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Em cima do muro

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Há 25 anos caiu um muro, muitos entendem que a anexação da RDA, chamada de unificação, é motivo de festejo, fazem-no com uma campanha de intoxicação ideológica onde não se poupam a esforços para demonstrar a supremacia do capitalismo perante o socialismo.

Bem que podem festejar e atirar todos os foguetes ao ar, a realidade dos últimos 25 anos é indesmentível, o mundo não ficou mais seguro, não ficou mais pacífico, não ficou mais justo e que o digam os povos do leste europeu que viram parte substancial dos seus direitos económicos, sociais e culturais destruídos.

Por todo o mundo erguem-se e ou consolidam-se muros, nos EUA, em Marrocos, em Israel existem exemplos bem significativos de barreiras que aqueles que hoje festejam parecem ignorar por completo.

Mas, tão maus ou piores do que os muros físicos, são os muros que continuaram a crescer a ritmo acelerado nestes 25 anos de vitória do capitalismo: o muro entre a minoria dos extremamente ricos e a maioria de extremamente pobres; o muro entre o centro do sistema e a sua periferia; o muro entre exploradores e explorados, o muro entre opressores e oprimidos.

Sobre estes muros, no dia em que festejaram a queda do muro de Berlim, pouco ou nada se ouviu, que o silêncio cúmplice ajuda a manter seguras estas estruturas que dividem e protegem os donos do mundo.

25 anos depois, com o sistema capitalista a afundar-se nas suas contradições internas, cabe ao socialismo apreender com as experiências passadas e afirmar-se como a única alternativa válida e credível à barbárie.

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8 thoughts on “Em cima do muro

  1. Estranha lógica – o a ditadura socialista não funcionou, o capitalismo não resolveu os problemas, por isso venha o socialismo?

    Ajuda se separarmos a liberdade política e a liberdade económica. No leste não havia nenhuma, o povo desejava as duas. Com a liberdade política, qualquer povo pode votar sobre o sistema económico, e desde então não houve nenhum povo que tenha votado comunista para instituir uma economia de estado socialista. É muito simples: quando há democracia, é o povo que decide, e até agora nenhum decidiu voltar a este socialismo.

    Pode ser que seja a mensagem que falha – e que as pessoas se convencerão no futuro. Mas por enquanto, o seu ardor não é o da maioria.

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    • e soares diz:

      Estranha lógica que esquece o que aconteceu, por exemplo, na Indonésia, no Chile, em Salvador, na NIcarágua e assim sucessivamente onde à perspectiva de se avançar para o socialismo o capitalismo central instituiu ferozes ditaduras nesses países; e quando não faz isso está constantemente a conspirar para que tal não aconteça. E como ? Com acções militares, com intromissões dos serviços secretos, com o controlo abominável dos meios de comunicação social e com a compra/corrupção de políticos. Se não se considera isto não se percebe o que se passa no mundo. Vale a pena ainda referir o que os USA estão a fazer a Cuba há mais de 50 anos, na expectativa de não deixar que os cubanos vivam como querem e que áquela ilha cheguem as regras capitalistas do desemprego, do fim dos mais elementares direitos sociais e culturais e por aí fora. Quanto a “liberdade” em eleições de países ocidentais temos visto: os políticos mentem para serem eleitos e depois governam a favor de quem lhes pagou as campanhas eleitorais ( exemplos recentes: Obama, Hollande, Coelho, Rajoi, Cameron, … ). Agora se se gosta de ser enganado por entender que eleições de 4 em 4 anos é o cúmulo da liberdade e da democracia, então o melhor é esquecer o que acontece dia a dia e fazer daquele domingo o momento cívico mas pífio e ridículo.
      Por último: a suposta supremacia do capitalismo esteve desde o seu começo assente no poderio militar, primeiro da Inglaterra e depois da 2ª guerra dos USA/Israel. Agora começa a ser contestado por outros poderes e podemos caminhar para a 3ª guerra mundial, entre exércitos de países capitalistas, estranha ironia, lógica macabra !!!

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      • Olhe que não.

        Tem pouca fé na democracia. É certo que um voto de 4 em 4 anos é pouco. Mas pelas suas palavras trata o povo como estúpido. A Alemanha, Suiça, França, Suécia, Holanda, Inglaterra são países prósperos onde por norma os políticos mentem menos do que pensa.

        Todos são países capitalistas.

        Se é assim tão mau, porque não votam em partidos marxistas?

        Eu não estou a falar dos EUA. Prefiro falar do Canadá. E já agora, se os povos do leste da Europa “viram parte substancial dos seus direitos económicos, sociais e culturais destruídos”, porque não votam outra vez nos partidos comunistas?

        O seu argumento falha porque não compreende a democracia. Não use o tema da “intoxicação” e propaganda: nos tempos do comunismo, o que eles mais tinham era propaganda. E mesmo assim quiseram a liberdade. Esta traz outros problemas, como diz – o desemprego, incerteza, etc. Mas vale a pena.

        Se quer compreender porque falhou o comunismo, espreite esta notícia sobre Yeltsin visitando um supermercado no Texas: http://blog.chron.com/thetexican/2014/04/when-boris-yeltsin-went-grocery-shopping-in-clear-lake/

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    • Quando fala de democracia está a falar concretamente em quê e em quais das suas vertentes? E quando fala em liberdade económica, de que espécie de liberdade está a falar, na liberdade de exploração da mais-valia produzida por outrem?

      A questão central a que evita dar resposta é a de saber se o mundo com o fim das experiências socialistas do leste europeu ficou mais seguro, mais pacífico ou mais justo? Nos últimos 25 anos, na Europa, os povos e os trabalhadores ganharam ou perderam direitos? A redistribuição da riqueza produzida é mais justa e equitativa ou pelo contrário mais concentrada?

      É o capitalismo o fim da história como nos anunciaram há 25 anos?

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      • A democracia de que estou a falar é a que temos e o comunismo não tinha.
        A liberdade económica de que falo é o direito de cada indivíduo decidir o que fazer com o seu trabalho e o seu capital.
        Nos países civilizados as leis asseguram que não há a exploração, não faz falta expropriar todo o capital.
        Os povos ganharam direitos: ao voto, à expressão, associacao politica, deslocacao, etc. Viaje pela Polónia e verá que está melhor. Vá viver para a Suiça e verá: o capitalismo funciona razoavelmente .

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      • Então, vamos ver se entendi o que diz: a democracia de que fala é meramente formal e restrita ao plano político, pois no domínio social, cultural e económico estamos longe de alcançar os mínimos para que se possa falar em democracia; a liberdade económica de que fala é a liberdade de utilizar um determinado grau de poder económico e poder exercê-lo sobre outros (desprovidos desse poder) para proceder à acumulação e concentração de capital, é isto? Quando diz que nos países civilizados existem leis que asseguram que não há exploração, está a falar do quê em concreto e de que países? Conhece algum país capitalista, com uma chamada economia de mercado, onde não seja extorquida mais-valia no processo de produção? Se conhecer diga, ficaríamos encantados de conhecer. Os povos do leste europeu ganharam direitos, é verdade, sobretudo no plano formal, porque materialmente falando apenas uma pequena minoria ganhou alguma coisa, viaje por todo o Leste e verá como foram destruídos direitos sociais, económicos e culturais, como muitos países e as suas economias ficaram nas mãos de máfias, como milhões foram empurrados para a mais extrema miséria sem qualquer estrutura social de apoio. Quanto à Suiça aí está um bom exemplo de como foi possível através da financeirização do sistema capitalista e da criação de um paraíso que ao abrigo do segredo bancário promoveu a lavagem e a fuga de capitais, um país atingir certo nível de desenvolvimento às custas da destruição de outras economias, assim funciona o seu capitalismo.

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  2. Pingback: Em cima do muro | O Retiro do Sossego

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