Geral

A Grécia, a CEE os seus mandantes, seus mandaretes e monicas lewinskis

A ESPERA DOS BÁRBAROS

— Que esperamos na ágora congregados?

 

Os bárbaros hão-de chegar hoje.

Porquê tanta inactividade no Senado?

Porque estão lé os Senadores e não legislam?

 

Porque os bárbaros chegarão hoje.

Que leis irão fazer já os Senadores?

Os bárbaros quando vierem legislarão.

 

Porque se levantou tão cedo o nosso imperador,

e está sentado à maior porta da cidade

no seu trono, solene, de coroa?

 

Porque os bárbaros chegarão hoje.

E o imperador espera para receber

o seu chefe. Até preparou

para lhe dar um pergaminho. Aí

escreveu-lhe muitos títulos e nomes.

 

— Porque os nossos dois cônsules e os pretores

saíram hoje com as suas togas vermelhas, as bordadas

 

porque levaram pulseiras com tantas ametistas,

e anéis com esmeraldas esplêndidas, brilhantes;

porque terão pegado hoje em báculos preciosos

com pratas e adornos de ouro extraordinariamente cinzelados?

 

Porque os bárbaros chegarão hoje;

e tais coisas deslumbram os bárbaros.

 

– E porque não vêm os valiosos oradores como sempre

para fazerem os seus discursos, dizerem das suas coisas?

 

Porque os bárbaros chegarão hoje;

e eles aborrecem-se com eloquências e orações políticas.

 

– Porque terá começado de repente este desassossego

e confusão. (Como se tornaram sérios os rostos.)

Porque se esvaziam rapidamente as ruas e as praças,

e todos regressam as suas casas muito pensativos?

 

Porque anoiteceu e os bárbaros não vieram.

E chegaram alguns das fronteiras,

e disseram que já não há bárbaros.

 

E agora que vai ser de nós sem bárbaros.

Esta gente era alguma solução.

                                                               Konstandinos Kavafis

(tradução Joaquim Manuel Magalhães/Nikos Pratsinis)

ovelhas

 

Os cônsules, pretores que entre dois partidos sozinhos ou coligados, se sucediam na Grécia, impondo ao povo grego as soluções dos bárbaros foram democraticamente derrotados. As iníquas reformas estruturais, um saco de mentirolas que nada reestrutura e tudo destrói,  que garrotavam a economia, aumentavam a dívida, mantinham os privilégios da oligarquia, aprofundavam  a corrupção, atiravam cada vez mais gregos para a miséria e o desemprego, foram democraticamente derrotadas. Quem venceu pelo voto, propõe outro caminho para sair da crise, caminho dentro do quadro político, económico e social dos bárbaros. Nem isso os bárbaros aceitam. Inquietam-se porque não querem que seja sequer possível pensar que há outras saídas para a crise económica dos países que se debatem com dívidas que são impagáveis, consequência da crise mais geral da Europa tatuada no sistema que se arrasta agónico mas que se julga eterno, sem alternativas.

Governantes e seus sequazes querem ditar, impor as suas leis sobre os países devastados por uma estúpida cegueira que alimenta os oligopólios financeiros, promove uma crescente desigualdade social, instala um desastre económico e social de proporções inquietantes. Mentem manipulando as estatísticas para travestir o desastre. Mentem. mentindo sempre e, sem pudor,  fazem circular a mentira por uma comunicação social mercenária ao seu serviço.

Na CEE, os países que se sujeitaram às receitas das troikas, viram as suas dívidas em relação ao PIB aumentar exponencialmente entre 2007 e 2014. Irlanda 172%, Grécia 103%, Portugal 100%, Espanha 92%. A dívida mundial que em 2007 era de 57 biliões de dólares, em 2010 foi de 200 biliões de dólares, ultrapassando em muito o crescimento económico. Tendência que continua o seu caminho para o abismo, em benefício dos grandes grupos financeiros, entrincheirados nos chamados mercados. O chamado serviço da dívida, os juros, são incomportáveis. São esses os êxitos de uma política cega submetida à ganância usuária que não tem fronteiras ou qualquer ética.

Os governos deixaram de estar ao serviço dos seus povos, nem estão sequer dos seus eleitores. São correias de transmissão dos oligopólios financeiros que se subtraem a qualquer escrutínio democrático ou outro de qualquer tipo. Traçam um quadro legal que os suporta e legitima a ilegitimidade. A democracia é uma chatice, um entrave, um pauzinho nessa gigantesca engrenagem que nos atira barranco abaixo, com efeitos devastadores para a humanidade. Nada interessa a não ser o lucro de quem especula sem produzir nada. As pessoas são uma roda nessa engrenagem.

chaplin

Charlie Chaplin, TEMPOS MODERNOS

Quem não caminha ordeiramente nesse rebanho, quem se opõe, mesmo que mandatado e sufragado democraticamente, é considerado irresponsável, como disse o ogre Wolfang Schauble, ministro da economia da Alemanha, em relação à Grécia. As suas enormidades ecoam pela boca dos seus bufões, das suas monicas lewinskis por todos os cantos de uma Europa submissa aos diktats do bando de arruaceiros financeiros que rouba a tripa forra países e povos. Em Portugal, as nossas monicas lewinskis são mais fatelas, mais rascas com se tem visto e ouvido de Cavaco a Passos Coelho, de Portas a Pires de Lima mais a matilha dos seus sarnentos rafeiros de fila. Espumam raiva, ódio dos ecrãs televisivos às ondas radiofónicas. Quem se atreve a riscar, ainda que levemente, essa realidade em que nos enforcam é logo atacado e silenciado quanto baste por essa matilha de pensamento ulcerado.

Os burocratas europeus dogmáticos, leitores e intérpretes da cartilha neoliberal dizem que a realidade é assim mesmo! Será?

A realidade nunca é a realidade que nos querem impingir como Aragon tão bem descreveu. Há mais vida para lá desse biombo com que a querem esconder qualquer luz, mesmo bruxuleante, de esperança para a humanidade.

ISTO È UMA OVELHA,escultura de João Limpinho

 

AS REALIDADES

Era uma vez uma realidade

com as suas ovelhas de lã real

a filha do rei passou por ali

e as ovelhas baliam que linda ai que linda está

a re a re a realidade

Era uma vez noite de breu

e uma realidade que sofria de insónia

então chegava a fada madrinha

e placidamente levava-a pela mão

a re a re a realidade

No trono estava uma vez

um velho rei que muito se aborrecia

e pela noite perdia o seu manto

e por rainha puseram-lhe ao lado

a re a re a realidade

 

CODA: dade dade a reali

dade dade a realidade

A real a real

idade idade dá a reali

ali

a re a realidade

era uma vez a REALIDADE.

Aragon

(tradução António Cabrita)

ceci nést pas une pipe

pintura de Magritte

Advertisement
Standard
economia, Política

Contra a Voz do Dono!

A fusão do Estado com o Poder empresarial não é democracia!

Chama-se FASCISMO!

Diz o comentador lúcido e bem informado, de que colocamos no final um link.

O fascismo só se torna terrorista quando necessário. Vai exercendo outras formas repressivas e legalizando-as. Mais de uma vez o dissemos e repetimos: entre a justiça e o direito, o quadro legislativo em que nos encerram, a relação é muito ténue. O direito é SEMPRE o direito do mais forte à liberdade, os mais fracos perdem-na progressivamente se não lutarem contra as leis que os violentam!

Outra realidade que se deve relembrar sempre é que o mercado livre é uma ficção! Por detrás da mão invisível dos mercados está sempre a mão visível do Estado. Quando o Estado se demite das funções sociais e se põe ao serviço do grande capital financeiro e especulativo perde autonomia, submete-se aos ditames dos chamados mercados, esse deus ex-machina do estado actual do capitalismo monopolista. Legaliza a especulação financeira. Permite a usura e a agiotagem. Basta dar uma olhadela para os juros especulativos que os mercados impõem e, sobretudo, deixam que eles imponham! Quando se apoia a banca com mais de quatro mil milhões de euros, (a tão falada dívida grega é 12,5% desse valor!!!) como Durão Barroso revelou, a juros praticamente zero, para a banca os ir emprestar aos Estados e às empresas a juros altíssimos e insuportáveis, fica tudo explicado. Como também se explica porque é que quase ninguém fala disso. É a manipulação diária e sistemática da opinião das pessoas para que aceitem uma inaceitável realidade que não corresponde à realidade. Continuar a ler

Standard
Geral

Encarte de Cassetes

Antes das eleições, durante as eleições, depois das eleições, toneladas de comentários, dezenas de comentadores cada cor, seu paladar.

MENTIRA!!! Quase todos da mesma cor, variam as graduações dentro do mesmo tom, quase todos com o mesmo paladar, sabem a nada ou a muito pouco, desfilam zumbizando o esperado, repetindo-se, repetindo-se a encher chouriços do mais aplainado excogitar.

Cassetes do pensamento dominante. Praga de
proclamados e auto proclamados fazedores de opinião, propagandistas do pensamento formatado.

Por mais zapping que se faça, por mais textos de opinião que se cortem na diagonal, não sai nada. Daquelas cabeças não sai nada mais espesso que um papel de mortalha.

Uma curiosidade, tudo ao molho quanto é que é que o papaguear daquela gente custa por mês? Nas televisões privadas que se lixe, não será bem assim mas…agora na pública sai dos nossos bolsos, o que a somar aos ordenados excessivos que aqueles fulanos que todos os dias estampam o alçado principal nos ecrãs, deve ser uma conta preta, paga por todos nós! Por ali não passa austeridade?

Para acalmar a justa indignação do povaréu fala-se em privatizar a RTP. É mais um serviço aos que já dominam, directa e indirectamente, a comunicação social para continuar o processo de domesticar a malta! Aquilo é mau, muito mau mas ainda é nosso, podemos e devemos alterar o que por lá se passeia. Calá-la é fechar é entaipar uma porta que está lá e pode ser aberta!

Enquanto isso não acontece tudo é igual, tudo vai mal, no deserto das ideias dos opinadores da comunicação social, salvo raríssimas excepções!!!

Standard
Política

A Lixeira do Pensamento

No zapping pelas televisões, antes de me ir dedicar a coisas mais úteis e intelectualmente mais estimulantes, tenho choques frontais com personagens que nem na ópera bufa mais reles seriam aceites, e que no nosso espaço televisivo aparecem como credíveis opinadores. Pirilampos travestidos em estrelas, candentes mas estrelas.

A lista é extensa. Incorrendo o risco de não colocar no pódio uma infinidade de palhacecos, vou referir dois com os quais tropecei hoje e que, quando tanto se fala de um estado gordo, muito se distinguem pela gordura física e mental.

Inês Serra Lopes, quem pode ainda dar credibilidade a essa personagem depois de ter sido condenada em todas as instâncias judiciais por ter pago a uma funcionária da RTP para ir prestar depoimento na Polícia Judiciária, baralhando o caso de Carlos Cruz, em que o seu pai é o advogado titular que foi procurar apoio no mais mediático Ricardo Sá Fernandes. Quem faz isto poderá algum dia ter alguma credibilidade? Num país com um mínimo de decência alguém ouviria as suas opiniões que ainda por cima são da mais linear mediocridade?

Ângelo Correia, do nada aparece deputado e vai fazendo caminho rentabilizando o cargo político em lobbies que desaguam em vários conselhos de administração. Nada de estranho nessa gente que se serve da política para trampolim nos negócios pelo poder de influenciar, real ou imaginário, de que ficam possuídos. A não esquecer, para a credibilidade do seu falazar, tipo vendedor todos os azimutes da sorte grande, a célebre revolução dos pregos, quando era ministro do interior num governo Cavaco. Só isso, num país minimamente decente, teria apeado o parceiro para uma qualquer valeta da história. Mais grave, dizem à boca pequena que é o mentor do actual presidente do PSD. Com malta desta a opinar, a torto e a direito e a toda a hora, não mal acompanhados por Lellos, Montenegros& Meireles, quadratura do círculo SA, Portugal é, a toda a hora, a mais medíocre das zarzuelas.

Com tenores, barítonos, sopranos, contraltos deste jaez nada nos safa de, no fim do espectáculo, só se ouvirem pateadas e se atirarem tomates a essa gentalha.

Por enquanto, o povo adormecido pelo lixo televisivo que, de manhã á noite invade os ecrans, perde memória e dissolve a dignidade.

A cultura, no sentido mais lato, é a subversão. Um perigo maior que a generalidade dos comentadores encartados e os convidados avulso, rasoira com verdades adquiridas em filosofias latrinárias.

Por isso o outro quer privatizar a RTP onde há uns luzes candentes, apesar dos Prós e Contras cada cor seu paladar. Lição aprendida com Berlusconi, um paradigma da sobrevivência na lixeira dourada da democracia.

Standard
Política

É fartar vilanagem!

Um dos papagaios que peroram a torto e a direito na televisão, há sempre um cheque à sua espera na tesouraria, é o presidente do Conselho Directivo do ISEG, Professor Doutor João Duque. É vê-lo a cavalgar, integrado na brigada que faz cargas de cavalaria armada com a cartilha neo-liberal, a cortar, a grossas espadeiradas a torto e a direito, nos vencimentos da função pública e nos investimentos, abrindo as goelas com o grito de guerra do aumento de impostos, desfraldando os pendões das privatizações e das parcerias público-privadas.

Em Maio deste ano, esse senhor, presidente do conselho directivo do Instituto Superior de Economia e Gestão, produziu um despacho contratando, “por conveniência urgente, para exercer as funções de Professor Catedrático Convidado, a tempo parcial 0 %, além do quadro do Instituto, com efeitos a partir de 1 de Setembro de 2008”, Eduardo Catroga. Acrescenta sibilinamente, não carece de visto prévio do Tribunal de Contas. Está-se mesmo a ver que andaram a fazer contas para não ultrapassar a fronteira em que seria exigido passaporte do TC. Para quem passa a vida a clamar por transparência, estamos conversados.

Algumas questões? Esse tal Catroga não acumula reformas e outros vencimentos? Não recebe da CGA  mais de  9.000 euros/mês? Não é administrador da Sapec e da Nutrinveste?

O que quer dizer tempo parcial 0 %? Aparentemente nem precisa andar pelos corredores do ISEG, de mãos nos bolsos a assobiar! Para qualquer leigo tempo parcial 0 % é não fazer mesmo nada. Se é assim, porque é que se paga retroactivamente, desde 2008, por não fazer nada?

João Duque, parceiro de Catroga naquele grupo de gente que foi dar conselhos a Passos Coelho e regular emissor de sentenças nos meios de comunicação social, pagos para nos atazanarem os ouvidos com receitas tão boas como as do Professor Karamba, deveria explicar essa “conveniência urgente” e o que anda a fazer Catroga 0 %, desde 2008!

Um bando de videirinhos à solta, sangessugando Portugal.

Standard