Muito melhor do que se esperava… ela, a geringonça, lá vai andando, “contra ventos e marés”!
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A simpatia interessada pelo BE
São coisas destas que me tiram do sério. Sim, posso até aceitar que fico com azia. Mas quem não ficaria, perante o fervor com que os media pegam ao colo no BE e lhe garantem a progressão que, de outra forma, muito dificilmente conseguiria. São absolutamente corretas as teses que defendem que o sucesso do BE mais não é do que uma construção erigida no espaço público pelos media, provavelmente manipulados por gente receosa do crescimento de outras forças de esquerda, mas seguramente orientados por uma fação jornalística que simpatiza, de há muito, com a política de causas patrocinadas pelo Bloco, com as quais ocultaram raízes ideológicas, de tal forma que hoje não sabemos, com rigor, onde se inspira este partido, embora recordemos as origens estalinistas e trotskistas que estiveram na sua base,acompanhadas pela admiração pelos socialismos albanês e chinês.
Pelo exemplo retirado do “Expresso” e mostrado acima se comprova que os “gatekeepers” continuam a aplicar a mesma seletividade de sempre. A mesma visão enviesada que os impede de cobrir uma ação do PCP, porque, dizem, “é sempre a mesma coisa”, “a mesma cassete”, o “mesmo discurso de sempre”.
Talvez seja, porque os problemas continuam a ser os mesmos: a precariedade, a exploração, o desemprego, o abuso patronal, os baixos salários, os ataques à contratação coletiva. A pobreza e a miséria.
É uma seletividade que cansa, porque sempre apontada na mesma direção.
Em particular porque sabemos quem é que está à frente das lutas nas empresas, quem é que organiza as ações reivindicativas nas ruas, quem é que cria condições, mais do que ninguém, para o desgaste da direita, que, nos sindicatos, trabalha afincadamente.
Claro que é necessário olhar para o reverso da medalha. E o que lá está, do ponto de vista da justiça das causas, do valor das ações, tem valor real muito elevado. Porém, o valor facial desse reverso, do ponto de vista da agilidade pública e mediática, continua a ser reduzido.
Nesse reverso está uma linguagem que, apesar de transmitir valores justos e corretos, é velha, embora aqui e acolá pontuada pela luminosidade de que só alguns protagonistas partidários são capazes. Uma linguagem associada a métodos de comunicação ultrapassados, ao esquecimento imperdoável das redes sociais, ignorando que, provavelmente, a esmagadora maioria dos jovens consome informação não na imprensa tradicional, mas sim em meios como o Twitter, o Reddit ou o Facebook. Veja-se o exemplo de Jeremy Corbin, o recém-eleito líder do Partido Trabalhista Britânico, que posta no Facebook boa parte das suas interpelações no parlamento ao primeiro-ministro conservador, as quais são baseadas, essencialmente, em questões que lhe são remetidas por cidadãos.
A popularidade mediática do BE é uma construção de “Gatekeepers” motivados por diferentes interesses, mas também não deixa de ser o resultado de algum talento e de uma inevitabilidade do funcionamento do espaço mediático: quem não ocupa lugar, perde-o. Ou seja, se não nos fizermos ouvir, outros serão capazes de o fazer por nós.
Não basta falar. É fundamental que nos façamos ouvir. E aí, mas só aí, o BE vai à frente…
Depois disto, é fundamental uma nota final em jeito de declaração de interesse. Não sou dos que diabolizam o BE. Acho até, como se veio a demonstrar, que são parte fundamental de uma solução de esquerda para o país que defendi com alguma intensidade nos últimos anos. Porém, é impossível não reparar nas abissais diferenças de cobertura mediática entre o BE e o PCP…
Uma bomba de relógio ameaça a europa e a democracia
É miserável o espectáculo das negociações entre a Grécia e a CEE, BCE e FMI, as reuniões do Eurogrupo e dos primeiros ministros. Uma comédia cínica em que a tragédia grega se consome. Um banquete mal encenado de abutres que em público se disfarçam de pelicanos, com a comunicação social domesticada a sustentá-los, de forma directa ou sinuosa. Nós, portugueses, somos enxovalhados e envergonhados pelas declarações da múmia paralítica que habita em Belém, do texugo Passos Coelho com as suas frases estereotipadas e fedorentas da assexuada pinguim Maria Luís Albuquerque (concorrer com a Merkel não é fácil!) a grasnar inanidades. Todos com a mesma contumácia com que aqui dentro mentem, cometem os maiores desaforos. Olham e lêem a realidade com os seus olhinhos infantis de bandido, a ver se a miséria que plantam, o ogre que alimentam, continuam à solta. Os últimos anos de roubos ao povo português, os rombos no erário público, a venda ao desbarato dos bens públicos, resultaram num enorme e rotundo fracasso. Um gigantesco e assustador monolítico avança a grande velocidade para Portugal, ameaçando-nos: a dívida já é 130% do PIB, há quatro anos era 95%! Os cofres voltaram a estar cheios, mas agora de passivos, de dívidas! A economia continua em coma! A dívida, o serviço de dívida continua imparável, foi empurrado para mais longe! É o caminho certo para o desastre! No horizonte, se não se mudar de política, o caminho de pedras dos gregos.
Cá como lá , a questão de fundo não é económico-financeira! É política! Olhe-se para a Grécia, os números já pouco interessam. Como já tem pouco interessa que a Grécia tenha chegado ao fundo do buraco onde está pela mão do PASOK e da Nova Democracia que, durante seis anos, aplicaram o receituário da troika que provocou a catástrofe actual. Nem interessa se as estratégias negociais da Grécia/Syriza foram incipientes e, por isso, as negociações se complicaram por erros de encenação e representação no teatro de sombras da diplomacia. Nem sequer o mais importante do que está em jogo são os milhões que a Grécia tem que receber para não entrar em bancarrota. Há argumentos que banzam pela falsidade, pela perfídia. Agora, sendo difícil continuar a apoiar as exigências das instituições, apareceu uma nova cáfila de comentadores e jornalistas que dizem compreender a inflexibilidade do FMI, por não ser um organismo político (esta é de morrer a rir!) e por o dinheiro do FMI ser duzentos países, pelo que deve ser seu guardião e defensor. O FMI enquanto ameaça a Grécia se não pagar dois mil milhões de euros, empresta mais 40 mil milhões, a somar a um primeiro empréstimo de 15 mil milhões, à Ucrânia já depois da Rada, o parlamento desse país dirigido por uma camarilha corrupta nazi-fascista, ter aprovado uma lei em que se decreta o não pagamento aos credores! A Ucrânia está e declara-se em bancarrota, o FMI, a CEE e os EUA continuam despreocupadamente a conceder-lhe créditos, sem uma carquilha de hesitação.
É falso que a dimensão da crise grega seja principalmente económica e financeira. A Grécia representa menos que 2% do PIB da CEE. Uma irrelevância! Discutir e encharcar os noticiários com danças e contradança dos números e das medidas propostas ée contrapropostas, é falsear a realidade. A crise grega é uma crise política! A humilhação que a matilha neoliberal quer infligir à Grécia é para que a Grécia se torne um exemplo de como a democracia só existe, só interessa e é aceite se cumprir as regras impostas pelos mandaretes do grande capital, a direita e seus aliados, os socialistas tipo Hollande ou Blair e outros, conjunturalmente mais moderados na via da infidelidade à sua matriz. A esquerda que, mesmo timidamente e sempre de cedência em cedência, ousou enfrentar esses padrões está condenada ao ostracismo. Um aviso aos eleitores dos outros países europeus, votem, votem sempre para fingir que a democracia é um valor universal da civilização ocidental. Se votarem num partido mais à esquerda ficam condenados a serem excluídos da nossa grande famíglia, que procura que o modelo eleitoral se vá apurando até alcançar a grande mistificação do modelo norte-americano em que se escolhe entre hilarys e bushes. Para essa gente o voto só é válido se legitimar o trânsito entre uns e outros, outros e uns que só se diferencia nos pormenores. A máfia democrática o que quer , humilhando o povo grego, a sua vontade expressa nas urnas é condicionar a liberdade de escolha, a liberdade de voto, violar a consciência cívica e política dos cidadãos. O que se quer impor é uma democracia fortemente vigiada. A democracia do campo de concentração do grande capital, a ditadura dos mercados. Nada disto devia ser inesperado. Se o Syriza acreditava que a Europa iria aceitar a vontade do povo grego, que a solidariedade europeia era mais que uma declaração inscrita num papel é porque não estava preparado para enfrentar a Europa.
Foi armado de slogans, atirar-se ao mar de tubarões que a Europa é com os seuss dirigentes marionetas dos grandes grupos financeiros. A crise grega, estes últimos cinco meses, contém grandes ensinamentos e deve provocar grandes preocupações na Esquerda. O Syriza, enredado nos seus ziguezagues ideológicos, está a perder uma oportunidade histórica com uma política de sucessivos recuos, sem ter cavado uma trincheira bem armada onde pudesse resistir e, eventualmente, contra-atacar. A derrota do Syriza, como se está a desenhar, é uma derrota para toda a esquerda, sem poupar nenhuma força de esquerda, das mais coerentes ás mais vacilantes. Do ponto de vista prático não se percebe como é que o Syriza assim que foi empossado não tomou medidas para evitar a fuga de capitais, chegaram aos mil milhões por dia. Como não nacionalizaram bancos, deixando-os em roda livre em conluio com o BCE. Conluio alargado ao Banco Central da Grécia. Sem ferramentas financeiras os 50 000 milhões que existiam no tesouro, nos bancos e nos depósitos, quando formaram goiverno, começaram a desaparecer, antes de mais para pagar a dívida que tonitruantemente diziam não ir pagar ou não pagar com as condições que até aí tinham sido impostas. O plano anti-austeridade do Syriza foi sendo ruidosamente roído pelas instituições, até se chegar a este beco. Deixaram que os recursos que inicialmente dispunham, fossem pilhados pela União Europeia e seus comparsas, o BCE e o FMI. Enquanto isso, julgavam que a Europa se preocupava com o efeito da saída da Grécia no euro? Ou, do ponto de vista político, que a Europa se assusta com um possível reforço da Aurora Dourada, que Tsipras e Varoufakis a espaços, acenaram? Pensavam que as instituições se comoveriam com o voto do povo grego num programa que punha em causa, a austeridade, apesar de, em muitos pontos, ser evasivo? Depois de a banca privada, sobretudo a alemã e a francesa, ter ficado a salvo de possíveis incumprimentos gregos, para isso serviram os últimos empréstimos e não para apoiar a Grécia a sair do ciclo vicioso que a tritura à meia década, atingido esse desiderato, era previsível que a troika apertasse os cordões à bolsa, continuando a apertar o garrote com medidas de estruturais que são a pirataria mais descarada da economia, das infra estruturas, da já depauperada soberania dos países a bem dos mercados e do capital financeiro.
O maior peso da direita mais radical até ao nazi-fascismo na Europa, mesmo no mundo, não é coisa que cause grande preocupação, tal como num passado ainda recente, aos corifeus europeus. O grande capital europeu e trasantlântico foram grandes suportes da subida de Hitler ao poder, enquanto a esquerda se dilacerava. A história tem sempre lições que não devem ser esquecidas. Para essa gente a vontade de um povo é zero se não estiver em consonância com o poder político a mando do capital financeiro. Não é surpreendente que o Syriza, tal como o Podemos, em Espanha, o Cinco Estrelas, em Itália e o mais que aparecer por essa Europa sempre que necessário, tenha sido acarinhado como uma alternativa à esquerda classificada de tradicional O que não deixa de ser surpreendente é que se descredibilize por culpa própria e seja descredibilizado de maneira tão rápida. Perderam utilidade para os mandatários e ideólogos do pensamento único. Num primeiro momento ainda devem ter calculado que, ao aliarem-se com um partido de direita xenófoba, o ANEL, acabariam por ser aceites. Nos primeiros meses, tudo parecia correr de feição, enquanto o Syriza ia deslocando as suas linhas vermelhas até à beira do abismo de perderem completamente a confiança do povo grego, sobretudo os seus votantes. Terá acreditado o Syriza que a troika se comoveria com a vontade do povo grego e que havia um ponto em que, depois de tantas cedências, aceitaria um programa completamente desfigurado, mas que mesmo assim, não correspondia totalmente às suas exigências? Aparentemente foi o caminho que seguiram em cinco meses de negociações que lhes demonstravam o contrário. A inépcia política, os princípios cambaleantes, os radicalismos de pacotilha, são o caldo de cultura para, quando chega o momento das decisões estratégicas, seguir sempre o caminho da colaboração, muitas vezes já sem regras, que acaba por deixar os povos sem alternativa.
A Europa range os dentes ao referendo que é a tábua de salvação de um Syriza, de uma certa esquerda, perante um naufrágio anunciado. O referendo é o último recurso para voltarem a ter algum crédito. O problema é que podem ganhar o referendo mas se continuarem pela mesma via a derrota do povo grego está garantida.
A grande ilusão que os Syrizas espalham, que a Grécia demonstra de forma ineludível, é que quando um governo de esquerda chega ao poder tem que assumir medidas para ter poder real. Está condenado à derrota se não as assume. Poder real que só se consegue com o controle, ainda que parcial, do poder económico, com o controle das alavancas essenciais do poder económico para terem poder político. Sem armas para controlar ou fortemente influenciar o complexo financeiro- industrial, o grande comércio, a grande agro-indústria, os meios de comunicaçâo social, que dominam o aparelho de Estado, ficsm de mãos atadas. Ao não assumir essa frente de luta o Syriza começou por ser saudado, nos grandes órgãos de comunicação social da Europa de da América do Norte, pelo seu realismo político. Os elogios ampliaram-se quando enfrentou internamente, dentro da sua coligação, as tendências de esquerda (Plataforma de Esquerda, Tendência Comunista, Ambientalistas) em nome de um acordo com a Europa, justificando cedências consideráveis, sem perceber, por inépcia política e débil preparação ideológica, que a Europa, tinha por único objectivo prolongar, continuar os programas de austeridade que tinham arrasado a Grécia, atirando-a para níveis de pobreza inimagináveis. O realismo político de Tsipras, o marxismo errático e libertário de Varoufakis, passeando essa nova política de reunião em reunião, de concessão em concessão, foram demonstrando que o que havia de facto de novo era o sem-gravatas, as fraldas da camisa de fora.
A inefável Europa Connosco, através da crise grega, está a enviar um sério aviso aos povos europeus. Deixem-se dessa treta da democracia, da vontade popular. Não podem votar em quem, mesmo que timidamente, belisque os interesses do grande capital. Não se tolerará nem sequer um Syriza! Em Portugal, para esses ditadores de fachada democrática, votar no Partido Comunista Português e seus aliados ou no Bloco de Esquerda só será aceite se a discriminação for garantida. Se forem encerrados num ghetto onde podem esbracejar, vociferar desde que não saíam do ghetto por o ghetto estar bem cercado. Gente avisada, a gente gira de o Livre/Tempo de Avançar preparou-se para a bênção da farsa democrática. Já fez a primeira comunhão. A comunhão solene seguir-se-á. Sabem que Bruxelas, atenta à voz de Berlim, recompensa os traidores.
A derrota do Syriza, por mais fortes e justas críticas que se lhe façam, será uma derrota para toda a Esquerda, não só na Europa mas no mundo. A Esquerda, sem ter que alinhar com o Syriza mas serm necessariamente excluir o Syriza, vive um momento histórico na luta contra a direita de fachada democrática e seus aliados do centro e de uma esquerda latrinária que de esquerda só tem o nome. A procura de alianças à esquerda, por mais difícil e dolorosa que seja, é necessária, sem quebras de princípios fundamentais, com o objectivo bem definido de enfrentar e derrotar a direita e seus comparsas. Tendo bem claro que o poder abstracto, não escrutinado do capital financeiro ocupa largos territórios, que a sua ditadura é bárbara e totalitária. Que já tem, nas linhas recuadas, o nazi-fascismo perfilado no horizonte. Cresce em toda a Europa. Já está no poder, de facto ou lateralmente, na Hungria, na Croácia, na Polónia, nos países bálticos, na Ucrânia. O ovo da serpente está a ser chocado. A luta vai ser áspera e muito dura. A esquerda tem que se realinhar. Será que a lição do Syriza será aprendida? As ilusões espalhadas por esse revisionismo de esquerda, pagam-se caro, e são pagas por toda a esquerda.
As ilustrações utilizadas, do grande artista que foi John Heartfield, devem ser olhadas com a devida distanciação histórica, apesar da sua actualidade
Syriza por lá e por cá
O que se está a assistir na Grécia com o Syriza, não é novo. Pelo contrário, tem anos de histórias variantes que acabaram sempre em desastre. Constroem citadelas que dizem inexpugnáveis e acabam por ruir com maior ou menor estrondo, com maior ou mais graves consequências para o povo. O Syriza, desde que se transformou em partido, repetia proclamações que atearam as esperanças dos gregos submetidos à violenta austeridade imposta pela troika: “(…) nunca iremos baixar a cabeça, nunca iremos aceitar a continuação dos programas de austeridade(…) Se ganharmos estas eleições, o pessoal da troika nunca mais pisará o chão de Atenas” . Tinha chegado a “Hora da Mudança” , palavra de ordem repetida à exaustão.
A crença na determinação do Syriza, ultrapassou fronteiras. Correu mundo. Os teóricas de uma esquerda moderna e alternativa, entre outros Naomi Klein, Toni Negri. Atílio Boron. Noam Chomsky, deleuzianos e guatarianos de várias cambiantes, embandeiraram em arco. Alexis Tsipras era o heroi libertador das esquerdas ortodoxas e dos extremismos esquerdistas, como se uma coisa e outra fossem compatíveis, apesar de todas as alianças tácticas, sempre possíveis. Finalmente, depois de tantas vezes anunciado e tantas vezes falhado, tinha chegado o Messias, o fundador da Esquerda do Século XXI A imprensa, dominada pelo capital, é bom não esquecer, colava o código de barras que garantia que o Syriza era um partido de esquerda radical. O New York Times chegou a escrever que Tsipras era o “Hugo Chavez helénico, capaz de tira a Grécia da União Europeia e romper com o euro”. coisa que ele nunca disse. Uma farandola bem ao gosto dos tempos que correm que se agarram às tábuas do acessório para que o essencial sobreviva.
Passada a euforia do triunfo eleitoral, triunfo ganho contra uma desenfreada campanha de chantagem sobre os gregos, reafirmadas as promessas de ir de peito feito contra a ditadura neo-liberal da troika, a dupla de argonautas pós-modernos, Tsipras e Varoufakis, irrompem Europa fora, embalados pela maioria conquistada. Quase dois meses decorridos o que resta? Pouco, muito pouco. A vaguíssima promessa de o ordenado mínimo ser aumentado a partir de Setembro, mesmo assim às fatias. Privatizar o que já estava decidido com o governo anterior, com a afirmação que não haverá mais privatizações o que, pelo vento que sopra, é bastante improvável. Voltar a repor um sistema de saúde e um programa de apoio aos desempregados e aos imensos pobres que os programas da troika fomentaram, o que continua em banho maria. Das bandeiras que desfraldaram durante três anos, os panos rompem-se, os buracos crescem ameaçam ser um enorme buraco. O Programa de Salónica do Syriza, Setembro de 2014, foi totalmente rasgado por Alexis Tsipras e Yannis Varoufakis quando, em nome de “um compromisso histórico em moldes europeus”, assinaram um Memorando, uma reedição, vagamente melhorada, do assinado pelo governo anterior da Nova Direita de Samaras.
É por demais evidente que o Syriza, não tem ideologia, não tem programa. Tem um discurso de ruptura que, na situação de países como a Grécia e países que enfrentam as crise económicas com programas de austeridade violentos e que se manifestam inúteis, é aliciante, resulta num momento, mas pode ter sequências que se podem revelar muitíssimo perigosas. Na medida em que o discurso vacilava capturado pela realidade, dizem deliciados os esmagados, uns mais outros menos, pelo pensamento único em todas as suas nuances, o que fica de uma suposto radicalismo de esquerda, é a imagem de Tsipras e Varoufakis desengravatados no meio dos hirtos e engravatados burocratas e políticos europeus. Fica uma imagem de marca, muito pouco para as esperanças que o povo grego neles depositou, com ecos em muitos outros povos europeus, embalados por um fraseado de fachada revolucionária contra os bombardeamentos neoliberais. A contestação na Grécia a essa submissão do Syriza aos programas de austeridade atrelado ao euro, inicialmente corporizada pelo Partido Comunista Grege (KKE), que desde o primeiro minuto denunciou as ilusões semeadas pelo Syriza, alastra ao próprio Syriza, onde as organizações de esquerda que o integram, dos vários grupos trotskistas aos maoistas, dos revolucionários do KEDA aos grupos ambientalistas e feministas, votaram contra o acordo assinado com as instituições, um nome mais aceitável para a troika, e começam a vir para a rua, contestando o fracturado Comite Central do Syriza.
Anote-se que mesmo esse discurso de ruptura frágil, como se veio a demosntrar, colocou em polvorosa os troca tintas coelhos e rajoys, roxos de raiva a assistirem aos deplantes iniciais daqueles gajos quem têm o que eles não têm: apoio popular e tomates, apesar de muito pequenos como agora se vê, e o apoio popular se estar a evaporar
Limpo o palavreado de radicalismos, o Syriza revela-se o que sempre foi. Um partido social democrata mais à esquerda que os seus pares europeus, mas que não trai a sua matriz, a não ser na fraseologia e uns deslavados laivos eurocomunistas, colhidos quando os eurocomunistas já não se faziam passar por comunistas,
Desde sempre mostrou incapacidade em propor mudanças estruturais. Nunca considerou essencial acabar com a propriedade privada de sectores chave da economia como as finanças ou a energia. Nunca percebeu que o grande capital especulativo capturou as economias de todo o mundo. Que a chamada dívida soberana, nos tempos que correm em que os Estados deixaram de ser soberanos, é utilizada para sustentar o grande capital financeiro. Que utilizam os programas de austeridade, os ajustamentos e umas proclamadas reformas estruturais que , tudo junto mais não é que processos de cortar drásticamente os direitos sociais, precarizar o trabalho, tirar rendimento aos trabalhadores, aos pensionistas, aos pequenos e médios empresários. Dinheiro que desaparece da economia e não se sabe para onde vai. Ou antes sabe-se, desaparece nos labirintos complexos que os grandes megapólos financeiros construiram para o ocultar. Quer dizer, no papel até parecia saber embora logo aí tenha abdicado de ser governo com poder real, porque, com eles, o poder económico continuaria em poder dos menos de 1% da população grega onde se acoitam os grandes fugitivos ao fisco. Por vício ideológico, o Syriza nunca percebeu que sem a detenção de poder económico, o poder real é sempre reduzidíssimo. Que se, o poder económico continua nas mãos dos grandes grupos financeiros, industriais, do grande comércio, o verdadeiro poder está nessas mãos, que dominam o poder judicial, o poder financeiro e económico, os grandes meios de comunicação social. Esse um problema com que se debatem, ainda hoje, as revoluções bolivarianas, apesar dos avanços feitos. Por isso estão debaixo do fogo do capitalismo imperialista que os quer derrubar antes que se consolidem.
O resultado é esta capitulação, em quase toda a linha, perante os próceres neo- liberais.
Dos escombros dessa fragorosa derrocada, fica a alegria retórica dos fogachos. Finalmente discutiu-se política, dizem políticos, comentadores políticos, comentadores dos comentadores políticos, salivando nostalgias! Discutiu-se? Ou foi mais fraldas de fora?
Por cá, neste Portugal/ feira cabisbaixa/ meu remorso/ remorso de todos nós, os nossos syrizas, por mais que encham o peito de syrizices, nem arriscam. Sentam-se à sombra do Partido Socialista, prudência e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém que queira ter a garantia de trilhar as estradas conhecidas, talvez com menos pedras e buracos, da Europa Connosco com o socialismo engavetado! O que se pode inferir, com toda a propriedade, ao espremer as declarações de António Costa, quando foi anunciada a vitória do Syriza nas eleições gregas “A vitória do Syriza nas eleições na Grécia é “mais um sinal” da mudança da orientação política que está em curso na Europa(…)É mais um sinal da mudança da orientação política que está em curso na Europa, do esgotamento das políticas de austeridade da necessidade de termos uma outra política que permita fazer com que a moeda única seja efetivamente uma moeda comum” Foi esse o caminho que Tsipras e Varoufakis seguiram com os resultados que estão à vista. O necessário não é uma mudança de orientação política é uma MUDANÇA DE POLÍTICA!
Voltando às viagens na nossa terra, ao Bloco de Esquerda, Livre e o alfobre de partidos e associações que estão a surgir como cogumelos, à sombra cada vez mais reduzida dos syrizas europeus. É patético ouvir e ver os danieis oliveiras, os ruis tavares, joanas e anas mais a restante tropa fandanga muito bem acolhida e protegida pela comunicação social estipendiada, que aquilo é gente gira que só faz cócegas ao poder. Parafraseando Luiz Pacheco na Carta a Gonelha: o que eles querem sabemos nós de ginjeira: tachos e cacau.
A abdicação do Syriza, a humilhação que lhe estão a impor, Schaulbe esfrega as mãos em público por Merkel não o poder fazer, é uma derrota para a esquerda, o que não pode alegrar ninguém que seja de esquerda, mas é um motivo para vasta e funda reflexão.
Debates à Esquerda
As eleições legislativas aproximam-se a passos largos. Depois de anos de hecatombe social está por perceber se há novas alternativas à coligação da Direita.
Resistirá o actual quadro partidário, mantendo-se a tradicional alternância dentro do centrão? Ampliar-se-ão os sinais de fragmentação de voto já manifestados nas últimas eleições autárquicas e europeias? Surgirá à Esquerda uma nunca experimentada alternativa credível e com possibilidade de aceder ao poder?
O estado de degradação a que governação da Direita conduziu o país nos últimos anos tornou imperiosa a existência de uma alternativa política. Uma alternativa de opções de fundo, que não apenas uma mera alternância entre os velhos, ou novos, protagonistas do centrão (PS, PSD e às vezes CDS) e as suas políticas que pouco se têm distinguido nos últimos quase quarenta anos. Anos marcados pela sobreposição do poder financeiro.
A interrupção do desastre terá que considerar como objectivos de primeira ordem a manutenção do Estado social, nomeadamente no acesso à educação, à saúde e à segurança social, a definição de um sector público estratégico inalienável, a prioridade da criação de emprego e a valorização do trabalho. Para o conseguir não restarão muitas dúvidas de que a dívida terá que ser reestruturada, bem como renegociada a aplicação dos critérios do tratado orçamental que pesam sobre o país e a maioria dos portugueses como uma pesada canga.
Uma das linhas de debate à Esquerda tem sido o papel que o PS pode ter nessa alternativa. As actuais movimentações no seio do Bloco de Esquerda, que culminaram com a saída de alguns seus militantes proeminentes, imbricam, segundo os próprios, na relação com o PS e na possibilidade de o influenciar em algumas opções cruciais.
Pretendem alguns que a alteração de fundo de que o país precisa passa pela perspectiva de o PS regressar ao poder nas próximas eleições legislativas. Propõem-se a com ele negociar para lhe mudar a sua longeva postura de partido centrista, que oscila entre a social-democracia e a tentação néo-liberal… Ora piscando à esquerda, ora à direita.
As intenções parecem boas. Fazer o PS virar à Esquerda e partilhar uma nova postura sobre aquele que é o actual nó górdio da situação política e económica do país – a necessidade de negociar as políticas decorrentes do tratado orçamental europeu, que consequências tão nefastas têm trazido para o país.
É expectável que o PS, que em Abril de 2012 votou favoravelmente o tratado sem qualquer objecção, venha a ter alguma atitude séria que conduza à sua renegociação? Nem Costa nem Seguro foram até à data explícitos sobre o tema, percebendo-se o quão manietados estão pelos compromissos com os seus colegas europeus. Não fossem, aliás, os socialistas europeus co-responsáveis pela monstruosidade que afunda o país.
Resulta claro que só um reforço eleitoral à esquerda do Partido Socialista poderá fazê-lo inflectir de posição e levá-lo a negociar. Uma alteração que corroa a sua expressão eleitoral e reforce, nomeadamente, um eixo que tem hoje expressão no CDU-PCP/PEV e BE, ou outras formações desta área política.
Mas é também lamentavelmente claro, como já aqui exprimi em (1) e (2), que o eleitorado não tem tido à sua disposição uma opção clara de Esquerda que lhe dê um sinal de esperança numa solução de governação. Só o crescimento eleitoral dessa área poderá criar uma nova opção política na sociedade portuguesa que se equilibre com o Partido Socialista, numa perspectiva de efectivo acesso à governação. E aí talvez seja possível negociar seriamente com o PS. Não antes disso.
Sem um pólo agregador e por “falta de comparência” pode começar a ser tarde para que o eixo da alternativa política se desloque para a Esquerda. E como não há vazios em política essa ausência será preenchida por novas formações ou pela manutenção do centrão.
São algumas as experiências de limitado (?) sucesso de grupos que tenta(ra)m influenciar o rumo centrista com laivos de neoliberalismo do PS. Do MES à Refundação Comunista, passando pela Fraternidade Operária/UEDS de Lopes Cardoso. Sempre acabaram acomodados no velho PS centrista. E mais ou menos transformados em lenços avermelhados na lapela rosa socialista…
O Grande Arrependido
Francisco Louçã confessa que um dos grandes erros do Bloco de Esquerda foi o não ter ido ao beija mão da troika. Reconhece que tudo aquilo era uma treta, um simulacro de negociação, que podia entrar mudo e sair calado ou podia falar pelos cotovelos que nada mudaria. Nada? Não é bem assim. A opinião pública, na magna opinião dos senadores bloquistas, não percebeu a atitude e isso foi determinante na perda de votos. Para a próxima o Bloco já estará a preparar um número que não escapará à comunicação social que não perderá a oportunidade de fazer o registo dessa conversa nem que seja pelo intercomunicador. Por um voto vende-se a alma a quem a quiser comprar, mandam-se os princípios ás urtigas.
O Bloco de Esquerda já telegrafou e enviou mails à troika agendando encontro. Na sua próxima visita a Portugal os dirigentes bloquistas irão apresentar-se de pé descalço, um símbolo do país, e baraço ao pescoço, imagem de arrependimento, beijando o anel sagrado do FMI. Tem preparada uma grande venda de fotografias autografadas do evento que servirão para pagar o hino do BE nas próximas eleições já encomendado ao Michael Carreira, depois de uma grande discussão política em que concluíram que o Tony é um cota e não serve para a imagem de gente jovem e gira que deve ser colada ao Bloco de Esquerda.
Curiosidades…
Ao ler aqui e aqui a discussão gerada no interior do Bloco de Esquerda a propósito dos maus resultados eleitorais nas últimas eleições legislativas, em particular no que diz respeito à necessidade de uma possível substituição da direcção partidária e ao facto de a discussão estar a ser feita de forma pública, em particular por Daniel Oliveira, lembrei-me bastante de situações ocorridas no passado noutros partidos e da forma como os bloquistas quiseram aproveitar tais problemas, afirmando-se diferentes e melhores.
Bem sei que corro o risco de ser injusto e que posso ter a visão toldada pela minha militância partidária, mas o que me parece é que agora se constata, curiosamente, que, afinal, Fernando Rosas utiliza argumentos semelhantes aos dos comunistas quando estes contestavam que a discussão dos assuntos partidários fosse feita na praça pública. Nem sou dos que tem uma opinião mais negativa sobre a discussão pública de assuntos partidários e, por isso, não me choca particularmente tal prática. Acho apenas curioso que, afinal, alguns bloquistas venham, anos depois, dar razão aos comunistas ao usar o mesmo tipo de argumentação (Rosas acusou Oliveira de apresentar as suas propostas na RTP, mas não no interior do partido).
Ou seja, lá se foi a diferença do Bloco que, acredito, nunca terá existido, mas que, de facto, foi muito bem impingida.
Kadafi e o Bloco
O Bloco de Esquerda, emanação estalinista da facção Enver Hoxha, conjugada com o mais puro trotskismo lusitano, sempre se esforçou por nos fazer crer que não tem passado. Mas tem. Por isso soa tão estranho ouvir José Manuel Pureza fazer um ataque tão cerrado, na Assembleia da República, ao autor do Livro Verde.
Nem sei qual é o passado de Pureza, mas, pelo menos, deveria preocupar-se em respeitar o passado dos outros…
Os principais militantes e fundadores do BE até podem ter mudado de opinião. Radicalmente. Mas, que se saiba, nunca renegaram, publicamente, tudo o que disseram no passado sobre os líbios, todas as manifestações de adoração pelo grande líder.
Nunca acreditei nisso, mas sempre me foram contando que esta rapaziada acumulou muitas milhas a caminho de Tripoli em tempos que já lá vão.
Um pouco mais de decoro ficaria bem… Mas já sabemos que isso é difícil no BE.
Os herdeiros da UDP
A moção de censura do Bloco de Esquerda é um sucesso! Pelo menos dois dirigentes do próprio BE já se demitiram em protesto contra a forma como foi decidida a moção. Ao que parece, uns dirigentes que são mais do que os outros reuniram-se e decidiram apresentar a censura que, afinal, não vai mesmo ter qualquer efeito prático, senão a da censura de militantes do BE ao próprio BE.
A narrativa da pureza orgânica do BE, construída por oposição à suposta degenerescência do funcionamento centralizado da democracia interna do PCP, cai, assim, por terra e com estrondo. Afinal, o BE é portador dos mesmos vícios de que sempre acusou os outros e isso fica agora claro no momento em que o partido se sente acossado pelo disparate que cometeu ao apoiar Manuel Alegre.
Mesmo o mais desatento português já percebeu que a moção de censura se destina apenas a salvar a face de Louçã, depois do desaire de Alegre e da caminhada que fizeram de braço dado com o PS. Louçã precisa de se distanciar, e fá-lo de forma infantil, anunciando uma moção que, proposta pelo PCP, havia rejeitado dias antes.
Louçã sentiu o chão a fugir-lhe debaixo dos pés e, como o artista que vê o público abandonar a sala perante uma fraca performance, apressa-se a tirar da manga novo truque.
Pior é impossível…
A postura de Louçã e companheiros não é, porém, de admirar. Afinal de contas, o BE mais não é do que o herdeiro do mais puro estalinismo, ao estilo albanês, dos inspiradores da extinta UDP. Mas andam há anos a querer convencer-nos do contrário.
Desorientação
Francisco Louçã, desorientado pela perda de protagonismo que representa a dianteira tomada pelo PCP ao anunciar a intenção de apresentar uma moção de censura, atira-se com sofreguidão ao governo e anuncia a sua própria moção, isto depois de se ter recusado a dizer se apoiaria, ou não, uma moção de censura do PCP, apoiando-se em declarações vagas e sem consequências.
Louçã faz lembrar os artistas que, depois de muito tempo afastados da ribalta e já desorientados pela falta de carinho dos admiradores, tudo fazem para captar a atenção do público. É o vício do espectáculo…
Tiros no pé
O Bloco de Esquerda, que tem o dedo leve no gatilho e é adepto da velha máxima do faroeste segundo a qual se dispara primeiro e se fazem as perguntas depois, acaba de dar um monumental tiro no pé.
Em Famalicão, o deputado municipal bloquista desatou aos tiros contra a maioria camarária acusando-a de “discriminação e xenofobia”. Nada mais nada menos. Dois tiros em cheio, pensou o deputado Pedro Soares. Enganou-se.
Os bloquistas puxaram do argumentário preferido e acusaram a autarquia de racismo porque o regulamento municipal de venda de habitações a custos controlados, elaborado ao abrigo de legislação com mais três décadas, só permite essa venda a cidadãos nacionais. “Grave atropelo”, proclamou Pedro Soares. Malditos racistas, desgraçados xenófobos, ponham-se em guarda que aqui vão os intrépidos e justiceiros bloquistas salvar os fracos e oprimidos!
Estava o deputado embevecido com a pontaria quando lhe dizem que, afinal, em Salvaterra de Magos, a ÚNICA Câmara Municipal presidida pelo BE, as regras são exactamente iguais. Pedro Soares nem perdeu a compostura, embora tivesse o pé completamente esfacelado. Em declarações publicadas no jornal “Público”, o bloquista «lamenta que o autarca de Famalicão “não queira emendar a mão”. E agarra-se aos princípios. “Qualquer regulamento com estas características deve ser corrigido, seja em que câmara for. Não deve haver discriminação entre munícipes em razão da sua origem ou raça”, defende». Brilhante!
Aguardo ansiosamente pela intervenção dos deputados bloquistas na Assembleia Municipal de Salvaterra de Magos contra a «discriminação e xenofobia» também praticada por esta autarquia nos seus regulamentos. Isto, naturalmente, para evitar que esta Câmara Municipal seja discriminada.
A rapidez com que esta rapaziada dispara, atingindo a própria sombra, nem é nova. Ainda há dias fizeram uma parecida em Setúbal, o que indicia que a ligeireza no gatilho está espalhada pelas estruturas bloquistas de sul a norte.
Ah grande Bloco de Esquerda! Assim mesmo é que é!