Política, Trabalho

Mal qual acordo?

A cobertura noticiosa do “acordo” alcançado na concertação social, já esmiuçado aqui pelo Manuel Araújo, foi, de uma forma geral, absolutamente vergonhosa e destituida de rigor.

O disparate discursivo, que apenas favorece este Governo irmanado com o pior patronato, começa logo quando se apelida o monstro saído daquele simulacro de conciliação de interesses, como um “acordo” entre parceiros sociais.

Não será inocente esta designação, mas não se pode deixar de assinalar que falar de “acordo” é um manifesto excesso cometido com propósitos políticos claros. Como se pode designar o mais vil ataque aos direitos dos trabalhadores no pós 25 de abril como um acordo, quando a parte principal, a que mais trabalhadores representa, a que tem uma manifesta influência social e política nas empresas, nas administrações públicas e locais, que tem conduzido, com determinação, todos os processos de luta que conduiziram a inegáveis conquistas civilizacionais, não participou no “acordo”, não o assinou e abandonou o processo muito antes da tão celebrada assinatura ?

A ausência da maior, e, comprova-se agora, verdadeira e única central sindical do país deste acordo só poderia ter como consequência a imediata leitura nos media de que o “acordo” falhou. Mas não. Para a esmagadora maioria da imprensa portuguesa há mesmo um “acordo” assinado na concertação social. Mas qual acordo?

Assinale-se, pelo menos, a novidade de ouvir Torres Couto dizer que este disparate de uma “central sindical” que há dias apoiou uma greve geral pode ser o fim da UGT e que ele, que fundou a central (e que tem muitas culpas no cartório por aqui termos chegado) está, hoje, mais próximo das posições da CGTP do que das de João Proença.

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1 thoughts on “Mal qual acordo?

  1. A imprensa “de referência” está, de facto, ao serviço da associação de malfeitores que nos governa. Se não já teria ficado claro quem é a ÚNICA central sindical!
    Ou, dito de outra maneira, e para citar “o velho filósofo alemão” ( come se dizia na Seara Nova antiga para fintar a censura ): “As ideias dominantes são as da classe dominante”!

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