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Do Capitólio para a Rocha de Tarpeia

Julian Assange, fundador do Wikileaks uma organização transnacional sem fins lucrativos, sediada na Suécia que publica, no seu site, posts de fontes anónimas, documentos, fotos e informações confidenciais, vazadas de governos ou empresas, sobre assuntos sensíveis, foi hoje preso em Inglaterra.
Depois de revelar documentos secretos muito comprometedores para os EUA, sobre práticas brutais das tropas aliadas no Iraque e no Afeganistão, estava em curso a divulgação de mais de 250 mil informes secretos que colocavam em causa os Estados Unidos e incidiam sobretudo sobre a actividade diplomática norte-americana, o que fez soar as sirenas de alarme da corporação diplomática em todo o mundo, particularmente, a do chamado mundo ocidental.

Sobre Julian Assange chovem acusações das mais variadas, das políticas às pessoais. Pedem-se condenações da pena de morte a prisão de dezenas de anos. Será fácil condená-lo, as leis fazem-se exactamente para proteger os mais fortes e para lhes garantir o direito à liberdade.

Poderia não ser assim. Assange condenado à Rocha de Tarpeia por ter atacado um país poderoso como os EUA, poderia aspirar a um lugar no Capitólio se em vez dos Estados-Unidos o seu alvo tivesse sido Cuba. A revelação de documentos secretos cubanos mereceria a compreensão dos meios diplomáticos que o condenam  e denigrem apelidando-o de coscuvilheiro. Seria um fortíssimo candidato ao prémio Sakharov, da União Europeia.

Assange poderia mesmo ir mais longe na sua glória e chegar ao topo do Capitólio. Se em vez dos Estados Unidos o seu alvo tivesse sido a China ou mesmo a Rússia, tinha garantido a nomeação para o Prémio Nobel da Paz em 2011, com todos os que agora o empurram para o abismo, sentados a aplaudi-lo veementemente.

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4 thoughts on “Do Capitólio para a Rocha de Tarpeia

  1. O WikiLeaks não age sozinho – eles trabalham em parceria com os principais jornais do mundo (NY Times, Guardian, Der Spiegel, etc) para cuidadosamente revisar 250.000 telegramas (cabos) diplomáticos dos EUA, removendo qualquer informação que seja irresponsável publicar. Somente 800 cabos foram publicados até agora. No passado, a WikiLeaks expôs tortura, assassinato de civis inocentes no Iraque e Afeganistão pelo governo, e corrupção corporativa.

    O governo dos EUA está usando todas as vias legais para impedir novas publicações de documentos, porém leis democráticas protegem a liberdade de imprensa. Os EUA e outros governos podem não gostar das leis que protegem a nossa liberdade de expressão, mas é justamente por isso que elas são importantes e porque somente um processo democrático pode alterá-las.

    Algumas pessoas podem discordar se o WikiLeaks e seus grandes jornais parceiros estão publicando mais informações que o público deveria ver, se ele compromete a confidencialidade diplomática, ou se o seu fundador Julian Assange é um herói ou vilão. Porém nada disso justifica uma campanha agressiva de governos e empresas para silenciar um canal midiático legal. Clique abaixo para se juntar ao chamado contra a perseguição:

    http://www.avaaz.org/po/wikileaks_petition/?vl

    Você já se perguntou porque a mídia raramente publica as histórias completas do que acontece nos bastidores? Por que quando o fazem, governos reagem de forma agressiva, Nestas horas, depende do público defender os direitos democráticos de liberdade de imprensa e de expressão. Nunca houve um momento tão necessário de agirmos como agora.

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  2. Manuel Augusto Araujo diz:

    O Assange vai continuar a provocar engarrafamentos em Londres. É um caso mediático que por o ser acaba, contraditoriamente, por o proteger. Vamos ver como acaba. As acusações de violação parece não ter pés para andar. Só agora, meses depois dos actos consumados é que as raparigas repararam que foram violadas? Parece que uma delas até andou a twitar que tinha engatado o Assange. Já aprendemos uma coisa nova: agora engata-se e twita-se. sempre houve exibicionismos desse jaez, só que agora a publicidade dos atributos eróticos está à mão de clic! Enfim…
    O artista chama-se Augustyn Mirys, é polaco, viveu no século XVIII. Quase todo o século XVIII nasceu em 1700 e morre com 90 anos. É retratista e tem inúmeras gravuras versando assuntos históricos da antiguidade, sobretudo Roma. As gravuras são fáceis e baratas de encontrar, não os originais evidentemente. Aliás como muita gravura versando temas românticos que decorava as paredes de muitas casas de quem não tinha dinheiro para comprar originais e comprava esses cartazes. Agora são mais estrelas do mundo de espectáculo, mas também há muita obra de arte.
    Reparaste certamente num pormenor, a relação entre os personagens, a estrutura do movimento, o espaço que ocupam no cenário, tem algo a ver com pinturas da Paula Rego. Quando te cruzares com ela pergunta-lhe se ela conhece as gravuras deste pintor. Provavelmente finta-te, com aquela inocência desarmante que conhecemos.
    Irei ver o Pizarro. ele está a fazer no CCB o ciclo Chopin que fez aí no Wigmore Hall. Com a mesma exuberância virtuosistíca a que deves ter aí assistido.

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  3. Maria Crabtree diz:

    Ora ca estamos outra vez. Durante o dia nas noticias da BBC e outros canais televisivos a azafama era grande a porta do tribunal de Westminster, em Horseferry Road. Comecei a temer que o transito nao me permitisse chegar a tempo ao ultimo recital do ciclo Chopin por Artur Pizarro. Estudei a rota, metropolitano e autocarros mas claro que sendo o recital as 7.30 quando cheguei atempadamente cerca das 6.30 reinava a calma nas ruas circundantes. Ainda tive tempo de beber um copo de vinho e comer duas “mince pies” natalicias. O ultimo recital deste ciclo foi brilhante e por mim estaria pronta a repetir o ciclo depois do Ano Novo. Lembro aos amigos lisboetas que A.Pizarro esta a fazer o mesmo ciclo no CCB. Nao percam por favor.

    A proposito: de quem e a pintura/gravura que ilustra este post? Gostava de saber para melhorar a minha cultura.

    Saudacoes academicas como se dizia no meu tempo

    Maria Crabtree

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