Por vezes, é difícil fugir às palavras, utilizar subterfúgios para classificar uma realidade concreta que se nos impõe com tal força e grandeza que fugir dela mais não é do que uma manifestação de cobardia.
Com o atual governo, tais situações ocorrem com cada vez maior frequência. Evitar, por razões de bom gosto, educação ou quaisquer outras, classificar com as palavras certas o que Passos Coelho nos vai anunciando deixou de ser um imperativo de bom gosto ou de educação para passar a ser um ato inaceitável.
Por isso, aqui manifesto a minha profunda convicção de que o anúncio de novas medidas de austeridade feito pelo primeiro-ministro no dia 7 de setembro foi um dos maiores atos de vigarice, aldrabice, mentira e desonestidade, que não apenas a política, de que há memória neste país, ainda que, na nossa vida em democracia já tenhamos assistido a muitas.
Passos, que falou antes do jogo da seleção para ver se a coisa passava sem grande dores, foi capaz de nos querer aldrabar e vigarizar com a ideia de que estava a respeitar, com estas novas medidas, os princípios de equidade que o Tribunal Constitucional utilizou para obrigar o Governo a repor os subsídios de férias e de natal dos funcionários públicos. A vigarice é total, a aldrabice não tem limites. Quanto tempo terão andado a pensar na forma de nos tentarem enganar com este esquema em que tiram aos funcionários públicos um subsídio, dizem que repõem o outro em prestações mensais, mas logo a seguir o retiram com igual aumento em sete por cento da taxa da segurança social, fincando tudo na mesma?
Tudo exatamente na mesma, com os funcionários públicos, contrariando o espírito do acórdão do Tribunal Constitucional, a ficarem sem nenhum subsídio ou melhoria salarial mais uma vez.
Que mal fizeram os funcionários públicos para serem o alvo de tanta vigarice, aldrabice e desonestidade? Tanta estupidez…
Vigarice e aldrabice. Não tem outro nome o que este primeiro-ministro vigarista e aldrabão e seus desonestos acólitos nos fizeram.
Maior vigarice só a que Paulo Portas anda a ensaiar, quando nos vier dizer (se é que diz alguma coisa, ele que tão bem se sabe calar nestes momentos) que o Governo fez o que o CDS sempre defendeu e não aumentou impostos, mas sim a segurança social. Terá Portas coragem para dizer tal coisa? Acreditará ele que somos todos assim tão estúpidos e parvos, como parece acreditar o deputado nuno Magalhães, que temos o azar de ser deputado municipal em Setúbal, quando afirma que estas medidas não são um aumento de impostos? Quando afirma que estas medidas são um incentivo à criação de emprego? Que respeitam a “equidade”? De que “equidade” fala ele? Da que o primeiro-ministro se esqueceu de anunciar para as grandes fortunas e transações de capital? Da transferência dos dinheiros da TSU dos salários dos trabalhadores para os bolsos dos patrões?
Que mais poderemos dizer perante tais vigarices e aldrabices?
Que dirá o Presidente da República, ele que anda tão atentos aos limites dos sacrifícios que podem ser impostos aos portugueses? Se nada disser, quer dizer que também alinha na vigarice e aldrabice de Coelho e Portas?
Ficarei à espera das respostas. Claro que sei que devo esperar sentado…
Caro amigo Paulo Anjos: Estou de acordo com o que escreveu, embora pense que o Portas é mais esperto que o Coelho e que lhe vai fazer a cama. Não gosto de nenhum e já agora, do Cavaco ainda menos.
Só me espanta que o senhor Paulo Anjos, depois de escrever o que li, tenha aderido ao acordo ortográfico, impávido e sereno como se o português de Portugal de nada servia. Fico a pensar que afina prefiro o Al Capone.
Margarida Botelho
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Cara Margarida
A utilização das normas do acordo ortográfico não é um crime. No meu caso, respeito plenamente quem optou por não o usar e até me abstive de entrar na discussão que decorreu aqui na Praça do Bocage. Porém, como tenho de usar as normas no que escrevo profissionalmente, tive de optar. O que não podia era usar as normas umas vezes e outras não.
Não querendo entrar nessa discussão, aliás, recuso em absoluto participar nesta polémica, não posso deixar de ser de opinião que há algum excesso na análise deste problema.
Cá na praça é assim, cada um escreve como quer.
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