Geral

BARRELAS

sabão azul e barnco

11 de Março de 1975, as portas de Abril, abriam-se para mudar de vida.

11 de março de 2015 dia de barrelas de alguma da muito suja que, desde esse dia, se acumulou por Portugal.

Barrela 1- Pedro Passos Coelho, na Assembleia da República a justificar o injustificável. O não pagamento à Segurança Social, desvios do IRS, por trabalhos feitos, para empresas todas elas pouco recomendáveis. Os trabalhos pesadíssimos que Pedro Passos Coelho fazia, dizem os seus antigos patrões, era abrir portas, gabando-lhe o portefólio de gazuas. Mais hábil que Al Capone, não se deixou apanhar nas malhas contributivas para o Estado. Um artista português que, com os seus olhos de bandido nos assalta todos os dias desde que se sentou em São Bento. Mente, mente sempre convictamente como o fez durante a campanha eleitoral, como sempre o fez. Como ainda há pouco tempo, roído pela medíocre inveja de assistir ao triunfo de um partido que se opõe às políticas de austeridade que tanto o excitam, nada melhor que sodomizações teutónicas, disse graçolas sem tino e mentiras para os portugueses desprevenidos se indignarem, afirmando que Portugal foi dos países que mais contribuiu na ajuda financeira à Grécia. Mentiu, como sempre fez e faz. Portugal contribuiu de acordo com o PIB e os tratados europeus que subscreveu. Nem um cêntimo a mais ou a menos! Hoje foi lavar as nódoas indeléveis de contumaz fugitivo às contribuições. Homem sem princípios nem dignidade, que vampiriza o povo trabalhador e bajula o grande capital.

Barrela 2- Em 11 de março de 1975 Spínola tentou um golpe de estado. Mais um golpe de estado depois de um primeiro tentado, em aliança com Adelino Palma Carlos e Sá Carneiro, pouco tempo depois da Revolução de Abril. De um segundo, em 28 de Setembro de 1974, em que a maioria silenciosa, que supostamente o apoiava, partiu os dentes ao enfrentar as forças populares democráticas. Nunca deixou de conspirar contra o 25 de Abril. Fê-lo logo no primeiro momento, quando queria que o Movimento das Forças Armadas regressasse aos quartéis na esperança de um triunfo de uma marcelismo democrático corporizado por ele. Em 11 de Março de 1975, perdeu novamente. Fugiu para o estrangeiro, onde continuou a conspirar contra a democracia e as conquistas da Revolução. Apesar de toda essa actividade conspirativa, Mário Soares, graduou-o marechal, Nomeou-o das Ordens Portuguesas, condecorou-o com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito , a segunda maior insígnia da principal ordem militar portuguesa. Como não há almoços grátis, façam o favor de extrairem as vossa conclusões sobre esta parceria bem pública. Outras continuam ocultas como a da tonitruante voz que se calou e não chegou a ler a proclamação de um 11 de Março vitorioso. Hoje, em alguns meios de comunicação social, o 11 de Março é apresentado com uma casca de banana, uma ratoeira em que e Spínola escorregou deixando-se apanhar na armadilha. Não há um pingo de vergonha. Desde o primeiro momento sempre se tentou mistificar a intentona spinolesca! Como se o homem do monóculo não fosse um dos primeiros e dos mais activos conspiradores contra o a Revolução do 25 de Abril.

Barrela 3- Em Santa Comba Dão, o edil socialista prepara uma candidatura a Fundos Comunitários, para construir um museu e um centro de estudos sobre o Estado Novo! Qual fascismo, qual ditador! O Senhor Primeiro-Ministro do Estado Novo! Em marcha o que anda desde há muito tempo em marcha. A lavagem do fascismo por métodos científicos, pela mão de historiadores encartados como Rui Ramos, com trabalhos nessa área a demonstrar que não houve nem fascismo nem oposição ao fascismo. A panóplia repressiva do fascismo, que não era pouca desde os manuais escolares para lavagens aos cérebros, a Mocidade Portuguesa, a Legião, a Censura, a PIDE/DGS, prisões e campos de concentração, não passavam de suaves meios dissuasores dos recalcitrantes a quem era preciso dar uns safanões a tempo. Até aos historiadores diletantes como o Fernando Dacosta que foi escutar as confissões de Maria para reescrever a história e embelezar a imagem do ditador que não sabia nada das tramoias da PIDE para tramarem Humberto Delgado ou que sugeriu a fuga de Cunhal da prisão de Peniche. Intelectuais latrinários e mercenários não faltaram ao cheiro do dinheiro sujo por um passado execrável.

40 anos passados sobre o 11 de Março de 1975, dói assistir ao estado de degradação, política , económica e ética em que o país mergulhou. Para se refocilar na pocilga completamente, só falta aparecer hoje no Frente a Frente da SIC Notícias (passe a publicidade) José Matos Correia para decretar, como já decretou com o seu ar porcino, que o 11 de Março e as consequentes nacionalizações fizeram regredir o país dez anos. Nem mais nem menos! Esperemos que coloque bem visível um retrato de Ricardo Salgado, o dono disto tudo agora caído em desgraça, herdeiro dos donos disto tudo do fascismo, perdão Estado Novo! auurrrgggghhhhh!!!!!!

Apesar e contra a miséria moral vigente, celebremos com alegria o 11 de Março de 1975!!!

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Cultura

MANUEL ANTÓNIO PINA, Prémio Camões 2011

Manuel António Pina foi galardoado com o Prémio Camões 2011. O voto do júri — Rosa Martelo, Abel Baptista, António Carlos Secchim, Edla Van Steen, Ana Paula Tavares e Inocêncio Mata — foi unânime, sublinhando a coerência da sua obra.

Manuel António Pina, sucede a Ferreira Gullar, e tem todo o merecimento em ter ganho este prémio. Poderão dizer que muitos escritores de língua portuguesa também o mereciam. É um facto isso em nada deslustra o eleito pelo júri.

Por uma circunstância fortuita, mas sempre possível no país em que vivemos, este prémio dá a oportunidade de sacudirmos as quiladas de cotão que andam por aí depositadas por um grupo de inumeráveis beócios que são dados aos maiores despautérios por tudo o que é comunicação social. Agora são às molhadas, a fazer comentários aos debates políticos plantando certezas e dando notas com o maior desplante. Em comum têm o comerem da mesma  gamela ideológica, podendo uns optar por grãos que outros põem de lado, mas nem assim deixam de estar todos afinados pelo mesmo diapasão. A grande diferença está no brilho das penas de pavão que exibem, a dimensão das cabecinhas é invariável. O que os aproxima é ocuparem o mesmo poleiro, sempre igual mesmo que com nomes e grafismos diferentes. Pertencerem a uma classe jornalística estipendiada, acolitados por um grupelho de comentadores que se sentam no mesmo banco de jogo, para debitarem o mesmo pensamento formatado, velho e relho Tem sido um espectáculo deprimente que não deve ser barato, que isto não é gente para fazer borlas. Aliás é justo que sejam pagos para cumprirem o seu trabalho sem desiludir quem lhe dá a soldada.

Vêm isto a propósito de Manuel António Pina, prémio Camões 2011, ter sido soezmente insultado por um personagem dessa constelação de avantesmas, no mesmo jornal onde coloca as suas lúcidas crónicas, sempre com um recorte de fina ironia.

Depois de classificar inúmeras vezes de cretino o “colunista” alongava-se em afirmações do jaez da que reproduzimos para se perceber como pelo coice se conhece a besta “As suas (de Manuel António Pina) crónicas no JN, sempre naquele estilo alambicado típico dos ociosos, são a expressão aparolada de um imenso complexo de superioridade. Ele tem de julgar e condenar sumariamente alguém, pois senão sente-se diminuído perante si próprio e, sobretudo, perante o círculo de aduladores que lhe entumecem o ego.Mas, se repararmos bem, lá nos secretos mais profundos do seu ser esconde-se um homem cruelmente dilacerado por indizíveis frustrações. É possível que na adolescência o tenham convencido de que seria um grande escritor, destino para o qual logo desenvolveu os tiques e poses apropriados. Mas, afinal, nunca passou de uma figura menor típica do universo queirosiano – um personagem que mistura o diletantismo de um João da Ega com os dotes literários de um Alencar d’Alenquer e o rancor mesquinho de um Dâmaso Salcede. Tudo isso, transposto para o jornalismo, resultou numa espécie de Palma Cavalão dos tempos actuais. Enfim, um homem que chegou a velho sem ter sido adulto e a quem os mais próximos, por rotina, caridade ou estupidez, provavelmente ainda tratam como uma grande esperança.”

Quem isto escreveu foi António Marinho Pinto, mas poderia ser, com outro estilo, uma dessas cabeças que apesar de ocas tanto brilham como um Rui Ramos, um Henrique Raposo, um Henrique Monteiro, um Ricardo Costa para referir alguns dos que ultimamente mais têm aparecido a comentar os debates televisivos. Marinho Pinto, se tivesse uma gota de vergonha, deixaria de escrever, calava-se para deixar de ser mais um a poluir o espaço da comunicação social com as suas alarvidades. Deveria ser acompanhado por essa cáfila de triviais palrantes. O ar ficaria menos poluído.

Felizmente para o júri do Prémio Camões essa gente não existe, aliás só existe por se ouvirem uns aos outros e afagarem conspicuamente as respectivas corcundas ideológicas. O prémio foi mui justamente atribuído ao Manuel António Pina.

Cinco poemas de Manuel António Pina seleccionados ao acaso: Continuar a ler

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