Vítor Ramalho, o fantástico líder da Federação Distrital de Setúbal do Partido Socialista, demonstrou hoje, num comunicado publicado no jornal «O Setubalense», a propósito do encerramento nocturno das urgências pediátricas do Hospital de São Bernardo, que os interesses da população do distrito pouco ou nada lhe dizem. O mesmo já tinha feito a presidente socialista da Câmara Municipal de Montijo, para quem a decisão de encerrar as urgências pediátricas do Hospital do Barreiro é absolutamente normal.
A notícia do «Setubalense» vai abaixo reproduzida na íntegra porque que vale a pena perceber a que ponto chegou a falta de vergonha do PS e dos seus líderes. Leiam então:
«O presidente da Federação Distrital de Setúbal do Partido Socialista, Vítor Ramalho considera que “esta medida está a ser tomada com a finalidade de salvaguardar a qualidade dos cuidados de saúde a prestar às crianças, uma vez que no período de férias há uma redução efectiva de recursos humanos, repudia-se qualquer aproveitamento político-partidário demagógico”.
Em comunicado, Vítor Ramalho salienta que tomou esta posição “face às especulações fomentadas por alguns partidos políticos relativamente à suspensão temporária das Urgências Pediátricas no Hospital S. Bernardo – Setúbal e Hospital Nossa Senhora do Rosário – Barreiro e a sua centralização no Hospital Garcia de Orta – Almada”.
O presidente da Federação Distrital de Setúbal do Partido Socialista considera que “não é sério falar em encerramento das urgências pediátricas nos respectivos Hospitais, quando de facto se trata apenas da suspensão temporária, à noite, durante o período de Verão – 15 de Junho a 15 de Setembro, da meia-noite às 9 horas”.
O dirigente socialista acrescenta que “as crianças que derem entrada nas urgências dos respectivos Hospitais, da sua área de residência, terão transporte e acompanhamento profissional imediato e adequado até ao Hospital Garcia de Orta – Almada”.
Os socialistas têm, nos últimos anos, aprimorado bastante as capacidades linguística, produzindo enunciados que dizem exactamente o contrário do que se passa na realidade, na tentativa de convencer (enganar seria um termo mais apropriado…) as pessoas de que as medidas que adoptam em matéria de saúde (e outras) são decididas apenas para melhor servir as populações e que nada têm a ver com uma visão meramente economicista do funcionamento do Estado.
Repare-se como Vítor Ramalho afirma, certamente sem pestanejar, que o encerramento das urgências visa apenas «salvaguardar a qualidade dos serviços dos cuidados de saúde a prestar às crianças», isto depois de a Administração Regional de Saúde ter produzido aquela pérola da «operacionalização» dos serviços que se pretende alcançar com a concentração das urgências nocturnas no Hospital Garcia de Orta. Melhor ainda foi o Ministério da Saúde afirmar que o Hospital de Almada está apenas a cinquenta quilómetros de Setúbal ou do Montijo, o que significa apenas meia hora de autoestrada… Esqueceram aqueles que vêm de Sines, Santiago, Grândola, Alcácer, para quem chegar a Almada não são 50 quilómetros, mas sim mais 50 quilómetros a somar às dezenas que percorreram para chegar a Setúbal. Isto só pode querer dizer que o país, visto de Lisboa, é muito mais pequeno.
O líder socialista não hesita sequer em referir aproveitamentos «político-partidários demagógicos», como se a indignação das pessoas fosse apenas resultado de uma qualquer manipulação partidária. Basta ver a quantidade de iniciativas que surgiram no Facebook e a velocidade com que ganharam adeptos em meia dúzia de horas para se perceber que a indignação não resulta do que Ramalho gostaria que resultasse, apenas para agitar o papão comunista, embora seja justo afirmar e notar que os comunistas são aqueles que estão sempre na primeira linha da defesa dos interesses das populações. A declaração de Ramalho sobre os «aproveitamentos» constitui um óbvio atestado de estupidez a todos aqueles que se sentem lesados por estas medidas absurdas, apenas motivadas pela incapacidade e por uma visão economicista da gestão da saúde.
Ramalho converte-se, assim, em mais um dos spin doctors que pululam pelas bandas socialistas, ignorando ostensivamente os interesses daqueles que devia defender. É uma vergonha!
Como se não bastasse todo o absurdo deste caso de insensibilidade e incompetência, transformado numa «operacionalização» que visa, nas palavras dos dirigentes socialistas, a «salvaguarda da qualidade dos serviços de saúde a prestar às crianças», surgem agora os pediatras do Hospital de Setúbal a comunicar que estão disponíveis para, com sacrificios pessoais, assegurarem as urgências nocturnas. São os próprios pediatras que desmentem a versão apresentada pela ARS que indicava que poucas crianças eram atendidas no período nocturno, argumento que serviu de justificação ao encerramento, mesmo se já se sabia que o problema residia, sim, na falta de pessoal médico.
A única conclusão possível, perante o que se vai sabendo sobre este caso, é que o Ministério da Saúde, a ARS e Vítor Ramalho estão a mentir. Tal como Sócrates mentiu ao país em relação ao negócio PT/TVI. Há aqui um padrão que é impossível ignorar e que evidencia que este PS apodreceu e sem recuperação possível. Está na hora de mudar, mas mudar a sério!
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