Geral, Setúbal

Unidade de Saúde Móvel ou o problema dos médicos de família e dos enfermeiros que não existem?

Centro de Saúde de São Sebastião

A partir de hoje a Praça do Bocage passa a ter contributos de convidados sobre temas da atualidade setubalense. Tais contributos serão publicados sob o nome de Bocage, que escolhemos para podermos albergar na nossa página as opiniões de vários autores que não fazem parte do painel regular de comentadores do blogue. Não é, neste caso, um pseudónimo, mas sim um nome que permite que vários protagonistas da nossa vida local aqui deixem o seu testemunho sobre os mais variados temas*.

O contributo inaugural é de Ricardo Oliveira, vereador da Câmara Municipal de Setúbal que tem o pelouro da saúde e que, neste texto, demonstra a reduzida seriedade política da mais recente proposta do PSD setubalense.


Ricardo Oliveira
Vereador do pelouro da Saúde da Câmara Municipal de Setúbal

Recentemente surgiu um título de primeira página no Setubalense/Diário da Região atribuindo aos eleitos do PSD e do PS na Assembleia de Freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra a consideração de que a Freguesia sofre problemas de saúde pública, pois não tem um Centro de Saúde no território. Curiosa afirmação!

Os dois partidos que têm sido Governo ao longo dos anos e que são responsáveis pela ausência de respostas à população, tanto desta freguesia como do concelho de Setúbal, e de desinvestimento no SNS, em especial no seu parente pobre – os cuidados de saúde primários, como que assobiando para o ar, na proximidade de eleições para o Parlamento Europeu e Legislativas e numa altura em que o Governo PS com o apoio do PSD tentam impor às autarquias locais uma transferência de competências desadequada e sem meios, lembraram-se que, apesar do forte crescimento da Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra e das reivindicações da população da Junta de Freguesia, este território continua sem qualquer Centro de Saúde.

Navegando na crista da onda, um dos partidos da oposição na Freguesia e nos órgãos municipais – Câmara Municipal e Assembleia Municipal de Setúbal – apresentou uma proposta em sessão de câmara para a aquisição de uma unidade de saúde móvel para esta freguesia, através de protocolo a ser assinado entre a CMS e a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT). Curiosa proposta!

Tudo isto foi proposto e é defendido pelos partidos que há décadas asseguram o negócio dos seguros privados de saúde e a proliferação de clínicas e hospitais privados alimentados pelo dinheiro dos funcionários públicos e pelo desinvestimento no SNS.

Ignorando o grave problema de Setúbal, incluindo da Freguesia da Gâmbia Pontes e Alto da Guerra, de insuficiência de médicos de família (cerca de 62% das pessoas inscritas no Centro de Saúde de S. Sebastião/Vale do Cobro e 64% das inscritas no Centro de Saúde da Praça de República/Beira Mar não têm médico de família), este partido inventou a fórmula mágica para assegurar cuidados médicos à população da Freguesia mais oriental do Concelho: a Câmara de Setúbal apresentaria uma candidatura a fundos comunitários (no máximo cofinanciariam 50% e não os 80% referidos na proposta); a Câmara disponibilizava um local na freguesia para apoio à população para acederem à dita unidade móvel (uma carrinha); a Câmara disponibilizava um assistente técnico para organizar o atendimento da população na dita carrinha; a Câmara forneceria o combustível e o motorista para a carrinha; e ainda, a Câmara asseguraria tudo o que fosse necessário para o funcionamento do projeto de  unidade móvel de saúde.

Dito isto, algumas perguntas ficam no ar… Quem asseguraria os médicos que não existem e os enfermeiros que não existem nos centros de saúde, nem na Unidade de Cuidados à Comunidade do concelho de Setúbal e dos concelhos de Sesimbra e Palmela que compõem o território do Agrupamento de Centros de Saúde Arrábida (ACES Arrábida)? Quem asseguraria as consultas nos centros de saúde de Setúbal para os utentes que, após consulta de enfermagem na dita unidade de saúde móvel, fossem referenciados para serem vistos por médico de família?

Tudo isto foi proposto e é defendido pelos partidos que sempre estiveram no governo e sempre tiveram a responsabilidade da saúde e do SNS. Tudo isto foi proposto e é defendido pelos partidos que há décadas asseguram o negócio dos seguros privados de saúde e a proliferação de clínicas e hospitais privados alimentados pelo dinheiro dos funcionários públicos e pelo desinvestimento no SNS.

* Sempre que a administração do blogue entender poderá utilizar o nome Bocage como pseudónimo

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Setúbal e Bocage

Bocage

Hoje é Dia de Bocage e de Setúbal. Hoje comemoram-se 250 anos do nascimento de Bocage. Comemorações que se anunciam com a ambição de dar um salto qualitativo em relação às anteriores que, com maior ou menor brilho com maior ou menor repercussão interna e externa, têm ficado confinadas a um período temporal. O programa anunciado das Comemorações dos 250 Anos quer ser o ponto de arranque para tornar a obra e a vida de Bocage um permanente objecto de estudo, de culto e de incentivo à prática da poesia como género literário maior.

Para isso acontecer há sempre que fazer confluir condições objectivas e subjectivas. Em Setúbal, pelo trabalho que o Poder Local, o executivo da Câmara Municipal de Setúbal e a sua presidente, tem realizado na última década, essas condições estão reunidas. Inscrevem-se numa política geral, numa visão estratégica para Setúbal, que era inexistente e se tem afirmado em todos os níveis de intervenção, que é vísivel mesmo para o residente ou o visitante mais distraído. São essas realidades , essas evidências que dão sentido e tornam viável que as Comemorações dos 250 anos do Nascimento de Bocage pensem e projectem o já referido salto qualitativo.

São duas as pedras angulares que estruturam essa ideia. Uma é a existência de uma Casa Bocage remodelada, refundada. Um equipamento cultural, com anos de vida e actividade, mas que se pode considerar novo, em linha com os equipamentos culturais que, nos últimos anos, têm transformada a vida e a oferta cultural de Setúbal, o que se alia a programações com rumo definido que traduzem a progressiva ambição de colocar Setúbal nos roteiros culturais de Portugal. O objectivo é tornar a Casa Bocage num centro de divulgação da vida e obra de Bocage, de investigação científica, de impulsionamento da prática poética a um nível de qualidade relevante, que inicie uma prática normal de acções que tenham a ver com Bocage, a sua época, com a universalidade da sua poesia e da linguagem poética.

A outra pedra angular é utilizar as Comemorações dos 250 Anos do Nascimento de Bocage como uma alavanca para internacionalizar o conhecimento e o estudo de Bocage, um dos maiores poetas portugueses.

Isto só é possível porque, há que repetir e sublinhar a traço muito grosso, Setúbal vive um momento histórico de viragem. De cidade e concelho que vivia de impulsos voluntaristas, uns melhores outros piores, é hoje uma ciadade e um concelho que olha para o futuro com uma visão global estratégica que está a virar do avesso, no seu sentido óptimo, a imagem da cidade e do concelho, a qualidade de vida da sua comunidade. Em paralelo e simultâneo a torná-la uma cidade e um concelho atractivos para visitantes e para o investimento.

O que é mais notável é essa transformação ser feita em contraciclo. Em tempo de crise económica e de valores que abalam Portugal. Setúbal, a cidade e o concelho, são um exemplo de como viver em plena crise, ultrapassando a crise. De como, não baixando os braços e olhando de frente, se trabalha para vencer a crise. A última década demonstra como é possível, com vontade e visão estratégica, transformar o território e a vida das pessoas, ultrapassando escolhos económico-financeiros. Poucas cidades e concelhos conseguiram/conseguem, num espaço de tempo histórico relativamente curto, um salto qualitativo tão grande. O que repita-se, enfatize-se, assinale-se foi e está a ser feito em tempo do que popularmente se chama de vacas magras.

A bússola do Poder Local em Setúbal tem um norte e uma rota bem definida. Dia a dia, com perseverança, os pés na terra e o olhar no futuro, Setúbal, a cidade e o concelho, caminham por esse mapa que se desdobra perante o olhar de todos. Que tem sido feito e se faz de pequenas e grandes iniciativas. As Comemorações dos 250 Anos de Bocage são um ponto, um marco nessa estrada de muitos outros pontos que marcam indelevelmente a paisagem sadina.

Uma cidade e um concelho que merecem algo que começa a fazer falta e que está para lá do que Poder Local tem meios para concretizar: um terminal para navios de cruzeiro. Setúbal, pelo trabalho que tem sido realizado na última década tem tudo para ser um destino turístico inda msia atractivo. Com a sua baía inscrita entre as baías mais belas do mundo, deve ser destino de cruzeiros. Assim deve acontecer se o Poder Central acertar o passo pelo passo do Poder Local em Setúbal.

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O escultor João Limpinho, em primeiro plano. Atrás, de perfil e discreto, ou melhor, com o seu perfil discreto, o Manuel Augusto Araújo.

Ele não sabe e nem lhe perguntei se estava de acordo que publicasse isto… Mas parece-me que é justo deixar aqui o meu apreço e o de outros animadores deste blog, em especial do Carlos Anjos, pelo trabalho do nosso companheiro Manuel Augusto Araújo no desenvolvimento, com outros e outras colegas da Câmara Municipal de Setúbal, do Núcleo Museológico Urbano da Bela Vista, constituído por fantásticas peças do escultor João Limpinho, construídas com sucata vária, que o olhar e mãos do artista metamorfosearam em arte urbana. Um projecto que o Manuel Araújo acompanhou praticamente desde o princípio e que muito a ele deve.

O Manuel Araújo merece este reconhecimento público dos seus companheiros e camaradas, mas a Bela Vista merece, também, a visita de todos os que gostam de arte e estão dispostos a assistir à metamorfose destes bairros.

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Artes, Setúbal

Arte Urbana na Bela Vista

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Afinal…

Há coisas que não podem passar em claro. Esta é uma delas. João Ribeiro, que disse, há um mês e meio, que queria ser presidente da Câmara Municipal de Setúbal, afinal tinha outros planos em andamento: ser funcionário das Nações Unidas. Por isso — honestamente, reconheça-se — nunca quis revelar se, caso fosse eleito, se manteria como presidente de câmara até ao fim do mandato. Poder-se-á argumentar que esta é uma decisão só tomada após as eleições, mas custa a crer. Nenhum processo de recrutamento para um cargo das Nações Unidas é tão curto, pelo que se coloca, legitimamente, a questão de saber se a intenção do PS em Setúbal seria eleger não João Ribeiro como presidente de câmara, mas sim o segundo da lista. O (futuro ex?) vereador do PS segue, assim, o caminho de outros notáveis nacionais que o PS destacou para Setúbal, como Jorge Coelho, candidato à presidência da Assembleia Municipal em 2001 que nem chegou a tomar posse, desfeita que Ribeiro não fez, pois participou, há duas semanas atrás, como vereador, na sua primeira reunião de câmara.

Ainda assim, julgo que é importante desejar a João Ribeiro os melhores sucessos pessoais e profissionais na sua nova carreira profissional.

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Homenagem a Franscisco Lobo

Francisco Lobo, antifascista, operário e autarca que dedicou a vida a Setúbal e à luta por uma vida melhor, será homenageado, no dia 18 de novembro, a partir das 21h30, por ocasião do seu 80.º aniversário, numa noite de cultura e convívio marcada para o Salão Nobre dos Paços do Concelho de Setúbal.

A iniciativa, promovida por um grupo de amigos de Francisco Lobo, porá em evidência todo um percurso de luta enquanto militante comunista e de dedicação à causa pública, primeiro como membro da Comissão Administrativa que governou a Câmara Municipal de Setúbal apoós Abril de 1974 e depois como presidente do município em dois mandatos consecutivos, entre 1979 e 1985.

Além dos testemunhos de amigos, entre os quais Vitor Zacarias, um dos mais antigos amigos de Francisco Lobo e o primeiro presidente da Comissão Administrativa da CMS, estão previstas intervenções da presidente da Câmara Municipal de Setúbal e de um dirigente do PCP.

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