Costumes, Internacional, Política

Também sou norueguês!

Os noruegueses (quase cinco milhões) são habitualmente tidos como um povo pacífico e com um elevado nível de desenvolvimento humano, passe o facto de o seu país integrar uma aliança militar – que nós também integramos – envolvida em acções bélicas de muito duvidoso interesse. Os mesmos noruegueses que foram abruptamente abalados por um vendaval de violência para que ninguém está preparado. O alegado criminoso, também norueguês de nascimento, poderia ter nascido num qualquer outro país e cometido nesse qualquer outro país o morticínio que cometeu.

A xenofobia, que terá “justificado” os actos, anda de braço dado com o ódio e está por todo lado. Se há uma roleta da sorte, do destino, ou do que se lhe queira chamar, ela parou desta vez em Oslo e na ilha de Utoya. Mas poderia ter parado sem Lisboa, ou em Setúbal, ou em qualquer outra cidade da Europa ou do mundo.

Por isso, por estes dias, também sou norueguês!

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Costumes, economia

Um país de velhos e com os imigrantes de partida?

Com o avolumar da crise o número de residentes estrangeiros em Portugal está a diminuir. Esse número terá diminuído dois por cento em 2010, segundo o Relatório de Imigração, Fronteiras e Asilo do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. Se o facto tranquiliza aqueles que vêm na imigração uma ameaça, ele pode também ser um mau sinal para um país em quebra demográfica, que envelhece e se desertifica rapidamente e que depende já significativamente dos imigrantes para a renovação da sua população.  

Segundo aquele relatório “O Brasil mantém-se como a comunidade estrangeira mais representativa, com um total de 119.363 residentes, mantendo a tendência de crescimento sustentado, que ocorre desde o início do século. A Ucrânia permanece como a segunda comunidade estrangeira mais representativa (49.505), seguida de CaboVerde (43.979), Roménia (36.830), Angola (23.494) e Guiné-Bissau (19.817 cidadãos)

O tema de imigração entrou definitivamente nas preocupações dos portugueses, como se pode verificar pelas discussões públicas que suscita e que a mera consulta dos comentários às respectivas notícias na imprensa facilmente ilustra. Questão que, desde há muito, se conhece nos tradicionais países de destino, na chamada Europa rica, que também acolhe centenas de milhares de emigrantes portugueses. A Portugal, até há cerca de duas década, quase que só chegavam migrantes das suas antigas colónias. A crise brasileira dos anos noventa e a desintegração da União Soviética e do bloco do leste europeu, bem simbolizada pelas guerras da ex-Jugoslávia, marcaram o ponto de partida para um novo fluxo de migrantes em toda a Europa. À época entrava em funcionamento o espaço Schengen (1992) que viria permitir a livre circulação de pessoas entre os países subscritores. Em poucos anos o país tornou-se destino de imigrantes, apesar de os portugueses nunca terem deixado de procurar melhores condições de vida noutros países.

A presença imigrante tornou-se notada (e necessária) em importantes sectores económicos, como a construção, a hotelaria e a restauração. Provavelmente o país não poderá prescindir dessas pessoas sem um forte impacto nas suas estruturas. O agravamento da situação económica tem seguramente contribuído para que o país deixe de se um destino desejado para fixação. Continuar a ler

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