Quando olho para trás
Dói-me a memória
Dos dias de bandeira içadas
E hinos espontâneos
Fáceis de trautear
Em que acreditámos
Quando olho para trás
Doem-me as lágrimas de alegria
As vozes inesperadas na televisão
De uma velhinha camponesa
E de um operário cheio de esperança
Por ele, pelos seus,
Ver os filhos e os netos
Doutores, senhores;
O sonho americano
Em dimensão lusitana
E agora,
Que aconteceu ao milagre
Que destruíram,
Que, se calhar, ajudámos a demolir
Sem dar por isso
Voltámos a ser desatentos,
Desinteressados, alheios
Com os olhos postos
Na pobreza plástica de um mundo novo
Que pensámos ser progresso e
Expansão
Criticam-se os delinquentes,
A droga que prolifera sem fronteiras
Mas ninguém cuida
Em sentir-se culpado
Lá longe, no passado
Repousa a alegria das portas da prisão
Abertas
Lá longe, no passado
O orgulho de poder ir às urnas,
Ter convicções, responsabilidades
Pelos demais
Que fizemos ao sonho?
Adormecemo-lo com calmantes e
Indutores de sono?
Matamo-lo com antidepressivos
Para deixarmos de pensar?
Seria bom
Ousarmos procurar em nós
Os caminhos para traçarmos
Novos rumos
Com coragem
Com consciência
Com determinação
21-12-08
In IDADES de Ana Wiesenberger
Adorei o poema e adoro o blog; mas quando puder, acesse http://letrastaquarenses.blogspot.com.br; antonio cabral filho, de jacarepagua – rio de janeiro/Brasil.
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