Geral

A Nato Modernaça

Terminou a Cimeira da NATO.

Um novo conceito estratégico foi aprovado. Tirando o entusiasmo lusitanamente parolo, os meios de comunicação social que pareciam estar todos focados em Lisboa, acabaram por dar pouca importância ao assunto.

Quanto é que isso nos custou a todos nós? Ainda estamos para saber! Esmifrados até ao tutano pelos sucessivos PEC’s e OE cozinhados pelo PS e o PSD, com o CDS a fingir indignação, a votar contra mas logo a andar aos saltos na primeira fila com a hipótese de um suposto governo de salvação nacional — o Paulinho ainda há-de revelar o que lhe agita a alma e chamá-lo governo de união nacional – deveriam dizer-nos quanto é que este teatro custou ao erário público?

Afinal como vai passar à prática o tão propalado novo Conceito Estratégico da NATO?

Ponto 1- Afeganistão: calendário de retirada 2016. Treinar a tropa e a polícia afegã para as tornar eficientes e autónomas.

O secretário-geral da ONU veio logo a correr dizer o que todos pensam: o calendário é uma coisa, a realidade outra. O problema central é que ninguém, ou praticamente ninguém, quer enterrar dinheiro naquele vespeiro.

Treinam o quê? Uma tropa sem armas pesadas, nem carros de assalto, com uma evidente falta de confiança nos recrutas.

Apontam também como objectivo o desenvolvimento económico do Afeganistão. Esperam o quê? Que o Afeganistão monopolize o comércio mundial de heroína?

De facto, com as tropas da NATO no terreno, aumentou a superfície cultivada com a papoila do ópio. Ainda por cima combate o desemprego, dá trabalho a muita gente. Só no amanho da terra emprega 350 pessoas/hectare, quase o triplo de um hectare de trigo que emprega uma média de 125 pessoas. Segundo números estimados pelas instituições das Nações Unidas e norte-americanas que investigam o tráfico mundial da droga, o Afeganistão em 2004 tinha uma cota de mercado de cerca de 40%, em 2009 assegurava o comércio mundial do negócio da heroína em cerca de 80% e a área cultivada tinha aumentado 35%. O negócio ascendia a 89 biliões de dólares. Um assinalável êxito económico a que a empreendedora família Karzai não será estranha. Daí as deferências com que a família NATO, acolheu o mano mais velho, chefe do governo, eleito de modo sui-generis.

Ponto 2 — escudo anti-míssil.

Proclamação feita a todos os azimutes, a Rússia já não é o nosso inimigo, o que tem o objectivo de calar a oposição da Rússia ao escudo anti-míssil tal como foi concebido por Bush.

Medvedev declarou-se muito satisfeito com essa alteração, mas foi avisando que escudo anti-míssil só com a Rússia em pé de igualdade. Sem isso nada feito e a isso ainda nada foi dito. Será também essencial o Congresso dos EUA aprovar o START 3 (Tratado para a Redução das Armas Estratégicas). Sem essa ratificação volta tudo à estaca zero. Não parece que os republicanos, agora maioritários, estejam pelos ajustes, .

O principal dos novos conceitos estratégicos logo se verá, os outros continuam em vigor, um ataque a um membro NATO é um ataque a todos, que coloca no tabuleiro um gambito de alto risco, como será quando a Geórgia for admitida como membro efectivo? A Ossétia e a Abhazia que a Rússia considera territórios independentes e a Geórgia, territórios seus, serão atacados pela NATO, para os devolver à Geórgia?

Há ainda um problema, esse mesmo de fundo e por onde todos passaram como gatos pelas brasas, quem irá e como se irão pagar os novos projectos militares da NATO? Os EUA não parecem dispostos, ou até capazes, de continuar a arcar com o grosso dos custos e os europeus não parecem muito interessados a abrir mais os cordões às bolsas.

Enquanto tudo isso não se resolve a malta ficou encantada com a hospitalidade portuguesa, com a organização portuguesa, com o não sei quê português e com a mais que provável desqualificação do comando NATO em Oeiras. Sócrates mal consegue disfarçar o inevitável.

Quer dizer gastámos à tripa forra, alimentámos os pacóvios cá do burgo, não foram poucos os que desfilaram pela comunicação social, sem evitar que o comando sediado em Oeiras baixe de divisão. Uns mal agradecidos.

Até parece que não há crise!

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