Catarina Martins diz que Portugal tem de estar preparado para sair do euro.
Durante os últimos anos, o PCP tem, de forma isolada no panorama político nacional, defendido que Portugal deve estudar e preparar uma eventual saída do Euro, seja por decisão própria, seja porque outros o empurrem para fora da zona euro.
Num quadro de grandes dificuldades e agravamento das contradições internas do processo de integração europeia, a pior coisa que poderia suceder seria uma saída desordenada e desapoiada do euro, com consequências imprevisíveis para a economia nacional.
Nesta posição, o PCP foi confrontado com acusações vindas de todos os lados e os euro-esquerdistas foram pródigos em apelidar o PCP de soberanista, nacionalista, patrioteiro, isolacionista, etc. E, em muitos casos, tentaram colar este posicionamento às opções xenofobas da extrema-direita.
Afinal, o PCP atrevia-se a pôr em causa o benemérito projecto de construção europeia, a solidariedade entre os povos e a convergência económica e social. E só um Partido de loucos poderia colocar em causa a moeda única que nos permite ir a Badajoz comprar caramelos sem ter de trocar moeda.
Tudo serviu para caricaturar a posição do PCP.
Assim, não é de menor importância registar e saudar evoluções (ainda que decorram mais da oportunidade do que da análise) naqueles para quem a União Europeia e o Euro eram realidades intocáveis até há pouco.
Foram duras as lições gregas, mas parecem ter tido consequências na análise que o BE faz sobre o actual momento da União Europeia e da união monetária.
Evidentemente, face a anteriores acusações, resta a pergunta: estará o BE a pôr em causa o seu internacionalismo, estará a atravessar um desvio patrioteiro?