Veio Maria de Belém, em artigo publicado no jornal Correio da Manhã, 5 de Outubro, incensar a vitória do seu partido nestas eleições. É claro que faz muito bem, pois o Partido é dela sendo que mutuamente se devem muitos favores.
A razão desta defesa, diz ela, foi a tentativa de menorizarem a vitória do PS (refere artigos de jornal e comentadores), usados que foram, os argumentos do menor número de votantes e a abstenção verificados.
Maria de Belém refere como justificação o progressivo aumento da abstenção desde as primeiras eleições autárquicas em 1976 até aos dias presentes e recorda que em 2009 o PSD ganhou as eleições e 132 câmaras e que a abstenção foi de 40,99%.
Fez bem recordar isto, pois de imediato surgiu ao meu espirito a querida alternância defendida pela direita a que o PS aderiu alegremente, esquecido depois das eleições de tudo o que prometera; de resto, meteu-se agradado no que é designado pelo arco de governação numa cumplicidade quase ilimitada e da qual nunca se demarcou.
Esta alternância artificialmente criada e sustentada serve bem os interesses dos banqueiros e dos grandes capitalistas os quais, certamente, pagaram muito bem aos brzezinski e kissinger’s e quejandos.
Maria de Belém fala também da emigração como causa de abstenção, mas fugiu a colocar a questão importante que marcou de forma indelével estas eleições – o contexto político, económico e social em que as mesmas decorreram.
Dentro da lógica dessa alternância que ao longo dos anos foi construída também com o PS e que é injectada diariamente há anos pelos partidos interessados na mesma, órgãos de comunicação social e comentadores politicoides, visando a formatação das mentes que não são, em muitos casos, capazes de pensarem na existência de alternativas políticas para além desta dita alternância em que, apenas, mudam as moscas.
É verdade que o êxito político obtido pela CDU a nível nacional, esse sim retumbante, foi reconhecido, mas foge-se a dar-lhe a real importância política.
Não sendo a CDU, através dos Partidos que formam a coligação, considerada do arco de governação a nível geral (quiçá por bem), a sua vitória eleitoral tem um significado que urge valorizar e integrar no processo de luta que os trabalhadores, os reformados e os pensionistas, os desempregados e todos aqueles que sentem na pele a exploração e o empobrecimento travam contra este Governo troikano a que o PS continua ligado sem posições claras, firmes, de condenação de uma política que o mesmo, afinal, ajudou a construir nessa alternância tão cara também aos boys e às girls e às prebendas recebidas.