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Somos Todos Gregos!

Hoje o parlamento grego está a horas de vender o que lhe resta da sua esfrangalhada dignidade à troika, a mando dos interesses especulativos financeiros que progressivamente tem tomado as rédeas do poder no mundo ocidental, sendo politicamente representados pelos partidos de direita e dos que, fazendo-se passar por outra coisa, praticam políticas de direita.

Vendo os justos protestos do povo grego não podemos deixar de nos revoltar quando ouvimos os nossos governantes apregoarem que Portugal não é a Grécia e se orgulham de cumprirem, mesmo ultrapassarem, os ditames da troika, a mesma que visita regularmente a Grécia, com os resultados que estão á vista. Deveriam corar de vergonha até á raiz dos cabelos, se tivessem um pingo de respeitabilidade. Se fossem gente séria, gente honesta e de bem, defenderiam a Grécia, em vez de subservientemente alinharem com os governantes alemães. Apesar de ser condenável o jornalismo que sacou as imagens do diálogo entre os ministros das finanças alemão e português, o capachismo do nosso ministro é chocante. Mais chocante quando o programa que a troika, esse bando de ladrões legalizados, quer impor à Grécia com o despedimento imediato de 15 000 funcionários públicos, e 150 000 nos próximos quatro anos, 37 500 trabalhadores/ano!!!, 3 125 / mês, 103/ dia! depois da brutalidade das medidas económico-financeiras que tem sido impostas aos gregos atirando um povo para a miséria, enquanto conscientemente ganham tempo para os bancos, sobretudo os alemães e franceses, se porem ao fresco, enquanto os celebrados direitos humanos são atirados por essa canalha para o lixo! Gente desse calibre e gente que com eles compactua é gente sem coluna vertebral. Não é gente são baratas !!!

A talhe de foice, não deixa de ser curioso que muitos dos que agora foram lestos em verberar, e bem, tal tipo jornalismo, não o façam em relação ao jornalismo mercenário que planta notícias, com as costuras todas à vista, em benefício dos poderes dominantes e tenham relações cordiais ou comprem serviços  às agências de formatação da opinião que apregoam fazer “consultadoria multidisciplinar, com valências em todas as áreas da Comunicação Pública”, o que, traduzido por miúdos significa o fazerem gato-sapato dos jornais e, dos critérios jornalísticos, do rigor da informação.

Ninguém, quase ninguém, Manuel António Pina, na sua coluna de opinião no JN, fez uma excelente nota, fala da brutal dívida que a República Federal da Alemanha tem em relação à Grécia, por reparação dos danos inumeráveis que causaram ao povo grego e à Grécia, durante a 2ª Guerra Mundial. reparação  que foi decidida no pós-guerra na Conferência de Paris, em 1946. Dívida internacionalmente validada, continua esquecida na Europa connosco e com eles e mesmo dos partidos de direita gregos e, sobretudo, do actual primeiro-ministro um ex-eurocrata independente, o quer dizer totalmente dependente da 1ª dama teutónica. A Grécia tem repetidamente reclamado o pagamento dessa dívida, sem qualquer êxito, ao contrário da das potências aliadas e da Jugoslávia, Polónia e Israel.

É uma grossa piada ouvir os governantes os alemães, oferecerem aos seus credores, e pressionarem a banca privada alemã a colaborar, num perdão substancial da dívida soberana, se os gregos se portarem bem. Já colocaram em voz alta, bem amplificada, a hipótese da Grécia abdicar da sua soberania em troca de receber ajuda. Depois da violenta ocupação nazi, os teutónicos avançavam agora, de novo substituindo as botas cardadas pelas pantufas de pelicas diplomáticas. Em vez de militares façanhudos prontos a disparar sobre quem se lhes opusesse, agora tecnocratas sorridentes e sem rugas prontos a matar à fome que não lhes obedeça. Uma tragédia grega pronta a ser posta em prática e a repetir-se em qualquer outro país da Europa Unida. Mesmo nos países bom alunos. A diferença aí seria os colaboracionistas locais dispensarem a exportação de mão-de-obra.

O pagamento dessa dívida, 575 mil milhões de euros, dava para pagar a actual dívida grega, 315 mil milhões de euros, ainda sobrando umas centenas largas de biliões de euros, quase quatro vezes o empréstimo concedido a Portugal, que um governo patriota não iria esbanjar como o fizeram os partidos de direita gregos que se tem sucedido no poder, sozinhos ou coligados. Ao longos das últimas décadas, muito fizeram para contribuir para a prosperidade da Alemanha, basta olhar para as compras feitas à indústria militar, quase dois terços da dívida grega. A França também não se pode queixar e lá está a troika, esse bando de energúmenos disfarçados de cientistas económicos, que corta tudo o que sejam salários e benefícios sociais e deixa as despesas militares praticamente intocadas.

Há que arrancar a máscara a toda essa gente! Em vez de andarmos a abanar o rabo bufando que Portugal não é a Grécia, digamos a uma só voz: Somos Todos Gregos!

Assinem a petição a exigir que a Alemanha paga a sua dívida à Grécia!

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17 thoughts on “Somos Todos Gregos!

  1. Carlos Alberto SantosPinho diz:

    A manifestação e a revolta são demonstrativas da indignação que muitos gregos sentem perante a aceitação das exigências da UE pelo Parlamento. Mas como em toda a parte, fico sem saber o que pensa a “maioria silenciosa”, que provavelmente intimidada pelo anunciado caos que se seguiria, caso as medidas não fossem aceites, estará capaz de as aceitar, mesmo contrariada. Não auguro tempos fáceis para os gregos, que terão uma oportunidade soberana para se pronunciarem nas próximas eleições em Abril. De qualquer das formas, parece-me importante que a indignação tenha sido muito forte, mesmo suspeitando que os poderosos da Europa continuarão a pensar mais nos seus interesses do que nos interesses dos cidadãos. Já assinei a petição.

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  2. Fernando Silva diz:

    É incrivel como as pessoas são esquecidas, mas mais extraordinário é a incapacidade que têm de admitir as suas próprias responsabilidades.

    Não me alongando, vou simplificar: o povo grego votou e elegeu os governos que tomam conta do país desde 1974, entrou na CEE, manipulou contas para entrar no Euro, manteve um principesco salário minimo de 750 euros pago em 15 prestações (trabalhando apenas 11 meses). Viveu acima das suas possibilidades à custa dos credores internacionais. E agora, não querem pagar?

    Vamos ser justos, se a Grécia não queria ser apanhada na (teoria de conspiração apregoada por muitos) tempestade dos mercados financeiros só tinha uma solução: não pedia dinheiro.

    Mas, agora fala-se do dinheiro que a Alemanha deve devido aos prejuizos da guerra. Vamos assumir que é verdade. E se a Alemanha pagar, o que acontecerá da próxima vez que a Grécia cair no mesmo erro?

    Ou melhor ainda, e Portugal, que teve um caminho semelhante à Grécia (mas menos grave) e que não tem direito a “prejuizos de guerra” vai justificar como?

    A pseudo-intelectualidade de não se saber distinguir mercado de politica ou o que é esquerda ou direita — assumindo que a esquerda é que é boa para o povo (hey, a Coreia do Norte, Cuba, China é tudo esquerda) — são as reais razões para termos um povo mal informado. Aliás, um povo subserviente e que se permite a manipulações.

    O que mais me espanta na realidade, é que tenho compatriotas que defendem a esquerda a um ponto de quererem hipotecar a sua própria liberdade.

    Para muitos a esquerda é sinónimo de subsidios, mas a realidade é que a esquerda é sinónimo de um controlo total da vida de um individuo pelo estado. Não se pode abortar, não se pode ser homosexual, não se pode ter um negócio, não se pode ser livre… tudo é controlado pelo estado e imposto pela maioria. O esclavagismo ideológico.

    Como é que uma nação há-de evoluir, se o seu povo é inculto.

    Nota final: “Em 1976 a falência voltou a estar iminente. Mário Soares, na altura à frente dos destinos do país, pediu dinheiro emprestado à Alemanha. Em vez de uma transferência bancária, recebeu um avião a meio da noite.”

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    • Manuel Augusto Araujo diz:

      Este texto é quase um exemplo paradigmático da confrangedora mediocridade do senso comum, muito emproado, apontando o dedo à pseudo-intelectualidade, e repetindo adrede argumentários da mais tosca banalidade.
      Num impulso cristão, mesmo sabendo que o reino dos céus está prometido aos fernandos silvas pelo se deve mantê-los na ignorância e para que durante o trânsito da vida votem alegremente em quem os explora, faço só uma nota.
      Escreve Fernando Silva que na Grécia se paga em 15 prestações (trabalhando apenas 11 meses). Aquela malandragem recebe quatro meses enquanto tem a perna esticada! O valor do salário, mínimo ou não mínimo, é irrelevante. É um argumento recorrente vendido para os silvas o comerem por inteiro. Um salário X é calculado pelos meses de trabalho e dividido por número variável de prestações. O Silva , coitado, nem percebeu que quando escreveu 15 prestações, corrobora esse raciocínio da mais plana economia, ao contrário do que pretendia fazer. Por isso é que quando, em Portugal, se retira o subsídio de natal e de férias, se está de facto a subtrair cerca de 14,25% do ordenado. A roubar o ordenado, com o falso argumento de se estar a pagar os meses em que não se trabalha. Esse valor X pode ser dividido por 13, 14 ou 15 meses. Como a rasadoira da manipulação mediática faz com que nem sequer isso entendam, o que é que se pode esperar do “pensamento” dos fernandos silvas sobre o que quer que seja?
      Como é que um povo se liberta quando existem muitos fernandos silvas? Será sempre escravo com o grave problema dos fernandos silvas pensarem acima das suas possibilidades e votarem em conformidade. O Umberto Eco (Oh! Silva desculpe-me mais este arroto de pseudo-intelectualidade) tem um livro interessantíssimo sobre a manipulação mediática. Sentou-se quinze dias à frente da televisão vendo todos os noticiários. No fim estava tão intoxicado que gozava consigo próprio apontando que já quase se satisfazia vendo que o “pivô” e os comentaristas pensavam como ele – próprio, quando já não conseguia pensar.
      Se isto acontece com o Umberto Eco que tem a lucidez de desmontar os mecanismos da manipulação o que podemos esperar dos fernandos silvas? Que continuem a dizer e a escrever dislates. Há quem considere que acolher isso é muito democrático. Não perfilho essa opinião, por muito que preze, e prezo, um bom debate.

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      • Fernando Silva diz:

        Devo comentar a frustração do senhor ao tentar fazer um ataque pessoal, quando teria mais mérito em caminhar para uma discussão honesta? Parece que não, mas eu vou tentar puxar o nível da nossa (espero eu) proveitosa discussão.

        Caro Manuel Araújo, reparo que do meu discurso — curiosamente moderado para baixo, porque deve haver muitos com sonhos diferentes dos meus — toca em 2 pontos:
        1. reduzindo o meu argumento (factual) do salário grego
        2. tentando adivinhar quais os são os meus principios politicos/sociais/religiosos

        (Tanto para poder desmembrar — até porque tenho alguns argumentos mais frágeis — e apenas pega em dois dos mais fortes)

        No que diz respeito ao salário:
        1. Portugal e Grécia são dos poucos países na Europa que recebem prestações suplementares relativamente ao salário (o outro é a Espanha)
        2. De acordo com o que diz, então vamos simplificar e o salário mínimo em Portugal é de 565 euros e o Grego é 876 euros (Espanha é 748 para referência)
        3. Seguindo a sua sugestão, esquecemos o minimo; e podemos usar o médio liquido (apesar de muitas divergências, entre bruto, liquido e paritário ao poder de compra) Portugal (894), Grécia (1.278 euros) e Espanha (2.292 euros)

        Perante isto, devemos agora considerar os seguintes factores:
        1. PIB
        2. População
        3. Número de funcionários públicos
        4. Regalias (os chamados direitos adquiridos) da função pública
        5. Nível de vida determinado pela OCDE
        6. Nível de corrupção do sector público e privado

        As análises serão mais fáceis de fazer para perceber porque razão a Grécia, tal como Portugal, Espanha e Itália (a Irlanda é um bicho diferente) chegaram ao ponto em que estão. Basta abrir um pouco os horizontes…

        Se é óbvio que existem interesses instalados a nível mundial, não será ingenuidade ignorar a incompetência das próprias nações/povos ao permitirem chegar a este ponto?

        Aqui daria um bom debate! Mas compreendo que seja mais fácil exigir cegamente, não apresentado e efectivando alternativas.

        Com isto chegamos a este “Fernando Silva”:
        1. Agnóstico, respeitador da liberdade religiosa
        2. Respeitador da individualidade e opções pessoais — segue o lema “a minha liberdade acaba onde começa a tua”
        2. National Liberal Democrat (2 percent of the test participators are in the same category and 92 percent are more extremist than you) de acordo com o http://www.politicaltest.net/
        3. Apoia um governo com intervenção minima, garantindo segurança e justiça
        4. Acredita na iniciativa privada como fonte progresso social, cultural e de qualidade de vida
        5. Acredita na solidariedade das pessoas — não acredita num estado social artificial que nivela as pessoas por baixo
        6. O pai do Silva é voluntário há vários anos apesar de ter tido a infelicidade de ficar inválido
        7. O silva foi educado a poupar e ensinado que o trabalho é fonte de orgulho e honra
        8. O silva acredita que as familias não devem depender do estado, mas sim de si próprias, criando laços mais fortes e ajudar-se.
        9. Em vez de pedir mais dinheiro ao estado e porque a parca reforma da avó não dá para todas as despesas, tendo o pai no hospital, o Silva não abandona a familia e ajuda a pagar o lar da avó
        10. O silva é um individuo de pensamento livre, e não se deixa guiar por “manadas” (seja elas quais forem)
        11. Com muito orgulho e sem falsas modéstias acredita que para cada direito deve haver uma obrigação
        12. Por fim, o silva acredita que cada um tem aquilo que merece. Por cada acção, há uma reacção e as pessoas são livres de criar o seu próprio caminho, se não tiverem medo das barreiras e das dificuldades.

        Não se preocupe, o “silva” não o volta a incomodar, para não ferir as susceptibilidades de quem não consegue aceitar a discórdia como um ponto de partida para o consenso.

        Boa sorte, mas lembre-se “não faças aos outros aquilo que não gostarias que te fizessem a ti”.

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      • Manuel Augusto Araujo diz:

        Pois é os silvas são uns dorminhocos pensantes. O rol dos seus princípios (?) são os esperados. Nada que sobressalte ou seja inesperado. Pisca o olho ao conformismo, á mediocridade Os silvas são assim, o lugar comum da sociedade, por isso estamos como estamos.
        Acreditando na humanidade, acreditando que a razão ilumine a humanidade, os silvas são o nosso desespero, mas não nos fazem desistir!
        Continuaremos a lutar por eles, apesar dessa luta ser contra eles, melhor contra o que eles são e representam de imobilismo.
        Luta-se desde que o homem se reconheceu como homem, ser inteligente, livre, que trabalha não só para sobreviver mas também para transformar a vida, apesar de todos e contra os silvas.
        Não lhe respondo mais! Os silvas não existem, vegetam. Parasitam o que nós conquistamos e defendemos palmo a palmo, dia a dia.

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    • O Silva labora num erro de base que, caso não o consiga corrigir, nunca será capaz de ver além dos estritos limites da sua rua. Acusa o Manuel Araújo de pertencer a uma “pseudo-intelectualidade” que “não sabe distinguir mercado de politica”, como se fossem coisas independentes e separadas à nascença. Enquanto o Silva não for capaz de perceber que são os mercados que têm de se submeter à política, que é no primado da política, enquanto emanação da vontade popular, que se devem determinar as regras de funcionamento dos mercados para que estes não nos matem com ratings e colaterais, enquanto o Silva não perceber isto, então continuará sem perceber nada.
      O que defende o Silva, que certamente ainda não passou pelas dificuldades de ter o salário reduzido, os subsídios de férias e de natal com que paga o seguro do carro ou as propinas dos filhos que andam na faculdade cortados, parece, afinal, ser um primado absoluto do poder financeiro sobre as nossas vidas. Defende o despedimento de 15 mil funcionários públicos que vão, certamente, na sua perspectiva, ser absorvidos pelo benévolo mercado, que se encarregará de tudo resolver. Deixa andar, que se há de resolver, dirá o Liberal Silva.
      Espero encontrá-lo por aqui quando lhe tocar a si e então aí veremos se a sua crença na separação entre política e mercado continua a ser tão forte. Nessa altura, então, lhe pedirei para recordar com atenção o que Brest escreveu, que fica já aqui publicado, e que julgo que se adequa bem ao seu caso:

      Primeiro levaram os comunistas,
      Mas eu não me importei
      Porque não era nada comigo.
      Em seguida levaram alguns operários,
      Mas a mim não me afectou
      Porque eu não sou operário.
      Depois prenderam os sindicalistas,
      Mas eu não me incomodei
      Porque nunca fui sindicalista.
      Logo a seguir chegou a vez
      De alguns padres, mas como
      Nunca fui religioso, também não liguei.
      Agora levaram-me a mim
      E quando percebi,
      Já era tarde.

      Sabe, Silva, é dificil não ser acintoso com alguém que escreve o que o senhor escreve. Das duas uma, ou é ignorante ou então finge muito bem.

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      • Fernando Silva diz:

        Peço desculpa por ter “invadido” este local não me tendo apercebido que é ponto de encontro de camaradas. Camaradas que não promovem o comunismo de Marx, mas um outro que ao longo das décadas foi deturpado por mentes egocêntricas.

        Comprova-se nas expressões acima, que seja quem for — por mais liberal, honesto ou trabalhador — não interessa para nada. Tem de ser um camarada ferrenho, duro e altivo. Se tiver boa expressão escrita, melhor ainda, para tentar com palavras impôr a sua vontade sobre os outros. A isto chama-se extremismo.

        E, todos sabem, é impossível ter uma conversa honesta com extremistas.

        Portanto, mostro respeito (algo que 2 camaradas que lutam por igualdade de direitos são incapazes) ao Sr. Manuel e peço-lhe encarecidamente que não lute por mim. Continue por si — e pelos seus — porque enquanto você luta, eu trabalho honestamente e não estrago a vida de ninguém. Não sou uma criança ou ovelha, que precisa de um Estado a tomar conta de mim.

        Quanto ao Sr. Paulo, não se justifique nas minhas palavras, para camuflar a sua ignobilidade num tanto de má educação.

        São dois excelentes exemplos, para se perceber, porque certos sistemas politicos tenderão a desaparecer: não admitem opiniões contrárias e colocam-se no pedestal como os verdadeiros donos da palavra de um sistema infalível.

        Não sonho e faço por não imaginar como seria a vida neste sistema politico comunista, com camaradas destes que me perseguiriam até à morte só porque sou um liberal e defendo a liberdade de escolha individual.

        Felizmente, o mundo é enorme e os extremistas ainda são uma minoria.

        Continuarei a defender o que acredito, para que nunca tal sistema prevaleça e me subjugue.

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      • É curioso. Fala em diferença de opiniões, mas tem dificuldade em aceitar que o confrontem, mais asperamente, é certo, com uma opinião diferente. Veio-me imediatamente à memória uma célebre frase que diz que os liberais querem sempre conhecer outras opiniões, mas depois ficam chocados quando descobrem que afinal há mesmo outras opiniões.
        Registo que se ficou pelo registo de ofendido e que nem se quis dar ao trabalho de me explicar se afinal distingue o mercado da política ou se mantém a ideia de que são duas coisas distintas e independentes. Paciência…
        Mas olhe que, quando diz que por aqui não admitimos opiniões distintas faz uma grave confusão. Uma coisa é aceitá-las, coisa que obviamente fazemos, caso contrário não as publicaríamos; outra é concordar com elas.
        Ao contrário do que diz e das ideias básicas que tem sobre o que e a esquerda, que são, isso sim, ofensivas para muita gente de esquerda, quem mais lutou e se esforçou por garantir que todos possamos ter opiniões foram as pessoas de esquerda, nomeadamente os tais camaradas que com falhada ironia pretendeu referir. Só posso classificar como um disparate as suas afirmações de que a esquerda não deixa fazer abortos e é contra os homosexuais. Mas que raio, se foram os camaradas que mais se empenharam no referendo do aborto, e não os tais liberais, como pode afirmar tal coisa?
        Foram esses mesmos camaradas que lutaram e levaram muita porrada para que hoje o Silva possa escrever o que escreveu, mesmo que o faça contra si mesmo.
        Infelizmente, quando lutamos por algo melhor, lutamos por todos. Por si também, claro. Mão o merece, é certo, mas terá de o aceitar. É mesmo assim.
        E sobre o ser ignóbil, olhe, que chatice. Estou mesmo triste por pensar isso de mim…

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      • Fernando Silva diz:

        Agradeço o pequeno ajuste de tom, permitindo uma discussão mais proveitosa. O sarcasmo palpitante mantém-se, mas até é divertido 🙂

        Pois bem, e como eu gosto de ir por pontos, para facilitar a interpretação cá vai:
        1. Confrontar algo é diferente rebaixar, tentanto utilizar o nome de uma pessoa como arma de arremeço no afrontamento. Algo similar ao que a PIDE fazia quando perseguia os camaradas.

        2. Não tenho problemas com quaisquer opiniões divergentes, nem tão pouco fico surpreendido. O que me surpreende é a falta de discernimento e respeito com que são lançadas.

        3. Sim, fiquei ofendido. O senhor perante a minha resposta, inconscientemente, suavizou o tom pelo que se tivesse satisfeito com a sua resposta inicial não tinha voltado a responder.

        4. Mercado e politica são assuntos distintos, mas nem sempre se desligam. O liberalismo defende um mercado livre, enquanto os conservadores dizem que ele deve ser controlado pelo Estado. Aproximando a Portugal, temos um PCP e BE ansiosos por manter todo o mercado sobre o controlo estatal (e se possível através do máximo possivel de nacionalizações). Por outro lado temos o PS(D) de livre vontade ou não obrigados a manter um mercado livre.

        Como de certeza não está interessado em explicações — e ambos sabemos porquê — basta dizer que é a ideologia de extrema esquerda a puxar a si o máximo de controlo do mercado.

        5. Não sei quais as razões de publicarem ou não. Talvez seja o facto de se aproveitarem de alguns patos (como eu) para tentarem minar mais a liberdade do povo. Porém se as publicam e não concordam, estão no vosso direito. Afinal de contas fui eu que “invadi” os vossos aposentos.

        6. Onde estão as provas que foi a gente de esquerda que mais lutou? E sobretudo onde estão as provas de que é a gente de esquerda que garante a liberdade de expressão?

        7. Referendo ao aborto (2006): votos favoráveis do PS e BE; abstenção do PSD; voto contra do PCP, dos Verdes e do CDS-PP. Discorda o PCP de trazer ao povo a decisão? Não confia o PCP na decisão do povo? Relembro que o BE tinha na altura uma acção particular, ganhando voto às minorias nas causas mais “dificeis” e que o PS(D) só não são o mesmo porque… encontram-se às escondidas na Lojas.

        Grande empenho da defesa da liberdade de opção…

        8. É um disparate afirmar que o PCP sempre manteve reservas quanto ao casamento de homossexuais e que ainda não se pronunciou em relação à adopção por parte de casais homosexuais? Ou que em questões deste género os partidos tendem em impor disciplina de voto em vez de darem liberdade?

        Nenhum partido fica de fora ao retirar a liberdade de opinião e os direitos fundamentais da vida. Impõe regras sobre se uma pessoa pode ou não adoptar? Ou pior, criam cidadãos de 1ª e de 2ª, como fizeram no caso das barrigas de aluguer onde os casais homosexuais não têm direito.

        Quanto aos camaradas que tanto lutam pela minha liberdade, impedem a liberdade de um casal homosexual ter direito a procriar por processo assistido.

        – Conclusão –

        Não me identifico com os camaradas que lutaram e muito menos com os que lutam agora de forma desonesta recorrendo a greves, tumultos e destruição de propriedade pública e privada.

        Levaram porrada? Qualquer um deles lutou, não por mim, mas por aquilo que na altura queriam. E muitos, fizeram-no manobrados por “mentes brilhantes” que queriam ter acesso ao poder.

        Por favor, eu não mereço! Não anseie manter-me como cruz da sua causa. Já são tão poucos a “acreditar” nela, que já insistem que estão a lutar por quem discorda dela.

        Quer realmente fazer-me um favor: aceite a liberdade de opinião e de escolha. Aceite que um individuo pode não querer participar numa segurança social pública; que pode querer ter uma educação privada ou não ter de usar o SNS.

        Aceite que há pessoas que se organizam melhor sozinhas (ou em pequenos grupos) do que forçados compulsivamente a sustentar sistemas sociais públicos e artificiais.

        Assim, você segue o seu caminho e eu sigo o meu.
        Quem se der mal… azar. Cada um tem aquilo que merece!

        Boa sorte (over)

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      • Manuel Augusto Araujo diz:

        Um ponto final no Silva.
        O Silva faz umas piadas desajeitadas e facetas com o mesmo nível dos seus comentários. Cada um é o que é, mais não lhe pode ser exigido.
        Volto, contrafeito, a perder tempo com o Silva, para esclarecer dois pontos:
        1- A Praça do Bocage não é um ponto de encontro de camaradas. Os camaradas nem sequer estão em maioria entre quem alimenta com textos o blogue. Os comentários sublinham mais essa diversidade. somos tão permissivos que até publicamos as parvoidades (para que perceba parvoíces pequenas) do Silva.
        2- Os debates, as trocas de ideias e opiniões fazem-se e acontecem se daí advém prazer, têm um resultado positivo para os intervenientes. Um exemplo. Durante muitos anos, mais de duas dezenas, um amigo meu tinha o bom hábito de reunir duas ou três vezes por ano, um grupo de trinta a quarenta pessoas que comiam, bebiam, conviviam, debatiam ideias. Horas que escorriam sem se dar por isso tal o entusiasmo que nos animava. Um grupo plural que no dizer do José Cutileiro, um dos participantes, congregava dos cépticos de direita, como ele, aos comunistas, como o anfitrião. O que não havia por lá eram silvas.
        Não tenho ilusões. Os silvas são muito do Portugal que temos.Não de agora, tem séculos. Eça, o Camilo e outros bem os retrataram!
        Por mim, continuo a insistir em gritar com Almada Negreiros, sejam dantas, silvas ou …o apelido é um albergue espanhol

        MORRA O DANTAS, MORRA! PIM!
        PORTUGAL QUE COM TODOS ESTES SENHORES, CONSEGUIU A CLASSIFICAÇÃO DO PAIZ MAIS ATRAZADO DA EUROPA E DE TODO OMUNDO! O PAIZ MAIS SELVAGEM DE TODAS AS ÁFRICAS! O EXILIO DOS DEGRADADOS E DOS INDIFERENTES! A AFRICA RECLUSA DOS EUROPEUS! O ENTULHO DAS DESVANTAGENS E DOS SOBEJOS! PORTUGAL INTEIRO HA-DE ABRIR OS OLHOS UM DIA – SE É QUE A SUA CEGUEIRA NÃO É INCURÁVEL E ENTÃO GRITARÁ COMMIGO, A MEU LADO, A NECESSIDADE QUE PORTUGAL TEM DE SER QUALQUER COISA DE ASSEIADO!
        MORRA O DANTAS, MORRA! PIM!

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      • Fernando Silva diz:

        Caro Manuel,

        Da próxima vez que eu visitar a Casa da Achada, terei o maior prazer em que me possa acompanhar. (Não se preocupe, eu ligo antes para combinar)

        Julgo que nessa altura, poderemos aproveitar para uma discussão mais séria onde não recorra a certos clichés (que se aproximam de arrogância, mas que eu reconheço como fazendo parte do seu feitio apaixonado) para me afrontar.

        Faz parte da condição humana, ser mais agressivo quando há ajuda de alguma camuflagem; pois, quando se olha nos olhos, é mais dificil dizer certas coisas, seja por cobardia ou (acredito eu) por respeito.

        Da minha parte será impossível alguma vez ser comunista. Prezo bastante a liberdade do Homem em detrimento do controlo artificial que o prende de qualquer progresso, ambição ou simples desejo de ser feliz.

        Mas, deixarei mais para o nosso encontro, pois de certeza que o senhor como homem das Artes com tanta cultura não recusará uma conversa com um ser inculto e cego como eu.

        Abraço,
        Fernando “liberal” Silva

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      • Manuel Augusto Araujo diz:

        Engana-se! Se por acaso nos encontrarmos frente a frente não espere alguma complacência, pelo contrário.Se alguém anda camuflado é você. Não tenho esses truques! Sou o mesmo em qualquer situação e circunstância. Você pensar assim diz muito de si, como os seus textos e as variantes manhosas e untuosas que o empapam.Não estarei disposto a perder tempo consigo, para lhe dizer isto cara a cara. Como diz João Abel Manta já conheço toda a gente que me interessa, agora escolho quem quero conhecer. Gente do seu jaez não me interesa seja em qe lugar for, portanto…

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      • Fernando Silva diz:

        Sendo assim, peço desculpa. Pensei que no comunismo se promovessem principios, tais como a igualdade e fraternidade. Parece que, no seu caso, me enganei…

        Não deixarei porém de lhe dar um toque quando eu passar por aí, porque mesmo que o senhor mantenha o tom áspero (que toca o arrogante) não devemos julgar o livro pela capa. Compreendo, que por vezes são fases da vida, que nos fazem ficar um pouco diferentes!

        E por aqui me fico, que a conversa já não está a ser produtiva.

        Abraço,
        Fernando “liberal” Silva

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  3. Luiz Moita diz:

    Trabalhei na Grécia, durante seis meses, em 1987. Nunca tinha trabalhado tão duramente mas adorei lá estar. Fiquei a conhecer bem os Gregos com quem mantinha relações excepcionalmente boas. São muito diferentes de nós! As poucas semelhanças são aparentes… Eles são GREGOS e nós somos LATINOS. Como em tudo na vida têm qualidades e defeitos. Por exemplo: Que a corrupção na Grécia é escandalosa é um facto real. Mas sempre foi ignorada pelos governos e portanto coniventes com ela. A maior qualidade do povo Grego é o seu carácter! Não têm nada a ver com a nossa subserviência e sabujice em relação a pessoas mais importantes ou mesmo com aqueles que ocupam lugares de chefia. Cheguei a ver o Presidente da Administração da “Olimpic” a falar com pessoal de bordo ou administrativo no estilo “tu cá. tu lá”. De resto há um ditado popular grego muito antigo e que diz: “ O Grego nem para falar com Deus se ajoelha!” O que é verdade pois nas Igrejas Ortodoxas ninguém se ajoelha. Também têm outro ditado interessante: “ O grego contempla sempre o céu mas com os pés bem assentes na terra!” Isto significa que eles têm de facto, como se tem visto, uma coragem e uma determinação para a luta imparáveis. O grande senão é um problema que também nos atinge em Portugal: FALTA DE UNIDADE.
    Dir-se-ia que a tradição das lutas de Esparta contra Atenas se mantém…
    No Verão e Outono de 87, quando lá estive, verifiquei ao fim de muito pouco tempo, que metade da Companhia, incluindo tripulações não falava à outra metade e olhavam-se uns aos outros com um ódio que até parecia que saíam chispas dos olhos! Quem eram?
    Fácil: No ano anterior metade da Companhia tinha entrado em greve e a outra metade “furou a greve”. Os grevistas foram até perseguidos pela polícia e muitos fugiram para as montanhas.
    Passado algum tempo foi-lhes dada a possibilidade de voltar ao posto de trabalho, sem retaliação por parte da entidade patronal. Eles voltaram mas não tiveram alternativa senão trabalhar permanentemente com os que consideravam inimigos e traidores. Daí o ambiente de “cortar à faca” que se vivia na Companhia.
    Já passaram largos anos. Será este ainda um exemplo do que poderá acontecer naquele malogrado país? É angustiante! Todos nós somos filhos de Atenas, de Roma e do Judaísmo Cristão: A Europa não seria Europa sem essas três grandes fontes da sua cultura.
    Neste preciso momento estou a acompanhar na Euronews a votação do novo plano de austeridade: a maioria está a votar sim… Isto vai acabar mesmo em tragédia. Oxalá se esteja enganado.

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