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Não temos medo?

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Janet Leigh em Psico de Alfred Hitchoock

Não temos medo? Claro que temos medo! Devemos ter medo! Uma criança sem medo é um perigo para si-própria. O medo faz parte do seu desenvolvimento. Se não temos medo estamos, também, a ser um perigo para nós-próprios. Temos que ter a coragem de ter medo!

Medo dos atentados de terroristas islâmicos, mas também medo da vigarice intelectual que faz discriminação entre atentados. Um atentado na Europa, mesmo que faça muito menos vítimas, tem uma importância muitíssimo maior que um atentado na Síria, no Iraque, no Burkina-Fasso, na República Centro-Africana. Mesmo na Europa, um atentado em Bruxelas tem mais favor noticioso que um atentado em Moscovo. Também devemos ter medo desse desequilíbrio informativo, porque esse medo nos dá a lucidez de ver o que é uma boa demonstração de como funcionam as centrais que controlam a comunicação social o que se agrava nas centenas de artigos sobre o terrorismo islâmico, inquinados na sua esmagadora maioria por uma xenofobia evidente ou disfarçada, entrincheirada em factos e evidências, misturando em doses cada vez mais letais medo com segurança e prevenção o que acaba sempre em ataques às liberdades individuais, procurando tornar aceitáveis, mesmo desejáveis as suas restrições, como Macron está a tentar impor em França.

O nosso medo é outro, tem que necessariamente se demarcar do que essa gente espalha para abrir caminho a um fascismo de novo tipo, mesmo que provisoriamente tenha fachada democrática. Medo do terrorismo islâmico, medo do terrorismo sionista, medo de qualquer terrorismo venha de onde vier, medo da manipulação política, leia-se o discurso de Passos Coelho no Pontal, e mediática de que o mais acabado exemplo é o Observador e o seu pelotão de comentadores. Faz-nos medo para perdermos o medo.

Todos os atentados terroristas provocam vitimas inocentes mas nós, todos nós potenciais vitimas inocentes, temos uma percentagem de culpa nesses atentados por termos ficado passivos, complacentes ou dado apoio por omissão a políticas que andaram a usar o monstro nos seus fins estratégicos.

Que fizemos para denunciar os talibãs no Afeganistão, então chamados de combatentes da liberdade? Que fizemos quando se desmembrou a Jugoslávia e surgiram os primeiros terroristas, como hoje os conhecemos, na Bósnia e depois no Kosovo? Onde estávamos quando da invasão do Iraque com todo o rol de mentiras que a justificaram? Que dissemos à guerra na Síria levado a cabo pela Al-Qaeda e o Estado Islâmico? E aos batalhões do mesmo Estado Islâmico que estão no terreno na Ucrânia ao lado dos eufemisticamente apelidados de nacionalistas ou ultra-nacionalistas que são de facto assumidamente nazis? Saddam Hussein era um sanguinário ditador? Era, mas só o descobrimos após e Bush assim o assinalar isto depois de, por interposto Rumsfeld, lhe ter oferecido umas esporas em ouro? Bashar alAssad é um ditador? É, mas até é um democrata se comparado com o rei da Arábia Saudita ou os emires dos países do Golfo. Combate a Al-Qaeda e o Estado Islâmico que esses estados apoiam com armas e bagagens, com a complacência activa e cínica do ocidente, em particular os EUA e a Grã-Bretanha, apesar dos povos dos seus países e dos países seus aliados na NATO, serem vitimas colaterais de insensatas jogadas políticas ao serviço de grandes interesses económicos.

Hoje o mundo, não só o mundo ocidental, até ameaçado por um terrorismo que se tornou imprevisível, usa armas que fazem parte do nosso quotidiano. Temos medo e a sorte de não termos estado em Manchester, Bruxelas, Berlim ou Barcelona. Não sermos uma das vitimas inocentes de um desses ataques que não foram a tempo detectados pelos serviços de segurança. Vitimas inocentes como as que todos os dias morrem no Médio-Oriente, em África, na Ásia que não morrem ou quase não morrem nos media. Essa dissemelhança também nos deve fazer medo.

Como nos deve fazer medo que, por cálculo político e inconfessáveis interesses económicos, se mantenham óptimas relações diplomáticas, lembre-se, entre outras a última viagem de Trump à Arábia Saudita, com o Kuwait, o Qatar, o Barhein, os Emiratos Árabes Unidos e sobretudo a Arábia Saudita, países amigos que são por demais conhecidos como financiadores não só dos grupos terroristas como das mesquitas salafitas, localizadas pela Europa, onde se faz propaganda da sharia. Dirão que se está a atacar o multiculturalismo, a não respeitar as diferenças culturais. Na realidade é o inverso. É não aceitar que rasteiramente se confunda e venda a ideia que uma religião, um seu culto particular, seja condição natural para ser veículo do terrorismo. O que se condena é a sharia como se condena o nazismo sem cair nas armadilhas não inócuas de se reduzirem as vitimas do holocausto aos judeus, de se valorizarem atentados terroristas como o de Barcelona e quase se rasurar o de Samsara, ou pensar que o atentado neo-nazi em Charlottesville foi consequência de uma disputa política entre duas facções radicalizadas, como o fez Trump. O automóvel em Barcelona é o mesmo de Charlottesville, igual aos armadilhados que têm explodido um pouco por todos os continentes. As facas usadas em Londres, são iguais às de Sourgout e Turku. Procuram atingir o maior número de vítimas inocentes com a garantia que uma comunicação social de jornalistas e comentadores necrófagos irá propalar o medo, misturado em doses bem calculadas com os mantras do je suis, não temos medo, etc,. sobrepondo-o à segurança e prevenção que, perante os factos se mostraram insuficientes, para fazerem uma cruzada, melhor ou pior disfarçada, contra as liberdades. Os fascismos convergem mesmo quando e se as suas direcções parecem opostas. Ver, ouvir, ler as notícias, as opiniões e os comentários e dos leitores a essas torrentes, é assustador. Disso também devemos ter medo, o medo saudável das crianças que lhes garante a sobrevivência e lhe dá consciência para enfrentar os perigos.

Temos medo e devemos ter medo para o usar para analisar lucidamente os labirintos deste nosso perigoso mundo. Não nos refugiarmos em respostas fáceis e slogans de momento, separar o trigo do joio, condenar o terrorismo e condenar quem o incentivou e depois escondeu a mão que continua a dar vigorosos apertos de mão e a colocar assinaturas firmando negócios multimilionários com quem directamente manipula esse teatro de horrores.

Temos medo, por isso nunca mais estaremos ausentes das frente de luta pela paz e cooperação entre os povos de todo o mundo, a forma mais eficaz de lutar contra os que financiam as bombas, os que as armadilham, os que as rebentam, o que as utilizam para nos cercarem dizendo que nos querem salvar, fazendo respiração boca a boca com o Grande Irmão de Orwell.

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Populismos

populismo

Populismo entrou no léxico da política e da comunicação social. É usado a torto e a direito, nem sempre a direito e muitas vezes bem torto. Um rótulo em que, intencionalmente e com cinismo, se baralha populismo com lutas populares para as desvalorizar. Às políticas do governo PS, apoiado parlamentarmente pelo PCP, BE e PEV, que visam, de forma magra e tímida, repor rendimentos e direitos atirados para o lixo pelas políticas ditas de ajustamento, é inúmeras vezes colado esse rótulo pelos partidos de direita e pelos media ao seu serviço. Procuram e encontram formulações perjorativas, geringoça é das de maior êxito, para fazer chicana. Com a mesma intencionalidade e cinismo não o usam quando o deveriam usar. Exemplo recente são as declarações de Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo, uma estrutura clandestina que a UE legalizou dando peso institucional, expressão de um populismo pós-colonial, corrente nos países do norte da Europa Connosco. A variante suave e actualizada do pensamento das potências coloniais que justificavam as suas inauditas violências com a missão civilizadora de iluminarem as bestas com os seus valores, exterminando sempre que necessário os que se oponham a receber essa luz. Agora as bestas são mais brunidas, entregam-se aos copos e às mulheres, é preciso metê-las na ordem.

Na raiz do populismo está sempre presente a batalha entre as elites que se dizem esclarecidas e a ignara populaça. Um conceito que surge originalmente dos choques entre Cultura e cultura. As batalhas entre os que alinhavam pelo gosto popular contra o gosto das elites. Entre os defensores do canone e os que se entricheiravam nas veredas das vulgaridades. Em linguagem chã e no rectângulo nacional, guerras entre os devotos de António Lobo Antunes e Herberto Helder e os embasbacados com Teresa Guilherme e Manuel Goucha. As portas dos gabinetes académicos foram arrombadas pela política real, as batalhas já não são entre simples definições culturais, entraram nos territórios da política.

O populismo está no ordem do dia. Os avanços da direita mais extrema nos EUA e na Europa fazem soar as sirenes de alarme que tocam insistentemente e bem alto para apagar os sons de quem andou a alimentar os populismos de Trump, Le Pen, Farage, Geert Wilders, Frauke Petry e todos os outros que aparecem como cogumelos na terra pútrida adubada pelos partidos políticos, da direita à esquerda, que com grande e fecundo populismo andaram e andam a angariar votos vendendo promessas que assim que alcançam o poder rasgam com grande despudor. Exemplos não faltam de Hollande a Renzi, de Tsipras a Obama. Por cá é só folhear os programas eleitorais desde que há eleições. Um espesso rol de ilusões vendidas a pataco que desacredita política e políticos, alimenta o populismo rasca de os políticos serem todos iguais, mudam as moscas a merda é a mesma e demais axiomas em que se afunda a democracia. Mete-se tudo no mesmo saco para fazer o caminho a uma qualquer variante fascista ou proto-fascista. Anular políticos e políticas de esquerda que, quando são mesmo de esquerda, são destratados por uma comunicação social mercenária.

Utiliza-se o fantasma do populismo não é um fantasma é um real perigo para fazer triunfar políticas de direita. Seria rísivel se não fosse assustador ouvir o vento provocado pelos grandes suspiros de alívio que correu pelos areópagos europeus com os resultados eleitorais holandeses, ganhos em cima da meta por escasssos segundos por um bom populista a um populista mau. Espera-se o vendaval de suspiros de alívio que se prepara quando se souberem os resultados eleitorais em França, com idênticos resultados.

Desde que o populismo entrou no léxico da política há populismos para todos os gostos. De alta densidade como Perón e Getúlio Vargas, num continente fértil na emergência de caudilhos populistas, aos de baixa intensidade como Berlusconi ou, com outro estilo e derivas, Pablo Iglésias. Não têm uma ideologia concreta. Apresentam-se como uma forma diferente de fazer política que ultrapasse os impasses da política representativa em que os partidos políticos defraudam com contumácia as esperanças dos que lhes confiam o voto iludidos com as promessas de lhes darem um bem-estar que negam assim que se sentam nas cadeiras do poder.

O populismo alimenta-se com essas fraudes por as pessoas se sentirem abandonadas pela política e pelos políticos, por um crescente sentimento de injustiça que os torna receptáculos de outros meios de exercício da política, onde se sintam com voz. Nesse contexto não devia surpreender ninguém que os populistas tenham êxito, ganhem votos populares, ascendam ao poder. Foi isso que deu a vitória a Trump e na Europa os clones de Trump estejam a ter o impacto que têm. Em Portugal ainda não apareceu uma ou um Le Pen, mas lendo muitos das notícias dos media, ouvindo e lendo muitos dos comentadores encartados que por lá estacionam, lendo os comentários a essas notícias não será extraordinário que acabe por surgir, espere-se mas não se confie numa manhã de nevoeiro, uma qualquer imitação salazarenta de Trump.

Para esse sucesso, um insucesso do Portugal de Abril tão maltratado em quarenta anos de governos com políticas de direita, muito contribuem a propaganda mascarada de informação que deliberada e perversamente confunde populismo com lutas populares.

As justas reinvindações dos trabalhadores e pensionistas, as lutas por direitos sociais económicos e políticos, as organizações sindicais e políticas que as assumem e encabeçam são classificadas, directa e indirectamente, como populistas por irem contra o pensamento dominante e a sua expressão mais acabada o TINA (There Is No Alternative) com o objectivo último de ser impossível pensar que é sequer possível pensar que há uma outra política, uma outra sociedade.

Elencar o que todos os dias se repete com obstinação para desacreditar as lutas contra essas políticas é uma árdua e sempre incompleta tarefa. É de lembrar as barreiras de propaganda disfarçadas de notícias e comentários, com bem ou mal amanhado argumentário, que durante os quatro anos de governo PSD-CDS faziam ruído contra as manifestações e greves desencadeadas pela CGTP e pelos sindicatos contra a barbárie de uma legislação do trabalho que queria reduzir a cisco direitos conquistados palmo a palmo em árduas lutas. Contra todas as outras lutas que durante esses malfados anos foram realizadas. Sem essa resistência, no meio de enormes e violentas dificuldades, os desmandos do governo Passos Coelho/Paulo Portas teriam uma dimensão muito maior, até mais durável. Eram classificados de irrealistas por estarem contra a realidade construída com zelo pela troika e seus mandatários aborígenes. Colavam-lhes o selo de populistas por proporem políticas que defendem as classes sociais mais desfavorecidas, no limite por defenderem medidas que estavam contra o “progresso” do país que não podia viver acima das suas possibilidades, como se o progresso do país fosse o que eles propugnavam e continuam a propugnar e as classes privilegiadas não continuassem a rapinar a riqueza produzida.

Há que distinguir claramente lutas populares de populismo. Os populistas, os duros de Trump a Le Pen, e os moles, de Merkel a Cristas, estão sempre do lado das classes privilegiadas. Aos mais desmunidos reservam um assistencialismo rasteiro que lhes branqueia consciências. Os outros são mão de obra, quanto mais barata e sem direitos melhor, e sobras de vidas que sobreviveram a anos de trabalho. As lutas por melhores condições de vida, de denúncia pelos males do estado de coisas, pela redenção dessas sociedades é-lhes estranha, vai contra a realidade que os alimenta e que querem perpetuar. Nenhum vício lógico os trava. Do outro lado, contra populistas e populismos, está o povo, os partidos políticos, os sindicatos, as organizações populares que os defendem e lhes respondem com as lutas populares.

(publicado em AbrilAbril)

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La Nave Va

barco

o barco que transporta Nosferatu no filme de Murnau

Passos Coelho vocifera empurrado pelo ciclone de dez mil milhões de euros!  Paulo Núncio tropeça em si-próprio até não conseguir negar as evidências! Paulo Portas passeia irrevogável mudez até agarrar de novo os microfones de vendilhão nos templos da comunicação social estipendiada! Assunção Cristas faz queixinhas ao Presidente da República enquanto distribui beijinhos postais aos lisboetas pedindo ideias para encher a sua vazia cabecinha! Luis Montenegro e Nuno Magalhães usam a Assembleia da República para concorrerem aos óscares dos incorruptíveis contra a droga realizando a sua remake em versão filme cómico! Lobo Xavier e António Domingues almoçam e jantam sms nas casas de banho para defesa da sua intimidade que deixam entrever abrindo e fechando a portas dos privados das administrações dos bancos onde as trocam! Maria Luís Albuquerque cala-se para guardar de Conrado o prudente silêncio! A mentira, as mentiras são despejadas, sem selecção de resíduos para reciclagem, no aterro sanitário dos erros de percepção mútua!

Uma ópera bufa que nos toma por basbaques, recuperando um grande final em que contumazes indignidades recuperam prazo de validade rebobinadas pela assunção política das falsidades, retirados os andaimes que as ocultavam. Miserável lavagem pública da imoralidade passada e repassada em todas as máquinas da comunicação social para voltar a dar crédito à miséria de alguma política e de muitos políticos.

No caso das dezenas de milhares de milhões de euros que voaram para offshores que um prestimoso secretário de estado viu mas não permitiu tornar público, o roteiro da viagem do que está em causa não é a ocultação, muito menos o azar de vir a ser objecto de tributação legal, mas o seu significado. O que é substantivo é essa acção ser parte por inteiro do norte político de um governo, as políticas de austeridade que reestruturavam a economia fazendo cortes e ajustamentos que visavam os trabalhadores, as pequenas e médias empresas, passava a ferro a classe média, todos os que eles diziam estar a viver acima das suas possibilidades, enquanto dava rédea solta aos desmandos da banca e do grande capital. Politicas em que ofertavam mais riqueza para os mais ricos a continuarem a acumular enquanto o garrote se apertava aos mais desmunidos que o viam apertar com um fisco de mão mais extensa e mais implacável, com leis laborais que faziam retroceder dezenas de anos de conquistas feitas palmo a palmo, com a degradação sistemática dos direitos sociais, económicos.

O laxismo que deixa ficar nas gavetas do secretário de estado as listas das dezenas de milhares de milhões de euros que legalmente iam estacionar em offshores não é inocente, como não o eram as listas VIP ou a indiferença em relação à fuga ilegal de dezenas de milhares de milhões de euros que só parcialmente são contabilizáveis pelos processos judiciais em curso, é a resultante directa da política do governo PSD-CDS que favorecia a acumulação da riqueza dos mais ricos e o aumento, na melhor das hipóteses, a manutenção da pobreza da esmagadora dos portugueses. A sanha com que atacam o actual governo PS, com apoio parlamentar PCP/BE/PEV, as medidas, mesmo que tímidas, de repor rendimentos a trabalhadores, pensionistas e reformados, de dar melhores condições de crédito às pequenas e médias empresas é a pedra de toque dessas políticas em que se dá liberdade quase absoluta aos que já a têm e aperta a tarraxa a todos os outros que não devem ser piegas por serem metidos na ordem de viverem conforme as suas magras possibilidades.

É repugnante ver esse teatro de sombras em que um forcado corneado pela impossibilidade de continuar nas omissões das verdades, se refugia nas tábuas das meias-mentiras, vai para o meio da arena exibindo a orelha da responsabilidade política para ser aplaudido pela turbamulta dos seus aficionados que agitam freneticamente o manto diáfano da sua mais que esburacada dignidade. São todos iguais por mais tonitruantes declarações que façam. Querem safar-se como se tudo isso tivesse sido um acidente do aparelho fiscal e o governo Passos-Portas não fosse politicamente responsável. A bardinagem, o populismo, a demagogia no seu melhor.

Um peão de brega é obrigado a saltar do barco para aliviar o lastro e o barco continuar a navegar no pântano. Enquanto houver parvos ou parvos fingidores continua acima da linha de água. La nave va, o rumo não se alterou, não se altera nem dá guinadas às quinta-feiras.

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Panem et Circenses

CIRCO E PÃO

Os chamados Panama Papers agitam a comunicação social ocidental que é parte integrante e muito activa do império, desde que o império em nome da racionalização e da modernização da produção, começou a regressar ao barbarismo dos primórdios da revolução industrial com uma nova ordem económica que se impõe com violência crescente. O objectivo é a conquista do mundo pelo mercado. Nessa guerra os arsenais são financeiros e o objectivo da guerra é governar o mundo a partir de centros de poder abstractos. Megas pólos do mercado que não estarão sujeitos a controlo algum excepto a lógica do investimento. Uma nova ordem fanática e totalitária em que são de importância equivalente o controlo da produção de bens materiais e o dos bens imateriais. Em que é tão importante a produção de bens de consumo e de instrumentos financeiros como a produção de comunicação que prepara e justifica as acções políticas e militares imperialistas através dos meios tradicionais, rádio, televisão, jornais e dos novos, proporcionados pelas redes informáticas, como é igualmente importante a construção de um imaginário global com os meios da cultura mediática de massas. É este o contexto em que se bate tambor com os Panama Papers. Um pequeno tambor à sombra de uma pequena árvore da imensa floresta de corrupção inerente ao sistema.

Em Portugal, basta olhar para o Expresso, esse porta-estandarte da comunicação social independente e do rigor jornalístico. O resto afina, com variações de estilo pelo mesmo diapasão, um eco medíocre do tom maior internacional.

O novel director do Expresso perde a cabeça e intitula um texto de opinião sobre os Panama Papers como O Maior Crime de Sempre. Perdeu completamente a noção da realidade, tal o empenho em sublinhar os objectivos políticos mal ocultos por supostas revelações sensacionais. O ridículo não tem fronteiras, não mata, mas vende. O que ele faz é uma mera operação de marketing para aumentar as vendas no próximo futuro do semanário.

Afinal parece que ninguém sabia nem sabe para que servem os paraísos fiscais. Como são parte intrínseca do sistema capitalista. Ou será que essa gente pensa que, por exemplo no caso português, a offshore da Madeira foi criada para incentivar o cumprimento rigoroso das obrigações fiscais dos países de origem das empresas e das individualidades aí sediadas? Ou que para que Belmiros e Soares dos Santos olhem pra aquele exemplo de incentivo ao rigor fiscal e deixam de fugir a pagar impostos em Portugal, deslocalizando a sede das suas empresas para o mais confortável e amigo, deles evidentemente, sistema fiscal da Holanda?

Nomes e mais nomes desfilam pelos media, dos que lá estão e dos que lá não estando deveriam lá estar, sem que essa troupe de jornalistas se interrogue sobre a natureza do sistema que inventou esse mecanismo de fuga aos impostos. O mesmo sistema que garrota os trabalhadores que, além de serem explorados, não têm meios nem possibilidade de fugir aos impostos por mais brutais que sejam, por mais que sirvam para sustentar os mecanismos de exploração e sustentar o sistema financeiro como por cá tem acontecido com os bancos que faliram ou estavam à beira da falência e foram salvos com o nosso dinheiro, o dinheiro dos contribuintes, sem que cause escândalo nos jornalistas que agora se desdobram em manchetes sensacionalistas.

O Maior Crime de Sempre? Mas não são os países da União Europeia os lideres das offshores? Não é presidente da União Europeia o senhor Juncker que, quando era primeiro ministro do Luxemburgo, inventou um mecanismo legal obviamente para as grandes multinacionais fugirem a pagar impostos nos seus países de origem? E a Irlanda? E a Holanda? E…e quantos bancos, na sequência da crise dos subprime, foram salvos lavando dinheiro do tráfico de droga? Era de tal ordem a lavagem que não era possível cerrar os olhos a tudo. pelo que alguns foram obrigados a pagar multas e a comprometerem-se por um prazo de x anos a não voltar a abrir a lavandaria. Como os grandes bancos têm muitas filiais podem levar as máquinas de lavar para outro local. Um pagode que só provoca uns arranhões de sobressaltos inquisitivos nessa comunidade jornalística agora tão entretida com os Panama Papers. Que não investiga o que se passa no Deustche Bank que tem uma exposição aos derivados e outros produtos financeiros que é 16,4 vezes maior do que todo o PIB da Eurozona. Ou investigue porque é que nos EUA um quinto da capitalização dos bancos Morgan Stanley, Citigroup e Bank of America se evaporou. Ou o mais que por aí anda a sobrevoar ameaçadoramente o mundo.

Offshores, Hedge Funds, Derivados, Futuros, e todas as invenções que favorecem a desenfreada especulação financeira que está a empurrar o mundo para o abismo, que são a corrente sanguínea do sistema capitalista só despertam um relativo interesse jornalístico e investigações superficiais nessa gente que chafurda nos Panama Papers, sem nunca colocar em causa o sistema, quando este, numa linguagem pós-modernaça e ilusionista, fica intoxicado e precisa de remédios. Remédios para quê? Para trepar a montanha dos produtos derivados, do capital fictício, dos activos da banca paralela que, segundo o Finantial Stability Board, representa 120% do PIB mundial e cujo controlo é ainda muito menor do que a generalidade da banca. Para continuar a desenfreada exploração que conduz a que a riqueza de 1% da população mundial seja maior que a dos 99% restantes. Que 60 bilionários tenham tanto capital como a metade mais pobre da população mundial e a tendência é para esses números se agravarem nos próximos anos se o sistema continuar na sua desenfreada correria.

O Maior Crime de Sempre? O maior crime de sempre não será o do caminho feito sobre milhões de vítimas de um sistema que continua a fazer diariamente vitimas em nome dos valores de uma civilização que se consolidou com inúmeros e brutais massacres e genocídios, em nome dos direitos humanos que variam consoante os interesses geoestratégicos, de um estado de direito em que a lei é o direito do mais forte à liberdade. Da democracia em que na suposta pátria da democracia são os super-ricos, os grandes interesses das grandes empresas que decidem quem ganha as eleições, doando somas ilimitadas para influenciar abertamente os seus candidatos. O rol é infindável. Não merece atenção nem ser investigado por essa comunicação social.

O que está a dar, a vender, são os Panama Papers uma espécie de revista cor de rosa onde desfilam nomes dos famosos apanhados nesse reality show. Uma montanha que pare um rato que entra pelos buracos seleccionados do queijo e deixa o queijo quase intacto.

Com pompa, circunstância o director do Expresso depois de proclamar O Maior Crime de Sempre anuncia que o Expresso fez parte dos barões assinalados dessa investigação e vai começar a publicar todos os dados coligidos. Não diz, mas deveria dizer quais os interesses que estão por trás dessa investigação de certo apadrinhada pelo plutocrata seu patrão que tem lugar reservado entre os manda-chuva de Bildeberg. Investigação a sério seria saber  os cruzamentos entre o grupo de Bildeberg e o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, sigla em inglês) e a razão de agora se despejarem 11,5 milhões de documentos na rede de comunicação social estipendiada, propriedade dos grandes e dos pequenos, também existem pequenos, olhe-se para o nosso país, o que não os exclui do grupo.  e grandes plutocratas deste mundo. As ligações do ICIJ com quem o financia são obscuras. Mas só os papalvos acreditam que os 190 jornalistas, em mais de 65 países, que buscam desenterrar delitos internacionais, corrupção e abusos de poder, vivem sem fortes e secretos financiamentos que lhes orientam os tiros e apontam os alvos.

Veja-se como por cá se não desenterram abusos de poder, um adjectivo simpático. Querem um exemplo recente? Alguém, algum jornalista quando a Assunção Cristas iniciou o seu caminho imparável para substituir Paulo Portas no CDS foi analisar o que tinha feito como ministra da Agricultura. E o que fez? Deixou um “buraco” de 340 milhões de euros, assumindo que deixou uma herança que incluía o pagamento futuro de 200 milhões, mas que Passos Coelho e Maria Luís sabiam; que esgotou num ano, 2015, os milhões de verbas da UE para cinco anos e até as excedeu em 296 milhões de euros; que da dotação global de 576 milhões para ajudas “agroalimentares”, a gastar entre 2015 e 2019,. “comprometeu” 872 milhões, logo em 2015; que deixou 20 milhões de euros de seguros por pagar; 24 milhões de obras no Alqueva, etc., etc distribuindo milhões em 2015, ano de eleições recorde-se (fonte Foicebook). Em suma que a Cristas é, no mínimo uma irresponsável que ficou ao abrigo da nossa comunicação social tão lesta a levantar ou não levantar lebres ao sabor do vento dos interesses dominantes. Os seus mestres estão no ICIJ.

O Expresso, refere-se e escolhe-se o Expresso pelo lugar destacado que tem no telelixo português da desinformação, vai continuar a entreter-nos com esses derivativos informativos em linha com o que tem feito. Basta folhear as últimas edições para rir desbragadamente com informações sensacionais como aquela, exemplo quase ao acaso tão variado é o leque de escolhas, do Ricciardi dizer em relação aos lesados do BES que “tenho pensado dentro das minhas capacidades encontrar uma solução, mas nunca integral. O projecto que tenho na cabeça, com outras pessoas, passará por pagar essas diferenças, apesar de não sentir qualquer obrigação para o fazer”. O António Costa, em vez de ter promovido um acordo entre os lesados do BES, o Banco de Portugal e a CMVM, deveria era ter telefonado para a cabeça do Ricciardi, agora pronto e disponível para “sem sentir obrigação de o fazer”, fazer um número tipo Evita Peron na varanda da casa rosada em favor dos lesados por uma administração de que fez parte e foi beneficiário durante dezenas de anos.

Nas próximas semanas esperamos que, apoiando a transcrição e as análises aos Panama Papers, no saco do jornal Expresso venha a oferta de uma carcaça, para o Panem et Circenses passar às vias de facto.

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A Austeridade da Geringonça

homer simpson

Vem aí a austeridade!

Vão aumentar os impostos para os carros de maior cilindrada e mais poluentes. Logo agora que estava hesitante entre comprar um Porsche ou um Ferrari, Um automóvel vulgar, nada de Bugatti’s Veron. E esta gente vai obrigar a contentar-me com um Jaguar ou coisa parecida. Não é justo!

Também vão aumentar os impostos às empresas que trabalham por cá mas têm sedes no estrangeiro. Coitados dos belmiros, alexandresoaressantos, amorins e coitado de mim! Que vai ser da minha microempresa? Estava indeciso entre a sediar no Luxemburgo ou na Holanda, num país da Europa connosco não numa offshore das Caraíbas. devaneava cruzar-me com o Alexandre num canal de Amesterdão. Agora…agora eu e as milhares de micro, pequenas e médias empresas do país já não podemos sonhar em seguir o exemplo Belmiro, Soaresdosantos, Amorim. Não é justo!

E os bancos? Coitados dos bancos. Agora vão pagar mais impostos! Se calhar também vão cortar nos benefícios fiscais. Ou obrigá-los a pagar com juros mais altos as ajudas dos últimos anos! Resta a esperança que com a ajuda dos lobosxavier e outros especialistas, mesmo menos capazes, se subtraiam a essa violência fiscal. Ainda mais violenta, porque os apanha desprevenidos e pouco habituados a esse tratamento de desfavor. Nem sequer descontam nos impostos o trombocid para algumas nódoas negras que essas pauladas provoquem. Não é justo!

Aumentam também os impostos no tabaco! Vou ser, vamos ser obrigados a racionar nos bons charutos. Charutos, se calhar agora só açorianos e nem todos os dias. Uma chatice. Como se pode pensar bem sem o conforto do fumo de um puro? Felizmente não vi que aumentassem os impostos sobre o álcool, sobretudo das bebidas espirituosas. Vejam só a desorientação política que desabaria sobre o país se o Pulido Valente fosse obrigado à lei seca por via fiscal! Lá se iam as crónicas pia abaixo. Valha-nos isso!

Que mais irá acontecer? O Camilo Lourenço, um dos idiotas pouco inteligentes de serviço, diz que a austeridade não tem cor política. O gajo é mesmo burro. Tem, claro que tem. Outros desses opinantes todo o terreno vieram, em grande alarido, pregoar: isto é austeridade de esquerda!!! O Camilo nem isso percebe! Que grande bosta !!! Uma minoria dos portugueses afectada e ele nem repara! Julga que esta austeridade é igual à outra? Olhe que não! Olhe que não!

Não é justo! Não é justo! A austeridade nunca pode ser de esquerda.  Desabar em cima de nós desprevenidos e pouco habituados a ela, ainda é menos justo. A austeridade devia ser sempre para aqueles que o preclaro Ullrich dizia: Ai ,Aguentam, Aguentam!

Socorro! A geringonça está a funcionar! O governo centro esquerda com o apoio dos radicais de esquerda está a passar entre os bombardeamentos da Comissão Europeia, FMI, da troika, dos partidos de direita aqui e lá fora, dos mercenários da comunicação social. Esta malta anda a dormir na forma! A insónia alastra-se pela turbamulta de direitinhas que continuam a ladrar com o desespero de ver a caravana a passar

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António Costa, BANCO CENTRAL EUROPEU, BANCOS, BANIF, capitalismo, Carlos Costa, CDS, Coligação de Direita, Comunicação Social, Critérios Editoriais, Critérios Jornalisticos, Geral, GOVERNO PSD-CDS, Jorge Tomé, Luís Amado, Maria Luís Albuquerque, Passos Coelho, paulo Portas, PSD, Soares da Costa

SEM VERGONHA!

ROUBARMais um banco para o galheiro e ninguém vai preso! Os supervisores não têm culpas! Os administradores vão com os bolsos cheios para casa! O governo PSD-CDS esteve cego, surdo e mudo! Os comentadores ditos especializados (*) só se preocupam com o aumento de um euro por dia no salário mínimo, porque destabiliza a economia! O que estabiliza a economia são as dezenas de milhões enterrados na banca para salvaguardar o sacrossanto sistema financeiro e evitar os riscos sistémicos! Uma única certeza mais dinheiro de todos nós vai para essa camarilha privada que vive à conta dos dinheiros públicos! Porque é isso que tem sucedido, com formatos diversos, mas todas com o mesmo escabroso final na banca, do BPN até ao BANIF. Pelo caminho ainda está por resolver o BES!

A única novidade foi António Costa dizer que a resolução(?) do berbicacho BANIF, vai custar muito caro aos contribuintes, uns 3 000 milhões de euros! A dupla Passos-Portas mais Maria Luís Albuquerque ainda devem ter a lata de continuar a afirmar que o processo BES, não nos vai aos bolsos! Com o mesmo descaramento com que Carlos Costa afirmava que o BANIF ia dar muito lucro ao Estado. Claro que vai, como se está a ver e como veremos quando a novela Novo Banco findar. Só não se sabe ainda quanto vai custar. Enquanto o fado continua a ser cantado, há quem siga a ganhar à conta dessas falcatruas. O inefável governador do Banco de Portugal está firme no seu lugar, a distribuir tachos, a contratar por 30 000 euros mês o vendedor da banha da cobra Sérgio Monteiro para vender o Novo Banco, o que na gíria dessa gentalha chamam de BES-bom, um trabalho da treta que acabará sempre por dar grosso prejuízo ao Estado.

Quanto ganharam os administradores do BANIF até o levarem ao estado actual? Tiveram prémios pela sua actuação? Luís Amado, aquele personagem bem engomado que dá bocas parvoides sobre a situação nacional e internacional, no que é muito aplaudido por uma claque, leia-se o elogio que Seixas da Costa lhe faz no blogue, quanto ganhou como administrador do BANIF? Ainda não há muito tempo, numa entrevista ao Jornal de Negócios e Antena1, já depois do Estado, nós os contribuintes, ter recapitalizado o banco e emprestado mais algum, assegurava que proteger o BANIF é proteger o dinheiro dos contribuintes!!! O seu parceiro de administração Jorge Tomé ainda recentemente afirmava sem uma ruga de dúvida que o BANIF tinha uma situação de liquidez confortável, criticando notícias não fundadas sobre a situação do banco. Como se está agora a ver! Os farsolas, como todos os seus parceiros, vendem vigésimos premiados com o à vontade que têm todos os embusteiros bem encadernados e treinados. Depois é a conversa fiada e criativa dos activos tóxicos, dos remédios, das bolhas, das imparidades, do não sei quê, patati-patata, nunca têm culpa de nada, nunca são responsabilizados. O Zé paga para continuar a ver o desfile de intrujas bem pagos com o dinheiro que lhe esmifram!

No meio disto há a célebre e celebrada saída limpa! Saída chafurda em que o défice só não é excessivo e cumpriu os objectivos (qual o rigor científico dos objectivos? Alguém é capaz de explicar?) porque contabilisticamente os bondosos tecno-burocratas de Bruxelas decidiram que o dinheirame para a banca não entra nas contas. Se não fosse assim o défice do ano de 2014 seria de mais de 7% e não 3,2% por causa do BES e de este ano, por causa do BANIF seria quase 5% e não os prometidos 3% pela dupla Passos/Portas e a pendericalho Albuquerque, sempre a dizer as mais obscenas mentiras com a cumplicidade de truques contabilísticos!

Lembram-se de Passos a aconselhar os portugueses a não serem piegas? De Portas a falar de se viver acima das possibilidades? De em coro cantarem alto e bom som que não há dinheiro para a saúde, para a educação, para a investigação, para a cultura, para…? E o brutal aumento de impostos? E os cortes nos salários, nas pensões, nas reformas? Não há dinheiro? Há, há sempre dinheiro e muito para a banca!!! Agora com o BANIF já são mais de 20 mil milhões de euros enterrados nos cofres bancários. Pouco, muito pouco terá retorno. Na melhor das hipóteses nem 10%!!! Um bom negócio dizia essa gentalha! Gente mentalmente prostituída que espalha e contamina tudo à sua volta com uma pustulenta degradação.

Esse bando de aldrabões, esse bando de trafulhas bem pagos continua à solta a mentir sem vergonha e a transitar alegremente de cargos públicos para altos cargos no sector privado que lhes paga e bem os favores feitos ou por fazer. Quando as coisas correm para o torto, lá estamos nós para pagar os resultados da sua incompetência bem remunerada até ao dia da desgraça! Depois alapam-se noutro valhacouto dos amorins, belmiros, jerónimos ou beltranos da mesma igualha!

O crime compensa? Ninguém acaba com esse circo de palhaços sem talento? Ninguém é responsabilizado? Ninguém vai preso? Mente-se, engana-se, vigariza-se e nada acontece? Claro que é gente cheia de ética, muito séria profissional e intelectualmente. Gente preocupadíssima com a sanidade moral da nação, grandes amantes da legalidade, desde que as leis sejam o direito dos mais fortes à liberdade, por isso é que quem, com fome, rouba uma lata de salsichas é preso, quem rouba milhões ao país continua alegremente a rebolar-se nos melhores restaurantes e bares, a pavonear-se pelos salões, a ser ouvido na comunicação social subserviente,(*) a ter contas bancárias bem fornidas, a ser convidado para desempenhar altos cargos tanto no sector público como no privado! Gente que, enquanto trapaceia, proclama com ar profundamente sério o seu profundo amor à transparência, ao Estado de direito sempre a repetir aos quatro ventos, como homens cheios de princípios, uns paladinos da honra da virtude e da lei uns cruzados contra a corrupção,  algo que um seu antecessor menos sortudo disse: Hoje em dia, as pessoas não respeitam nada. Dantes punham-se num pedestal a virtude, a honra, a verdade e a lei. Onde não se obedece a outra lei, a corrupção é a única lei. A virtude, a honra e a lei esfumaram-se das nossas vidas” (Al Capone, entrevista ao jornalista Cornelius Vanderbilt, Liberty, 17 de Outubro de 1931, poucos dias antes de ser preso por fuga ao Fisco). Sensibiliza-se essa preocupação veraz de cidadão tão exemplar, por isso me comovo quando, na mesma linha, Cavaco, Passos, Portas & Companhia apelam aos superiores interesses nacionais para fabricarem mais uma malfeitoria.

Até quando vamos viver/conviver com esses ratos de esgoto político-económico-financeiro? Não há processo de desratizar o país?

Há que acabar de vez com a pornografia rasca em que Portugal se atola.

 

(*) no bordel em que se transformou a comunicação social, o despedimento de Mourinho foi amplamente noticiado, durante vários dias e continua a fazer manchetes nos jornais, enquanto o despedimento colectivo de 500 trabalhadores da Soares da Costa foi referido, quando o foi, de raspão.

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Arco da Governação, Assembleia da República, BE, CDS, CDU, Cinismo, Debates Eleitorais, Eleições Legislativas 2015, Geral, Govermo de Esquerda, GOVERNO PSD-CDS, PAF, Passos Coelho, paulo Portas, PCP, PEV, Política, PS, PSD

Algo de Novo

RR Bandeira Vermelaa

Com a entrada em funções do XXI Governo Constitucional do PS com apoio parlamentar do PCP, BE e PEV, a direita ficou desorientada porque vivia no conforto de julgar que pelo capitalismo actual se pensar definitivo, não fazia sentido a distinção entre direita e esquerda, pelo principio de a esquerda ter sido inapelavelmente encerrada num ghetto. Ou que a reivindicação de se ser de esquerda era uma bandeira empunhada por radicais que viviam fora da realidade, sendo a realidade confundida com as bases teóricas e práticas intransformáveis do capitalismo.

Ancorados nessa convicção, radicalizaram a exploração de todos os recursos fossem humanos, sociais, ambientais, culturais ou económicos com a fé totalitária de que os mecanismos do sistema capitalista ultrapassariam todas as crises em que se afunda. Não conseguiam, nem conseguem, nem conseguirão perceber que nenhuma realidade por mais hegemónica e aparentemente consistente que seja, como é o capitalismo na actualidade, pode ser considerada definitiva. Muito menos quando para o capitalismo terminal em que barbaramente tudo, a começar pelo ser humano, foi esvaziado de qualquer valor a não ser o seu valor de mercadoria. As chamadas reformas estruturais têm esse sentido e objectivo, o de desumanizar a sociedade tornando-a num gigantesco mecanismo de produção e reprodução de mercadorias, aumentando exponencialmente as desigualdades em nome do lucro. É essa a lógica intrínseca do sistema capitalista como se não estivesse dependente, na sua substância e de modo crucial de uma coisa chamada lei da queda tendencial da taxa de lucro, como Marx bem explicou, mas que essa turbamulta de publicistas económico-financeiros do capitalismo parece desconhecer, mesmo quando a sucessão de crises, com ciclos cada vez mais curtos e profundos, o demonstra à saciedade.

A fé, como bem se sabe é cega e estúpida, torna essa gente autista. O espectáculo do debate na Assembleia da República na apresentação do programa do XXI Governo Constitucional, foi a demonstração que a direita nunca perceberá que para a esquerda a realidade histórica do capitalismo tem um caracter contingente, mesmo dentro de um quadro em que o capitalismo continua a ser o sistema dominante. O que a torna incapaz de entender o funcionamento da democracia, da democracia burguesa sublinhe-se, cujos valores hipocritamente usam na lapela dos seus casacos de marca. Por isso não perceberam, nem nunca perceberão o alcance e o significado dos acordos que viabilizaram este governo. Não entendem, nem nunca conseguirão entender o que significa ser de esquerda no século XXI. Muito menos como a praxis teórico-política da esquerda arranca de princípios sólidos na legibilidade da realidade, para actuar sobre a transformação dessa realidade mesmo em bases mínimas, para por fim à aniquilação das pessoas e da sua individualidade. Por fim aos sistemáticos assaltos à nossa inteligência  à nossa vidae aos nossos bolsos.

Os acordos que viabilizaram parlamentarmente o XXI Governo Constitucional colocaram um travão a fundo ao rol dos desvarios mais insanos, das mentiras mais descaradas da direita em nome da sustentabilidade de um sistema de exploração brutal em benefício do grande capital. Foram quatro anos de assalto a todos os que tinham menos armas para se defender, os que estavam mais desmunidos, porque esta direita é rancorosa, não tem escrúpulos e é cobarde.

Também é estúpida, profundamente estúpida e por isso vivia na ilusão que o apartheid parlamentar era durável. Não tinha fim. A realidade ultrapassou-os. Atirou-os para onde sempre estiveram, no caixote de lixo da história. Daí não enxergam o valor simbólico dos acordos que a esquerda alcançou com o PS, para por um ponto final, melhor um ponto e vírgula ou mesmo uma vírgula,  no autoritarismo ideológico de que não havia alternativa. Havia, há e haverá sempre alternativas, isso distingue fundamente a esquerda da direita. Como essa alternativa ou essas alternativas vão funcionar é o centro de gravidade dos próximos tempos com uma certeza: a hegemonia de um sistema que dominou os últimos quarenta nos da vida política portuguesa acabou. Esse ficou definitivamente enterrado.

(na imagem pintura de Rogério Ribeiro/Elegia I/1989)

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10 Novembro, Coligação de Direita, Direita e Esquerda, Passos Coelho, PSD

Que se lixem as eleições!

passos

Niguém poderá, com honestidade, dizer que Passos Coelho não disse ao que vinha quando afirmou “que se lixem as eleições”.

O homem bem avisou, as eleições pouco lhe interessam, as maiorias na Assembleia da República não têm qualquer relevância, o importante é que seja ele a governar, mesmo que seja num governo minoritário e sem apoio parlamentar, mesmo que seja num governo de gestão com a benção presidencial.

Como o resultado das últimas eleições não o satisfez, como não conseguiu garantir uma maioria estável no Parlamento, como não conseguiu manter o seu Governo em funções,  pede revisão constitucional para antecipar eleições .

Afinal, nesta história, quem são os golpistas?

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BE, Cavaco Silva, CDS, Maioria de Esquerda, Passos Coelho, paulo Portas, PCP, PS, PSD

A Direita em Transe

cartoon de João Abel Manta

Cartoon de João Abel Manta

É um exercício curioso, bastante elucidativo, ler os opinadores e jornalistas assustados com a perspectiva e um governo de esquerda. Não os comentários trogloditas, que percorrem a pauta toda do mel ao fel, que acabam por verberar alacremente com o que consideram ser um golpe de estado. Dos vascos correia guedes aos raposos, dos avilezes aos monteiros, a bebedeira contra a hipótese de um governo PS com acordo parlamentar PCP e BE faz saltar as tampas da cabecinhas.

Não esses, mas os outros, senhores de grande ciência económico-financeira que subitamente descobrem os riscos de uma maioria de esquerda porque a recuperação das finanças públicas não foi feita, porque a previsão do crescimento económico é uma miragem, porque a banca está descapitalizada, porque a fuga de capitais se irá agravar, porque o défice afinal é superior ao previsto pelo governo PSD-CDS, porque a situação internacional piorou, porque as reformas estruturais, seja lá o que isso for, não se fizeram. O rol é extenso e quase só lhes falta dizer que afinal estávamos na bancarrota, mas por lá continuamos apesar da violenta austeridade a que Portugal foi submetido pelo governo de direita, bom aluno, mas, pelos resultados referidos por essa sumidades, aluno estúpido da troika.  Em suma, com a fúria que lhes assalta as almas contra a hipótese de um governo de maioria parlamentar de esquerda, nem se apercebem que passam um atestado de incompetência ao governo dos partidos que ficaram em minoria na Assembleia da República. A sua ira é tal que nem reparam que estão a dar razão a António Costa quando disse que nas reuniões que manteve com a coligação PaF, ia conhecendo desagradáveis surpresas. Não as elencou, mas, pela amostra da devolução da sobretaxa sobre o IRS, tão trombeteada, pela dupla Passos-Portas e seus sequazes, que, durante a campanha eleitoral, era de 50% e nos dias a seguir às eleições minguou para 3,5%, as contas públicas devem ter sido bem marteladas para construir os cenários de recuperação económica, com requintes que fariam inveja ao almirante Pontemkin.

Devem ser esses cenários construídos por pantomineiros encartados, que a voz que veio das profundezas do Poço de Boliqueime considera ser de “consolidar”, “prosseguir”, “preservar”, “não regredir”, chavões que repetiu à exaustão em nome “dos superiores interesses da nação”. O que devia causar escândalo vindo de quem vem e da seita que apoia que contumazmente violam a Constituição.

Tudo isso seria uma tragicomédia, de um género La Feria mais rasca, se não fosse extremamente grave, o que certamente irá colocar problemas acrescidos a um governo de maioria parlamentar de esquerda, além dos que vai enfrentar pelos constrangimentos impostos pelo tecno burocratas da União Europeia, mandaretes da finança internacional.

Apesar dessas evidências um governo apoiado pelos partidos de esquerda na Assebleia da República é uma urgência para um país que, durante quatro anos, foi destruído, vendido a retalho, que perdeu quqlquer dignidade. País que regrediu dezenas de anos social, política e economicamente. Há que dar a volta a essa dura realidade, a que já se conhece e a que se vai conhecer a curto prazo

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Alternância, Cavaco Silva, CDS, Eleições Legislativas 2015, Galo de Barcelos, Geral, Para a Frente Portugal, Passos Coelho, paulo Portas, PS, PSD

O País Real

Pais REAL

Hoje, 5 de Outubro, Dia da implantação da República Portugal desperta com uma nova Assembleia da República onde existe uma inútil maioria de esquerda. Isto aceitando que o Partido Socialista é de esquerda contra a opinião de muitos ilustríssimos militantes e simpatizantes do PS aflitíssimos por o PS se ter esquerdizado na campanha eleitoral! Gente que se diz socialista, mas que perderam qualquer horizonte ideológico. São admiradores do trabalhismo thatcheriano do Tony Blair! O PS esquerdizou-se?Ninguém deu ou acreditou nisso, mesmo aqueles que, cheios de boa vontade e ilusões, foram dar o seu voto (in)útil ao PS para combater os traficantes de direita que nos desgovernam há quatro anos.

A comunicação social continua mercenariamente ao serviço do poder económico que os paga e compra para isso mesmo, sustentar a direita, adubar o pensamento único, nas suas variantes, das mais broncas, género José Gomes Ferreiras, Joões Césares das Neves, Migueis Tavares & Companhia, aos mais envernizados Henrique Monteiros, Carlos Andrades, Ricardos Costas SA. Explicam-nos o que é o País Real, aquele país que eles empenhadamente constroem linha a linha , imagem a imagem, comentário a comentário para que não se saía da cepa torta e o capital continue a ganhar à tripa forra!

É o País Real ! O País Real que todos os dias é fabricado pelas Teresas Guilhermes, Gouchas, Júlias Pinheiros, o sem fim de famosos que ocupam despudoradamente o território e em que decidi mergulhar fazendo zapping entre o Você na Tvi, A Querida Manhã e o Bom Dia Portugal! Como é deslumbrante ver o meu querido país a desfilar no seu máximo esplendor! Durante a tarde não perderei nem uma gota da Grande Tarde, A Tarde é Sua, A Praça e o que mais houver para acabar o dia em beleza, à noite a ver os comentários futeboleiros. Um dia em cheio para comemorar a vitória dos farsantes direitinhas que vão ser embalados nos bracinhos da múmia paralítica que habita em Belém. Estou a ficar um fã do meu Portugalito, querida Joana quando fazes um embrulho em croché desse magno ícone para o universo e arredores o colocar em altar sanitário? O Xavier subsidia-te o trabalho!!! É a koltura em marcha!!!

Vou comprar um cachecol das claques do País Real alumbrado com a elevação com que decorreu o acto eleitoral!

Vou berrar aos quatro ventos, com o auxílio do Cesariny, os seus assinalados slogans: Lá vai o povo toma lá o pé! Lá votou o povo dá cá o pé! Burgessos somos nós todos ratos e gatos, burgessos ou ainda menos!!!

DESENGANEM-SE!!! CONTRA TODAS ESTAS EVIDÊNCIAS A LUTA CONTINUA!!!

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Alternância, António Costa, Arco da Governação, CDS, Comunicação Social, Eleições Legislativas 2015, Oliveira da Figueira, Passos Coelho, paulo Portas, Política, PS, PSD, Voto Útil

As Eleições/Os Oliveiras da Figueira

oliveira da figueira 3

Com eleições à porta multiplicam-se os Oliveiras da Figueira nos partidos do chamado arco da governação.

O ataque é dirigido àquilo a que chamam o eleitorado do centro e aos indecisos. O fitoplanton desses partidos que perderam ideologia e tem por único objectivo a caça ao voto para pôr em prática políticas ao serviço dos poderes económicos que lhes dão apoio variável. As diferenças são de pormenor. Lêem a mesma pauta com andamentos e tempos diferentes. Pauta que sem pudor desdobram sobre Portugal vendendo, como treinados Oliveiras da Figueira, o manto diáfano do realismo e da moderação que é aceitar, sem uma ruga de dúvida, o que a Europa Connosco impõe pela mão de ferro, tapada quando necessário por luvas de veludo, da Sra Merkel, a figurona agora de serviço a abrir as portas ao grande capital. É o território pantanoso da grande mistificação que tem sido construída com contumácia, há que reconhecer com eficácia, pelos poderes instituídos suportados por uma comunicação social estipendiada que nos assalta á mão armada em cada notícia, em cada comentário, em cada editorial. Uma teia de aranha poderosa que não deixa nenhum fio ao acaso para construir um imaginário situacionista em conformidade com um modelo de democracia em que as pessoas, o colectivo e a individualidade das pessoas, se afunda sem horizonte nem dignidade. Para esses figurantes da política actual, a democracia deixou mesmo de ser o palco da luta de classes pacífica, como preconizavam os sociais democratas revendo as teorias marxistas, renunciando à revolução. É o campo de tiro da caça ao voto. Eles os Oliveiras da Figueira vendem-no a qualquer preço, oferecendo brindes, cada cor seu paladar, para que tudo continue na mesma.

Oliveira da Figeuira1

A máquina está oleada, em pleno funcionamento para que a anormalidade da normalidade da situação que se vive não seja posta em causa. Assistimos a um primeiro grande momento desse teatro de sombras com o Debate Histórico, no dizer de um dos bonecreiros de serviço, das próximas eleições legislativas Para quem tem os olhos abertos não eram dois, eram cinco os figurões: os actuais chefes de fila dos partidos do chamado arco da governação e os três jornalistas de grupos mediáticos ditos de referência. Marionetas do sistema político-propagandístico do sistema que quer fazer com que as pessoas acreditem que não há escolha fora do quadro institucionalizado. Que o voto útil é o voto inútil porque nada altera de substantivo numa política de submissão aos ditâmes de Bruxelas, aos secretários políticos e grumetes tecnocratas do capitalismo tardio, às suas políticas de austeridades e desigualdades. Diferenças existem, claro que existem na forma, na velocidade, no pormenor, na simulação com que essas políticas vão ser praticadas. Em tudo o que é insuficiente para que se mude de vida.

Os próximos números já estão ensaiados, já foram mostrados os trailers. De um lado acenar as bandeiras de uma volta ao passado próximo que é o nosso presente num cenário diferente. Do outro cantar o fado do desgraçadinho, entalado entre a direita e a esquerda, só faz o quer fazer por estar orgulhosamente só. Vai ser um (des)concerto de ruído político-propagandístico, uma caravana de Oliveiras da Figueira, agentes das mesmas políticas ainda que tenham fardas diferentes, a procurarem ocupar todos os espaços possíveis para vender quinquilharias que enfeitam mas não alteram a vida das pessoas.

oliveira da figueira2

Esquecem-se, não lhes interessa ver nem saber que apesar e contra tudo, mesmo as próprias evidências, contra esta nova inquisição mutinacional, globalizadada que quer impedir, anular mesmo a possibilidade de se pensar que é possível pensar na transformação da vida, o mundo E pur si muove!

Há que votar de olhos bem abertos para não continuar a viver mais do mesmo, qualquer seja esse mesmo!

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A Porta de Duchamp e Passos Coelho

Porta de Duchamp
Quando vivia em Paris, no pequeno apartamento da rua Larrey, Duchamp fez instalar dentro de casa uma porta que não podia estar aberta nem fechada porque estava sempre aberta e fechada ao mesmo tempo.

A resposta que Passos Coelho deu ontem na Assembleia da República, após recuperar a memória compulsando documentos, abre a porta de Duchamp.

Diz ter recebido pagamentos de despesas de representação que fez a trabalhar para a Tecnoforma ou para a ONG que essa empresa inventou e usava para captar a dois bolsos dinheiros da CEE, com formações sem utilidade visível a não ser sacar dinheiros comunitários como muito boa gente, com o mesmo ou equivalentes expedientes, o fez. Lembremos que, paralelamente, a Bolsa de Lisboa viveu, não por acaso, um dos seus períodos mais eufóricos.

Se Passos Coelho não recebeu honorários mas despesas de representação, que a lei não obriga, não obrigava, a declarar se forem consideradas no exercício de actividade profissional, o primeiro-ministro está a fechar a porta de Duchamp que inevitavelmente abre para a aldrabice que fez quando, ao deixar de ser deputado, pediu subsídio de reintegração por ter exercido o cargo em regime de exclusividade. Sublinhe-se que nunca pediu a exclusividade por uma xico espertice rasteira, para receber o suplemento que lhe era atribuído por ser vice-presidente da bancada do PSD.

Numa entrevista o presidente da Tecnoforma, foi muito claro. Passos Coelho era um facilitador. Calcula-se de que facilitação se tratava. Andar pelos corredores do governo a bater às portas. Principalmente à porta do seu amigo, então Secretário de Estado, Miguel Relvas. Passos Coelho era uma gazua das portas dos gabinetes do governo. O que nada abona ao seu currículo.

Claro que é relevante saber se almoçou por 100 euros ou por cinco mil euros. Se de facto, ao longo de três anos, recebeu 150 mil euros, qualquer coisa como um ordenado mínimo actualizado a cada três dias, de despesas com almoços e viagens o que não são gastos de uma pessoa remediada,

As reacções das bancadas que apoiam o governo ao strip-tease incompleto e mal executado por Passos Coelho na AR foram lindas de se ver. Com a lágrima ao canto do olho a aplaudir o quase mendicante primeiro ministro, querido líder que andou uma semana a correr e a uivar atrás do rabo, em grande sofrimento até conseguir reavivar a sua selectiva memória que continua a não se lembrar de quanto embolsou em viagens e comezainas.

Também foi comovente ouvir Paulo Portas a reiterar a confiança na palavra de Passos Coelho. Um Paulo Portas convertido irrevogavelmente à sobrevivência, abjurando a pés juntos o P. Portas do Independente, aos saltos sobre o seu túmulo, renegando-o três vezes por trinta dinheiros.

Tanguismos e trafulhices à portuguesa, que condenam sisificamente Passos Coelho a ficar encerrado numa sala equipada com a Porta de Duchamp. Nunca sairá de lá.

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Dolar, fascismo, Geral, História, Internacional, Obama, Passos Coelho, paulo Portas, Ucrânia, União Europeia

UCRANIA:INFORMAÇÃO/CONTRA-INFORMAÇÃO

ucraniaA informação e a contra-informação correm à desfilada na Ucrânia. Poucas coisas são certas. Muitas podem-se decifrar das declarações que são feitas pêlos intervenientes ocidentais e ucranianos. Muita dessa informação adquire, porque não interessa, pouca relevância nos meios de comunicação social.

1-    Um comunicado da equipa de inspectores da OSCE, chefiada pelo dinamarquês Kai Wittop, em Lugansk, cidade recuperada pelas forças ucranianas, depois de visitar as zonas bombardeadas pela artilharia e pelos aviões governamentais ou a soldo do governo ucraniano (*), concluiu que as zonas bombardeadas eram zonas onde não existiam instalações nem dispositivos militares dos separatistas, mesmo móveis. Recolheu informações que os levam a calcular que os bombardeamentos fizeram 250 vítimas civis mortais e 700 feridos. Isto confirma as denúncias dos separatistas e desmente a propaganda oficial, o que explica o pouco relevo que é dado.

2-    Lembre-se um inquérito imparcial e independente na altura muito reclamado, subitamente  atirado para o caixote do lixo. Quando das manifestações da Praça Maidan, a polícia do então governio de  Yanukovych foram acusadas de ter atiradores furtivos a disparar sobre os manifestantes.

Que se faça um inquérito pedia-se em grande grita, com ecos nas chancelarias ocidentais. De repente o silêncio. Não deve ser estranho a esse silêncio a conversa entre o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Estónia, Urmas Paet, e o Alto Representante da União Europeia para os Assuntos Exteriores e a Política de Segurança, Lady Catherine Ashton em que o primeiro, que tinha estado na Praça Maidan a dar apoio aos manifestantes, revelava à segunda que os atiradores furtivos pertenciam aos grupos de extrema-direita dos manifestantes. Tanto disparavam sobre a polícia como sobre os manifestantes. A exigência de inquérito e o inquérito foram rapidamente para o lixo. Nada como confiar no esquecimento e na falta de memória.

3-    Os separatistas pró-russos eram acusados de terem accionado o míssil que supostamente abateu o avião da Malasya Airways. Agora é o chefe dos Serviços Secretos Ucranianos, Valentyn Nalyvaychenko, depois de ter repetidamente, em linha com os governantes ucranianos, defendido essa tese veio esclarecer que isso não seria possível porque eles não teriam nem treino nem habilitações militares para tal. Tinham sido militares russos. No dia anterior tinha dito, ele e o inefável primeiro-ministro Arseni Iatseniuk que os russos tinham fornecido sistemas Buk aos separatistas pró-russos. Agora, quando veio com essa nova teoria nenhum dos jornalistas presentes se lembrou de perguntar para que é que os russos entregavam e para que é que os separatistas queriam um sistema que não lhes servia para nada.

Esse senhor que diz terem sido militares russos, é o mesmo senhor que, dias antes,sempre  em linha com os governantes ucranianos, revelou conversas gravadas supostamente entre separatistas e militares russos sobre o abate do avião, provando terem sido os separatistas os responsáveis pelo seu abate. Gravações que a metadata da gravação demonstrou serem falsas por terem sido feitas um dia depois da queda do avião. Nos meios de comunicação social ocidentais isto também teve pouco ou nenhuma importância em nome da verdade jornalística e dos critérios editoriais. Depois das gravações ele promete fotos, vídeos sabe-se lá mais o quê. Claro que tudo muito sério e veraz dados os antecedentes.

4-    A nova teoria trazia água no bico. John Kerry, depois de dias em que Obama e ele próprio afirmavam ter informações fiáveis de que o disparo do míssil tinha partido de território ocupado pelos separatistas avançou com a teoria de que o disparo foi feito por militares russos que tinham atravessado a fronteira e retornado à Rússia. Completava assim a informação do chefe dos serviços secretos ucranianos. O que se estranha é que John Kerry ainda não tenha mostrado fotos comprovativas da sua teoria. Colin Powell foi mais rápido e eficaz quando desdobrou no Conselho de Segurança da ONU, inúmeras fotografias que demonstravam inequivocamente a existência de fábricas de armas de destruição maciça no Iraque que nunca existiram, como se veio a provar. Será que a Secretaria de Estado dos EUA, mais os vários serviços secretos norte-americanos estão a perder qualidades? O alçado principal de John Kerry não denuncia uma inteligência por aí  além, mas ficamos inquietos com estes atrasos. Só conversa? Só conversa e nada de provas? Pergunte ao Colin Powell como se fabricam! Podia marcar uma nova cimeira nos Açores com o Cameron e o Rajoy, Passos e Portas fardados de motoristas e porteiros! A história repetia-se, a farsa continuava com novos protagonistas. A representação seria cada vez mais medíocre.

5-    Foram os separatistas pró-russos repetidamente acusados de não darem acesso ao lugar onde os destroços estão dispersos. Os separatistas garantiram que cumpririam um cessar-fogo de quatro dias para a missão internacional se deslocar ao local. Agora sabe-se que o cessar-fogo nunca foi aceite por Petro Poroshenko que diz não negociar com “terroristas”.

Os inspectores da OSCE falam cuidadosamente numa zona insegura, de onde se ouvem tiroteios constantes. Esquecem-se de falar da não aceitação da trégua pelo governo ucraniano.

Ontem e hoje há combates que se estão travar nas imediações da estação de caminho de ferro de Thorez, onde estão os vagões frigoríficos com os corpos dos malogrados viajantes do voo MH17. Nas proximidades do local da queda do Boeing, entre a colina de Saur-Mogila e o posto fronteiriço de Marinovka, continuam intensos combates. Ouvem-se novamente explosões de projécteis de artilharia.

O cúmulo do cinismo é o governo ucraniano dizer que os combates não são entre tropas governamentais que atacam os separatistas, mas entre os batalhões de voluntários, leia-se grupos armados de extrema-direita e mercenários da Blackwater que combatem integrados no exército da Ucrânia e agora estão aí estão a combater os “terroristas”.

6-    Obama e companhia, obviamente na primeira linha os seus mandaretes de Kiev, acusam antes de qualquer prova. Cameron mostra os dentes. Merkel e a Europa do Norte são mais moderados, embora afinem pelo mesmo diapasão.

Israel aproveita o ruído mediático para matar sem dó nem piedade os palestinianos de Gaza.

O dólar range com a possibilidade real de acabar por valer tanto como as notas do jogo do monopólio, depois do encontro dos BRICS, Brasil, Rússia, India, China e União Sul-Africana, que decidiram fundar um Banco de Desenvolvimento para apoiar países emergentes e substituir, entre si e com os países com que fazem comércio, o dólar por uma moeda que volta a ter por padrão o ouro.

7-    Nesta crise, como nos inquéritos e nos romances policiais, duas coisas a não esquecer:

a)    Quem é beneficiado com a queda do avião da Malasya Airways?

b)   Será que os EUA, segundo a voz autorizada de Victoria “que se foda a europa” Nuland, investiram cinco mil milhões de dólares na destabilização da Ucrânia e vão ficar sem retorno?

 

(*) as tropas que lutam contra os separatistas pró-russos são constituídas por tropas governamentais ucranianas, exército regular e tropas de elite, batalhões armados da extrema-direita e mercenários da Academi, contratados por oligarcas ucranianos. A Academi (antiga Blackwater) é uma empresa de mercenários com sede em Moyock na Carolina do Norte, Estados Unidos e contas nas Ilhas Caimão. É formada por vários tipos de paramilitares, por ex-integrantes dos Seals e outras chamadas forças de elite. A companhia fornece mercenários e vários outros serviços paramilitares. Foi fundada em 1996 por Erik Prince, que em Agosto de 2009, em depoimentos sob juramento de ex-funcionários, foi acusado de assassinar ou facilitar o assassinato de indivíduos que vinham colaborando com as autoridades federais americanas que investigam o envolvimento da Companhia em vários escândalos. A Blackwater está actuando como força auxiliar (e de segurança) no Iraque e Afeganistão, e está envolvida em várias controvérsias e investigações. Faz os trabalhos mais sujos para a CIA, nomeadamente na América Centro e Sul.

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economia, Geral, justiça, Media, Passos Coelho, paulo Portas, Política, PS, PSD, troika

O grande circo do banco espírito santo

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É isso mesmo que reprovo.
Não há nada mais imoral do que roubar sem riscos.
É o risco que nos diferencia dos banqueiros
e seus émulos que praticam o roubo legalizado
com a cobertura dos governos.
Albert Cossery in As Cores da Infâmia
-edições Antígona, ano 2000
BES

1-O CIRCO POLÍTICO

Passos Coelho diz com o ar solene do costume, para dar credibilidade às fanfarronadas, charlatanices, lapalissadas de político de meia tijela, que “cada vez mais os bancos olham ao mérito dos projectos e aqueles que não olham pagam um preço por isso. As empresas que olham mais aos amigos do que à competência pagam um preço por isso, mas esse preço não pode ser imposto à sociedade como um todo e muito menos aos contribuintes”. Está a gozar com todos nós!!! Os 300 milhões que a CGD emprestou ao BES foi pelo mérito dos projectos? E os 900 milhões da PT ao GES foi pelo mérito dos projectos? E o Estado que tem descaradamente beneficiado a famiglia Espirito Santo desde que esta começou a reconstituir os tentáculos do polvo? Foi pelo mérito dos projectos? E o trânsito entre quadros do grupo Espírito Santo e o aparelho de estado e os partidos do chamado arco governativo? Foi para beneficiar o Estado? Para colocar os partidos mais próximos da realidade? Foi por mérito desses quadros? Ou foi para garantir e ampliar a influência da “famiglia” espírito do santo nos destinos do país a seu favor? Apesar de não terem um pingo de vergonha, pelo menos fechem a carcela!
Paulo Portas, um técnico de vendas com a escola toda, mestrados e doutoramentos adquiridos em anos de frequência das feiras, alinha várias alarvidades, com o ar sério de vendedor de vigésimos premiados, com o cuidado de não se referir aos amigos espíritos santos, ai Portucale, Portucale!«os portugueses já pagaram muito caro erros do sistema financeiro», defende «economia de mercado com responsabilidade ética (…) nós não acreditamos no Estado como produtor de riqueza e temos receio do Estado como produtor de dívida, mas queremos um Estado que seja um regulador forte e um supervisor eficiente».
Como se ética e mercado tivessem alguma vez andado de braço dado. Como se não fosse o Estado a vaca onde toda essa gente mama, acarinhada por Portas&Comparsas.
Desde que começou o folhetim do Grupo Espírito Santo. Passos Coelho e Paulo Portas tinham toda a confiança no que “já foi dito pelo senhor doutor Ricardo Salgado” e assumiam “todo o respeito” pelas questões internas de um grupo privado. Esses dois e a camarilha dos governantes são os mesmos que sacaram milhares de milhões de euros a pensionistas, a desempregados e a trabalhadores no activo para tapar roubos e buracos de negócios desastrosos feitos por entidades privadas que eles tanto respeitam. A história repete-se e é cada vez mais sinistra.
Por fim, António José Seguro diz que está menos preocupado com a situação do BES depois da reunião que teve com o Governador do Banco de Portugal. Diz que, como líder do PS, “recolheu informações que lhe garantem que os portugueses podem estar tranquilos”. O gajo é parvo? Queria que o Governador do Banco de Portugal lhe dissesse que aquilo é uma choldra que andou a gamar à tripa forra? Que ainda não se sabe quantos milhares de milhões vão ser necessários para tapar o buracão?
Esses três da vida airada mentem, sabem muito bem que vão ser os contribuintes a pagar com língua de palmo a roubalheira. Que o BES mais cedo ou mais tarde, com nova ou velha administração, perdida ou reciclada a confiança dos mercados, vai ao saco dos seis mil milhões de euros do empréstimo total feito na base do Pacto de Agressão, que continuam guardados para salvar os bancos e que deveriam ser utilizados para promover a economia. Que quem paga a factura da troika somos nós enquanto as grandes fortunas, os especuladores, continuam a ser poupados.
Esses três da vida airada, mais os que os antecederam são das famílias políticas e do sistema político que permitiu que em trinta anos o Grupo Espírito Santo, com golpadas conhecidas e, pelos vistos, desconhecidas, todas muito éticas, sejam legais, alegais ou ilegais, acumulasse:

  • 7.000.000.000.000 de euros
  • 200.000.000 de euros em cada ano
  • 17.000.000 em cada mês
  • 550.000 em cada dia
  • 24.000 em cada hora

Claro que o problema não é do grupo Espírito Santo é da natureza do sistema e dos políticos e dos partidos que o sustentam, os tais que o Cavaco quer ver concertados, que permite sucessos e insucessos deste jaez. Leia-se o post “Pobrezinho Sim, Honesto Nunca”, aqui publicado em 2010, sobre Ricardo Salgado, antes de conhecidos os actuai lances.

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2- O CIRCO PRIVADO DO GOVERNADOR

Carlos Costa, governador do Banco de Portugal tem sido muito elogiado pela claque do costume, pela forma sagaz com que tem tratado o caso do Grupo Espírito Santo. Outra coisa não seria de esperar dessa gente que empapa os órgãos de comunicação social com comentários e notícias que são uma roda dentada importante no movimento do sistema em que pontificam os doutores e doutorecos fonsecas & burnays dos Espíritos Santos e congéneres.
Pode-se levar a sério um governador do Banco de Portugal, que só actuou quando se sentiu entalado entre a espada e a parede e não lhe restou outra alternativa senão intervir?
Pode-se levar a sério um governador do Banco de Portugal que pactua com gente que manipula contabilidades para esconder défices de milhares de milhões? Gente que inscreve nos seus activos acções representando ficticiamente milhares de milhões que de facto só valem 10% ou menos? Que, segundo os jornais, atribui idoneidade a troco de um espirito santo mais renitente sair da administração do BES? Que não considera grave um presidente de uma instituição bancária receber luvas de dezenas de milhões de euros de um construtor civil mal cheiroso, o que noutros países daria direito a ser preso, a ser levado algemado para a prisão, em directo e a cores? Que permite que os espíritos santos, sejam salgados ou ricciardis, se preparem para inventar e entrar num Conselho Estratégico, para continuarem a ter um comando à distância no BES? Apesar de Ricardo Salgado já ter nos novos membros do CA, pelo menos alguém que andou com ele de braço dado num virote para salvar os Espíritos Santos do abismo para que parecem caminhar, com os bolsos a abarrotar de maravedis. Alguém avalizado pelo novo presidente do CA do BES e pelo governador do BdP. Tudo gente que frequenta os mesmos salões, sejam eles restaurantes, academias, ginásios, cabeleireiros ou casas de meninas com profissão mais antiga mas de princípios mais sólidos. Gente que nunca se perde no paraíso que é o Portugalito, debaixo das asas do galo de Barcelos que debica as migalhas que os grandes grupos económicos despejam nos pátios das traseiras dos partidos que nos têm governado há quase quarenta anos.

 

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3-O CIRCO DOS BONS RAPAZES

Enquanto a galinha punha hora a hora e pontualmente ovos de ouro, a famiglia espírito santo, seguia em manada o padrinho, embalada pelo tilintar da dinheirama derramada nos seus bolsos pelas cornucópias que durante dezenas de anos multiplicavam rios de maravedis com múltiplas actividades ilegais, desde a fraude fiscal à falsificação de contabilidade, a utilização do dinheiro dos depositantes em benefício dos próprios, a intensa promiscuidade entre os banqueiros e o poder político. Não uma árvore, uma floresta de árvores das patacas.
Era um pagode apesar dos problemas judiciais por práticas ilícitas em múltiplas praças que não a nacional, à sombra da sonolência que invade os gabinetes do BdP, apesar dos sobressaltos BCP, BPN, BPP, Banif. Porque há que respeitar e ter confiança na actividade privada bancária, nos seus senhores e senhoritos.
Os problemas começaram com a guerrilha pública na famiglia. Um turco mais jovem queria substituir o Padrinho. Já não lhes respeitavam os assobios e os chitos como antigamente. Estava a falhar à generalizada e santa ganância. Os golpes não tinham a mesma eficácia. Não estavam a render o esperado, embora toda a famiglia bem se esforçasse em manipulações sofisticadas que não estavam a resultar tão bem como no passado recente. O dinheiro que lhes entrava em cascata nas suas contas bancárias, nos seus bolsos já não lhes satisfazia a desmedida cupidez. Eram tão felizes na candonga financeira, a falsificarem contabilidades, a fazer transacções fictícias entre o labirinto de empresas dominadas pela famiglia, a vender gato por lebre aos seus depositantes, investidores, crentes no espírito santo e agora só chatices…bagunças…
Até o governador do BdP, apesar da reputação da Famiglia, se deu ao luxo de não querer espíritos santos na administração do banco para lhes salvar o banco! Tudo bons rapazes que vão continuar a gozar com o muito de que se apropriaram sem produzir nada! O crime compensa !!!

 

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4- O CIRCO DO RISCO SISTÉMICO
Num país em que um ministro da saúde está a destruir o Serviço Nacional de Saúde sem se deter, mesmo quando põe em risco a vida dos portugueses, eis que surge essa inventiva e maravilhosa frase recuperada dos manuais de sanidade: o risco sistémico.
Aliás se existe área em que a finança é altamente criativa é na invenção da linguagem. Os gurus, mesmo os nobelizados. falham sistematicamente as previsões, enquanto inventam conceitos para baralhar e voltar a dar o mesmo. Algumas são verdadeiras pérolas. Engenharia financeira, um guarda-chuva de todas as especulações financeiras. Crescimento negativo para não dizer que está tudo a ir água abaixo. Imparidades, defaults, contabilidade criativa sei lá mais o quê, um teatro de vozes que alimenta a vigarice intelectual.
Uma das últimas, o risco sistémico. À pala do risco sistémico os estados têm sustentado a voracidade e a falência sucessiva do sistema financeiro. Como se o sistema financeiro fosse o motor do desenvolvimento económico. O coração insubstituível do sistema económico.
É a grande mentira!
Os mercados financeiros não produzem, nunca produziram nem nunca produzirão nada! É a economia real que o faz. Andar atrás do brilho da montagem russa dos mercados financeiros é um erro. A exuberância dos mercados financeiros é uma ficção. Limita-se, na melhor das hipóteses, a ser um reflexo da base real na qual assentam, da qual extraem a riqueza, sem produzirem nada. Especulam. Especulam sempre na margem do roubo legalizado e organizado. Ultrapassam essas porosas fronteiras. Geram bolhas, outra maravilha linguística, que rebentam de forma súbita, descoordenada, como estamos a assistir no BES.. Os efeitos vêm sempre em catadupa, com falências, desemprego massivo, redução de salários, de protecção social, de direitos fundamentais dos cidadãos. Sofrem os países mais pobres e com economias mais frágeis, como o nosso.
Os portugueses estão hoje bem mais pobres e desprotegidos e com uma economia muito menos capaz de responder do que há quatro anos. Os festejos que Passos Coelho, Portas e seus correligionários andam a fazer, é um tenebroso circo.
O povo nunca ganha quando os títulos ou as acções são transaccionados por valores muito superiores ao seu valor real. Ganham, com toda a certeza, os accionistas dos grupos económicos e financeiros cotados em bolsa, mas esse ganho não resulta da exploração das actividades concretas desses grupos.
A ganância e a loucura política que hoje dominam foram e são trágicas para milhões de pessoas. Há, a nível mundial, criminosas negociações, desenvolvido à socapa por governantes e tecnocratas ao serviço das grandes multinacionais, que não apenas procuram erodir ainda mais a regulação financeira, como transformar em meros produtos de mercado os recursos essenciais à vida das pessoas.
Este é o verdadeiro risco sistémico que se pretende iludir quando um bando que andou anos a banquetear-se lautamente é vítima da sua própria ganância. Do muito que ganharam e que por acaso infeliz, por um erro de cálculo se estampou.

Sei apenas duas coisas muito simples, disse Heikal
(…) a primeira é que o mundo em que vivemos
é regido pela mais ignóbil quadrilha de tratantes
(…) a segunda é esta: acima de tudo, convém não os levarmos a sério;
é isso que eles querem, que os levemos a sério
Albert Cossery, A Violência e o Escárnio
Edições Antígona 1999

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