Política, União Europeia

A União Europeia hoje

Pobreza infantil

A União Europeia está mergulhada numa profunda crise de que não se vislumbra qualquer melhoria, mas, pelo contrário, um agravamento progressivo, agravamento que tal como um cancro vai metastizando todos os países, mesmo aqueles que, aparentemente, poderão parecer a salvo dele. Hoje, tornou-se claro que o tão cantado processo de integração europeia serviu, apenas, os interesses do capitalismo, dos grandes grupos económico-financeiros que agem de forma premeditada e pérfida para esconder a verdadeira questão: a crise estrutural avassaladora em que está mergulhado o capitalismo. Essa crise manifesta-se a nível económico, social, ambiental, energético, alimentar, cultural e moral.

O desemprego na zona euro subiu novamente, estando em Abril de 2013 em 12,2% no conjunto dos 17 países; 19 milhões de desempregados dos 26,9 milhões da União Europeia vivem nos países que adoptaram o euro. O desemprego dos jovens atinge números impressionantes, o desemprego de longa duração tornou-se uma praga, pois não há trabalho. Os mini-empregos na Alemanha são outra praga que já faz com que governos se queixem do governo alemão, nomeadamente, o governo belga. São já 7,5 milhões, alguns são romenos e búlgaros que ganham entre 3 a 4 euros por hora e sem quaisquer direitos e descontos para a segurança social.

Desemprego e diminuição de apoios sociais (o que também se verifica por todos os países mais ricos da UE) está a provocar um aumento da pobreza. De resto, há mesmo trabalhadores, inclusive na Alemanha, que mesmo trabalhando vivem já abaixo do limiar de pobreza. A pobreza infantil alastra como erva infestante. Uma em cada seis crianças na Alemanha vive na pobreza; ainda na Alemanha 12,8 milhões de alemães viviam abaixo do limiar de pobreza; 67,8% dos desempregados alemães estão ameaçados de pobreza. Poderia dar-vos muitos outros números de vários países, mas cito a Alemanha para tornar mais óbvio como a situação é grave mesmo na maior economia da Europa e ainda a 3ª a nível mundial. A Holanda (que silêncio à volta deste País, tão orgulhoso e presunçoso quanto aos programas do FMI) está em crise (explosão da bolha imobiliária tão grave como a dos EUA e a de Espanha) acelerada e a já com medidas de “austeridade” que só estão a gravar a situação. Um grande banco holandês (DSB) foi à falência, e outro (ABN) foi nacionalizado. (claro, o povo trabalhador que pague).

Nenhum país da zona euro está tão endividado como a Holanda.

O desemprego está a subir, o consumo a baixar e a economia a estagnar. Os novos cortes anunciados pelo seu ministro das finanças são da ordem dos 4,3 mil milhões, cortes que atingirão a saúde e outros serviços públicos. Há rumores sobre a França!

As desigualdades sociais aumentam em todos os países europeus e o sonho europeu (de quem foi o sonho?) integrador, de grande progresso social, fim do desemprego e aumento da inclusão social mais parece um nado-morto gerado na mentira e pela ganância daquela pequena percentagem de multimilionários cuja frieza de raciocínio conhecemos. Aqueles objectivos eram para se cumprir até 2020, gargalejavam eles e mais os seus capatazes pagos a preços de luxo.

Depois, face ao que se passava em 2008, com a pobreza a subir bem como a exclusão social, resolveram que o ano de 2010 era o Ano Europeu de combate às ditas. Conversa fiada para encanar a perna a rã, como se costuma dizer em jargão popular. A pobreza atinge números escandalosos, os excluídos aumentaram sob as mais diferentes formas e as desigualdades sociais sobem em flecha.

László Andor, o comissário europeu do emprego (desemprego, melhor dizendo)) afirmou que a União Europeia atravessa “a pior” crise financeira, económica e social desde que foi criada e que a zona euro está, este ano, “na posição mais vulnerável” de sempre, se forem tidos em conta o desemprego e a situação social. O comissário europeu disse também que cada vez mais cidadãos e políticos estão a começar a procurar soluções que implicam desintegração em vez do fortalecimento do projecto europeu, porque “sentem que a Europa não geriu bem a resposta à crise. Neste âmbito, László Andor reconheceu que “muitas coisas” poderiam ter sido mais bem geridas na resposta à crise. Pois é, mas convenhamos que galinhas e raposas juntas não convivem bem nem nunca conviverão.

Os povos, os trabalhadores dos países da UE, e não só, já perceberam que só a luta vigilante, persistente e organizada poderá combater o seu inimigo mortal, a raposa, que não irá desistir daquilo que o move: o lucro, seja à custa de pobreza de crianças, mortes de idosos, de jovens de asas cortadas, de reformados a sustentarem os seus filhos e a empobrecerem ainda mais, de doentes a morrerem sem tratamento.

A luta foi sempre o caminho dos povos e os povos sabem isso. Se assim não fosse, estaríamos ainda na sociedade esclavagista grega e romana de que tanto nos orgulhamos e na qual só uma minoria era considerada cidadã e com direito à democracia( e à ociosidade).

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Geral

Tia Jonet

Esta benfeitora não sabe bem o que diz ou sou eu que estou enganada? Falou, falou, mas o que disse na realidade, a não ser que também está a educar muito mal os filhos dela?

Um amigo chama-lhe a Tia Jonet e começo a dar-lhe razão.

E diz que viu miséria na Grécia! E por cá a quem tem ela dado o que lhe dão?

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Geral, Política

Os Massacres do Governo PSD/CDS

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou em 13 de Julho os dados sobre o aumento da pobreza e das desigualdades sociais em Portugal. Contudo, é bom lembrar que os dados referidos são de 2010. Entretanto, a situação tem-se vindo a agravar cada vez mais e mais rapidamente.

Em 2010, 1.900.000 portugueses já viviam na pobreza. Os dados do INE também mostram que 42,5% da população, isto é, 4.488.000 portugueses só não viviam na pobreza, porque ainda recebiam prestações sociais. Se houver cortes nestas prestações ou se forem reduzidas, vemos o que acontecerá: milhões de portugueses cairão rapidamente na pobreza.

Todos sabemos que estão previstos cortes em prestações sociais no valor de 1.440 milhões de euros para 2012, porque assim o exigiu a troika e o governo aceitou. No final deste ano quais serão as reais estatísticas sobre o número de portugueses a viver na pobreza?

As estatísticas, porém, não falam do sofrimento, do desespero, das mortes provocadas pela má nutrição e pela fome e outros problemas que se reflectirão no futuro das crianças e dos jovens que agora sofrem estes maus tratos.

Em geral, a pobreza,e sobretudo a fome, constitui-se sempre como um tabú de que se prefere não falar, mas actualmente é impossível calar a situação e temos de falar/gritar e dizer quem são os responsáveis assassinos que deveriam ser julgados no Tribunal de Haia por crimes contra a humanidade, mas o referido Tribunal também está coartado pelas mesmas mãos que massacram, fria e premeditadamente, a grande maioria da população do mundo.

Um gerontocídio silencioso está a ocorrer em Portugal: com as reformas baixíssimas que recebem, com a subida galopante do custo de vida, com as taxas moderadoras que se somam umas às outras e que levam a que não se vá ao médico em conjunto com a impossibilidade de pagar os transportes , o não cumprimento da medicação necessária por não haver dinheiro para os medicamentos, a maioria dos  idosos debatem-se com uma morte antecipada que alguns deles confidenciam que preferem, a viver numa degradação constante da sua qualidade de vida.

Os dados do INE também mostram que os indicadores de desigualdade de rendimentos aumentaram entre 2009 e 2010 em Portugal. A diferença entre os ricos e os pobres está a aumentar no país: os ricos estão a tornarem-se mais ricos e os pobres, que constituem a maioria da população portuguesa, recebem uma parte cada vez menor do rendimento produzido no país.

Entre 2009 e 2010, o Coeficiente de Gini, que mede o nível de desigualdade existente num país, aumentou de 33,7% para 34,2%; o número de vezes que o rendimento dos 20% mais ricos da população é superior ao rendimento dos 20% mais pobres subiu de 5,6 para 5,7 vezes; e o número de vezes que o rendimento dos 10% mais ricos da população é superior ao rendimento dos 10% mais pobres da população passou de 9,2 para 9,4 vezes.

A tendência de agravamento das desigualdades no nosso país é clara. E ter-se-á agravado no ano de 2011 e neste semestre de 2012, visto que aumentaram os desempregados e diminuíram os apoios sociais com as alterações introduzidas por este governo no cálculo do rendimento familiar per capita. Estes cálculos atingem todas as prestações sociais incluindo as bolsas para estudantes universitários.

Neste País, onde um governo sem ética produz diariamente legislação mortífera e certeira sem hesitar!

E ainda têm a desfaçatez de criar uma lista negra dos que não possam pagar electricidade, gás!!!

Eles sabem o que fazem e fazem-no tal como qualquer assassino profissional o faz quando contratado para matar.

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Internacional

“A OUTRA AMÉRICA”

 

Hoje, apetece-me falar de outra coisa, porque sim!

Dei com uma outra imprensa a dar-nos conta do que foi por esse mundo a luta, a contestação e festejo do 1º de Maio.

Na Alemanha os trabalhadores mobilizaram-se para as 450 acções convocadas pela Confederação dos Sindicatos. A unidade e solidariedade de todos os trabalhadores da Europa é uma necessidade imperiosa face às políticas de austeridade que estão a ser impostas aos povos. Também na Alemanha a ofensiva destas políticas estão a ser causa de precariedade, desemprego e de empobrecimento dos trabalhadores e do povo.

 Nos EUA, onde o dia do trabalhador não é feriado, este foi assinalado em 120 cidades, facto de assinalar já que o movimento reivindicativo popular se encontra numa fase de recuperação e reconfiguração. Um grande número de estruturas representativas de trabalhadores, de defesa de direitos sociais, pacifistas e defensores da liberdade realizaram protestos em cidades como Chicago, Boston, Washington, São Francisco, Atlanta, Pittsburgh, Los Angeles e Nova Iorque, entre muitas outras.

 Neste país, a situação de pobreza foi classificada pela embaixadora dos EUA na ONU de “ situação trágica nacional”. O Professor de Princetown, Cornel West referiu a pobreza nos EUA como “moralmente obscena”.

 Os números falam por si: Continuar a ler

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Costumes, Política

A Sopa do Sidónio

Depois de ter aumentado impostos e diminuído salários, pensões, subsídios de desemprego, abonos de família, bolsas de estudo e a generalidade das prestações sociais, o Governo acaba de anunciar que vai aumentar para 50 milhões de euros o apoio às instituições que fornecem refeições aos mais pobres.

É claro que precisamos de nos preocupar com o básico do mais básico – comer, vestir, calçar, um tecto. E é disso que o nosso Governo se apresta a começar a tratar! Quando aos cidadãos mais não resta que recorrer à caridade pública.

Depois das ruinosas políticas que nos conduziram a uma taxa de desemprego que não pára de aumentar, à baixa generalizada dos rendimentos do trabalho e à recessão na generalidade da economia, o governo apresta-se a apanhar os cacos. Só que os cacos são os portugueses atirados para os limites da sobrevivência, em número que não pára de aumentar.

Bem ao gosto do assistencialismo que caracteriza a cartilha néo-liberal, para quem o Estado mínimo é o máximo, bem pode P. Coelho preparar-se para continuar a aumentar as verbas para as “sopas dos pobres” , a que certamente se seguirão os abrigos para os despejados da nova lei do arrendamento.

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Em 1918 é criada a Associação 5 de Dezembro, com o objectivo de ajudar os mais carenciados. A faceta mais visível desta política é a distribuição de alimentos (a conhecida “Sopa dos pobres” ou “Sopa de Sidónio”). A presença de Sidónio Pais na inauguração das várias “Cozinhas” permite-lhe cultivar a imagem de presidente generoso e amigo dos mais desfavorecidos.” Sobre Sidónio Pais ver aqui.

O êxito da Sopa de Sidónio foi tão grande que se prolongou por décadas. Hoje está de regresso!

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economia, Geral, Setúbal

Angústia para o jantar

Por muito que nos custe, a fome, uma dos mais atrozes manifestações da pobreza, voltou a ser uma chaga aberta na comunidade setubalense. Exposta ou dissimulada.

Setúbal é uma terra de gente de trabalho que, de tempos a tempos, é atormentada por flagelos de ordem social: foram os salários em atraso nos anos oitenta, quando Setúbal era já uma cidade da indústria e dos serviços, como tinham sido os dramas da fome na primeira metade do século XX, quando a cidade do Sado era uma terra de homens do mar. Registe-se a curiosidade histórica de ter sido em Setúbal que, era ainda a República uma recém-nascida, quando, em Março de 1911, a novíssima GNR se estreou abatendo a tiro os operários conserveiros Mariana Torres e António Mendes que protestavam contra salários de miséria numa das ruas da cidade.

A reportagem da jornalista Rosário Salgueiro exibida no programa Mudar de Vida/Informação 21 (RTP1, 12/Dezembro) VER AQUI – ilustra, com casos concretos,  pessoas atiradas para a margem. E como alastra a pobreza e o desespero pessoal. Mas ilustra também como, muitas vezes, é preciso muito pouco para ajudar alguém a retornar à dignidade. A ver!

Parabéns RTP!

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Geral

Pobres e dependentes

Estima-se que 18 por cento da população portuguesa residente estava em risco de pobreza (1) em 2009, isto é, antes de a crise se começar a fazer sentir com todo o dramatismo. A dependência das pensões e de outras transferências sociais é muito relevante e sem estes apoios quase metade da população estaria em risco de pobreza. Os dados constam no relatório do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento (EU-SILC), recentemente divulgado pelo INE e que incidiu sobre os rendimentos dos portugueses em 2009.

O risco de pobreza aumenta entre crianças e jovens (0-17 anos), 22,4%, e idosos (mais de 65 anos), com 21%. Outros grupos em situação de particular risco são, quanto à composição do agregado familiar: um adulto com pelo menos uma criança (37%), dois adultos com 3 ou mais crianças (33,2%) e um adulto sem crianças (30,1%). Os desempregados (36,4%) e outros inactivos (28%) são também segmentos da população bastante expostos.

Em 2009, isto é, antes da aplicação de severos cortes nas prestações sociais e segundo o mesmo relatório “considerando apenas os rendimentos do trabalho, de capital e transferências privadas, 43,4% da população residente em Portugal estaria em risco de pobreza”. Um valor assustador que demonstra a medida da dependência de amplos extractos da população face ao sistema de apoios sociais.

Estamos assim a entrar numa situação de rápido empobrecimento, quando se constata o agravamento da situação económica associado à retracção nas prestações sociais e ao anunciado aumento de custos com o cabaz básico e o co-pagamento das despesas de saúde.

Em resultado das transferências relativas a pensões este valor terá diminuído para um patamar de 26,4% da população; e para os já referidos 18%, se consideradas ainda as transferências sociais (2).

Desde há anos que o risco de pobreza se mantém estável em Portugal, não registando evolução significativa entre 2006 e 2009. Aquele risco diminuiu duas décimas, de 18,1% para 7,9%, considerada já a correcção operada pelas transferências de pensões e outras. Se nos lembrarmos que 2010 foi o Ano Europeu de Luta contra a Pobreza e a Exclusão Social, cujo objectivo estabelecido pela UE para a presente década, até 2020, é o de “retirar 20 milhões de europeus do risco de pobreza e exclusão social”…

Notas explicativas

(1)   População em risco de pobreza ou exclusão social: indivíduos em risco de pobreza ou vivendo em agregados com intensidade laboral per capita muito reduzida ou em situação de privação material severa. Intensidade laboral per capita muito reduzida:consideram-se em intensidade laboral per capita muito reduzida todos os indivíduos com menos de 60 anos que, no período de referência do rendimento, viviam em agregados familiares em que os adultos entre os 18 e os 59 anos (excluindo estudantes) trabalharam em média menos de 20% do tempo de trabalho possível. Taxa de privação material: corresponde à proporção da população em que se verificam pelo menos três das seguintes nove dificuldades – a) Sem capacidade para assegurar o pagamento imediato de uma despesa inesperada próxima do valor mensal da linha de pobreza (sem recorrer a empréstimo);  b) Sem capacidade para pagar uma semana de férias, por ano, fora de casa, suportando a despesa de alojamento e viagem para todos os membros do agregado; c) Atraso, motivado por dificuldades económicas,em algum dos pagamentos regulares relativos a rendas, prestações de crédito ou despesas correntes da residência principal, ou outras despesas não relacionadas com a residência principal; d) Sem capacidade financeira para ter uma refeição de carne ou de peixe (ou equivalente vegetariano), pelo menos de 2 em 2 dias; e) Sem capacidade financeira para manter a casa adequadamente aquecida;  f) Sem disponibilidade de máquina de lavar roupa por dificuldades económicas; g) Sem disponibilidade de televisão a cores por dificuldades económicas;  h) Sem disponibilidade de telefone fixo ou telemóvel, por dificuldades económicas; i) Sem disponibilidade de automóvel (ligeiro de passageiros ou misto) por
dificuldades económicas.

(2)   Transferências sociais (excluindo pensões): inclui os apoios à família, educação, habitação, doença/invalidez,desemprego, combate à exclusão social.

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Geral

Dois milhões de portugueses à beira da pobreza

Cerca de dois milhões de portugueses, 18,5 por cento da população, estava, em 2008, em risco de pobreza – segundo um relatório do EUROSTAT agora divulgado. Para este organismo europeu são “pessoas em risco de pobreza” aquelas que vivem em famílias com rendimentos inferiores a 60% do rendimento disponível médio nacional, já consideradas as transferências sociais.

Estes dados – que estão certamente aquém da realidade actual – colocam Portugal no top 10 dos países europeus mais atingidos pela ameaça de pobreza: Letónia (25,6%), a Roménia (23,4%), Bulgária (21,4%), Grécia (20,1%), Lituânia (20%), Espanha (19,6%), Estónia (19,5%), Reino Unido (18,8%) e Itália (18,7%). Não deixa de ser revelador que o risco de pobreza instalada por toda a Europa, inclua nesta lista países habitualmente considerados mais ricos que Portugal, casos do Reino Unido, da Itália ou mesmo de Espanha.

O relatório faz menção que mais de um milhão de portugueses, cerca de 9,7% da população, vivia com graves privações materiais. Segundo os critérios do estudo são considerados com graves privações materiais aqueles que vivem em condições de constrangimento ditadas pela falta de recursos, preenchendo pelo menos 4 dos seguintes nove seguintes itens de privação: 1) pagamento de arrendamento/crédito ou contas da casa; 2) manter a casa aquecida; 3) fazer face a despesas inesperadas; 4) comer carne, peixe ou proteínas dia sim, dia não; 5) uma semana de férias fora de casa; 6) carro; 7) máquina de lavar; 8) televisão a cores ou 9) telefone.

O panorama da UE relativo ao risco de pobreza e exclusão social afectava em 2008 um total estimado em cerca de 116 milhões de pessoas, isto é, perto de um quarto da população desse espaço político-geográfico. Cerca de 81 milhões de pessoas são considerados em risco de pobreza, 42 milhões incluem-se na categoria dos que sofrem graves privações materiais, 34 milhões vivem em famílias com baixa taxa de trabalho (inferior a 20%  do potencial total de tempo de trabalho). Sete milhões de pessoas são afectadas pelos três critérios anteriores em simultâneo, o grau mais baixo de pobreza.

Se atendermos a que de 2008 para cá a taxa de desemprego em Portugal aumentou de 7,6% para um valor superior a 10%, veja-se o impacto que só este factor terá nos níveis de risco de pobreza e exclusão social.

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Geral, Política

Não podemos ignorar

Pelas vozes autorizadas dos presidentes das Câmaras de duas importantes cidades do país, Sintra e Setúbal, confirma-se o que já desconfiávamos: são cada vez mais as crianças que só comem na escola; e, em muitos casos, a escola ainda ajuda à alimentação da restante família.

“(…) há muitas crianças que não comem quase nenhuma refeição em casa, porque os pais não têm, e as carências sociais são cada vez maiores. Há cada vez mais pedidos» – disse M.D.Meira (CDU), presidente da C.M. de Setúbal, à TSF. Na Escola da Bela-Vista, perto de cem por cento das crianças são carenciadas, segundo a autarca. Em Sintra, onde 48% das crianças (do concelho) são filhos de pais carenciados, F.Seara (PSD), chefe do executivo camarário, confessa andar a rapar as migalhas do orçamento municipal para acudir aos mesmos problemas nas escolas, ampliados agora com muitos encarregados de educação e filhos que não vão à escola, como relata o Correio da Manhã de hoje.

Estamos, assim, perante a real medida da escassa eficácia do nosso Estado Social, que tem nas escolas públicas do ensino básico a última barreira antes da fome. Incipiente Estado Social que alguns querem diminuir ainda mais ou mesmo ditar fim. Que seria então destas crianças?

A dignidade do país que paga muito generosamente a administradores de grandes empresas e treinadores de futebol não pode permitir uma vergonha deste tamanho.

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