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Políticas Criminosas

Palmira

Com algumas da últimas notícias vindas da Síria, estava a organizar um texto sobre o tema. Além de algumas notas que acrescento o que iria escrever está  melhor escrito e documentado pelo José Goulão no seu blogue Mundo Cão, e neste outro post. É necessário repor a verdade contra a imensa fraude que tem sido a luta pelos direitos humanos e a democracia na Síria. Assad é um ditador? É, claro que é pelos padrões da democracia ocidental. Mas é um democrata comparado com os ditadores da Arábia Saudita, Qatar e outros, grandes aliados e amigos das democracias ocidentais! Com a ofensiva que a Rússia está a realizar contra os terroristas na Síria, Estado Islâmico, as variantes da Al-Qaeda e, colateralmente, essa ficção que é o Exército Livre da Síria, uma tropa de alguns sírios e muitos mercenários que repetidamente se tem passado de armas e bagagens para um dos grupos terroristas como aconteceu recentemente nos finais de Setembro, os terroristas têm sofrido grossas perdas em homens, equipamentos, logistica estando a recuar as suas linhas da frente, empurradas no terreno pelo exército sírio e mílicias apoiantes. Nalgumas semanas a Rússia causa perdas muitíssimo maiores aos grupos terroristas que a famosa coligação ocidental anti terrorista liderada pelos EUA durante um ano. Quem se alarma com o êxito do combate aos terroristas? Os EUA, a NATO, os seus aliados regionais, Turquia, Arábia Saudita,Qatar e Israel !!! A máquina de propaganda ocidental foi a primeira a abrir fogo e, como é habitual, continua manobras de desinformação sistemáticas. Noticiou que os os bombardeamentos russos tinham causado grandes perdas civis quando ainda nem um avião russo tinha levantado voo! Uma das fontes mais citadas é o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), uma instituição pouco credível financiada pela Irmandade Muçulmana, agora também reactivada e que já notíciou ataques aéreos que nunca se realizaram, como um bombardeamento a Palmira. Os Estados do Golfo,anunciam que, por causa da ofensiva russa, vão entregar misseis anti-tanque e mesmo terra-ar ao Exército Livre da Síria. Todo o mundo sabe que o destino final é o Estado Islâmico e a Frente Al-Nusra, que sempre foram apoiados financeira e militarmente pela Arábia Saudita e o Qatar. Que fazem os EUA, os fornecedores dessas armas aos seus aliados do Médio-Oriente? Através da NATO dão ordens aos aviadores da coligação para no espaço aéreo iraquiano atacarem, sempre que se sentirem ameaçados, os aviões russos! É este o calibre, a estatura política.a ética dos líderes ocidentais! Fazem orelhas moucas mesmo aos apelos dos patriarcas católicos e ortodoxos na Síria que apelam, através do Vaticano, para que o Ocidente acabe com as políticas desastrosas de armar os terroristas e armam-nos contra quem os combate. É o desvairo, sobretudo de Obama e Cameron,  por começarem a sentir aquela região que dominavam a seu bel-prazer com o seu aliado Israel a fugir da sua esfera de influência.
O seu interesse no combate ao terrorismo é uma ficção. O Iraque olha para o que se está agora a passar na Síria no combate ao terrorismo e interroga-se, com razão, sobre o porquê da ineficácia, da inoperância  da tão propalada coligação de forças lideradas pelos EUA, Os bombardeamenos efectuados pelos norte-americanos e tem tido paradoxalmente acções mais eficazes contra quem trabalha no terreno contra os efeitos ds guerras como o recente bombardeamente pelos EUA a um Hospital dos Médicos Sem Fronteiras no Afeganistão, destruindo-o completamente e causando centenas de vítimas. Aliás eles já estão habituados a ser bombardeados pelas forças democráticas  como acontece sistematicamente na Palestina.

Há que parar esta gente, que é gente muito perigosa para a paz e para o futuro do mundo.

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SER OU NÃO SER CHARLIE

ogrito

A comoção que abala o mundo pelo massacre que ocorreu nas instalações do Charlie Hebdo, um jornal satírico e progressista, originou um maremoto de solidariedade a inundar todo o mundo com cartazes “Je suis Charlie”, numa demonstração de muito legitima indignação perante a monstruosidade do atentado.

Nada pode ser pretexto para amortecer a repulsa pelo acto em si, pelo terrorismo em que se inscreve. Mas tudo nos deve distanciar da emoção espontanea, imediata, para se fazer uma análise circunstanciada e rigorosa.

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O Charlie Hebdo já tinha sido alvo de outros atentados com motivação semelhante. Uma ameaça que pairava sobre o hebdomanário, os seus redatores. Isso, hoje como na passado, não jugulou a veia satírica, politicamente incorrecta, do Charlie Hedbo. A coragem de Charlie Hebdo, não se deixou intimidar. No entanto a sua crua iconoclastia, dá azo a fazer o pior de todos os juízos, que justificam aquela atrocidade, todas as atrocidades: “eles estavam a pedi-las”.

Faz lembrar aquele juiz ogre que absolveu um grupo de violadores que, no Algarve, atacaram duas estrangeiras, porque elas estavam a pedir boleia, vestidas de modo considerado provocante pelo juiz, o que é questionável por se estar em pleno verão, numa coutada do macho latino. “Estavam a pedi-las!”, dirão as bestas humanas.

Outro dos enfoques que provoca tergiversações, é centrar a análise nas causas de uma muito mais acentuada irrupção terrorista desde o Afeganistão, com o surgimento dos talibãs, até aos nossos dias, em que a Guerra do Golfo funcionou como um catalizador. Não é que não seja importante, necessario, mesmo uma exigência de clareza política, analisar o fenómeno terrorista, analisar as causas mais longínquas, ainda que não muito distantes no tempo, e as próximas, que estão na ordem do dia, com o Estado Islâmico do Levante. Obama, os seus aliados europeus, na primeira linha Cameron e Hollande, tem responsabilidades que não podem ser diluídas na condenação que fazem do terrorismo e no combate sem quartel, que prometem dar-lhe. Colocar essa análise em primeiro plano, para só depois criminalizar e denunciar o terrorismo tem o efeito de filtro redutor da bestialidade do acto em si, seja este ou outro, tenha ou não tenha maior ou menor dimensão. Claro que a CIA, a Mossad, o MI5, a DGSE, tem a sua cota parte de responsabilidade no incremento do terrorismo, vem de longe, da Bósnia e Kosovo ao EIL. Muita, em percentagem significativa, dessa gente criminosa foi treinada, municiada eWolinski financiada por esses Serviços Secretos, ao serviço de uma estratégia geopolítica que não olha a meios para alcançar os fins.. Mas esse é o segundo plano, o pano de fundo de onde irrompem esses trágicos sucessos que devem ser condenados sem hesitações sem contemplações. Lembrem-se dois actos terroristas que ocorreram nos anos 70 em Itália. O que ficou conhecido como o Massacre de Bolonha, em que uma bomba de relógio explodiu na sala de espera da uma estação de comboio repleta de pessoas. 50 mortos, masis de 200 feridos. O atentado foi perpretado pelo Nuclei Armato Rivoluzionari, uma organização fascista ligada à celebre Loja P2. Outro, o sequestro e assassinato de Aldo Moro pelas Brigadas Vermelhas. Em ambos imediatamente se suspeitou da participação da polícia secreta italiana, o que, mais tarde ficou provado. No primeiro caso dirigentes ao mais alto nível militavam nas fileiras desse grupo e da Loja P2, no segundo estavam infiltrados a níveis de decisão muito elevados. Apesar e contra essas evidências, ontem como hoje, não devem, em caso algum ou de alguma forma, actuar como desviantes de uma condenação clara, forte, sem fissuras do terrorismo, que é sempre bárbaro e injustificável.

No fluxo da fundamentadíssima revolta e repulsa pelo crime cometido por essa celula terrorista que abalou o mundo, a imprensa internacional assumiu-o como um ataque à liberdade de expressão, como isso fosse um valor universal que corre como um vendaval oxigenado toda a comunicaçâo social do ocidente. Claro que o massacre também é um atentado à liberdade de imprensa. Mas neste caso, com a mesma veemência com que se delata o acto terrorista, há que denunciar o enorme cinismo e hipocrisia dos media que, utilizando os celebrados critérios jornalísticos, estão conluiados com o poder da classe dominante.206815_204556506234162_106626879360459_635561_118423_n

São um colossal aparelho de manipulação à escala mundial. Não podem abrir o chapéu de chuva da liberdade de imprensa para aproveitarem a tragédia acontecida no Charlie Hebdo e apanharem esse comboio, celebrando-a. É uma infâmia. A comunicação social funciona como um dos braços armados do poder dominante. Normalizam o impensável. Os noticiários sobre o Médio-Oriente provam-no à saciedade. Sabemos quem, quantos e quando foram decapitados os sequestrados pelo EIL. Pouco sabemos dos milhões de homens, mulheres e crianças iraquianas e sírias mortas no inferno desencadeado pelos EUA e seus aliados no Médio Oriente. São as “vítimas valiosas” e as “vitimas não valiosas”, na classificação certeira de Edward Herman, escritor e académico norte-americano. Hoje todo o mundo sabe o número e os nomes dos assassinados criminosamente pelo comando islâmico na redacção do Charlie Hebdo.Temos imagens horripilantes, reconstituiçôes de nos fazer gelar.

Em 2 de Maio, em Odessa manifestantes contra o regime agora no poder em Kiev, foram perseguidos por grupos nazis, que os media ocidentais etiquetam piedosamente de nacionalistas radicais ou ultra nacionalistas . Refugiaram-se na Casa dos Sindicatos onde ficaram encurralados por um incêndio provocado por cocktails Molotov. Quem tentava fugir às chamas, era abatido friamente a tiro. Os autores desse hediondo crime terrorista, com enorme despudoCharlieHebdo3r, plantaram o seu acto no You Tube que vitimou mais de cinquenta pessoas.  A comunicação social, tão defensora da liberdade de informar, do seu rigor, da sua independência, ou não registou o incidente ou a ele se referiu de passagem, apressadamente. Como não noticiou ou deu breve nota, o massacre criminoso de Odessa não existiu. Não originou manifestações por todo o mundo. Estamos perante de mais um caso de “vitimas valiosas” e de “vitimas não valiosas”, De como uma comunicação social mercenária, ao serviço da propaganda e difusão do pensamento dominante, apaga um crime para continuar uma política, a política dos sus mandantes.

A indignação frente a um e ao outro acto terrorista, a todos os actos terroristas, sejam perpretados por quem forem, deve ser igual independentemente dos juízos políticos e éticos que se façam por quem quer que os faça. Não pode haver dois pesos e duas medidas. O horror e a solidariedade que nos deve provocar estão na linha da frente das análises que temos a obrigação de fazer

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Outra das consequências, esperadas é um crescendo de políticas securitárias. Bem vísivel, é o recrudescimento da islamofobia e da actividade da extrema-direita nos países ocidentais, onde até já ocupam cargos governamentais importantes na Ucrânia ou na Hungria. Multiplicam-se as manifestações fascistas, racistas por toda a Europa e EUA. Até em Portugal, onde a extrema-direita parece ser insignifcante, a porta da mesquita de Lisboa foi hoje, dia da oração e descanso para os islamitas, vandalizada. O ovo da serpente choca-se de várias maneiras em diversas chocadeiras. O nazi-fascismo é hoje uma ameaça tão real como o islamismo radical. São face da mesma moeda.

Há um outro modo de abordar toda esta onda de indignação, enquadrando-a no estado actual da sociedade. Sartre escreveu que toda a realidade uma vez descrita é aniquilada. Je Suis Charlie, tipifica a cultura desta nossa sociedade, que proclamou a morte da história, da política, da economia. Ideologia de um fim de todas as coisas, sem que se preveja o começo de nenhuma. É a perca de horizonte e sentido da história, em que os acidentes sucedem-se com se fossem indeterminados, perdendo ou esquecendo o sentido da tragédia, o que neutraliza a nossa capacidade de pensar, actuar, lutar. Uma sociedade em que tudo acaba em espectáculo nas suas infinitas representações que já não representam nada mais que a si-próprias. Tautologias de imagens fragmentárias, sem profundidade. É o triunfo do Nada sobre a Dor, na bela expressão de Faulkner. Ou como teorizou Guy Debord “onde a imagem se converteu na forma final da coisificação” que anula o acontecimento em si, com a forma final de uma mercadoria”

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Não deixemos que Je Suis Charlie seja o túmulo de uma brutalidade inominável sepultando-a numa frase, que é um achado publicitário mas não tem espessura. A justíssima indignação que abala o mundo não se pode confinar a uma frase, por mais sedutora que seja. Deve adquirir expressão política, lutando e condenando o oportunismo de estratégias que querem manter um insustentável estado de coisas, que são uma conspiração permanente contra o mundo, destruindo cidades e estados, semeando a fome, vitimizando milhões de pessoas. plantando a tortura e a guerra. Tendo hoje aliados que mais tarde se irão execrar. Tendo por aliados estados que têm um longo historial de apoio e financiamento a grupos terroristas e estados em que o terrorismo é uma prática normalizada. Que se condene o terrorismo, todo o terrorismo, como um crime contra a humanidade, venha de onde vier, seja praticado por quem quer que seja. Que, no imediato, se combata eficazmente o Estado Islâmico do Levante, a maior ameaça terrorista actual, ultrapassando cálculos de conveniência a curto prazo e interesses geoestratégicos de longo prazo.

Os fins nunca podem justificar os meios.

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Nota Final: este blogue, como muitos outros, tem o direito de publicar ou recusar todos e qualquer comentário. Direito que estabelecemos poder ser exercido por qualquer um dos intervenientes na Praça do Bocage, sem que tenha que pedir a opinião a ninguém. Fica ao critério de cada um solicitar ou não a opinião de um ou mais parceiros desta aventura e de exercer a moderação dos comentários, independentemente de ter sido ou não autor de um “post”. Fica, portanto claro, se já não o era, que quem envia um comentário está sujeito à aprovação ou desaprovação do seus escritos. Isto não é censura. É um direito que nos assiste, à semelhança do que ocorre em comentários enviados para outros blogues e meios de comunicação social.

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John McCain, O Estado Islâmico, O Comentário de um leitor

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Li no meu “smartphone” um comentário de Manuel Rodrigues ao meu post “O Califado Islâmico e os Estados Unidos da América”. Queria-o aprovar para lhe responder. Por um lapso e pouca destreza nessas manipulações, são dois “botões” Aprovar/Spam,contíguos, carreguei em spamj. Apaguei, contra vontade, o comentário de Manuel Rodrigues. Tentei em vão recuperá-lo. Por outras actividades fui adiando a resposta que, hoje faço por considerar importante esclarecer alguns pontos.

O comentário de Manuel Rodrigues, cito de memória,me cingindo-me ao essencial do seu comentário tem dois pontos centrais:

1- Michel Chossudovsky, seria um louco com a mania da perseguição e por isso foi demitido da universidade

2- A foto que anexei de John McCain, em que também figurava Abu Bakr al-Baghdadi, o actual proclamado Califa do Estado Islâmico era uma hoax, pelo que eu deveria ter , no futuro cuidado com as minhas fontes de informação.

  1. Michel Chossudovsky, foi demitido da Universidade onde ensinava por causa de se opor ao pensamento dominante nas suas múltiplas faces e intervenções, não por ser louco” nem ter “a mania da perseguição”. È por essa ser a prática comum, normal, regular das universidades norte-americanas e canadianas, quando se ultrapassam as linhas consideradas admissíveis, pela “democracia”, num determinado momento histórico. Alain Badiou, num seminário sobre Platão, na École Normale Superieur, em 2008, fez uma interessantíssima consideração sobre esse tema:”O objectivo da propaganda inimiga não é aniquilar uma força existente (função que em geral é confiada às forças da polícia) mas antes aniquilar uma possibilidade desapercebida da situação”. Por isso a propaganda inimiga de uma política emancipatória ou que ponha em causa alguns dos seus aspectos estruturais , que coloquem em questão as suas acções, as suas estratégias que visam perpetuar o eatado das coisas, uma convicção resignada de que o mundo em que vivemos, sem ser o melhor dos mundos, é o único possível. Quando se ultrapassam as linhas demarcadas, põe-se em marcha sistemas de força, em último recurso o uso das forças policiais. Quando consideraram que Michel Chossudovsky tinha ultrapassado o ponto em que já não era só perigoso quanto baste, demitiram-no, o primeiro passo da intimidação. O processo é conhecido, lembre-se Norman Finkelstein, também professor emérito, demitido da universidade onde ensinava, State University of New York por ter enfrentado o poderosíssimo lobie judaico dos EUA, publicando o livro “ A Indústria do Holocausto- Reflexões sobre a Exploração do Sofrimento dos Judeus”. Filho de sobreviventes do gueto de Varsóvia e dos campos de concentração nazis, anti-sionista convicto, faz uma fundamentada denúncia dos mecanismos de que os sionistas se servem para retirar proveitos tanto económicos como políticos. do Holocausto. É mais um judeu a quem a direita, a extrema direita judaica e os seus aliados não perdoam, como não perdoaram a Hanna Arendt e a Michel Chossudovsky. Uma longa linhagem de académicos, jornalistas, políticos que o Império e seus aliados pretendem silenciar, usando dos arsenais de que dispõem, usando-os nas doses que consideram necessárias em cada caso.

    Manuel Rodrigues deveria ler “Globalização da Pobreza” de Michel Chossudovsky. Leia a entrevista que deu ao I avisando para os perigos de uma 3ª guerra mundial. Verá que louco não tem nada. Agora, até Paul Craig Roberts, antigo membro do governo Reagan, considera a 3 ª Guerra Mundial, uma possibilidade real. Mais real, quando o dólar perde terreno aceleradamente. Na última semana mais um país deixou de comerciar com a China em dólares, a Alemanha. A lista começa a ser extensa e a atingir insuspeitos países. O desmoronar do império , assente no petrodolar, no dolar como moeda de troca e de reserva mundiais, está cada vez mais iminente. Demorará anos, quantos será díficil prever. Só que o império é a maior potência militar, dispondo de uma extensa rede de bases militares espalhadas por todo o mundo.

  2. As minhas fontes de informação são variadas. Achei interessante e bem sintetizada a situação nos 26 pontos em que por Michel Chossudovsky as fixou. Acabam por estar todos contidos nos artigos publicados no The Independent de Robert Fisk, provavelmente o mais bem informado jornalista e comentador político em questões do Médio Oriente. Não sei se algum daqueles pontos lhe merece contradita, ou mesmo todos, o que se pode pressupor do modo como classifica o autor, arrumando de uma penada o assunto.

  3. A foto de John McCain, não foi logo denunciada como uma montagem. O primeiro passo foi o do senador, meios próximos do senador, alegavam que nessa e outras fotos, como outra onde figura Mohammad Nour,, da Frente Tempestade do Norte ,da Al-Nosra, a Al-Qaeda da Síria, se terem infiltrado e John McCain não os conhecia. Vamos admitir que essa versão é verdadeira. John McCain poderia não os conhecer mas as fotografias foram publicadas na sequência de reuniões com o estado maior do Exército Sírio Livre (ESL) organizadas pela Syrian Emergency Task Force (SETF), curiosamente uma organização sionista dirigida por um funcionário palestino Mouaz Moustafa, um perito do Washington Institute for Near East Policy, uma das várias organizações criadas AIPAC, o lobie pró-israelita nos EUA.

    John McCain foi, ilegalmente à Síria, a convite SETF, reuniu-se, nos arredores de Idleb, em 27 de fevereiro o estado-maior do chamado Exército Sírio Livre. O comandante era o general Salim Idriss, um dissidente do regime de Assad. Nessa altura faziam parte desse estado- maior, o braço sírio da Al Qaeda e do EIL. Todos figuram nessa fotografia agora “denunciada” como montagem. O que seria muito estranho é que os membros do estado-maior do Exército Sírio Livre não participassem nessa reunião. John McCain, na sequência dessa reunião afirmou que os responsáveis do Exército Livre da Síria, “eram moderados em que se podia confiar”(…)”a organização era composta exclusivamente por sírios, que combatiam pela liberdade contra a ditadura alauíta”. Isto numa altura em que já era claro que brigadas de jihadistas, cometiam barbaridades na luta contra as forças governamentais da Síria.

    Refira-se que, embalados pelo apoio e financiamento dado pelos EUA directa e indirectamente ao Estado Islâmico, a Arábia Saudita, segura, forte e antiga aliada dos EUA na região, reivindicou, no seu canal público de televisão, Al-Arabiya, que o Emirado Islâmico estava colocado sob a autoridade do príncipe Abdul Rahman al-Faisal, irmão do príncipe Saud al Faisal (Ministro dos Negócios Estrangeiros) e do príncipe Turki al-Faisal (embaixador saudita nos Estados Unidos e no Reino Unido). Agora também se demarcam.

    Sublinhe-se que um mês antes, Ibrahim al-Badri, com o nome de guerra Abu Bakr al-Baghadi, tinha criado o estado Islâmico do Levante (EIIL) , continuando a pertencer ao “muito moderado” estado-maior do Exército Sírio Livre. Sublinhe-se também que desde 4 de Outubro de 2011, Ibrahim al-Badri, também conhecido por Abu Du’a, figura na lista dos cinco terroristas mais procurados pelos EUA, que ofereciam uma recompensa de 10 milhões de dólares a quem ajudasse à sua captura. Nem o Exército Sírio Livre, nem a Syrian Emergency Task Force, nem o senador nem os seus acompanhantes reclamaram a recompensa. Pelo contrário cosnspiravam contra o regime sírio com esse membro efectivo do “muito moderado” estado maior do ESL.

    Mais tarde, John McCain numa entrevista à Fox News admite estar em permanente contacto com as forças que combatem Bashar al-Assad. nomeadamente o EILL. Dá o exemplo da sua experiência no Vietname, para reforçar a ideia que se deve continuar a apoiar todas as forças rebeldes no terreno, que lutam contra a República Síria. Será uma montagem da Fox News?McCainObama

  4. John McCain, candidato derrotado por Obama em 2008, agora como seu opositor, tem a melhor cobertura que poderia ter. Continua a viajar por todo o mundo, excepto países onde por causa das suas actividades a sua entrada está interdita trabalhando de facto como um agente da política de Washington. É o homem político dos EUA que mais viaja. Está em todas, seja na Venezuela num falhado golpe de estado contra Hugo Chavez, na Ucrânia com um bem sucedido golpe de estado contra Vytor Yanukovych, seja nas “primaveras árabes”

    É presidente do International Republican Institute (Instituto Republicano Internacional-ndT) (IRI), uma ONG que é o ramo republicano do NED/CIA , desde Janeiro de 1993. Essa pretensa «ONG» foi criada, oficialmente, pelo presidente Ronald Reagan para alargar certas actividades da CIA, em cooperação com os serviços secretos britânicos, canadianos e australianos. Contrariamente às suas alegações é, de facto, uma agência inter-governamental. O seu orçamento é aprovado pelo Congresso, numa rubrica orçamental dependente da Secretaria de Estado Homem sem escrúpulos, e um consumado manipulador, Se os seus interlocutores aprovam as políticas da Casa Branca, promete-lhes auxílio, se as combatem, atira as responsabilidades para cima do presidente Obama.

    A sua ligação à Síria, não sendo recente, tem um ponto próximo importante em 4 de Fevereiro de 2011 quando se reuniu, no Cairo, para apoiar o eclodir das primaveras árabes na Líbia e a Síria. Foi um dos destacados participantes nesse encontro, presidindo a algumas sessões desse simpósio. Entre outros destacados participantes estava Mahamoud Jibrill, antigo número dois do governo de Kadhafi, e uma larga delegação da oposição síria no exílio.

    A 22 de Fevereiro estava no Líbano com membros da Corrente do Futuro, partido de Saad Hariri que encarregou de supervisionar as transferências de armas para a Síria. Foi inspeccionar a fronteira libanesa-síria. Escolheu Ersal e algumas outras aldeias para servirem de base da retaguarda da guerra que se ia desencadear.

  5. Nos tempos mais próximos o califado apelida o senador McCain de “inimigo” e “cruzado”. O senador contra atacou rapidamente, publicando um comunicado em que qualifica o Emirato de ser “o mais perigoso grupo terrorista do mundo”. Dessas cambalhotas John McCain tem vasta experiência. Ontem inimigos, hoje amigos, amanhã, novamente inimigos, depois de amanhã logo se verá.

    No Cairo, a regar e adubar as primaveras árabes, também esteve reunido com dois membros do International Republican Institute, John Tomalaszewki e Sam LaHood, que tiveram que se refugiar na embaixada dos EUA acusados de pertencerem ao comité, em que participavam os Irmãos Muçulmanos, que preparou o golpe que derrubou Hosni Mubarak. Foram libertados por Mohamed Morsi, quando este se tornou presidente e antes de ser preso e dos Irmãos Muçulmanos serem agora podados de terroristas. Não conhecemos nenhuma declaração de John McCain declarando os Irmãos Muçulmanos terroristas.

    A galeria entretém-se com estes inquietantes espectáculos públicos e gratuitos que levantam nuvens de areia para os palcos onde movem os peões dos tabuleiros geo estratégia do império que não têm quaisquer escrúpulos ou ética.

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Barranco de Cegos

1- CABEÇAS “PENSANTES”

Nos prados verdes e viçosos da nossa comunicação social os inúmeros comentadores pastam com o sorriso alegre, ruminante e beato de quem olha o futuro com a certeza da eternidade dos mercados mesmo quando a sua queda livre já nem sequer é anunciada, é um facto. Uma realidade inquietante por coexistir com os sinais de confrontos, cada vez mais frequentes, que vão dos debates diplomáticos mais aparentemente civilizados àqueles em que a diplomacia se exerce pelo uso da força, das sanções à intervenção militar, a sua forma extrema.

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Nada disso remove o sorriso bovino da multidão de comentadores em concorrência ao que Cavaco Silva revelou ao mundo embasbacado, ter descoberto nas vacas açorianas. Os géneros são os mais diversos cobrindo largo espectro. Dos mais sofisticados que se esforçam por parecer independentes e lançam boias para que o sistema não se afogue nas suas próprias contradições aos que, dotados de enorme espessura óssea, arremetem contra a realidade como arietes medievais a rebentar portões das cidadelas onde ela se refugia para a ferir de morte ao som do alarido das carpideiras a entoarem os improváveis amanhãs que cantam do império.

Uma dessas luminárias, cegas pelo furor de acreditar teologicamente no futuro da ordem unipolar no mundo, é Miguel Monjardino (MM) que todas as semanas arrota tonteiras, o que faz presumir como atormenta as meninges dos seus alunos na Universidade Católica que, quando chegam à rua, devem ficar atónitos verificando que ou a realidade naqueles minutos de trânsito mudou quase completamente, ou que pouco do que lhes foi impingido tem a ver com ela.

A sua crónica no Expresso de 25 de Outubro é o exemplo acabado de um pretenso Tirésias de vão de escada que à cegueira física soma a cegueira mental que o torna num completo incapaz de ler o presente e prever qualquer futuro. O tema “Energia e Política”, em que, referindo a Ucrânia, as eleições que se iriam realizar nesse fim-de-semana, faz considerações sobre questões geoestratégicas relacionadas com a energia, as finanças, os equilíbrios globais.

Em duas penadas despacha as questões energéticas actuais para fazer duas demonstrações: 1ª O orçamento russo é muito dependente das exportações de petróleo e gás, o que a torna muito vulnerável e um país muito fraco. 2º Os EUA lideram a revolução energética a nível mundial e a influência de Washington na regularização da globalização financeira nunca foi tão grande.

2. MERCADOS DAS ENERGIAS

O estado actual dos mercados energéticos é muitíssimo mais complexo do que que MM supõe. Quanto ao segundo pressuposto é o avesso da realidade. O objectivo de MM é linear. Comungou a hóstia macdonnald do mundo unipolar com a fé de quem acredita que será dirigido para lá dos séculos pelos seus donos que atiçam a canzoada: ladrem, ladrem, quanto mais ladrarem menos gente olha para os nossos pés de barro.

PETROLEO

A turbulência dos mercados do petróleo é dominada pelo baixo preço do barril de petróleo que resulta, por um lado do abrandamento da economia mundial, por outro por a Arábia Saudita estar a inundar o mercado com petróleo, chegando a vendê-lo aos seus clientes asiáticos a US$50/60 o barril. A decisão da casa Saud pode ser o resultado de um conluio EUA/Arábia Saudita, para atingir, em primeira linha, a Rússia, em, segunda linha o Irão, depois todos os outros países produtores. Mas a primeira consequência é arrasar os mercados de futuros, sem ainda serem previsíveis as consequências, sobretudo nas bolsas de Nova Iorque e Londres, as principais praças desse “produto” financeiro. Tudo isto é menos que linear, mas faz MM, do alto da sua fissurada ciência, decretar impante, como todos os ignorantes o são, que “a revolução energética é agora liderada pelos EUA”. Não percebe que a entrada da Arábia Saudita nessa trama, ao atingir fortemente a Rússia, cujo PIB muito depende das exportações de petróleo e gás o preço barril terá que ter um patamar mínimo de US$ 100, tem efeitos colaterais brutais, alguns ainda não entrevistos.

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3-NOVAS FONTES ENERGÉTICAS

Os norte-americanos são neste momento energeticamente autossuficientes, têm capacidade exportadora por via da produção de óleo e gás de xisto, o “shale”. Só que o preço de extracção do “shale”. Só que o preço extracção do “shale ”números da Agência Internacional de Energia (AIE), varia entre os US$ 60/85, barril igual ou superior ao actual preço de mercado do barril de petróleo. No seu valor mínimo só um preço acima dos US$105/barril remunera essa produção. É de referir que os investimentos são enormes porque os poços esgotam-se praticamente na primeira perfuração. Isso sem referir o desperdício de água, necessária em volumes brutais, os impactos ambientais A poluição das águas subterrâneas consequência do “fracking” começa a ser severa e preocupante. Outros fenómenos como o aumento de sismicidade, já cientificamente comprovada, e outros enunciados mas ainda não mensurados, tornam a produção de “shale” controversa.

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O conluio entre a Arábia Saudita e os EUA, que tem o objectivo de levar a Rússia á falência e submeter o Irão aos ditames do império, acaba por ter um efeito de ricochete nos EUA, que a Arábia Saudita utiliza em proveito próprio procurando ocupar o lugar agora deixado quase vazio pelos outros grandes produtores, como a Líbia e o Iraque. Trava as veleidades exportadoras dos EUA, porque a produção de gás das rochas betuminosas é marginal e mesmo que não fosse não existem infraestruturas para a sua exportação. A outra face dessa “revolução energética é que, embora a extracção de hidrocarbonetos de rochas compactas tenha aumentado a bom ritmo, os operadores têm-se endividado de forma brutal. O custo e as exigências continuadas de investimento, não é coberto pelas receitas geradas. Ivan Sandrea, da Oxford Institute for Energies Studies, num relatório recente afirma: “quem pode ou vai querer, financiar a perfuração de milhões de hectares e centenas de milhar de poços com prejuízo permanente? (…) A benevolência dos mercados de capitais dos EUA, não pode durar para sempre”. Análises da Blombreg e do Barclays concluem que cada US$1 ganho custou US$2,11. O que é insustentável a curto e médio prazo e está sobre forte pressão dos actuais preços do barril de petróleo, impostos pela Arábia Saudita. Este é a radiografia da “revolução energética a nível mundial é agoira liderada pelos EUA“ que faz salivar de alegria MM, porque com os seus fracos recursos em massa cinzenta, um bem que mesmo escasso é gratuito, não vê que essa revolução energética tem mais razões políticas que económicas, o que a torna frágil e de futuro, a curto e médio prazo, mais que incerto.

Outra ficção é o “light crude” saudita acabar por substituir as outras importações de petróleo europeias. A transformação das refinarias para o “light crude” exige investimentos incomportáveis. A Europa beneficia no curto prazo, mas não a médio prazo.

4-DÓLAR, PETRODÓLARES

As primaveras árabes, a guerra no Iraque e na Síria, a emergência dos islamitas radicais, os vários braços da Al-Qaeda, tudo invenções dos serviços secretos norte-americanos ao serviço de uma política expansionista e de defesa do petrodolar e com o fim último de cercar a China e a Rússia, tem sido postas activamente em prática. Saddam Hussein, embora com restrições violentas à exportação do seu petróleo, começou a vendê-lo em euros. Kadhaffi, estava a tentar implementar um sistema de venda do barril de petróleo em dinar-ouro. Na Síria estava ser projectado um oleoaduto e um gasoduto para dar acesso directo ao Mediterraneo ao gás e ao petróleo do Irão. Estão explicados os conflitos, o frenesi de agitar as rotas bandeiras dos direitos humanos e da democracia esburacadas pelos interesses económico-finnceiros. A opinião sobre estes conflitos de alguns diplomatas que andam por aí a perorar dariam vontade de rir se a situação mundial não fosse tão séria.

Ainda em relação à energia MM diz e bem, pepitas raras de verdade são largadas de quando em vez para dar credibilidade ao disparate, que a Europa vai demorar uma década a ser energeticamente independente da Rússia, para concluir que a viragem da Rússia para a China é uma miragem. Em menos de dez anos prevê-se que os oleadutos entre a Rússia e a China entrem em funcionamento, pelo que não se percebe onde habita a miragem.

A política do petróleo a um preço artificialmente baixo tem consequências que não podem ser mensuráveis com certezas absolutas, pelos efeitos perversos que tem sobre quem a prática e apoia. Em relação aos EUA tem uma exigência não negligenciável: manter o dólar, com variações mínimas, à cotação actual. Garantir a cotação exige a sobrevivência do petrodólar, resultante de um acordo EUA/Arábia Saudita, que impôs o dólar como moeda de referência nas transacções de petróleo, depois adoptado por outros países da OPEP, e o dólar como moeda de referência nas transacções internacionais. MM sabe quanto essa premissa é fundamental e arremete contra todas as evidências. Decreta que “a influência de Washington na regulação da globalização financeira nunca foi tão grande como agora”. Isto já não é um disparate. É uma alarvidade todos os dias desmentida pelas mais diversas e inquestionáveis fontes.

5- DÓLAR À BEIRA DO ABISMO

Um alerta vem do FRED (Federal Reserve Bank of St.Louis) que noticia que só num ano, 2008; foi criado quase tanto dinheiro (817.904 milhões de dólares) como nos 63 anos anteriores (de 1945 a 2008 821.686 dólares). Que nos seis anos de crise, Janeiro de 2008/Setembro 2014, foi criado quatro vezes mais dinheiro do que entre 1945/2008.

base_monetaria_usd

Quer dizer, sem resolver a crise, a tipografia não parou de imprimir notas verdes. Um sinal de que tudo está a correr mesmo muito mal é o FED ter deixado de divulgar as estatísticas de M3 (M1, dinheiro em circulação e dinheiro depositado em contas à ordem. M2 M1 mais dinheiro depositado em contas a prazo e pequenos instrumentos de poupança. M3, M2 mais os grandes instrumentos de poupança, eurodólares, outras divisas, etc.). a partir de Março de 2006, ocultando deliberadamente esse indicador. O que vale o dólar? O primeiro sinal de alarme vem do mercado do petróleo. O dólar, os chamados petrodólares só são agora usados em 75%/80% das transacções mundiais. Pior é a situação do dólar como moeda de trocas comerciais. Os BRICS decidiram fazer as transacções entre si nas suas moedas. A China e o Japão, os maiores parceiros comerciais asiáticos, usam as suas moedas desde 2012. A tendência para abandonar o dólar é crescente já atinge mais de 30% das transacções comerciais mundiais,  tendência em aceleração. Um editorial recente do Wall Street Journal, avisa para o enorme perigo de nos próximos três anos o dólar só estar presente em 50% das transacções comerciais mundiais e nos cinco anos seguintes tornar-se uma moeda quase irrelevante. Mais pessimistas são alguns analistas neoliberais. Lord Christopher Monckton de Brenchley, um dos assessores e mentores de Margaret Thatcher escreve um artigo com o título “The dollar colapse not whetter, but when”, que a falência do dólar é uma questão de tempo , porque os EUA, com uma dívida gigantesca aumentam-na em 64 000 dólares a cada segundo!!!

dolar a arder

Jeremy Levy, economista que previu a crise do subprime, avisa a forte probabilidade de crash em 2015 .Peter Singer, que gere um dos maiortes fundos de investimento o Trust Investment Elliot Managenement, calculado em 5 400 mil milhões de dólares, escreveu uma carta aos seus investidores, carta também reproduzida na Bloomberg News, avisando-os que não é prevísivel o tempo que irá durar uma política com dados de crescimento falsos, com postos de trabalho falsos, com dinheiro falso, com investimentos falsos, com financiamentos falsos. Os alertas disparam de todos os lados. A confiança que dava ser dono da tipografia e de se poder imprimir notas verdes a toda a hora para as injectar na economia, foi chão que deu uvas. Poderão ser previsões excessivamente pessimistas, mas noutros tabuleiros a realidade move-se.-

5- REALIDADES EMERGENTES

Os indicadores acumulam-se. Segundo o FMI o PIB da China; 17,6 biliões de dólares, 16,5% do PIB mundial ultrapassou em Setembro o dos EUA,17,4 biliões de dólares, 16,2% do PIB mundial. Os analistas do FMI e do BMI, previam que isso só acontecesse em 2016. Um facto a sublinhar porque a última vez que isso sucedeu foi em 1876 quando os EUA ultrapassaram aa Grã-Bretanha.

EUA CHINA

As previsões do FMI para 2015 são catastróficas para os EUA. A diferença entre os dois países será superior a dois biliões de dólares.

Outra novidade registada nos estudos do FMI é que o poder de compra G7- EUA, Japão, Canadá Inglaterra, França. Itália, Espanha, foi ultrapassado por um novo G7- China. India, Rússia, Brasil, Indonésia, África do Sul, Turquia em dois mil milhões de dólares.

G7

Tudo notícias pouco favoráveis ao dólar e ao domínio dos EUA sobre o mercado de capitais que se joga noutras frentes. O Banco de Desenvolvimento decidido pelos BRICS, tem entre outros objectivos por em circulação uma moeda alternativa ao dólar nas transacções mundiais. É uma ameaça aos habituais instrumentos de dominação financeira actuais, o FMI e o BMI. A internacionalização do yuan está em marcha. Já salvou a Bolsa de Londres de grande afundamento e começa a ser olhado pelo BCE como moeda importante para as suas reservas monetárias. Na área do Pacífico a China desafia abertamente os EUA com um Banco de Desenvolvimento Asiático. Ainda na recente reunião da APEC- Asia-Pacific Economic Cooperation, que se realizou em Pequim, Obama tentou contornar os objectivos da China, reunindo-se na embaixada dos EUA com os doze mais importantes países, excluindo a China e a Rússia. Não teve êxito e acabou por ver aprovada a proposta da China que, através do Banco da China e do Fundo China, vai investir 140 000 milhões de dólares em ionfraestruturas ferroviárias, rodoviárias e marítimas para desenhar uma nova Rota da Seda. Xi Jinping foi muito claro nesse objectivo, firmado num Acordo Estratégico Trans-Pacífico de Associação Económica, que irá redesenhar o mapa de negócios da Costa Asiática do Oceano Pacífico estendendo-o até à Europa, para garantir um novo equilíbrio no campo económico. Os EUA são atirados para um plano secundário nesse novo eixo mundial.

6- O OURO E O DÓLAR

Como se isto tudo não fosse suficiente a outra arma que os EUA têm utilizado para manter artificialmente o dólar ao seu valor actual é a manipulação do mercado do ouro. Desde 2010 que o FED, os seus agentes bancários têm realizado vendas de ouro a descoberto. O mercado da Comex, a bolsa de ouro actual com sede em Nova Iorque, desde essa data, vende ouro-papel e não ouro-físico. Os grandes compradores são os especuladores e os hedge funds que compram e vendem activamente esse ouro-papel para controlarem o preço do ouro e proteger o dólar. As emissões de ouro papel são brutais, muitos analistas afirmam que os EUA já não terão ouro que cubra as emissões de ouro papel. A Alemanha e a França por diversas vezes reclamaram em vão a devolução do ouro que enviaram para os EUA, durante a II Guerra Mundial. Há quem veja nisso um sinal grave de haver insuficiência de ouro físico nos EUA.

dolar ouro

Paul Craig Roberts, ex SubSecretário do Tesouro nos governos Reagan, advertiu que a China e a Rússia esforçam-se para fortalecer a sua posição com compras maciças de ouro, enquanto os EUA apostam em atrasar essa intenção com guerras e outras intervenções para debilitar os seus rivais e proteger o petrodólar. Vai mais longe. Com o cohecimento de causa que lhe dá o lugar governamental que ocupou, coloca em dúvida que os EUA ainda tenham reservas de ouro, incluindo a de outrso países que lhes foram confiadas. Na sua opinião essas reservas estão esgotadas.

De facto, no ano corrente tanto a China como a Rússia têm comprado enormes quantidades de ouro físico, cuja cotação embora continuando a subir lentamente, consequência da manipulação comandada pelo FED, está longe de ser a que se calcula ser o seu valor real. A China e a Rússia para contrariar e alterar essa situação decidiram instalar no mês de Novembro em Xangai uma Bolsa de Ouro, onde as vendas a descoberto são proibidas e só será transacionado ouro físico. O yuan passará a ter como padrão o ouro o que irá acelerar a sua internacionalização e incrementar a sua procura como a moeda de reserva.

golar yuan

A Bolsa de Xangai será uma fortíssima ameaça às Bolsas de Nova-Iorque e Londres. Vai ser uma luta entre dois mercados de ouro, um baseado na avaliação da realidade e outro no jogo e manipulação. Mais uma forte ameaça ao dólar e ao petrodólar num país com uma dívida brutal, provavelmente já impagável, com enormes e crescentes défices comerciais. Uma política económica sacrificada pela especulação, a desmesurada cobiça de agentes financeiros cujo objectivo principal é salvar cinco ou seis megas conglomerados financeiros, cujos antigos decisores e executivos controlam o FED, o Tesouro e as agências financeiras federais.

6-O MUNDO SOB UMA SERIA AMEAÇA

É essa realidade evidente que ameaça os EUA o que MM não vê para continuar a afirmar que os EUA comandam o mundo financeiro. O pior cego é o que não quer ver, sem querer ver os enormes perigos para a paz mundial que isso representa, bem evidente no frenesi guerreiro de Obama, esse prémio Nobel da Paz que já bombardeou sete países. Pano de fundo o desespero de manter o dólar a flutuar antes que cada nota de dólar não valha mais que as do jogo do monopólio. Há entre os políticos norte-americanos quem acredite e defenda que o primeiro a sacar do gatilho nuclear fica a salvo. MM pensa pouco e mal o estado do mundo, muito menos consegue entrever as grandes alterações geoestratégicas que se estão a desenrolar que provocam o desespero perigoso do império, da sua ordem unipolar. Deve considerar legítimo, normal que Obama discurse na Academia de West Point declarando-se um convicto fora da lei :” Os Estados Unidos usarão a força militar, unilateralmente se necessário, quando os nossos interesses o exigirem, a opinião internacional conta, mas a América nunca vai pedir autorização”. Claro que os interesses dos EUA não são os interesses dos norte-americanos mas os do complexo militar-financeiro, quem verdadeiramente governa por interpostos democratas ou republicanos.

A Miguel Monjardino, arauto rouco do império, oferecemos um rolo de papel higiénico para se babar com o padrão, escrevinhar no verso a sua Guerra e Paz, Tolstoi deve rebolar-se até ao fim da eternidade de raiva do uso abusivo que o idiota lusitano faz do título da sua obra-prima, para depois de cada escrita lhe dar a finalidade para que foi fabricado. As crónicas de MM terão finalmente utilidade e acabam no sítio certo.

dolar papel higiénico

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UM Buraco Negro na Informação

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As caixas negras do avião da Malaysian Airways abatido na Ucrânia, entregues pelos separatistas pró-russos de Donetsk às autoridades malaios, que estes verificaram estar em bom estado, ainda estão por decifrar por peritos num laboratório especializado sediado em Londres.
O que será tão difícil de interpretar?
Em Washington, depois da retórica de Obama cujas provas foram mais sanções económicas à Rússia, começa a ouvir-se falar de “um erro/acidente trágico“.O que quererá isto dizer?
Entretanto a informação sobre o voo MH17 da Malaysia Airways, abatido sobre a Ucrânia está a entrar num buraco negro.
Saber-se-á, um dia, a verdade? Depois de tantas certezas sem provas, alguém a reconhecerá contra si?
Recorde-se o resultado de um recente inquérito independente da ONU na Síria. Depois de todo o ocidente acusar a Síria de ataques com armas químicas, o que a Síria negava, os peritos da ONU concluíram que tinha havido ataques com armas químicas mas não podiam concluir quem tinham sido os seus autores. Um monumento de cinismo. Talvez acabe assim o inquérito ao abate do avião comercial malaio.

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Geral, Guerra, Internacional

A guerra que nos espreita

ImageHoje, dia em que se realizou uma manifestação frente à embaixada de Israel em Lisboa, de solidariedade com a Palestina contra a agressão na faixa de Gaza, inserimos este sarcástico cartoon, publicado no The Independent, de 19 de Novembro, e que antecedia um excelente artigo de Yasmi Alibhai-Brown, intitulado Don´t forget Britain’s betrayal of Palestine,  na sequência de outro excelente artigo de Robert Fisk, provavelmente o jornalista mais bem informado sobre as questões do Médio-Oriente, As Israel and Hamas open the “gates of hell” in Gaza. Por cá a informação é o que sabemos, com a excepção de José Goulão no Diario.Info.

Sem esquecer o Holocausto, mas não esquecendo os milhões de não judeus igualmente mortos nos campos de concentração nazis, devemos condenar veementemente o sionismo que tem inegáveis traços fascizantes que se tentam travestir e esconder debaixo do enorme tapete das perseguições milenares aos judeus, que tiveram a sua expressão industrial nas camaras de gás hitlerianas.

Israel vive confortavelmente com a imagem fraudulenta de um milagre económico  adubado por biliões de milhões de dólares  e falsamente atribuído aos sacrifícios e  talentos de um povo eleito, cercado e perseguido por árabes sanguinários que têm o desplante de quer voltar para os territórios de onde foram brutalmente desalojados para que o povo ungido por Deus aí se instalasse, acalantado pela má-consciência ocidental. Com o beneplácito do Ocidente em geral e dos EUA em particular, organizaram um poderoso exército e são uma das potências nucleares mundiais. Não satisfeitos com o território que lhes foi ofertado com o sofrimento de centenas de milhares de árabe,  continuam a expandi-lo com uma criminosa política de colonatos. Controlam com mão de ferro esse bem muito escasso por aquelas paragens, a água. Continuam a viver à sombra do Holocausto que transformaram num rentável negócio.

Contam com apoios espúrios como o de Obama, recém-eleito para o exercício de um segundo mandato e que, para justificar o Prémio Nobel da Paz que lhe foi concedido em 2009, tem poupado a vida a dois perus por ano, no Dia de Acção de Graças. Já beneficiaram do perdão presidencial, oito perus! Um fartote para quem anda a matar selectivamente utilizando aviões não tripulados, apoia Israel em todas as suas agressões utilizando força militar brutal e desproporcionada. Obama que é uma ameaça à paz mundial, como se tem visto no Médio Oriente, por interpostos protagonistas, com Israel na linha da frente. Este assalto a Gaza, prefigura o ensaio a um ataque ao Irão.

A hipocrisia e o cinismo imperam! Nos últimos tempos é bem visível que tanto Israel como a Al-Qaeda, são objectivamente aliados dos EUA na luta pela preservação do império. Um de longa data e desde sempre, outro recente mas igualmente muito activo, como se está a ver na Síria, isto sem olvidar que o regime de Assad é autoritário e brutal, como quase todos dessa região, a começar pelos fieis amigos da Arábia Saudita. Só que a maioria dos massacres atribuídos às forças do regime tem sido perpetrados pelos radicais islâmicos e mercenários de várias origens a que enfaticamente chamam exército de libertação sírio. Tudo isto são passos na direcção de uma 3ª Guerra Mundial que tem alvos bem definidos e que nos ameaça. Fazer do mundo uma Gaza não é coisa que não entre nas conjecturas estratégicas do império. Pela paz devemos estar sempre mobilizados. Hoje contra a agressão sionista a Gaza, amanhã por qualquer outro motivo que a faça perigar . A guerra ronda-nos! Estejamos atentos e actuantes!

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Geral, Política

As batatas, o desvio colossal e o amigo Obama

Batatas, couves e cebolas

Batatas, couves, cebolas, pimentos e feijão verde, ainda plantados na terra, passaram a inclui-se nas listas de roubos. O facto tem vindo a ocorrer nas últimas semanas e foi relatado por agricultores do Baixo Mondego.

Não fosse o facto poder ter a ver com desesperadas carências alimentares de alguém, quase que poderíamos sorrir. É que roubar produtos vegetais numa época em que se roubam caixas de multibanco com recurso a explosões de gás e se multiplicam os assaltos a ourivesarias e outros estabelecimentos comerciais… Mas quando a fome aperta…

Desvio colossal

Vítor Gaspar, o novo ministro das finanças, tal e qual um bom escuteiro, bem tentou aplainar as palavras do chefe. Segundo explicou, de forma expressiva e minuciosa, não se tratava de um “desvio colossal” entre o orçamentado e o executado, mas sim de “trabalho colossal” o que aí vem. Só essa sequência lhe atribirá um lugar no podium dos separadores televisivos. E logo se percebeu também que temos ali um político de fino recorte humorístico.

Pior é não se perceber quem tem razão quanto ao desvio. Se o responsável das finanças V. Gaspar que, na passada semana, terá referido uma diferença de mais mil milhões de euros na despesa pública, se o primeiro-ministro que referiu em Vila Real um valor na ordem dos dois mil milhões de euros. Mil milhões de diferença entre as duas versões…

O amigo Obama

Já sabíamos que os políticos americanos têm Portugal em pouca conta. Agora foi confirmado pela boca do Presidente B. Obama. “Nós não somos Portugal”, disse o primeiro presidente negro dos EUA ao ver-se acossado pela oposição republicana e em apuros para evitar o incumprimento de pagamentos da dívida americana. Ou os Estados Unidos baixaram de divisão ou Portugal passou a jogar no mesmo campeonato…

Bem pode o embaixador dos Estados Unidos, em jeito de controlo de danos, afirmar que o seu país “aplaude as medidas”  tomadas pelo seu aliado luso. Com amigos e ajudas destas, Portugal é cada vez mais empurrado para o fundo do poço da bancarrota – isto quando ainda há poucos dias os novos governantes afirmavam querer afastar (!) o país da Grécia,

 

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Circo Bin Laden

Há extraordinárias sequências, quase cinematográficas, para as bandas de Washington.

Uma semana atrás, Barack Obama mandou publicar a sua certidão de nascimento, para desmentir os norte-americanos que duvidavam que tivesse nascido em solo pátrio. As controvérsias costumeiras e o presidente em grande gozo a mostrar, no jantar anual com os correspondentes na Casa Branca, imagens da sua infância captadas por Walt Disney no Rei Leão, produzindo gargalhadas gerais na assistência.

Na sequência seguinte, Barack Obama com ar sério, de estadista determinado, pronto para o que der e vier, anuncia ao mundo o assassinato de Ussama Bin Landen.

O orgulho norte-americano explode, enquanto Obama segue atentamente a subida dos índices de popularidade. Em duas semanas o homem mostra o que quer. E o que quer é ser reeleito mostrando-se mais capaz que os republicanos a puxar do gatilho e a acertar no alvo. A fazer o que os outros não conseguiram em dez anos de guerras e políticas securitárias. Há já quem embandeire em arco pensando alto que a reeleição está no papo.

Poderá não estar, apesar desta sequência que nada deve ao melhor marketing. Há muitos anos que a auto-estima made in USA não estava tão em alta. A comunicação social de todo o mundo esmiúça o processo que conduziu à localização e ao abate de Bin Laden, sem que ninguém, pelo menos no que se tem lido, refira o que deve ter sido fulcral para esse sucesso: a participação dos serviços secretos paquistaneses, um estado dentro do estado, que devem ter decidido acabar com Bin Laden, depois de anos a protegê-lo. Os últimos atentados perpetrados pela Al-Qaeda no Paquistão, atingindo algumas mesquitas com forte implantação popular, devem ter sido a espoleta para os serviços secretos paquistaneses traçarem a sorte de Ussama Bin Landen, pondo-se completamente de fora.

Claro que este, mais que provável cenário, não convém ao Rei da Selva que agora ruge espanejando a juba a caminho das eleições.

Infelizmente para ele, não será o circo mediático que resolve os grandes problemas económicos dos EUA que se advinham insolúveis, tanto para democratas como para republicanos, porque ultrapassam em muito a sua capacidade de intervenção. Não é o receituário de uns ou de outros que tirará da decadência o império. Como não é a morte de Bin Landen, para lá do valor simbólico que tem, que irá acabar com o terrorismo internacional.

O Magrebe e o Médio-Oriente continuam agitados. A democracia continua distante em praticamente todos esses países, apesar das alterações que aconteceram. Curiosamente o que parece estar mais calmo, o Bahrein fê-lo por via da intervenção da despótica monarquia saudita. No Egipto nada de muito novo além dos militares continuarem a deter o poder e são os mesmos que estavam ao lado de Mubarak. Na Líbia não se sabe se Kadhaffi continua, como continua ou se é substituído por um outro Kadhaffi qualquer. A Síria e o Iémen continuam em polvorosa. Que adianta ou atrasa a morte de Bin Landen? Nada a não ser para consumo interno nos EUA.

Nada, enquanto os povos não tomarem o destino nas suas mãos. Cenários não do agrado do Ocidente que sempre preferiu a segurança de apoiar déspotas que deixam cair para apoiar os déspotas seguintes até se livrarem deles. Ou preferirem apoiar grupos que são dos mais conservadores e radicais com medo de apoiar as forças populares capazes de fazer uma verdadeira transição para uma sociedade mais justa e democrática. Desde os impérios francês e britânico sempre foi assim, e assim contínua.

Vícios políticos velhos, agravados por uma situação económica instável e em mutação.

Enquanto isso o circo Bin Landen ainda tem uma esperança de vida razoável. Lá mais perto das eleições será estreado um filme com o romance dos acontecimentos e o presidente a gritar Acção! Vai uma aposta?

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