Política

As ONG’s do Passos e do Relvas

A investigação do jornal “Público” publicada nos últimos dois dias, na qual se revela a brilhante ideia de Passos Coelho de, nos seus tempos de estroina da vida empresarial social-democrata, em íntima sintonia de pensamento com o amigo Relvas, à data secretário de estado de outro governo PSD, de criar uma Organização Não Governamental para ir ao pote e sacar umas massas de fundos comunitários para umas formações profissionais que não interessavam a ninguém, revela bem a idoneidade moral desta gente que nos governa.

Com truques de ilusionismo que metem ONG’s fictícias à mistura, Passos & Relvas prepararam uma cartada que iria valer, sob o manto diáfano das supostas benfeitorias que todas das ONG’s praticam, umas largas massas para uma empresa “protegida” do PSD. Interessante seria, aliás, saber qual seria o verdadeiro destino final das massas sacadas aos fundos comunitários, mas isso ficará, certamente, para outras núpcias ou mesmo para as calendas gregas, que estas coisas, já se sabe, todos conhecem, mas ninguém viu…

Esta gente que nos anda a querer comer por parvos, com a conversa mil vezes repetida de que a culpa é nossa, que vivemos acima das nossas possibilidades, com supostos carros comprados a prestações que trocávamos todos os anos, ou imaginárias viagem ao Brasil para ver as garotas que pululam por areais e calçadões, ou ainda para, numa versão de betinho direitinha bacoco, comprar Adidas, Lacostes e Burberrys a crédito, esta gente é aquela que afinal andou a engendrar esquemas e truques para bifar os dinheiros da formação profissional que, toda a gente sabe desde os tempos em que a UGT se abalançou a semelhantes projetos, são dinheiro fácil e lavadinho.

Portas e Relvas, inspiradores e fundadores de ONG’s de duvidosa estirpe, inventores de cursos para técnicos de segurança de aeródromos que não existem, dizem-nos agora que houve e há desperdício de dinheiros públicos, que a culpa foi de quem esbanjou euros europeus em autoestradas e aeroportos de papel. A culpa foi de quem deixou o Estado engordar e, por isso, é preciso agora retirar-lhe as gorduras, nem que para isso se raspe até ao osso.

Sim, são eles, os mesmos que andaram a lamber o pote dos fundos comunitários que deveriam servir para desenvolver o país, os mesmos que não descansaram enquanto não inventaram a melhor raspadeira para sacar o máximo que pudessem. Sim, são eles que nos governam. E nada acontece. Tudo continua na mesma, com Passos a manifestar estranheza por colocarem em causa tão transparente operação.

Mário Soares, que é homem coerente por raramente dizer coisas acertadas, teve um acidente de percurso e sintetizou bem o que vai na alma de muitos portugueses por estes dias em artigo hoje publicado no Diário de Notícias. Escreveu ele que “os portugueses estão desesperadamente contra este Governo. Não há qualquer dúvida. Contudo, Passos Coelho diz que não se aflige com isso. Talvez até goste. Mas é preciso que se lhe diga, antes que seja tarde, que corre grandes riscos. Inúteis. Tem Portugal inteiro contra ele: sacerdotes, militares, de alta e baixa patente, cientistas, académicos, universitários, rurais, sindicalistas, empresários, banqueiros, pescadores, portuários, médicos e enfermeiros e, sobretudo, a maioria dos seus próprios correligionários do PSD”.

Soares acertou desta vez. Mas também não era difícil…

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