Hoje é notícia que uma das testemunhas mais importantes do Processo Casa Pia foi presa no Brasil, quando iria ser usado como correio de droga. As reacções não se fizeram esperar. Por parte dos advogados de acusação, defendendo que o testemunho do “Girafa”, alcunha porque era conhecido, não pode ser posto em causa à luz deste acontecimento. Por parte dos advogados de defesa posição diametralmente oposta. O mais mediático dos advogados, Ricardo Sá Fernandes, aditou logo uma sentença realçando ” a vida desgraçada em que este jovem se meteu”. Parece-nos que o tempo verbal não será o mais correcto. Deveria ter dito “em que foi metido”. Em que foi metido e de que não se conseguiu livrar por falta de força de vontade. Mas isto merece umas notas adicionais. A prisão do “Girafa” não deverá ser causa para retirar credibilidade ao seu depoimento, quando não o que dizer das intervenções do embaixador Jorge Rito peneiradas pelas suas aventuras sul-africanas e austríacas? A diferença é que o pobre “Girafa” não beneficia dos guardas-chuvas diplomáticos. Quanto à “vida desgraçada” é-o de facto mas não mais desgraçada do que a de advogados que se dão ao luxo de trazerem a Portugal, com o objectivo de os agregarem como peritos no processo Casa Pia, psicólogos norte-americanos que deram algumas conferências no nosso país defendendo a bizarra tese que miúdos desprotegidos tinham a oportunidade de aumentar a auto-estima no contacto com personalidades da vida social com forte carisma e imagem pública. Já estamos a ouvir os miúdos da Casa Pia a reivindicar junto de Carlos Silvino o transporte de urgência para orgias para não entrarem em choques anafilácticos de auto-estima. A pedirem angustiados às personalidades carismáticas a quem sido entregues que lhes dessem de urgência umas doses de auto-estima. Vida não menos desgraçada também deveria ser aquela em que se enrodilhou a jornalista Inês Serra Lopes, continua por aí impávida a botar inanidades, que aliciou uma empregada da RTP para ir à PJ, entregar umas fotografias de um sósia de Carlos Cruz para lançar a confusão na investigação, como concluiu o Tribunal da Relação que a condenou por ter tentado “frustar e iludir” a investigação. Acaso dos acasos, os advogados tão dados à psicologia são Ricardo Sá Fernandes e Serra Lopes, por coincidência pai da ditosa Inês, ambos defensores do mesmo acusado no processo Casa Pia. Nada disto quer dizer nada, são coisas e loisas de um processo que se arrasta até às calendas e que vai permitindo estes derivativos.