O presidente da Câmara Municipal de Beja, um ex-comunista ressabiado eleito pelo PS, deverá ter sido, em tempos, quando ainda era vereador eleito pelo PCP na Câmara Municipal de Mértola e dirigente municipal na Câmara de Beja liderada pelos comunistas, um frequentador assíduo da Festa do Avante. Mas deixou de lá ir, obviamente. Nada de mal vem daí ao mundo. Mas agora, adquirida a mentalidade plenipotenciária dos que se consideram iluminados por uma súbita razão, que supostamente lhes terá faltado na encarnação comunista, deixa saltar-lhe a mola e desata a proibir, escudado num qualquer regulamento municipal, aquilo que considera como “publicidade” da Festa do Avante, talvez para não ser confrontado, em plena Pax Julia, com a memória dos bons momentos que passou na maior e melhor festa de Portugal. Ou, quem sabe, acha que esta é a melhor forma de expiar os “pecados” cometidos nos tempos de outras militâncias, qual religioso que se decide punir diariamente com a mais tenebrosa e dolorosa túnica de cilício para ficar bem visto aos olhos de Deus.
O homem de Beja, Pulido Valente de nome, na ânsia de querer “matar” o pai e a família que o formaram ideologicamente, qual Édipo ciumento, confundiu propaganda política com publicidade comercial e mandou retirar tudo o que era material de divulgação da Festa, não uma, mas duas vezes, já depois de os comunistas terem reposto as coisas. À segunda vez, só à força de persuasão policial se interrompeu a acção camarária de retirada dos materiais. Alto lá, disseram os comunistas, que o que está em causa é direito constitucional.O plenipotenciário presidente defende-se e diz que não senhor, uma festa como a do Avante não é uma iniciativa política, mas sim uma mera festa. Com o tempo ainda o ouviremos dizer que o Avante não é um jornal ou mesmo e que a sua Festa não existe. Quem sabe, não dirá também que nunca foi eleito pelo PCP numa câmara municipal…
O plenipotenciário não se dá por convencido, mas esquece-se de algo que deveria saber por experiência própria: os comunistas têm uma capacidade de resistência construída sobre décadas de repressão e censura que nenhum arrependido será capaz de vencer. Pulido Valente não precisa de mostrar tanto empenho em aniquilar relações ideológicas passadas, em particular porque já todos perceberam quem ele é; ou melhor, o que ele é…
Já agora, vale a pena ver aqui o que pensa a Comissão Nacional de Eleições sobre esta matéria.