Política

Imprensa de referência?

Captura de Ecrã (17)É na linguagem que se combatem as primeiras batalhas. O “Expresso” sabe-o muito bem. Nota-se isso com toda a clareza na perpetuação da utilização do termo “geringonça” para denominar o atual governo. A SIC, do mesmo universo editorial/empresarial adotou também o termo e utiliza-o, com a naturalidade de quem bebe água, nos seus serviços noticiosos.

O título de hoje na edição online do “Expresso” mostra que o jornal, a que chamam de referência, tomou, definitivamente e com toda a clareza, partido. Quando titula “Como a esquerda está a impor a agenda fraturante“, o “Expresso” — que sempre omitiu nos últimos anos a palavra “direita” quando se referiu às políticas do Governo de Passos — quer agora, por via da linguagem, colar às propostas dos partidos que apoiam no parlamento o Governo, e não inocentemente, a palavra “fraturante” como indicativo de discordância profunda da sociedade portuguesa em relação a estas questões.

Afirmar que se está a “impor” uma agenda é outro truque baixo. As propostas a debater são apresentadas por partidos com legitimidade eleitoral e parlamentar para o fazer num quadro democrático e, por isso, não se pode dizer que são impostas. Resultam sim do apoio apoio parlamentar, neste sistema representativo em que vivemos, que obtiverem.

Na verdade, não é de admirar que o jornal que sempre serviu a direita portuguesa utilize estes truque baixos. Assim como não foi motivo de admiração que nunca tivesse classificado as políticas do governo de Passos como fraturantes.

E, é inegável: essas sim, foram fraturantes.

Fraturantes nos milhares de trabalhadores que mandaram para o desemprego; fraturantes nos milhares de portugueses que enviaram para a emigração; fraturantes quando cortaram salários, subsídios de férias e de natal a funcionários públicos; fraturantes quando impuseram horários de 40 horas semanais na função pública; fraturantes quando acabaram com feriados consolidados de grande importância simbólica; fraturantes quando retiraram complementos de reforma dados a trabalhadores para os convencer a reformarem-se antecipadamente. .

Para o “Expresso” nada disto foi fraturante. Já o aborto, problema resolvido há anos, é uma causa fraturante. Para o “Expresso”, fraturante quer, aparentemente, dizer que são coisas sagradas (para a direita portuguesa) em que não se deve mexer. Pena é que não considerem sagradas as garantias de segurança de um trabalhador no que diz respeito ao seu salário e ao seu horário de trabalho, apenas para dar dois exemplos.

De futuro, quando alguém classificar o “Expresso”, ou todo o universo empresarial de Balsemão, como imprensa de referência, é melhor morder a língua duas… não, três vezes.

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Geral

Abrir os Armários

armário

Eles aí estão a sair do armário!!!

Toda essa gentalha que estava fechada no armário da democracia, salta para o pântano da mais farfalha reaccionarice, para combater o fantasma de um governo de esquerda.

Invadem o terreno dos meios de comunicação social que há muito anos ocupam com maior ou menor parcimónia, com maior ou menor descaramento, com a maior ou menor inabilidade, onde mentem com contumácia sobre a realidade para construírem uma realidade que nos vendem como verdadeira.

Agora depois dos resultados eleitorais em que, mentindo com todos os dentes que têm,, recuperando mesmo os cariados que foram arrancados e substituídos por próteses, a coligação PSD/CDS com alianças declaradas ou sornas nos media, é minoritária e há a possibilidade de um governo de esquerda, ainda que seja para já tão provável como a aparição de D. Sebastião numa manhã de nevoeiro, salta do armário esse exército que reúne dos mais ultramontanos direitinhas aos mais esclerosados democratas.

Curiosamente o argumentário é, no seu essencial, o mesmo quando se vislumbra uma sombra que pode ameaçar o Portugal deles, o Portugal destruído por quarenta anos de políticas de direita, submetido aos ditames do capital e dos seus braços armados. Uma hipotética coligação de esquerda fá-los perder a cabeça e saltar dos armários. Uma dessas avantesmas ficou tão aterrorizada que até entreviu Estaline a ressuscitar em pleno Terreiro do Paço pronto para tomar o poder. Diz essa alarvidade sem que ninguém o contradiga ou diga que está louco. Os outros, que se querem fazer passar por mais credíveis, não perdem tempo em agitar os fantasmas do Prec, da democracia, a deles evidentemente, à beira do abismo em 1975, mais a parafernália de argumentos que foram buscar à arca da contra-revolução que começou na primeira hora do triunfo do 25 de Abril. Estão ajoelhados na grande Meca do capital, aos ditames da União Europeia, às virtudes do Tratado Orçamental e das políticas de austeridade, à NATO e ao seu combate cínico aos talibãs, Al-Qaeda e Estado Islâmico que ela e seus aliados no terreno armam e financiam, às hordas nazi-fascistas que proliferam na Europa e estão no poder na Ucrânia.

No meio dessa farândola, vendendo rifas dessa quermesse de mentiras maiores ou menores, sorridentes serpentes saem do ovo para mostrar a sua perplexidade. Um deles interroga-se porque é que na Constituição Portuguesa os partidos nazi-fascistas são proibidos e os leninistas (sic) não o são. Isto é dito pelo inefável Lobo Xavier na Quadratura do Círculo. Fê-lo com o sinistro cuidado de ser o último a falar, de o dizer a fechar o programa. Esperemos que na próxima edição Pacheco Pereira ou mesmo Jorge Coelho não deixem passar em claro essa abominação já que do moderador nada há a esperar. É mais um daquela turbamulta etiquetada de jornalistas que mais não são que caixas de ressonância do pensamento único.

Se Lobo Xavier, com evidentes saudades salazarentas, foi mais longe insinuando a possibilidade de proibir o PCP, os outros não ficam pelo caminho. Basta lê-los ou ouvi-los, mesmo na diagonal. Para nos limitarmos a um jornal que usa todos os arautos para se proclamar de referência, também não se sabe qual o padrão a que se refere, é ler da anémona Henrique Monteiro, que cola um sorriso estanhado no alçado principal para se fazer passar por inteligente, ao cruzado da pequena e média-burguesia, também ele empunhando um sorriso gambrinus, Martim Avilez. De cabeça perdida, de norte desbussolado fazem strip-tease dos adornos democráticos, não se escusam a escrever blasfémias à inteligência!

Já se sabia que essa armada de traficantes junta em tropel as hostes sempre que os interesses do grande capital se sintam ameaçados. O que talvez não fosse previsível é que com sinais ainda tão fracos fossem tão rápidos a terçar armas. Sinal que o mundo deles está muito corroído apesar da gigantesca burla que é vendida urbi et orbi como verdade única. O ambiente de alarme pós-eleitoral é sintomático, despe-os na praça pública de toda a conversa fiada com que vão entretendo o tempo, enquanto afiam as facas para defenderem os seus amos. Julgam-se uma armada invencível. De facto têm um poderosíssimo armamento à sua disposição para não deixarem dissipar o negrume da gigantesca fraude que dá corpo a um fascismo pós-moderno que marcha pelo mundo disparando a esmo as bombas de fragmentação com as mentiras com que o manipulam.

O que se está a viver em Portugal, desde que conhecido o resultado das eleições e independentemente do que resultar delas. escancara as janelas para uma realidade insidiosa que se vive dia a dia. Que nos é servida em doses perigosas: das pequenas às grandes mentiras que tendem a formatar a opinião das pessoas, para que o verdadeiro poder dominante nos continue a governar.

Contra eles recorde-se George Orwell: “num tempo de fraude universal contar a verdade é um acto revolucionário”

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Magalhaezoadas

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No sábado, na última página do Expresso chocámos com uma notícia hilariante. O deputado do PS, José Magalhães justifica a apresentação de um projecto-lei que quer “autorizar os partidos e os candidatos a utilizarem as redes sociais, nomeadamente o Facebook, em alturas de campanha eleitoral”. O Magalhães acrescenta uma daquelas tiradas patéticas em que é useiro e vezeiro, num jornal a pose está oculta mas não deve ter desmerecido da tirada, “a internet é uma forma importante de os políticos poderem chegar aos cidadãos”. La Palisse em todo o seu esplendor! Aqui está um segredo de polichinelo que essa ave, que tornou a arribar à AR, proclama sem se rir, mas para nos fazer rir. O projecto lei, certamente da sua lavra, o rapaz sempre foi muito dado ás coisas da informática com um conhecimento reader’s digest, não tem a mínima utilidade. O espaço internético está invadido pelos políticos em todo o mundo e em Portugal. Ou talvez o seu interesse resida naquela referência particular ao Facebook. Estará o Zé Magalhães à espera que o Marc Zuckerberg o recompense? Isto de fazer publicidade ao anunciar oficialmente, talvez mesmo no corpo do decreto-lei,  uma marca deve, deveria, ser bem pago. Esperemos que o Marc não seja ingrato. As indas e vindas do José Magalhães à AR mostram-no como um avida dollars que perdeu toda a decência a que o PCP, quando era seu deputado, o obrigava. Bem quis travestir a sua saída do PCP como um acto de dissidência ideológica. Ainda nos lembramos como num programa de rádio, o Pacheco Pereira o gozava desmedidamente, desmontando a teatrada, ele entaramelando justificações.

Tirando a hipótese Zuckerberg, outra hipótese, mais rebuscada mas não menos possível, é de colocar. Porque é que o Expresso dá aquela notícia que não tem pés nem cabeça? A única justificação é a de dar visibilidade ao embaciado José Magalhães, porque a Impresa quer ver se ele lhes larga a porta,  por onde tenta reentrar na Quadratura do Círculo. O cheiro dos maravedis fazem-no perder a pouca lucidez que ainda terá. É evidente que a utilidade do Zé Magalhães é menos que zero. Primeiro, porque ao longo dos anos, desde que sentou pela primeira vez na AR, a espessura óssea foi ganhando espaço à massa cinzenta, até ao estado crítico actual, como se vê por esta iniciativa parlamentar. Depois porque o seu valor de uso reduziu-se drasticamente na medida em que o seu ser ex-PCP perdeu o prazo de validade.

O drama do Magalhães é julgar-se importante. Que iria ele fazer num programa que tem um maquiavel vivendo o drama de não ter príncipe, um político que só faz política para fazer, directa e indirectamente, tráfico de influências, e outro político muito activo no traçar de metas para a sua carreira e que usa essa tribuna como motor auxiliar nessa corrida? Nada! Num programa que deve ter um baixo nível de audiência, que só se mantém pelas repercussões de algumas opiniões ali expressas são reproduzidas noutros meios de comunicação social, a utilidade do José Magalhães é nula.

Ouça um bom conselho Zé Magalhães, antes que o ridículo o mate com mais umas propostas de decretos-lei do mesmo jaez, aproveite o tempo para escrever umas parvoidades que a sua amiga Zita Seabra logo as publicará como publica todo o lixo que vai parar à sua editora. Vá para esse caixote do lixo, nem sequer caixote de lixo da história, que é o vosso, e doutros da vossa estirpe, o  vosso habitat por excelência.

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