Política

Movimentos sociais orgânicos e inorgânicos

O deputado do PSD Carlos Abreu Amorim disse, na AR, que, a manifestação do passado sábado (15 de setembro), foi uma “manifestação de desilusão, não tanto com o Governo ou com a situação última (?), mas, sobretudo, (com) uma desilusão com a política e (com) os caminhos que a nossa democracia tem tomado nos últimos anos”. Para aquele deputado “aquela não foi uma manifestação do BE, do PCP, do PS ou de um sindicato. Aquela manifestação não tem dono, não pode ser titulada, não pode ser apropriada por ninguém, porque isso seria falsear por completo os desígnios da esmagadora maioria das pessoas que se manifestaram”.

Também o primeiro-ministro se pronunciou, embora de forma menos burilada, dentro da mesma linha de argumentação.

Este tipo de discurso político, em que não será difícil descortinar uma autodefesa em estado puro de negação, exige, contudo, uma análise mais profunda da atual situação política e social e, neste caso, daquilo que representam os movimentos sociais inorgânicos e, sobretudo, saber como poderão eles, por si próprios, operar transformações progressistas que se sobreponham às políticas neoliberais.

Esta análise é importante também numa outra vertente, que é a de saber como devem atuar as organizações político-partidárias e sindicais, histórica e ideologicamente mais importantes e coerentes. Com particular destaque para o PCP e a CGTP-IN.

Antes, porém, dizer que as manifestações de vigoroso repúdio têm alvos inquestionáveis: o atual governo, a política por ele prosseguida, e os ditames da Troika expressos no Memorando, conhecido como Pacto de Agressão!

E, portanto, dizer-se que “aquela não foi uma manifestação do BE, do PCP, do PS ou de um sindicato” e que, por isso, “não tem dono”, sendo verdadeira, destina-se, apenas, a chutar a bola política para fora. Aliás, o referido deputado do PSD não hesita em ir mais longe dizendo que se tratou de uma “manifestação de desilusão, não tanto com o Governo ou com a situação última, mas … com a política e com os caminhos que a nossa democracia tem tomado nos últimos anos”, dando gás à perigosa deriva que por aí grassa contra “os políticos, a política, e a democracia”, metendo tudo e todos no mesmo saco e abrindo portas a soluções antidemocráticas, eventualmente de cariz tecnocrático.

Voltando ao tronco principal da análise que aqui se quer registar, dizer que o secretário-geral da central sindical já aqui referida esteve presente na manifestação, acompanhado por outros dirigentes um pouco por todo o país. Também foi notória a presença de deputados do PCP e de muitos militantes deste partido, o que constitui marca de uma linha justa e correta de atuação. Não será tão relevante assinalar a presença de dirigentes do BE.

O questionamento da relação entre os movimentos sociais e os partidos políticos não é novo.

Pelo menos desde o início da década de 70 do século XX, coincidindo com o arranque concreto das políticas económicas e sociais neoliberais – que tiveram uma inauguração muito simbólica no Chile de Pinochet, passando posteriormente à sua fase “democrática” no Reino Unido deMargaret Thatcher e nos USA de R. Reagan – que diversos atores da “sociedade civil” se expressam através dos denominados NMS – Novos Movimentos Sociais, supostamente desvinculados dos esquemas “paternalistas, clientelares ou totalitários” que caracterizariam os partidos políticos tradicionais.

Por exemplo, no Brasil, onde os partidos de esquerda tinham sido forçados a operar na clandestinidade durante o longo período ditatorial, estes NMS conseguiram, segundo alguns analistas[1], imprimir uma dinâmica diferente à organização da sociedade civil desde inícios da década de 70. A que não terão sido estranhas as repercussões do maio de 68, acrescentamos.

Posteriormente, com os fins da década de 80, e perante o desmoronar da URSS e de outros países integrados no COMECON, ou seja, do polo que, pior ou melhor, agregava o movimento internacional comunista, mas, sobretudo, constituía uma forte barreira ao imperialismo, os movimentos sociais, espontâneos ou organizados, recolheram muitas das desilusões, desistências e deserções vindas desse lado, e por isso engrossaram, vindo a desembocar, já num contexto mundial  diferente, no FSM – Fórum Mundial Social, e em outras experiências sociais e políticas dimanadas a partir de Porto Alegre.

Contudo, uma característica que foi possível detetar em vários países, é a de que a perspetiva apartidária dos movimentos sociais, que fazia parte da sua matriz, se esbateu desde muito cedo, em grande medida porque cresceu o número de lideranças ligadas, de uma forma explicita, aos partidos, exercendo uma dupla militância; e, por outro, os partidos, através de seus militantes, também começaram a participar nos movimentos sociais exercendo influência política neles.

Pode mesmo dizer-se que essa tendência para a “partidarização” não é mais do que uma evolução normal e expectável nos agregados sociais para se “organizarem” e, assim, se oporem à tendência para a entropia própria das coisas inorgânicas e sem referenciais.  Anormal seria que os novos movimentos sociais se mantivessem inorgânicos e “espontâneos” para sempre!

Isso seria uma visão idealista e romântica, que os tornaria presa fácil das forças neoliberais.

Em Portugal, a deriva anarco-populista que hostiliza os “políticos” e os “partidos”, como se fossem um todo único, tem sido especialmente acarinhada pela burguesia e, em especial, pelos “think tanks” e media ao seu serviço. Por vezes, fica-nos a estranhíssima impressão de que o melhor, para esta gente, seria ser-mos governados por um executivo formado por “comentadores Políticos”.

Se um movimento de cidadãos se congrega, não apenas a propósito de causas fraturantes ou pitorescas, mas, sim, para se focar em questões de fundo sociais, económicas e políticas, de duas, uma: ou é apenas um fogacho, um desabafo, um grito de alma passageiro, ou, então, representando algo de mais perene e concreto, terá que, mais cedo do que tarde, “tomar partido”.

Tendo estado na manifestação de 22 de setembro frente ao Palácio de Belém, onde acorreram, mobilizados pelas redes sociais suportadas nos vectores de comunicação cibernética, alguns milhares de cidadãos, durante a reunião do Conselho de Estado, foi possível constatar, que, quem lá estava, representava muitos e diferentes estratos sociais, desde trabalhadores do sector público e privado, a desempregados e intelectuais, passando por homens e mulheres das classes médias, pequenos e médios empresários, por pensionistas e reformados, para além de jovens de todas as origens e sensibilidades. E, alguns deles, foram, seguramente, eleitores da atual maioria parlamentar.

Todos se mostraram unidos num sentimento exaltado de repúdio das políticas – de diverso tipo – praticadas pelo atual governo. Não se tratava, apenas, da TSU. E diziam-no bem alto, com formas de expressão que, em alguns casos, seriam picarescas ou mesmo ofensivas da dignidade pessoal dos atingidos. Há sempre quem confunda uma manifestação política com um jogo de futebol, citando a mãe do árbitro!

Admite-se, até, que muitos dos manifestantes têm genuína dificuldade em aceitar que o governo anterior faria o mesmo, ou quase, se estivesse em funções. As pessoas esquecem depressa e repetem, do ponto de vista sociológico, os erros do passado.

Numa visão culinária, dir-se-ia que estávamos numa sopa de pedra, fervente, na qual havia muita pedra e, também, peixe, mexilhão, couscous e natas batidas! Porque a fome de justiça é enorme, e o desespero começou a instalar-se, tudo serve para vislumbrar o sustento indispensável.

Já disse, há muito tempo, D. Hélder Câmara: “Quando dou comida aos pobres, chamam-me de santo. Quando pergunto por que eles são pobres, chamam-me de comunista”.

Mas, conseguiremos, através desta enorme e multivariada torrente de protesto, chegar aquilo que, para já, é indispensável: travar o ataque, terrível, das forças neoliberais?

Não! E, sim.

Não é necessário ser grande especialista para compreender que é impossível captar, de forma útil ao ser humano, todo o tremendo potencial energético libertado por um vulcão em atividade. Mas, por outro lado, devido a leis naturais objetivas, os vulcões acontecem, e deixam leitos de lava arrefecida onde podem florescer promissoras videiras. Para além de indicarem o enorme potencial que subjaz nas profundezas geológicas.

Ou seja, é extraordinário ver e sentir o povo acordar de um longo e profundo torpor. Mas, sendo isso indispensável, não é suficiente para afastar o pesadelo e, sobretudo, não constitui qualquer garantia de que conseguiremos contra-atacar de uma forma consistente.

Pergunta-se, Miguel Urbano Rodrigues, em artigo recente, sobre “Qual, então, o caráter da resposta popular, qual o rumo que a contestação ao poder da burguesia e ao protetorado imperial devem assumir? Dizendo, mais adiante que, “A pergunta é formulada com frequência por aqueles a quem são dirigidos apelos para a dinamização da luta de massas. E é pertinente porque a relação de forças na sociedade portuguesa não abre a porta a uma conjuntura pré-revolucionária. A menos que se produza a nível mundial uma situação revolucionária envolvendo os EUA e a União Europeia, o que não está para breve, uma Revolução social vitoriosa em Portugal é uma impossibilidade”.

 De facto, isto que é escrito, apesar de terrível, exala verosimilhança, tanto mais que o autor acrescenta que se deve “Afirmar, sem rodeios, frontalmente, que a ruptura em Portugal deve ser com o sistema capitalista, rumo ao Socialismo distante, esfumado num horizonte de brumas, é seguir o exemplo desses revolucionários, caminhar pelas alamedas que eles abriram combatendo”.

 Ora, estas massas manifestantes, e não refiro aquelas que, seguramente, virão para a rua dia 29, estão tão longe do desejo de “socialismo” quanto do desbragado neoliberalismo dos últimos anos! Sobretudo, não querem o que a realidade social e económica dimanada das opções neoliberais lhes impõem. Há, por isso , que lhes sugerir um futuro plausível, conquistando-as para etapas mediatas, não muito distantes, porque as energias residuais  não dão para grandes caminhadas. Depois, virão outras etapas.

 Dito isto, e passando ao essencial deste breve ensaio, afigura-se imprescindível que os partidos e organizações sindicais nucleares na luta pela criação das alternativas viáveis ao neoliberalismo, nomeadamente as de natureza revolucionária, tenham o bom senso de não cometer, relativamente aos novos movimentos sociais, e não apenas a estes que vêm para a rua em caudais irreprimíveis, nenhum dos seguintes (aparentes) erros:

– Querer “dirigi-los”, de uma forma mais ou menos explicita;

– Apoucar ou não participar nas suas mobilizações e organizações, ficando fora, por preconceito ideológico;

– Abdicar da crítica às orientações e palavras de ordem oportunistas, populistas e esquerdistas, que, este tipo de movimentos inorgânicos, evidenciam frequentes vezes;

– Deslumbrar-se, perante este pujante movimento popular inorgânico, confundindo-o com um indispensável movimento organizado das massas de explorados pelas forças neoliberais.

Serão, talvez, sugestões desnecessárias e redundantes, estas que aqui se registam. Mas, não pode deixar de se sublinhar as duas primeiras, porque parecem ser as mais difíceis de pôr em prática pelas organizações políticas e sociais que têm a obrigação histórica de serem vanguardas. Desde logo porque exigem muita segurança e maturidade organizacional: ser vanguarda não deve significar, na atualidade, só participar nos movimentos que se dirigem. E, também, porque implicam que a convicção ideológica seja, cada vez mais, baseada num estudo contínuo e concreto das situações concretas.

 

 


[1] Ferreira, Ruth Vasconcelos L., Movimentos sociais e partidos políticos, Estudos Sociedade e Agricultura, 3, novembro 1994: 166-176

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5 thoughts on “Movimentos sociais orgânicos e inorgânicos

  1. Hélio diz:

    Acompanho totalmente a pertinência e oportunidade da analise suscitada.
    Orgânico e/ou Inorgânico, o momento é de tudo fazer para convergir, unir, reunir contributos e disponibilidades, todos necessários, para a construção de uma alternativa à ditadura de quem nos governa conforme os interesses dos grandes grupos económicos e financeiros na sua versão mais selvática, corrupta e antidemocrática.
    Uma politica contra a maioria, em que os trabalhadores são o alvo principal mas de que são igualmente vitimas sectores muito vastos e heterogéneos de toda a sociedade.
    Tempo de profundas, e fundadas, inquietações, angustias, medos, muito sofrimento, mais ou menos assumidos, mas também, muita revolta em crescimento, de onde emerge a diversidade das formas de protesto amplamente presentes nas manifestações dos últimos dias.
    Concerteza que os níveis de compreensão das causas e responsáveis do drama com que se defronta o país, e o mundo, são muito distintos e complexos. A onda de mistificação ideológica e informativa não é menor que a do terrorismo económico e social.
    A disponibilidade para um cada vez maior numero de cidadãos, muitos pela primeira vez, participarem em qualquer acto publico de contestação é de um enorme significado. Esse facto, igualmente, interpela e convoca os sectores mais organizados e combativos da resistência e oposição a esta politica e a este governo: a necessidade de construção da expressão politica desta crescente revolta social!
    É necessário e urgente que a diversidade de formas de luta, inorgânicas e orgânicas, a manifestação ou a greve geral, se complementem e reflictam no quadro da intervenção politica e das alternativas de poder necessárias.
    A gravidade e particularidades do momento que atravessamos, creio que justifica, e exige, a disponibilidade, à esquerda, para de uma forma inclusiva e plural encontrar os denominadores comuns que permitam erguer uma plataforma de convergência para uma alternativa politica.
    A combatividade e disponibilidade de milhares e milhares de cidadãos na rua é necessário que se traduza na lucidez e no empenho, sério e responsável, de todos os que podem, e têm a obrigação, de dar os passos necessários para tal convergência e tudo fazer para sentar a uma mesma mesa contributos representativos e diversos provenientes de movimentos sociais, associativos, sindicais, de cidadãos, dos partidos que se situam neste campo de oposição ao governo, o PCP, BE, Verdes, PS.
    Concerteza que há a necessidade de outras reflexões e debates, de uma maior exigência ideológica, sobre as formas e os conteúdos da luta e intervenção social e politica para uma acção transformadora, revolucionária, relativamente à questão central: a superação do capitalismo!
    Claro que sim. Mas também nesse sentido se faz caminho respondendo ousadamente às necessidades mais imediatas da luta por uma vida mais digna, com mais justiça social e democracia. Hoje.

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    • Viva, Hélio, muito obrigado pelo comentário.
      Um dos aspectos que suscitas, “sentar a uma mesma mesa contributos representativos e diversos provenientes de movimentos sociais, associativos, sindicais, de cidadãos, dos partidos que se situam neste campo de oposição ao governo, o PCP, BE, Verdes, PS”, e que será um dos nucleares,tem vindo à baila, de novo, nos últimos tempos.
      Embora corra o risco de ser “preconceituoso”,estou convicto de que, no caso do PS, estará, talvez, em “oposição ao governo”, mas tenho profundas dúvidas que esteja, no essencial, contra a política prosseguida.Claro, o desvario do PSD/CDS é de tal monta que há já aspetos em que será fácil a atual liderança do PS se demarcar.E, agora, até há o 15 de setembro.
      Infelizmente, os rumos da social-democracia europeia, na qual o PS alinhou de corpo e alma há muitos anos, faz com que os “partidos socialistas” sejam, em matérias económicas e sociais, pouco diferentes dos neoliberais puros e duros.É esta a razão central da deriva antisocial verificada na Europa e não este ou aquele comportamento dos partidos à esquerda.
      Na “vida real” só se senta a uma mesa para conversar sobre o futuro alguém que, à partida, tem afinidades e sabe haver acordo com a “ementa” a discutir. Ora, o PS, não disse nem fez nada, até hoje, que, no essencial, permita pensar que estão dispostos a largar as suas práticas neoliberais e afastarem-se daquilo que, há um ano e pouco, diziam, fizeram e assinaram. Assim, parece-me, não basta fazer uns quantos discursos empertigados e cheios de técnicas de marketing, para que possamos pensar em alternativas credíveis envolvendo PCP, BE, Verdes e PS. E mais: afigura-se-me que o simples criar, de forma precoce, daquilo que seria uma ilusão, tornar-se-ia uma aventura pouco credível. Ora,tenho a certeza que concordas, as populações estão demasiado cansadas para mais floreados.
      Julgo conhecer bem aquilo que, à esquerda, designadamente no PCP/Verdes e, de outro modo, no BE, também poderá constituir dificuldade ao princípio do entendimento vital. E tenho pena de não ter “sítio próprio” para o discutir. Mas, não há nada que eu conheça, no plano do entendimento dos direitos constitucionais das liberdades e garantias essenciais, que possa ser invocado pelo PS para não haver entendimento. O problema não é este ou aquele “trotskismo” ou “estalinismo”, mas, sim, aspetos centrais da visão económica e social. Aqui, sim, há grandes divergências: O PS tem insistido num caminho (para o abismo) contrario aquele que, no essencial, PCP e BE defendem.Dizem que este é um não-caminho. Por exemplo: o PS defende a “liberdade” dos bancos e a manutenção do “compromisso da dívida”, contra a visão “terrivel, abominável e leninista” da nacionalização dos bancos e da renegociação da dívida!
      Pois, assim não há caminho … até que a realidade o imponha!

      Um abraço.

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      • Hélio diz:

        Pois caro Demétrio eu também subscrevo o essencial do que identificas como parte do problema e obstáculo à concretização de um necessário e amplo entendimento à esquerda.
        Na verdade isso mesmo está presente neste desafio: conseguir romper com o bloco central e a orientação neoliberal, que em modalidades alternadas, conduziram o país a esta desgraça, e afirmar a possibilidade de disputar o poder por parte de uma solução alternativa verdadeiramente democrática e popular.
        Uma alternativa assim não se afigura que possa ser obra de um actor isolado, num espaço, à esquerda, tão plural , e que se deseja, e exigirá, que mais ainda se amplie e cresça como condição de sucesso.
        Se não desejarmos claudicar e resignar com a “impossibilidade” de uma tal iniciativa que dispute o poder à direita, o caminho passa necessariamente pela consciência e vontade efectivas de juntar forças.
        Juntar forças implica dinamizar um processo de aproximação, com tolerância, disponibilidade de debate de forma inclusiva, para a convergência em torno de denominadores comuns e no respeito pela autonomia e diferença das partes envolvidas.
        As particularidades do momento politico e social exigem urgência e formas novas de abordagem de um tal processo dirigido não só aos partidos e ás respectivas direcções, mas também aos seus militantes individualmente considerados e a um imenso universo sem filiação partidária mas comprometidos e intervenientes nas mais diversas experiencias e formas de lutas sociais, sindicais e politicas.
        Um processo que interpele o sentido de responsabilidade e lucidez de direcções partidárias mas que nisso não se esgote.
        Um processo que assente numa dinâmica participativa liberta de eternos tacticismos partidarios, animado por um objectivo central de construir as convergências necessárias que sustentem uma alternativa programática e politica.
        Há uma experiencia em curso como sabemos, o Congresso Democrático das Alternativas a ter lugar no próximo 5 de Outubro. Entre os milhares de subscritores da convocatória do mesmo e de participantes nas várias reuniões e outros actos públicos até agora realizados, encontram-se filiados, deputados, dirigentes de partidos como o BE, o PS e o PCP, cidadãos sem partido, activistas de movimentos sociais, de protesto, de organizações sindicais.
        Trata-se de uma iniciativa e de um debate que não decorre em condições inócuas mas claramente balizado pelos grandes temas e objectivos da luta social e politica dos dias que correm.
        Qualquer de nós não terá dificuldade em inventariar uma considerável lista de razões para um processo com estas características poder sucumbir, contudo creio que o desafio é identificar os motivos, as possibilidades, as necessidades de ele vingar e poder constituir um contributo significativo para unir as forças capazes de dar expressão politica e promover os sobressaltos e as alterações politicas que milhares na rua reclamaram no dia 15 e vão voltar a reclamar amanhã 29.
        Abraço

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  2. António A. Martins Ferreira diz:

    Ensaio muito oportuno a cuja divulgação (igualmente) apelo.
    Estou com alguma dificuldade em perceber, no entanto, o q o Miguel (o q eu aprendo com ele, há anos, desde os tempos do Diário, lembram-se?) quer dizer no artigo aqui citado e que não li, fundamentalmente, qd ele diz: “… A menos q se produza uma …situação revolucionária envolvendo os EUA e a União Europeia (?), o q não está para breve, uma Revolução social vitoriosa em Portugal é uma impossibilidade”. Apesar do “acrescento” do Miguel, no parágrafo seguinte ( ” Afirmar sem rodeios…”), não está para mim muito claro se a “impossibilidade” é, para o MUR, total e absoluta, tendo em conta o actual contexto (formação) sócio-político da sociedade portuguesa.

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