Milhares de eleitores em todo o país foram impedidos de exercer o seu direito de voto na eleição presidencial devido a problemas surgidos com a respectiva identificação nos cartões de cidadão. Cidadãos que, em número ainda indeterminado, pretendiam exercer um direito constitucional básico. Por saber está o respectivo impacte na taxa de abstenção.
Não se compreende porque é que os responsáveis políticos pelo processo eleitoral ainda não apresentaram a demissão ou não foram demitidos. Se há responsabilidades técnicas – e havê-las-ão, certamente, investigue-se e penalize-se! – há uma responsabilidade superior, de natureza política. Alguém no Governo tinha a competência e a obrigação institucional de velar pelo regular funcionamento do sistema. Ou para que servirão ministros e secretários de Estado?
O que aconteceu foi demasiado grave para passar em claro. Porque coloca o país quase ao nível do que vemos em lugares com incipientes instituições democráticas, onde grupos de observadores internacionais têm que se deslocar para verificar se todos os eleitores puderam votar.
Seria uma boa noticia para a democracia e para a credibilização do funcionamento do Estado se os responsáveis políticos por esta trapalhada assumissem – e antes de todas as “razões técnicas” – a responsabilidade pela gravidade do que aconteceu. Senhor Ministro da Administração Interna demita-se!