A direita que está dentro e fora do governo põe em prática uma política económica de a bolsa e a vida. As diferenças que exteriorizam são para ver e enganar a malta. Com cortes nos ordenados, nas prestações e nos serviços sociais, tudo o mais que já se sabe e o que ainda se vai saber, o Zé Povinho nem vai ter dinheiro para a tanga.
Essa gente não se interessa com os sacrifícios que impõem aos trabalhadores, aos pensionistas, aos desempregados, às pequenas e médias empresas. A única coisa que os comove, a eles e à sua corte de apoiantes, é o bem-estar dos mercados. Hoje os mercados irão reagir positivamente a esse esmagar das pessoas, assinalando que ainda se podia ser mais duro. Nada como prevenir hoje os lucros de amanhã.
O Zé Povinho aperta o cinto até ao último furo. A austeridade só tem olhos para ele. Para os maiorais tudo vai bem. Daqui a seis meses, o máximo, vira o disco e toca o mesmo. Por essas alturas, lá se ouvirão novamente as vozes dos mercados e dos especuladores financeiros a insinuar dúvidas sobre a capacidade do país continuar a reduzir o défice e pagar as dívidas. Os juros dos empréstimos ao Estado irão, novamente, disparar, com todos os efeitos colaterais. Se agora as dúvidas eram porque, sem cortar na receita e aumentar os impostos, não havia capacidade para reduzir o défice e cumprir as obrigações, nessa altura será porque a economia sangrada por essas medidas estará exangue e sem capacidade para gerar receita. A conversa fiada habitual para garantir a especulação dos bancos. Os mesmos a quem os Bancos Centrais emprestam com juros de 1% para eles emprestarem esse mesmo dinheiro aos países e aos particulares a 6%. Uma floresta de árvores das patacas!
O cinto quando aperta, não aperta para todos. Hoje e amanhã, os do costume rebolam-se nas regalias que o Estado lhes concede. Um negócio de € 7 500 000 000 (sete mil e quinhentos milhões de euros) como o da PT, pela venda da participação da Vivo à Telefónica, não paga € 1 (um euro) de impostos. A banca continua a ter um regime tributário de excepção pagando mais ou menos um terço do que paga qualquer pequena ou média empresa. As negociatas dos offshores e das mais-valias improdutivas continuam praticamente isentas de impostos. Perdem-se rios de dinheiro com as parcerias público-privadas em benefício dos privados, As grandes fortunas continuam de rédea solta. A lista dos praticamente intocáveis é longa, o regabofe não tem fim.
Economia burra conduzida por uma burrada lanzuda aplaudida por burrada zurradora e o Zé Povinho entalado entre eles a carregar a albarda que os outros enchem com o chumbo do custo de vida.
Acorda Zé, outras políticas são possíveis. Eles mentem com todos os dentes que têm na boca quando a negam. São piores que S. Pedro.