Michel Cossudovsky, Professor Emérito da Universidade de Otava, Canadá, destacado economista, escritor e investigador, professor convidado em universidades de todo o mundo, conselheiro de governos de países em desenvolvimento é, desde 1999, um activo participante na Fundação Transnacional para a Luta pela Paz. Em 2001 fundou o Centro de Investigação da Globalização (CIG). Em Portugal tem um livro editado A Globalização da Pobreza, a Nova Ordem Mundial.
Agora, no âmbito da sua actividade no CIG, publicou na página da internet desse instituto um estudo sobre a relação entre o Estado Islâmico (EI) e os Estados Unidos da América (EUA), que sintetizou em 26 itens-conceitos, em que expõe com clareza os factos que fundamentam a sua opinião
O ESTADO ISLÂMICO (EI)
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A Al Qaeda e as organizações a que deu origem, foram apoiadas pelos EUA durante quase quarenta anos, quando se iniciou a guerra afegã-soviética (1979-1989)
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num período de dez anos, entre 1982-1992, crca de 35 000 jihadistas, oriundos de 43 países, foram recrutados para a jihad afegã e trinados nos campos de treino da CIA no Paquistão. Milhares de anúncios, pagos pelos EUA, foram colocados em meios de comunicação social de todo o mundo, motivando os jovens para a jihad.
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A universidade de Nebraska (EUA) publicou livros de promoção do jihadismo, que foram distribuidos nas escolas do Afeganistão, daquela época
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Osama bin Laden, o terrorista “número 1” para os EUA, foi recrutado pela CIA em 1979, quando se iniciou a guerra jihadista patrocinada pelos EUA contra a União Soviŕtica no Afeganistão.Teria 22 anos quando terminou o seu treino no campo de guerrilhas da CIA
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Ronald Reagan, quadragésimo presidente dos EUA, chamou aos terroristas da Al Qaeda de “combatentes da liberdade”. O governo dos EUA forneceu armas às brigadas islâmicas para a sua luta contra a União Soviética. A mudança de regime no Kremlin, levou ao fim do regime secular no Afeganistão.
Ronald Reagan reunido com os “combatentes pela liberdade”antes de serem “terroristas” parsa voltarem a ser “combatentes pela liberdade” e novamente “terroristas” e novemente…
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O Estado Islâmico (EI)começou por ser uma entidade filiada na Al Qaeda, criada pelos serviços secretos norte-americanos, com ao apoio do MI6 britânico , a Mossad israelita e os serviços secretos do Paquistão e da Arábia Saudita.
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As brigadas do EI pariciparam com o apoio dos EUA e da NATO na guerra civil na Síria contra o governo de Bashar al Assad.
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A NATO e altos funcionários turcos foram os responsáveis pelo recrutamento dos militantes do Estado Islâmico e da al-Nusra(grupo radical islâmico) desde o inicio do conflito na Síria em 2011.
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Nas fileiras do EI há uma representação do exército e dos serviços secretos ocidentais. Por isso o MI6 britânico participou no treino dos rebeldes em território sírio.
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Num noticiário da CNN de 9 de dezembro de 2012, um alto funcionário dos EUA e vários diplomatas de topo, admitiram que os EUA e alguns aliados europeus enviaram militares especializados em armas químicas, para treinarem os rebeldes sírios a usarem as armas quimicas dos arsenais da Síria.
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A prática do EI de decapitações faz parte do treino e dos programas de treino dos jihadistas por especialistas da Arábia Saudita e Qatar
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à Arábia Saudita, aliado de primeira linha dos EUA, libertou das suas prisões milhares de condenados com a condição de se juntarem às fileiras da EI, pra lutarem contra Assad na Síria.
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Israel apoiou as brigadas do EI e da al-Nusra nos Montes Golã, um território disputado pela Síria e por Israel (que o ocupou de pois da guerra dos seis dias). Em fevereiro de 2014, o primeiro ministro israelita, Benjamin Netanyahu, visitou um hospital na fronteira e apertou as mãos de rebeldes sírios feridos.
O primeiro-ministro israelista Benjamin Netanyahu desejando as melhoras a um “terrorista”quando voltou a ser um “combatente pela liberdade”
SÍRIA e IRAQUE
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O EI funciona como guarda avançada militar dos interesses dos EUA e seus aliados, provocando o caos político e a destruição económica da Síria e do Iraque
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O actual senador dos EUA John Mccain teve uma reunião com os líderes terroristas jihadistas militantes do EI, na Síria.
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O Estado Islâmico, que supostamente resiste aos bombardeamentos da coligação liderada pelos EUA, continua a receber ajuda militar secreta dos EUA
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Os bombardeamentos dos EUA e seus aliados têm sido mais dirigidos às infraestruturas económicas, particularmente fábricas e refinarias petrolíferas.
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O projecto do Califado integra-se perfeitamente na agenda da política externa dos EUA, que desde há muitos anos tem o objectivo de retalhar o Iraque e a Síria, em três territórios separados, uma República Curda, um Califado Islâmico Sunita e uma República Xiita.
O senador John McCain, em 2012, reuniu-se na Síria com os “combatentes pela liberdade”,dando-lhes total apoio. Entre eles Abu Bakr al-Baghdadi, antes de ser proclamado califa.O apoio do senador deve ter sido decisivo para esse”combatente pela liberdade” assumir esse cargo de um estado, por enquanto, “terrorista”
A GUERRA CONTRA O TERRORISMO
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A guerra contra o terrorismo, uma campanha iniciada em 2011 pelos EUA e outros membros da NATO apresenta-se como um “choque de civilizações”, quando na realidade persegue objectivos económicos e estratégicos.
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Os EUA apoiou secretamente entidades filiadas na Al-Qaeda no mMédio Oriente, África Sudsahariana e Ásia para criar conflitos internos e destabilizar paises independentes
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Entre esses grupos estão o Boko Haram na Nigéria, o Grupo de Combate Islâmico na Líbia, o Jemaah Islamiya na Indonésia
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As organizações filiadas na Al Qaeda na região autónoma de Xinjiang Uigur na China, também recebem apoio norte-americano. O objectivo declarado das organizações jihadistas é estabelecer um califado islâmico no oeste da China.
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O paradoxo consiste em que enquanto o EI cresceu graças ao apoio norte-americano, o objectivo estratégico dos EUA, é a luta contra o islamismo radical do grupo jihadista.
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A ameaça terrorista é uma criação puramente dos EUA, promovida por outros governos ocidentais e pela comunicação social. O suposto objectivo da protecção da vida dos cidadãos, promove uma violação maciça das libardades civis e da privacidade pessoal.
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A campanha antiterrorista contra a Al Qaeda e o Estado Islâmico tem contribuído para a demonização dos muçulumanos que são associados às inomináveis crueldades dos jihadistas
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Quem questionar a “guerra contra o terrorismo” é declarado terrorista ao abrigo das numerosas leis aprovadas na úlktima década nos EUA.
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