A discussão sobre o estacionamento pago está animada em Setúbal. Alguns querem fazer crer que apenas aqui se paga estacionamento e que são os comunistas os maus da fita. O costume. Porém, era bom que olhassem para outras realidades, como a que é descrita hoje no Diário de Notícias. A Câmara de Lisboa, que foi presidida por António Costa e continua nas mãos do PS, vai tarifar mais 30 mil — repito, 30 mil estacionamentos — em toda a cidade, incluindo, naturalmente, zonas residenciais. Só os oportunistas e os sedentos de protagonismo querem fazer de Setúbal um caso de excepção, recusando entender que o estacionamento pago é a melhor forma de regular o estacionamento nas cidades e libertar espaços de estacionamento para os moradores, instituindo rotatividade naqueles espaços, de forma a que não sejam ocupados sempre pelos mesmos todos os dias. Em Lisboa, os comunistas apoiam a decisão da Câmara. E o PSD também, mostrando total sentido de responsabilidade.
E em Setúbal, como foi?
O PS e o PSD, sempre entretidos em crochets políticos, estão a tentar denegrir a solução proposta, confundindo a extensão do estacionamento a zonas residenciais com a taxação do parqueamento em todas as ruas destas zonas, quando do que se trata, e eles sabem-no, é apenas do estacionamento nas vias mais sujeitas à procura de estacionamento. Além disso, os moradores não pagam estacionamento nas suas suas zonas de residência.
Como sempre, vale tudo para confundir. Até afirmar, como fez um vereador do PS citado pelo “Setúbal na Rede”, que os moradores teriam de pagar um determinado valor mensal pelo cartão de morador que garantiria o estacionamento gratuito nas respetivas zonas de residência, quando, na verdade, esse valor é anual.
O mais curioso é que a solução de taxar o estacionamento na cidade de Setúbal foi imposta por uma câmara governada pelo PS em 1994. Numa das reuniões públicas de câmara em que se debateu o assunto, o presidente de então, Mata Cáceres, disse que a “continuidade da instalação [de parquímetros] irá ser progressiva futuramente tendo em conta outros lugares onde eventualmente se venha a verificar a necessidade da implementação de mais equipamento desta natureza, de acordo com o desenvolvimento da cidade”. Ou seja, já em Maio de 1992, quando Mata Cáceres proferiu estas declarações em reunião de Câmara, o PS defendia um maior alargamento do estacionamento tarifado na cidade, provavelmente também em zonas residenciais, estacionamento que, agora, em mais uma manifestação do habitual oportunismo político, vem contestar.
(a talhe de foice, vale a pena recordar que, em 1992 o PCP não foi contra o estacionamento tarifado, defendendo que deveria ser una empresa municipal a gerir o sistema)