Finalmente as quase duas mil páginas do acórdão dos juízes do Processo Casa Pia foram entregues a todos os directamente interessados e tornado público.
Os advogados de defesa, capitaneados pelo inevitável Sá Fernandes, começaram imediatamente a exigir mais tempo para o contestar. Sá Fernandes faz mesmo o favor de dizer que desiste de o impugnar, diz isto sem se rir, certamente para nos fazer rir. Foi um longo o intervalo de tempo entre a leitura da súmula do acórdão e a sua entrega. Vários acidentes sobrepuseram-se, devem ser analisados seria e cuidadosamente para não voltarem a acontecer. Num processo tão mediático corroem ainda mais a imagem da justiça. Foi um período de tempo excessivo aproveitado a todo o vapor pelos intervenientes com mais fácil acesso a uma comunicação social permissiva e ávida pelo acessório onde as questões centrais se diluem. A justiça tem aqui uma grande lição para tirar conclusões urgentes e iniciar práticas que melhorem o seu funcionamento.
Durante esses dias o bombardeamento da esquadrilha Carlos Cruz-Sá Fernandes foi intenso. Eram lançadas bombas por tudo quanto era sítio, para fazer passar a ideia que durante todos estes anos o que existiu foi um combate da palavra de uns contra a palavra dos outros, e que o tribunal acreditou mais nuns que noutros. Pelo que se vai conhecendo do teor do acórdão, isso é uma perversidade com um claro propósito populista..
Para que essa visão redutora fosse incutida na generalidade das pessoas, valeu tudo. Directamente pela referida parelha, indirectamente por todos os que, objectivamente cúmplices da referida parelha mesmo que com ela não tenham o mínimo contacto, se empenharam a difundir essa tese e, lateralmente, atacar a outra protagonista, a juíza Ana Peres.
Com acinte, foram dizendo tudo. Que tinha quatro filhos, o que a ocupava excessivamente. Uma licença de parto. Que não percebia nada de informática. Que tinha a cabeça no casamento da filha ou do filho, para o caso não interessa. Famílias numerosas é no que dá. Só faltou dizer como é que uma gaja com aquela vida é juíza. De certeza que o que conhece de Códigos são as páginas que passa a ferro, nem tem tempo para mais. Devia era estar em casa a lavar togas.
O objectivo é duma evidência cortante: pôr em causa a capacidade de Ana Peres para presidir ao colectivo de juízes e, por essa via, dinamitar o valor do acórdão.
Quando tanto se fala em igualdade de direitos entre sexos, se fazem leis com quotas, etc., o mais rasca marialvismo salta a terreiro para alimentar o argumentário mais descabelado com propósitos pouco dignos.
Realmente, o lugar das gajas é em casa a coser meias e a pôr as panelas ao lume.
Faltava este selo para colar nessa gente!