1. Angela Merkel e Wolfang Schaulbe têm um número treinado, bem afinado conhecido há séculos. O do pide bom e do pide mau, com a experiência gestapo. Está em cartaz há vários anos na Europa Connosco. Torturam os povos europeus por interpostos governantes submissos. Sujeitam os recalcitrantes para tudo andar pelos carris das suas ordens.
2. Hollande, Renzi acreditam na primavera merkelliana. Opõem-se até cederem e cedem sempre. Na última representação do teatro de sombras que são as reuniões dos governantes europeus, ficaram muitos satisfeitos por evitar o grexit. A que custos para os gregos e para quê? Salvar o euro que não a Grécia. Remendar os buracos do pano de cena que oculta o palco onde, em sessões contínuas, está em cartaz a comédia-dramática Os Últimos Dias da Europa.
3. Pedro, o Super-Homem de plástico, teve uma ideia e salvou a Europa. Primeira nota, o Pedro também tem ideias, o que o deve deixar exausto, pior do que estar exposto a kriponita. Segunda nota ter ideias para ajudar ao saque e ao esbulho não honra ninguém, mesmo um Passos Coelho.
4. Marisa Matias tinha a mão no tapete, mas não o puxou com a ilusão que o Syriza e o seu querido Tsipras conseguiriam que a sua (má) proposta fosse aceite pela Alemanha e seus submissos pares europeus. Nada melhor do que ter fé! Depois de Fátima há que acreditar em milagres mesmo contra todas as evidências! E agora, Marisa?
5. A mulher de Alexis Tsipras vai pedir o divórcio? Divorciado do povo grego e de todas as esperanças que andou a espalhar pela Europa já ele está. Merkel e Schaulbe estriparam-nas a sangue frio. Esquecem-se, Tsipras também, que há sempre alguém que resiste.
6. 6. Nas estratégias militares às vitórias de Pirro adicionou-se um novo paradigma: as derrotas de Pirro.
7. No horizonte da Europa anuncia-se um futuro radioso. Depois da derrota do III Reich, o triunfo do IV Reich. Em marcha a transferência efectiva de Bruxelas para Berlim. Os países que não se declararem aliados serão submetidos e transformados em protetorados. A Grécia foi o primeiro. Outros se seguirão. A Solução Final avança!
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Grécia, a morte anunciada
O que, de certo modo pelo andar dos acontecimentos, seria expectável aconteceu. O Syriza abandonou a sua fachada de esquerda que a conservadora e reaccionária Europa adjectiva de radical, para assumir a sua matriz social-democrata.
Depois de fazer um referendo em que os gregos disseram claramente NÃO, Tsipras e o Syriza, a maioria do Syriza, aceitaram tudo, quase integralmente tudo o que a troika exigia. Aumento do IVA, grandes cortes nas reformas, privatização dos transportes, dos portos e dos aeroportos, etc. Uma capitulação em toda a linha, submetendo-se a todas as medidas que dizia rejeitar, depois de ter sido eleito com um programa em que afirmava que nunca iria aceitar. No Parlamento grego faz um discurso vergonhoso, trocando os pés pelas mãos, numa releitura miserável do resultado do referendo. Votaram NÃO às propostas da troika, mas NÃO votaram a favor da saída do euro. Para não sairmos do euro, temos que aceitar as medidas contra as quais se votou no referendo. Para a miséria moral, a vigarice intelectual ser completa, faz uma pirueta e inventa uma nova treta “este acordo levará a um programa europeu. O FMI terá apenas papel de consultor técnico. A troika, como a conhecemos, chegou ao fim.”. Para o quadro das tretas, mentiras e mentirolas ficar completo orgulha-se de evitar o grexit e de se ir discutir pela primeira vez a sustentabilidade da dívida, quando todo o mundo sabe que a dívida grega é impagável
Com o que vai desabar novamente sobre a Grécia, sem que o problema estrutural da dívida seja resolvido, o país vai entrar nos cuidados paliativos, com a morte anunciada. Ficará para sempre a lição de dignidade do povo grego que, contra todas as miseráveis e violentas chantagens, votou NÃO, uma lição de democracia, de luta contra os poderes dominantes! O povo não cedeu. Cedeu o governo e o partido em que o povo tinha confiado.
Para uma certa esquerda que embandeirou em arco com o Syriza, as esperanças que se iria mudar a face política da Europa esfumaram-se com o desabar do castelo de cartas do programa Syriza. Esperanças infundadas se tivessem olhado atentamente as práticas do governo de Tsipras que nada fez para adquirir força nas negociações, Se atentassem ao seu demissionismo que os fez não se dotar com as ferramentas mínimas que seriam uma base, mesmo frágil, para reverter a situação catastrófica em que a Grécia estava mergulhada. Ferramentas e meios que tinham quando assumiram o governo e que desprezaram por vício ideológico, como referimos aqui no blogue.
Para a direita e direitinhas, o grande gozo de terem quebrado o Syriza. Verem-no de braço dado com a direita e centro-direita grego, a Nova Democracia, o Pasok, o To Potami, além do Anel, com quem já estavam coligados. É a alegria do triunfo da Europa, afirmando-se como um espaço não democrático. Da exibição pública de uma Europa subordinada ao grande capital e aos seus interesses financeiros, especulativos.
O Syriza colocou a Grécia em estado de coma profundo, ligada à máquina. Um dia, não será muito longínquo, a máquina será desligada para mal do povo grego. Farfalharem esperanças numa nova política que nunca existiu por não terem dado um passo, um só passo firme nessa direcção. Uma política de muitas parras sem um bago de uva, para entretém das hostes de esquerda por esse mundo fora. Uma política que enganou sem absolvição o povo grego, comprometendo o seu futuro. A História não lhes perdoará a traição.
Para a esquerda no seu todo, da mais firme à mais vacilante, é uma derrota. Para uns, o Syriza anunciava uma grande vitória sobre a Europa de burocratas sem alma nem sentido político, guiados por falsos pragmatismos que os transformam em eunucos de guarda ao harém do grande capital. O que não aconteceu, nem aconteceria. Para outros o abrir de uma pequena brecha na cidadela política e ideológica da CEE, do BCE, do FMI, fazendo entrever uma vereda no beco sem saída em que está estacionado em estado agónico o mundo actual. O que poderia ter acontecido.
Estes seis meses de tropeções, ambiguidades, vacilações Syriza, as ilusões que borboletearam, demonstram a actualidade do Radicalismo Pequeno Burguês de Fachada Socialista, de Álvaro Cunhal. Impõem-se reler a sua Introdução de uma meridiana clareza na análise ideológica e política que faz da emergência desses grupos, nos seus aspectos positivos e negativos.
Para a esquerda, para as esquerdas, analisar, estudar e perceber as lições syrizas é trabalho urgente. A História também não lhes perdoará se não o fizerem.
PS. Por cá, os porcos refocilam no chiqueiro. Numa das linhas da frente um idiota contabilista que agora julga que o decorrer dos sucessos lhe dão razão. Publica um tweet de um amigo o aconselhava a mudar de opinião em relação à Grécia. O amigo é um tonto como ele. Ele não mudou, nunca mudaria, nem mudará. A noz de massa cinzenta que lhe ocupa o crânio não lhe dá hipótese. Para ele um tweet: Zé, li o teu tesxto a agradecer o pacote de austeridade ao Syriza. Continuas estúpido como sempre! Nem vale a pena recordar-te que a dívida grega é impagável A dívida grega como a portuguesa, são impagáveis! É a verdade, estúpido! Impagáveis e com as políticas do PSD/CDS/PS/SYRIZA/PASOK/NOVA DEMOCRACIA ou outros quejandos, a agravar a vida de portugueses e gregos! A economia nunca sairá da cepa torta! As tuas contas são uma merda! Tentas enganar o pagode! Nem para isso tens jeito! Se tivesses alguma vergonha e um minimo sentido de auto-crítica já tinhas deixado de debitar parvoidades! O Brassens é que te topa , a ti e aos teus parceiros de ginjeira!
vigaristas,aldrabões e todos os outros ões
Desta gente espera-se tudo! mesmo tudo! já nada nos devia espantar! A realidade ultrapassa sempre a ficção.
Ontem Paulo Portas, à boleia da crise grega, faz um discurso nas Jornadas parlamentares PSD/CDS digno de um vendedor da banha da cobra! Hoje ouve-se Passos Coelho tirar da cartola este coelho com mixomatose: “O discurso do medo era o trunfo do governo, os gregos destrunfaram esta maioria”
Nenhuma evidência trava esses vigaristas intelectuais, esses vendedores de vigésimos premiados que todos os dias vendem nos meios de comunicação social. Claro que o pano de fundo da comédia grotesca que essa gente caricata escreve, encena e representa, é o imenso fracasso das suas políticas austeritárias que nos empurram para o buraco grego. A transpiração de medo que a solução que for encontrada para crise grega, qualquer que seja, ainda que contra a vontade dos burocratas com sangue de barata instalados em Bruxelas, será a negação do que andaram a vender nos últimos quatro anos. O relatório do FMI, que tentaram esconder, aponta nessa direcção. Mesmo que seja insatisfatória a solução, não deixará de haverá uma reestruturação da dívida e medidas para ultrapassar ima austeridade estúpida. Quem vende gato por lebre convencido que nunca será descoberto, continuará a palavrear de mentirolas quase inocentes a gravosas e enormes mentiras. Há gente presa, há gente interdita por muito menos. A realidade é que haverá sempre gente que ainda compra a esses Oliveiras da Figueira (o homem que vendia frigorificos aos esquimós e sobretudos aoa congoleses) um automóvel em primeira mão. O pior é que é garantido que o carro não tem motor e a carroceria é de baquelite!
Mesmo o mais medíocre farsante, como são estes senhorecos, terá sempre espectadores, neste Portugal do Burro em Pé(*) . O Portugal visto tal e qual é. Uma sociedade desapiedada em que os pobres são abandonados, em que as crianças passam fome, em que os velhos são mesmo tratados como trapos. O Portugal de antanho que Passos Coelho e Paulo Portas revisitaram e ressuscitaram.
Espera-se, deseja-se que a lucidez conquiste cada vez mais portugueses!
(*) Burro em Pé, José Cardoso Pires, publicado em Dezembro de 1979, pela Moraes Editores, ilustrada com pinturas de Júlio Pomar e capa de Sebastião Rodrigues.
A Tragédia Grega e a Miséria Moral da Europa
Cada dia, cada hora mostra a duplicidade, o cinismo, a falta de ética dos mangas-de-alpaca europeus e da sua aliada no FMI. A miopia política é agravada pela miséria moral que anda à solta nos corredores de Bruxelas.
As últimas declarações de vários responsáveis europeus, em particular de jean-Claude Juncker são a demonstração mais acabada do estado de podridão intelectual dessa gente.
Juncker tem o supremo desplante de se apresentar como vítima da intransigência do governo grego. Diz-se traído nos seus esforços, dele e da camarilha que o rodeia, em manter a Grécia no euro, para bem do grande capital. Sabe muitíssimo bem que a troika, agora chamada de instituições, foi encostando o governo grego à parede, obrigando-o a ir de cedência em cedência até a um ponto em que era impossível ao governo do Syriza recuar mais sem perder totalmente a credibilidade que lhe restava depois de terem ultrapassado todas as linhas vermelhas, todas bem longe do inscrito no programa de Tessalónica, a base do seu programa eleitoral que foi sufragado pelo povo grego nas últimas eleições. As cedências do governo do Syriza riscaram muitas das medidas proclamadas, reformularam outras até as tornar irreconhcíveis, atiraram outras tantas para as calendas numa tentativa de se manter “ na sua casa comum, a Europa”, Foi o governo do Syriza que foi adequando a sua proposta inicial às do nefando memorando da troika. A sua promessa de romper com os memorandos, como tinha gritado alto e bom som, já nem era um eco a soar frágil entre as colunas do Partenon. O relato que Varoufakis publicou no seu blogue sobre a reunião de 27 de Julho, sobre o rompimento das negociações, evidencia a torpeza do Eurogrupo e o desespero do Syriza em não romper com a Europa, rasgando muito, quase todo, o seu programa eleitoral. O mandato que o povo lhe conferiu. Nada comoveu e demoveu a voracidade das instituições a mando do grande capital.
O referendo que vão realizar é de facto um novo programa eleitoral em que aceita quase tudo o que lhe foram impondo. Desde as primeiras propostas até às que hoje foram conhecidas o Syriza foi atirando para a fogueira europeia s suas promessas eleitorais, mostrando a sua debilidade ideológica, a fragilidade dos seus príncipios. Quem não recua praticamente nada é a troika, como se pode ler na sua última proposta.
Apesar diso tudo a inefável Europa continua a chantagem contra o referendo. Na primeira linha Jean Claude Juncker, um tipo sem vergonha au vem a público desnudar o seu cinismo, a sua doblez que não tem fronteiras, não tem limites. Diz-se traído, puxa dos seus galões de europeísta convicto, pronto a sacrificar-se no altar da Europa Comum. É o mesmo Juncker que traíu os seus parceiros da europeus quando, primeiro-ministro do Luxemburgo, fez acordos por baixo da mesa com mais de 300 grandes empresas desviando milhares de milhões de euros do tesouro de vários países, Grécia incluída, que fugiam ao fisco através desse paraíso fiscal no centro da Europa, um Luxemburgo membro desde a primeira hora da Europa Connosco. Candidato a presidente da Comissão Europeia, justificou as suas patifarias, um modo delicado de as classificar, com a sua legalidade. Não haviam de ser legais! Era ele que as tornava legais, promulgando as leis. O que só pode fazer inveja aos Al Capones que não podendo fazer leis, eram “obrigados” a impô-las recorrendo às bala. A diferença está no armamento de que cada um dispunha. É este Juncker, agora presidente da Comissão Europeia que continua a brandir a bandeira da solidariedade, da firmeza nos príncipios. È este Juncker que tem o desplante de dizer “sinto-me traído porque os meus esforços e o de outros não foram tidos em conta” (…) “ não propusemos cortes nos salários e nas pensões” uma mentira tão descarada que foi a própria Comissão Europeia que imediatamente o desmentiu, chamaram rectificação! Um nojo!
Os outros não enojam menos. O presidente do do grupo parlamentar do PPE vem a terreiro gritar que “ Tsipras devia abandonar os jogos florais e assumir as suas responsabilidades perante o povo grego” Pois devia , devia. Os jogos florais de Tsipras são o atirar para o lixo o programa eleitoral pelo que o povo grego o elegeu. Essa é que é a sua grande responsabilidade e não a que está implicita na crítica desse mandarete.
Outro descarado sem-vergonha é Schaulbe que diz ter pena do povo grego! Esse carsa-de-pau que na Europa, depois da II Guerra Mundial a Alemanha é a campeã dos incumprimentos, das reestruturações e dos perdões da dívida. Que nãom indmenizou a Grécia, dos roubos e da destruição que fez na Grécia!
É esta a Europa, os dirigentes europeus que temos que dão ordens, que escrevem e impõem leis para tornar legais os seus desmandos.
A Europa está podre! A miséria moral, a hipocrisia, a sua conduta contra os povos, ao serviço dos mercados andam à rédea solta com os meios de comunicação social pela trela.
À Grécia um último rasgo de dignidade, votando NÃO no referendo, com a incerteza ou com a quase certeza, que as medidas anti-populares, contra o povo grego, não as originais da troika em linha com as que durante seis anos, com os governos PASOK e Nova Democracia implementaram com os resultados que estão à vista do mundo, mas outras igualmente duras, vão continuar, que é o que as cedências das novas propostas do governo Syriza anuncia. O mau é sempre mau, mesmo que não seja o pior, porque pior é sempre possível. Uma tragédia em que a luz da esperança é fraca e bruxeleante no meio do pantano desta degradação. Seremos os condenados da terra a esta danação? Ontem como hoje a evidência da necessidade e a urgência dos povos de todo o mundo se unirem contra a ditadura bárbara e totalitária dos mercados!
Libido 4
Depois do acordo de princípio, alinhavado entre o governo grego e a CEE, das múltiplas declarações entre os protagonistas e o que os nossos (des) governantes foram comentando em desbragada linguagem, recomendamos um fim-de-semana alucinante à espera dos próximos capítulos desse teatro escabroso em que se procura esfolar a democracia.
“Campo de Concentração Austeridade”, “Loucos por Coligações ou São Bento e os 120 Dias de Sodoma”, ”Portugueses mais um esforço para continuarem a ser Esmifrados” e ”Contos para Adultos dos Tarados das Reformas Estruturais”, quatro filmes para maiores de dezoito anos, recomendados para um fim-de-semana acabrunhante, à espera da lista grega a ser entregue em Bruxelas.
Os dois primeiros são protagonizados por Maria Luís Albuquerque e Wolfang Schaulbe e Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, duas das duplas mais famosas no mundo da pornografia financeira, do cinismo político e da crueldade social. Os dois últimos são grandes orgias, celebrando os infortúnios da austeridade com os quatro protagonistas e narração de Cavaco mergulhado no fundo do Poço de Boliqueime, Opções adicionais discursos, entrevistas, declarações dos protagonistas, não recomendadas por questões de higiene mental.
Aviso muito importante: os filmes contém cenas sadomasoquistas que podem ferir a mais empedernida sensibilidade, mesmo dos mais experimentados.
A Grécia, a CEE os seus mandantes, seus mandaretes e monicas lewinskis
A ESPERA DOS BÁRBAROS
— Que esperamos na ágora congregados?
Os bárbaros hão-de chegar hoje.
Porquê tanta inactividade no Senado?
Porque estão lé os Senadores e não legislam?
Porque os bárbaros chegarão hoje.
Que leis irão fazer já os Senadores?
Os bárbaros quando vierem legislarão.
Porque se levantou tão cedo o nosso imperador,
e está sentado à maior porta da cidade
no seu trono, solene, de coroa?
Porque os bárbaros chegarão hoje.
E o imperador espera para receber
o seu chefe. Até preparou
para lhe dar um pergaminho. Aí
escreveu-lhe muitos títulos e nomes.
— Porque os nossos dois cônsules e os pretores
saíram hoje com as suas togas vermelhas, as bordadas
porque levaram pulseiras com tantas ametistas,
e anéis com esmeraldas esplêndidas, brilhantes;
porque terão pegado hoje em báculos preciosos
com pratas e adornos de ouro extraordinariamente cinzelados?
Porque os bárbaros chegarão hoje;
e tais coisas deslumbram os bárbaros.
– E porque não vêm os valiosos oradores como sempre
para fazerem os seus discursos, dizerem das suas coisas?
Porque os bárbaros chegarão hoje;
e eles aborrecem-se com eloquências e orações políticas.
– Porque terá começado de repente este desassossego
e confusão. (Como se tornaram sérios os rostos.)
Porque se esvaziam rapidamente as ruas e as praças,
e todos regressam as suas casas muito pensativos?
Porque anoiteceu e os bárbaros não vieram.
E chegaram alguns das fronteiras,
e disseram que já não há bárbaros.
E agora que vai ser de nós sem bárbaros.
Esta gente era alguma solução.
Konstandinos Kavafis
(tradução Joaquim Manuel Magalhães/Nikos Pratsinis)
Os cônsules, pretores que entre dois partidos sozinhos ou coligados, se sucediam na Grécia, impondo ao povo grego as soluções dos bárbaros foram democraticamente derrotados. As iníquas reformas estruturais, um saco de mentirolas que nada reestrutura e tudo destrói, que garrotavam a economia, aumentavam a dívida, mantinham os privilégios da oligarquia, aprofundavam a corrupção, atiravam cada vez mais gregos para a miséria e o desemprego, foram democraticamente derrotadas. Quem venceu pelo voto, propõe outro caminho para sair da crise, caminho dentro do quadro político, económico e social dos bárbaros. Nem isso os bárbaros aceitam. Inquietam-se porque não querem que seja sequer possível pensar que há outras saídas para a crise económica dos países que se debatem com dívidas que são impagáveis, consequência da crise mais geral da Europa tatuada no sistema que se arrasta agónico mas que se julga eterno, sem alternativas.
Governantes e seus sequazes querem ditar, impor as suas leis sobre os países devastados por uma estúpida cegueira que alimenta os oligopólios financeiros, promove uma crescente desigualdade social, instala um desastre económico e social de proporções inquietantes. Mentem manipulando as estatísticas para travestir o desastre. Mentem. mentindo sempre e, sem pudor, fazem circular a mentira por uma comunicação social mercenária ao seu serviço.
Na CEE, os países que se sujeitaram às receitas das troikas, viram as suas dívidas em relação ao PIB aumentar exponencialmente entre 2007 e 2014. Irlanda 172%, Grécia 103%, Portugal 100%, Espanha 92%. A dívida mundial que em 2007 era de 57 biliões de dólares, em 2010 foi de 200 biliões de dólares, ultrapassando em muito o crescimento económico. Tendência que continua o seu caminho para o abismo, em benefício dos grandes grupos financeiros, entrincheirados nos chamados mercados. O chamado serviço da dívida, os juros, são incomportáveis. São esses os êxitos de uma política cega submetida à ganância usuária que não tem fronteiras ou qualquer ética.
Os governos deixaram de estar ao serviço dos seus povos, nem estão sequer dos seus eleitores. São correias de transmissão dos oligopólios financeiros que se subtraem a qualquer escrutínio democrático ou outro de qualquer tipo. Traçam um quadro legal que os suporta e legitima a ilegitimidade. A democracia é uma chatice, um entrave, um pauzinho nessa gigantesca engrenagem que nos atira barranco abaixo, com efeitos devastadores para a humanidade. Nada interessa a não ser o lucro de quem especula sem produzir nada. As pessoas são uma roda nessa engrenagem.
Quem não caminha ordeiramente nesse rebanho, quem se opõe, mesmo que mandatado e sufragado democraticamente, é considerado irresponsável, como disse o ogre Wolfang Schauble, ministro da economia da Alemanha, em relação à Grécia. As suas enormidades ecoam pela boca dos seus bufões, das suas monicas lewinskis por todos os cantos de uma Europa submissa aos diktats do bando de arruaceiros financeiros que rouba a tripa forra países e povos. Em Portugal, as nossas monicas lewinskis são mais fatelas, mais rascas com se tem visto e ouvido de Cavaco a Passos Coelho, de Portas a Pires de Lima mais a matilha dos seus sarnentos rafeiros de fila. Espumam raiva, ódio dos ecrãs televisivos às ondas radiofónicas. Quem se atreve a riscar, ainda que levemente, essa realidade em que nos enforcam é logo atacado e silenciado quanto baste por essa matilha de pensamento ulcerado.
Os burocratas europeus dogmáticos, leitores e intérpretes da cartilha neoliberal dizem que a realidade é assim mesmo! Será?
A realidade nunca é a realidade que nos querem impingir como Aragon tão bem descreveu. Há mais vida para lá desse biombo com que a querem esconder qualquer luz, mesmo bruxuleante, de esperança para a humanidade.
AS REALIDADES
Era uma vez uma realidade
com as suas ovelhas de lã real
a filha do rei passou por ali
e as ovelhas baliam que linda ai que linda está
a re a re a realidade
Era uma vez noite de breu
e uma realidade que sofria de insónia
então chegava a fada madrinha
e placidamente levava-a pela mão
a re a re a realidade
No trono estava uma vez
um velho rei que muito se aborrecia
e pela noite perdia o seu manto
e por rainha puseram-lhe ao lado
a re a re a realidade
CODA: dade dade a reali
dade dade a realidade
A real a real
idade idade dá a reali
ali
a re a realidade
era uma vez a REALIDADE.
Aragon
(tradução António Cabrita)
Vale tudo para fantasiar o crescimento económico
Aparentemente hoje seria dia para escrever sobre aquela coisa, aquele simulacro de democracia que foram as primárias do PS.
Não! Que fique isso para a vozearia que vai inundar os meios de comunicação social na “grande bouffe” ilusionista que atinge cumes em momentos como este. Claro que interessa fazer o cotejo do acontecimento no mais vasto contexto da degradação da democracia, quando as cinzas pousarem.
O que assistiu é mais um momento do aviltamento e da alienação das sociedades actuais Um momento digno de uma das últimas notícias económico-financeiraas bem exemplificativas do estado a que se chegou, em que a moral e ética e quaisquer princípios são ferozmente guilhotinadas na praça pública.
O desespero é de tal ordem que tudo serve para, estatisticamente, aumentar o PIB.
Agora a CEE autoriza que, para o cálculo do PIB sejam incluídas as actividades económicas à margem do que é lícito. A prostituição e o tráfico de droga passam a poder ser englobados no PIB, mesmo na base de valores estimados, nos países onde essas actividades são proibidas.
Em Inglaterra são mais dez mil milhões de libras. Em Espanha o PIB aumenta =,85%. Em Portugal pode a ir até mais 2%. Uma orgia que vai contribuir para o crescimento estatístico da economia.
Sugere-se que o governo PSD-CDS, que se diz tão empenhado no crescimento económico com os resultados desastrosos conhecidos, que é tão dado ao marketing, lance vigorosas campanhas para que, finalmente, haja o crescimento económico.
Que iniciem imediatamente campanhas publicitárias com esse objectivo.
Já foi às Putas hoje?
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Revelações
A notícia não é de agora. Nem por isso deixa de ser escandalosa. A CE, os comissários da CE, que tanto apregoam austeridades, éticas, rigores gastaram em seis anos 8 milhões de euros em passeatas em jactos privados e luxuosas festas. Qualquer coisa como 1 milhão e 400 mil euros por ano, 115 mil euros por mês. Só o “nosso” Durão Barroso que tanto “honra” Portugal à frente da pandilha, gastou numa única estada de quatro noites em Nova Iorque, 28 mil euros. Sete mil euros por dia, em números nacionais o equivalente a 470 ordenados mínimos.
Os do costume dirão que isto é demagogia e acicatar invejas.
Inveja terá Durão Barroso por, mesmo despejando tanto dinheiro à sua volta, nunca a realidade cumprir a fábula.
Acabar com a Hidra
Reformas estruturais foi o que mais houve em Portugal desde que aderiu à União Europeia e, sobretudo, desde que aceitou fazer parte da moeda única trocando o escudo pelo euro, que já era um erro tornou-se um erro ainda maior com uma cotação disparatada, em que o escudo foi sobreavaliado. Nessa altura por onde andava a tropa fandanga que agora desfila nos meios de comunicação social a aplaudir o programa imposto pela chamada troika? Embandeirava em arco, primeiro com a adesão à CEE, depois com a adesão à moeda única. Sempre munidos com a sapiência técnica de quem não percebia que a partir desse momento tínhamos o destino marcado a caminho da forca. Quem apontava os riscos, enunciava os perigos era objecto dos piores anátemas por não apoiar esses passo a caminho do apocalipse que eles confundiam com o caminho para a modernidade. O resultado está-se agora a ver.
Depois da adesão à União Europeia o nosso, frágil, tecido produtivo além de perder competitividade, foi paulatinamente destruído. Indústrias, agricultura e pescas foram arrasadas seguindo cegamente as políticas europeias sectoriais que sempre protegeram os mais poderosos em detrimento dos mais fracos, a quem atiravam uns sacos de euros para os manterem em silêncio, acelerando a transferência para os privados dos bens públicos. Essas sim, foram reformas estruturais que as bestas apocalípticas trombeteavam como o caminho triunfal da Europa connosco.
V iu-se ao que conduziu essa auto-estrada de regresso ao passado. Quando a crise económica era mais visível, lá vinha a ladainha das reformas estruturais, como se elas não estivessem de facto a acontecer com a desindustrialização, com os campos ao abandono distribuindo subsídios para que deixassem de ser cultivados, com o abate da quase totalidade da frota pesqueira, isto num país que tem um uma área de águas territoriais incomparável em relação à sua superfície territorial, com privatizações que só não eram selvagens porque se faziam leis à medida.
Até que, à beira da bancarrota, se foi pedir ajuda a quem nunca ajudou nada nem ninguém. Só tem agravado a crise económica dos países por onde tem passado, espalhando pobreza e reforçando o capital e a especulação financeira. Para sair do túnel onde nos meteram não foram em direcção à bruxuleante luz que havia lá no fundo, abriram caminho para outro túnel sem fim à vista. Qualquer um, por mais leigo que seja percebe o enorme buraco em que estamos metidos e no maior buraco em que vamos cair.
O pacote da dita ajuda só apoia com mãos cheias de euros a banca, o capital financeiro. Dos 78 mil milhões de euros previstos mais de 15% são oferecidos à banca, um saco que pode engordar até quase 45%! Um escândalo!!!
Enquanto a generalidade da população é condenada ao empobrecimento, a banca e as grandes fortunas continuam intocáveis.
Enquanto se dão todas as condições para o capitalismo monopolista acelerar a sua reconstituição, promove-se o declínio do que resta do nosso tecido produtivo.
A essas reformas estruturais somam-se o tornar mais fácil e barato despedir, reduzir os apoios sociais, encarecer o acesso à saúde e ao ensino.
Reformas estruturais que, somadas às anteriores, vão aumentar o desemprego, conduzir portugal para sucessivos anos de recessão.
Os partidos responsáveis pelas políticas que, em mais de trinta anos, nos conduziram a esta situação, atirando Portugal para a miséria, são os mesmos que descobrem que afinal o programa de ajuda não vai ser tão doloroso como se previa, que acham que existe margem de manobra para ainda piorar o que já está muito mal ou que estão dispostos a dar contribuições positivas para que nada nos desvie do caminho do desastre.
São esses políticos lerdos e seu séquito que, hidra de sete cabeças, buzinam a toda a hora nos meios de comunicação social com a inevitabilidade das soluções para os problemas de que eles e só eles são responsáveis, enquanto praticamente silenciam a voz de quem denuncia que vamos saltar da frigideira para o fogo.
É urgente que se façam sacrifícios, mas sacrifícios para sairmos desta situação. Para que se destruam essas reformas estruturais e se façam por reformas estruturais de facto, que coloquem nas mãos do estado as ferramentas essenciais para que Portugal caminhe para o progresso.
Enquanto as comadres se zangarem e acusarem-se em grande alarido para enganarem o Zé Povinho para o jogo das cadeiras continuar, não vamos lá!
Chega de mudar de governações! O que é necessário e urgente é mudar de políticas!
Justiça, Diz ele
Barroso esclarece que a questão da golden share não é uma questão ideológica, é uma questão jurídica!
Oh homem, então a justiça é neutra? É ideologicamente pura? Está descontaminada de qualquer poeira ideológica?
As leis não são a expressão do pensamento dominante? Não o defendem com unhas e dentes?
Questão jurídica, quando já se sabe o que a justiça vai decidir?
Dizem que o homem é licenciado em Direito. Parece que sim, na altura era chefe de fila do MRPP e muitas cadeiras foram passadas administrativamente. Tamanha ignorância — não é assim tamanha e, sobretudo, não é nada inocente — deve ter a ver com isso o que, misturado com o cinismo que esses anões da corte da Branca de Neve Neo-Liberal exibem nos sorrisos dentífricos que passeiam pelos corredores do poder, é a mixórdia do cocktail de mentiras que nos repetem a toda a hora do dia, para ver quando se transformam em verdade. Nunca serão verdades mesmo que, momentaneamente o pareçam. Serão sempre verdades travestidas.
Vem este agora, com aquele ar de traficante de prata que é papel de estanho, esconder-se debaixo da mesa da justiça!
Todos sabemos que Durão Barroso já perdeu a vergonha há muito tempo. Não nos esquecemos das mentirolas das entradas e saídas do governo, quando já tinha vendido a alma ao diabo.
É uma maneira de estar na vida de Durão Barroso. Barroso, esqueçam o Durão, quem iria acreditar que ele é durão depois de ver as cenas da comédia fatela do mordomo lusitano de rabo alçado, a abrir os portões das Lajes para receber Bush, a Mónica Lewinsky de Bush que se chamava Toni e o carregador de malas Zé Maria, que iam aldrabar o mundo com armas de destruição maciça que não existiam. Existia um ditador brutal, ex-amigo deles todos, a mandar num país deitado sobre vastos lençóis de petróleo.
As histórias que essa malta inventa para justificar as malfeitorias que fazem.