OS OLHOS DAS CRIANÇAS
Atrás dos muros altos com garrafas partidas
bem para trás das grades do silêncio imposto
as crianças de olhos de espanto e de medo transidas
as crianças vendidas alugadas perseguidas
olham os poetas com lágrimas no rosto.
Olham os poetas as crianças das vielas
mas não pedem cançonetas mas não pedem baladas
o que elas pedem é que gritemos por elas
as crianças sem livros sem ternura sem janelas
as crianças dos versos que são como pedradas.
Sidónio Muralha
Mais do que as palavras escritas, muito belas, que denunciam verdades, estas palavras interrogam-nos, são um grito de alerta, apelam à nossa intervenção… porque são palavras que brotam do coração do poeta e, por isso, fazem toda a diferença.
E “nós”, o que fazemos? Pouco ou quase nada. Nós, “continuamos comodamente instalados”. Com raras excepções.
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