em declarações à imprensa local, que tais iniciativas seriam apenas um “conjunto de placas em edifícios públicos a anunciar obras que não se farão no ano de 2011 e que muito dificilmente serão feitas nos anos seguintes”.

Afinal, fizeram-se…

O tal “betão” que, ontem, asseguravam os dirigentes locais do PSD, dificilmente seria concretizado, é o mesmo que lamentam hoje ter sido feito. Nota-se que aqui há estratégia. E da mais elaborada.

Os estrategas locais do PSD dizem-nos agora que é preciso mais turistas em Setúbal e que, se não os há, é porque a autarquia não convida ninguém a visitar a cidade, o que faz com que, no Litoral Alentejano os restaurantes até possam cobrar três vezes mais por um peixe assado, porque aquilo está cheio de turistas. Não se percebe se o articulista acha que anda a pagar pouco em Setúbal ou se prefere ir pagar três vezes mais noutro lado… Seja como for, é importante que os restaurantes locais tomem isto em consideração, pois assim até pode ser que consigam, finalmente, recuperar as perdas que têm registado graças ao brutal aumento do IVA da restauração imposto pelo PSD, aumento que a maioria dos empresários da restauração decidiu absorver para não perder mais clientes. Mesmo que não aumentem os preços, os restaurantes setubalenses podem sempre cobrar mais aos líderes locais do PSD, pois estes até já manifestaram a sua generosa disponibilidade para pagar três vezes mais.

Toda esta conversa surgiu dois dias antes de um fim de semana repleto de iniciativas, como o “Setúbal à Prova”, o “Há Festa No Parque”, o “Sunset Wine Party ”, sempre com o suporte de um centro de divulgação turística de excelência a funcionar na Casa da Baía, espaço onde, pela primeira vez, a autarquia abriu uma loja de vinhos e produtos regionais a preços de produtor e onde os operadores turísticos têm espaço para vender e divulgar os seus produtos, além de aqui se realizarem, em especial no Verão, variadíssimas iniciativas culturais.

Nem é preciso citar muitos exemplos, pois quem vive nesta cidade sabe que nunca como hoje houve tanta gente a visitar-nos, a vir aos nossos restaurantes, a fazer passeios no rio, a ver golfinhos, a conhecer a cidade.

Claro, dirão os estrategas, a responsabilidade disso não é da autarquia…

Mas como sustentar tal ideia, se foi a autarquia quem avançou com uma candidatura conjunta com a AHRESP para modernizar dezenas de espaços de restauração na avenida Luísa Todi e na Fonte Nova?

Se é a autarquia que, com os operadores turísticos e a hotelaria constrói oferta turística que permite a criação de pacotes turísticos, com hotel e experiência associada, seja ver golfinhos ou aves, seja apenas ir conhecer a Arrábida?

Não terá sido a autarquia que investiu num centro de promoção turística como a Casa da Baía? E que assumiu a gestão do Moinho de Maré da Mourisca, transformado em ponto privilegiado de observação de aves e de visita ao estuário do Sado, um segmento turístico integrado no turismo de natureza e com enormes potencialidades na região.

E não é a autarquia que hoje, como nunca, promove a gastronomia local, com semanas temáticas, festivais e outras iniciativas, como o “Setúbal à Prova”? E o investimento na requalificação da zona ribeirinha, não é factor de atração de turistas e outros visitantes? A Festa de fim de ano, promovida, desde há três ou quatro anos, em conjunto com a Amorim Turismo e a Sonae, e que se afirma como uma das grandes festas de fim de ano da pensínsula de Setúbal, não será também uma forma de convidar turistas a visitar-nos, de criar oportunidades de negócio para a nossa restauração e hotelaria?

E não foi a autarquia que devolveu à cidade a sua maior sala de espetáculos totalmente requalificada e integrada nos circuitos nacionais, com espetáculos capazes de atrair mais e novos visitantes?

Já que falamos de turismo e da promoção de Setúbal, não se pode esquecer o portal internet criado pela autarquia, no qual se apresenta vasta informação sobre as potencialidades e equipamentos turísticos locais, portal que, seguramente, o dirigente do PSD não teve ainda oportunidade de visitar. Pode fazê-lo, AQUI.

Embora o articulista não tenha dado exemplos do “betão” a que se referia, pode-se supor que estaria a falar, entre outras obras, da Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal, investimento que apenas se concretizou porque a autarquia decidiu adquirir ao Estado, por 2,3 milhões de euros, o edifício do Quartel do Onze, para logo de seguida o entregar de novo ao Estado para que ali fosse constituído um centro de formação fundamental para a qualificação da nossa oferta turística.

Setúbal, que tem hoje uma visibilidade mediática como nunca teve, que é alvo de reportagens em televisões estrangeiras, em revistas de viagens ( e nesta também), em revistas de programação cultural; que foi escolhida para ser palco de uma telenovela que estará um ano no ar, na SIC, com a possibilidade de ser vendida para outros mercados, não tem, nas palavras dos dirigentes locais do PSD, estratégia turística.

Claro que, uma vez mais, confundem desejos com realidades, além de misturarem uma profunda ignorância do que se passa na cidade com alguma má-fé política que, como se sabe, é fatal…

 

CORREÇÃO – Por lapso, no primeiro parágrafo deste texto, Nuno Carvalho surgia como líder da bancada do PSD na Assembleia Municipal, cargo que já não desempenha, sendo agora presidente da concelhia deste partido. Ao visado, apresento as minhas  desculpa pelo lapso. (corrigido no dia 27 de maio às 11h13)

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Política, Setúbal

Banalidades

operadoras ClassifiedDetail$$pt$$1Há muitas maneiras de fazer política. Tantas que algumas nem podem ser consideradas práticas políticas, entrando noutros domínios menos aconselháveis. São estas últimas que justificam, cada vez mais, o afastamento das pessoas da atividade política, distanciamento que se traduz na desilusão expressa nos elevados números da abstenção eleitoral.

Votar para quê, dizem os abstencionistas, se é sempre a mesma coisa; se o que é verdade hoje passa a ser mentira amanhã apenas para satisfazer efémeras necessidades dos protagonistas políticos do momento.

Banalidades.

Tudo o que acaba de ser escrito é uma banalidade, repetida à exaustão nos últimos tempos. Tão banal que perde sentido, excepto quando se é capaz de visualizar as causas que levam à descrença dos cidadãos numa certa forma de fazer política, na qual a irresponsabilidade e o oportunismo políticos, associadas a uma incoerência monumental, são tão óbvias que enervam.

É o caso das posições assumidas na Câmara Municipal de Setúbal pelos vereadores do PSD e do PS na votação da Taxa Municipal de Direitos de Passagem (das infraestruturas dos operadores de telecomunicações) para o ano de 2014. Em suma, alegam os representantes destes dois partidos para justificarem a abstenção, no caso do PS, e o voto contra, no caso do PSD, que a aplicação desta taxa, que não pode exceder 0,25 por cento do valor da fatura de telecomunicações cobrada ao consumidor, é mais uma sobrecarga para os cidadãos, ainda que nada na lei obrigue as operadoras a repercutir este valor sobre a factura final cobrada aos seus clientes. A lei apenas obriga a que o valor seja referido na fatura, podendo (e devendo, acrescento) ser assumido inteiramente pelas empresas, embora a redação da lei pareça propositadamente equívoca para dar mais esta benesse às operadoras. Claro que estamos a falar de empresas altamente rentáveis, como a PT, que em 2012, apesar de ter registado uma perda de 32,1 por cento nos seus lucros, ainda assim ganhou 230 milhões de euros, ou da Vodafone, também com perdas, em relação a 2011, mas com um lucro final de 223,9 milhões de euros.

A argumentação utilizada pelo representante do PSD para justificar o voto contra a aplicação da taxa, que nem sequer é nova, foi, aliás, comovente, de tão preocupada com a carga fiscal a que os portugueses estão sujeitos, os portugueses que são, afinal, o principal e quase único alvo do “ajustamento” exigido pela troyka, tão obedientemente acatado pelo partido do tal representante municipal. Infelizmente, o representante do PSD não teve tempo de se lembrar de que também as empresas de telecomunicações − que utilizam um recurso público, que é o subsolo, pertença de todos nós e pelo qual durante muito tempo nada pagaram, embora cobrem os serviços que são possibilitados pela utilização desse mesmo recurso − poderiam contribuir para o esforço de “ajustamento”, ao assumirem o custo desta taxa para não sobrecarregar os cidadãos. Mas, claro, isso configuraria uma afronta aos acionistas de tais empresas, que depressa se apressariam a retirar de Portugal os seus investimentos e, evidentemente, não se pode assustar os acionistas e os mercados desta economia globalizada. Não se pode cortar aos acionistas da mesma forma que se cortam salários aos trabalhadores, pensões aos reformados, direitos sociais aos desempregados, benefícios aos utentes do Serviço Nacional de Saúde. Estranha forma de distribuição dos sacrifícios. Ou talvez não…

A comovente argumentação do representante do PSD esqueceu, também, que a taxa de municipal de direitos de passagem foi instituída em 2004 no Governo PSD presidido por Durão Barroso e aperfeiçoada em 2009 por José Sócrates. Ou seja, defende-se que a autarquia não aplique a taxa para não penalizar os cidadãos − taxa de cujas receitas depende cada vez mais, assim como de outras similares, face à constante redução das transferências do orçamento do estado para os municípios e do arrefecimento da atividade económica, com claro reflexo na atividade da construção, de onde vem, também, boa parte das receitas das autarquias – mas não se defende que a taxa seja alterada e passe a ser assumida apenas pelas operadoras, livrando os consumidores de mais esse encargo. Coerentemente, o representante do PSD deveria exigir ao Governo, dirigido por um militante do seu partido, a alteração da legislação que regula esta taxa, e não apenas exigir que a autarquia, que não é liderada por um militante do seu partido, não aplique a taxa, apenas porque tal posição o faz ficar bem visto aos olhos dos munícipes.

Trata-se apenas de respeitar princípios básicos de coerência e seriedade política. Nada mais.

Por aqui se vê como podem os portugueses estar tão fartos destes representantes políticos, que em regime alternadeiro, nos governam há mais de trinta anos. São estes, e não outros, que, no Governo legislam de uma maneira, para fazer o jeito aos grandes acionistas de enormes e bem lucrativas empresas, mas nas autarquias são os primeiros a exigir que não se cobre essa taxa, apenas para provocar dificuldades a quem dirige a câmara municipal.

Eis, pois, um bom exemplo do que motiva a crescente descrença dos portugueses no sistema político e no que se convencionou chamar classe política, embora seja cada vez mais claro que essa classe política se confina aos partidos do que um dia alguém achou piada chamar o “arco da governação”.

(Já agora, será um exercício interessante descobrir AQUI quantas câmaras do PS e do PSD cobraram a taxa de passagem em 2013, ainda que o documento tenha 3129 páginas)

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Política

Universidades

PSD e PS, com as semelhanças que lhes são conhecidas, provavelmente para colmatar as equivocas formações académicas de alguns dos seus dirigentes, criaram uma coisa chamada Universidade de Verão.

Tanto quanto se sabe, cada um tem a sua universidade, mas poderia ser a mesma que o fundamental dos ensinamentos é o mesmo, não fosse a necessidade de dar palco a tanto ilustre ideólogo do regime.

Uns e outros falam, com direito a transmissão televisiva, para dizer aos “alunos” que são inocentes em relação à falência do País, que a culpa é de todos nós, que vivemos todos acima das nossas possibilidades.

Com tonalidades diferentes, dependendo do douto “professor” e da camisa mais laranja ou mais rosa que no momento veste,  insistem na receita que nos conduziu ao desastre.

Por mais que as evidências revelem o contrário, nestas Universidades ensina-se que a realidade pouco importa, que as consequências concretas das políticas praticadas não têm grande relevância, que o que é fundamental é continuar a aplicar a receita (em maior ou menor quantidade) da austeridade e da recessão.

A nossa sorte é que nestas Universidades nem por equivalências se tira outro curso que não o da imbecilidade do pensamento único do chamado bloco central.

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Política

Um mijão para sucessor de Alberto João Jardim?

O país foi hoje surpreendido por mais um episódio de alta política que suplanta até o caso dos espiões de Relvas, além de ser muito mais emocionante do que o engano, também hoje revelado, da Direcção Geral do Orçamento nas contas da receita fiscal que, afinal, caiu mais do que nos dizia o Governo. Isso interessa lá para alguma coisa perante o que segue?!

O lider da JSD Madeira terá feito um xixi em cima de um carro da polícia que motiva, agora, a sua demissão da liderança dos jotinhas, além de ter praticado outros delitos menores, quando comparados com a incontinência urinária, que, aliás, se olharmos para a cara deste hábil político, nem sequer será motivo de admiração. O jovem rejeita que a mija tenho sido dele e alega que os polícias o confundiram com um outro incontinente, o que nem sequer é de estranhar, pois toda a gente sabe que os polícias não estão treinados para identificar fluxos urinários nem pela distância a que chegam, nem sequer pelo ruído, muito menos pela forma do instrumento urinador.

O intrépido líder, que já defendeu a independência da Madeira, também terá dado umas berlaitadas nos carros de uns dirigentes da oposição, o que faz com que assuma que tem por resolver umas “situações” em que se diz “injustamente acusado”. Certamente, tal como no caso do xixi, também não terá sido o jovem líder quem andou a atacar os carros dos líderes da oposição, mas sim um outro qualquer incontinente.

Numa declaração, que se pode ver abaixo, capaz de reactivar os adormecidos vulcões madeirenses de onde certamente brotaria lava em forma de gigantescas lágrimas que, pelo caminho, engoliria os que o acusam “injustamente”, o jovem Calimero Mijão ainda é capaz de garantir que voltará “mais forte”, porque os militantes da JSD lhe reconhecem capacidade de liderança. Nada como fazer das fraquezas forças, juntando-lhe, claro, uma emocionante ladaínha de apoio ao supremo lider madeirense Alberto João.

Bem vistas as coisas, o que temos em presença é o sucessor de Alberto João. Não há Miguel de Albuquerque que lhe chegue aos pés. Pelo menos a fazer xixi…

E ainda há quem duvide da qualidade da classe política que se concentra naqueles partidos a que chamam do “arco do poder”…

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autarquias, Política, Setúbal

PSD desfocado

O PSD anda, de forma geral, desfocado da realidade e das necessidades mais básicas dos portugueses. Confunde, frequentemente, gente remediada com gente abastada e, por isso, comete a proeza de defender, a propósito de todas as medidas de austeridade, que quem ganha mais de seiscentos euros pode pagar seja o que for.

A desfocagem da realidade é uma constante e estende-se aos dirigentes locais, responsáveis, nos últimos dias, por declarações que evidenciam que o mundo, visto pelos seus olhos, é algo completamente diferente do que realmente é.

Primeiro foi o dirigente distrital Bruno Vitorino que acusou a Câmara Municipal do Barreiro de ter uma estratégia “errada e penalizadora” pois estaria a funcionar como “arma de arremesso contra o Governo”. O social-democrata, citado neste jornal, lamenta que a autarquia não mantenha uma postura “saudável e institucional” e que esteja a ser feita uma campanha de “desinformação e intoxicação” contra o Governo.

Se deixarmos de lado o mofo salazarista que exala desta argumentação, o que verdadeiramente impressiona é o nível básico do discurso de quem, pelos vistos, não percebe que a democracia se baseia nas diferenças políticas e ideológicas de quem exerce a cada momento o poder e tem o dever de interpretar os sentimentos daqueles que os elegeram. Coisas básicas, portanto…

Vitorino, que já foi vereador a meio tempo com pelouros num Barreiro dirigido por comunistas, só descobriu agora que o “PCP tomou conta da Câmara”.

A desfocagem é absoluta.

O líder distrital não percebe que as autarquias que não são do seu partido possam ter visões diferentes e nivela por baixo o discurso.

Paulo Calado, dirigente concelhio do PSD de Setúbal e agora recandidato ao cargo, apanha a embalagem do líder distrital e alinha na mesma argumentação básica e desfocada. Calado defende que “Setúbal precisa de novas ideias, de uma voz forte, de presença inequívoca junto das esferas de influência, de pensar positivo e de esperança”. Mais uma vez, o mofo sobe ao nariz. Calado, que andou anos a pensar negativo com o PS no Governo, descobre agora o lado positivo da vida e dá-nos a entender que pode ser ele a nossa “presença inequívoca junto das esferas de influência”… Ou seja, é a aplicação local da velha máxima de outros tempos de que, quem está com o poder mama, quem não está, chucha no dedo.

Calado vai mais longe e garante que “PSD sente um enorme descontentamento com o que se passa na cidade e no concelho”. Setúbal, acrescenta, “tem perdido a influência e não tem sabido projetar-se para o futuro, por falta de uma visão global e por ausência de projeto”. Paulo Calado fez tais afirmações poucos dias antes de se concretizar o lançamento da primeira pedra de um investimento da Decathlon em Setúbal, que vai criar 920 postos de trabalho diretos  e indiretos, graças, naturalmente, à vontade da empresa, mas também às condições que a autarquia criou para o investimento. E este é apenas um exemplo num concelho em que a Câmara Municipal tem em curso obras próprias no valor de mais de 50 milhões de euros.

Estranhamente, o dirigente do PSD não se pronuncia sobre a “falta de visão global” de um Governo que dá orientações à CP para acabar com os Intercidades em Setúbal e com o serviço regional para Tunes, transformando uma estação cuja remodelação custou mais de 14 milhões de euros num mero apeadeiro da Fertagus.

Disso sim, gostaria de ver o dirigente do PSD falar. Nessas coisas é que se joga a influência e a projeção do concelho no futuro.Mas aí, Calado cala-se…

(que me perdoe o trocadilho…)

Texto publicado no Diário da Região em 20 de Dezembro de 2011

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Política

O Imperador do Bananal Madeirense

A dívida na Madeira até agora conhecida, antes da auditoria que está a ser feita esteja terminada, é de € 1 700 000 000, quase dois mil milhões de euros. Situação inquietante, irregularidades graves, omissões incompreensíveis, as frases circulares dos entalados governantes.

O- mi-nis-tro-das-fi-nan-ças-tão-rá-pi-do-a-de-cre-tar-im-pos-tos-diz-que-a-si-tua-ção-na-ma-dei-ra-pa-re-ce-lhe-u-ma-si-tua-ção-de-cri-se-u-ma-si-tua-ção-gra-ve. Parece? Não é? Uma dívida per capita que não deve ter paralelo em qualquer parte do mundo, só lhe parece grave? Personagem tão rápida em graçolas provocatórias mostra-se como de facto é, não os tem para enfrentar o Bokassa do Atlântico Norte. Continuar a ler

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