O que mais me surpreende em dias de greve são as justificações encontradas por muitos para não parar. Uns dizem que um dia de greve nada resolve: “se fosse uma semana, até fazia”; outros acrescentam que isto só lá vai com a invasão da assembleia da república e, supõe-se, umas porradas nos deputados; há quem se desculpe com a falta de um fundo de greve que pague o dia de salário perdido e acrescente o exemplo dos estivadores; muitos garantem que se fosse para ir por umas bombas na sede do governo até iam de bom grado. Têm todos em comum não fazerem greve e desprezarem o esforço que fazem aqueles que têm a coragem de prescindir do salário de um dia de trabalho com a desculpa de que um dia só nada resolve.
Cada vez tenho menos paciência para estas desculpas e, de todos os que não fazem greve, apenas respeito, profundamente, os que, ganhando 450 ou 500 euros por mês rejeitam a greve porque, simplesmente, não podem mesmo perder aquele dinheiro. Os outros, os que se desculpam, mas continuam a ser desrespeitados, explorados e enganados, deixaram de ter respeito por si próprios. Tal como os que, conscientemente, levando para casa ao fim do mês o maior de todos os salários do local onde trabalham, são os primeiros a furar a greve e a gabarem-se disso. Esses, só podem ser apelidados de uma coisa…