Julgávamos que em matéria de demagogia já tínhamos visto quase tudo em Portugal.
Pensávamos que bastaria compilar as promessas que os partidos ao assalto do poder têm feito a cada campanha eleitoral e ver como essas promessas têm sido cumpridas, seja pelo PS como pelo PSD com ou sem o apêndice CDS, para termos uma obra de estalão, ilustrativa da mais desbragada demagogia. Para o manual ser completo juntavam-se uns vídeos das campanhas eleitorais, ficávamos com uma colecção impressionante de como, sem um desfalecimento, uma hesitação, um leve rubor, se fala verdade a mentir.
Pensávamos mal, muito mal. Há sempre quem ultrapasse o impensável. Agora, o PSD inventou um site na internet para os portugueses darem sugestões de como reduzir as despesas do Estado. Vão ter centenas de milhares, quiçá mesmo milhões de ideias, das mais mirabolantes e rascas, a esmagadora maioria e, talvez, uma dúzia com algum fundo de seriedade, a quem ninguém ligará, porque ficarão submergidas na imensa lixeira em que esse site obviamente se tornará. Vai ser um fartote de participações, ao nível dos comentários da fauna que escreve na comunicação social on-line com a cabeça atascada de casas dos segredos e coisas similares e os bolsos cada vez mais esvaziados pelas mãozitas desses espertalhões.
O objectivo é por demais evidente: arranjar um espaço onde o Zé Povinho faça catarse colectiva, lapidando virtualmente os políticos do PS, PSD, com ou sem bengala do CDS, que durante estes trinta e cinco anos os têm aldabrado com falsas promessas e falinhas mansas, esperando o PSD que as pedras lhe passem ao lado. O site é uma artimanha que aprofunda a burla. O truque é tão barato que causa impressão que seja alta a expectativa de haver sempre gente predisposta a comprar vigésimos premiados. O que é certo é que continua a funcionar. Se aquilo fosse gente séria, deveria ter colado um aviso aos eventuais participantes: “com papas e bolos se enganam os tolos”.
Ficamos à espera dos próximo capítulos. Pelo andar da carruagem, anda vamos assistir a Pedro Passos Coelho, à frente dos órgãos nacionais do PSD, em grandiosa tournée nacional com uma ópera rock tipo Evita superstar, à portuguesa. O rapaz nem canta mal, as canções políticas que entoa é que são …. O grande final será vê-los pendurados nas varandas e janelas das sedes do PSD a atirar à multidão em paroxismo jóias, relógios, casacos, calças, sapatos, tudo, para todos nus encenarem, em directo e ao vivo, que não escondem nada aos portugueses, os mesmos que irão endrominar logo a seguir.
Que a demagogia rape o fundo do tacho!
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